UnB - Instituto de Geociências - Produção Científica
RESUMOS/ABSTRACTS
Crosta continental paleoproterozóica no embasamento da porção norte da Faixa Brasília: novos dados Sm-Nd e U-Pb
Reinhardt A. Fuck
Elton L. Dantas
Márcio M. Pimentel
Sergio L. Junges
Maria Helena B. M. Hollanda
Renato Moraes
In: Congresso Brasileiro de Geologia, 41, João Pessoa, 2002, SBG. Anais, 1: 308 - 308.
Palavras chave: Faixa Brasília, Arco magmático de Goiás, embasamento paleoproterozóico, herança arqueana
Dados Sm-Nd e U-Pb obtidos nos terrenos granito-gnáissicos do sudeste de
Tocantins e nordeste de Goiás permitem o reconhecimento de três
compartimentos: i) na região de Porto Nacional as idades modelo TDM
se situam entre 2,0 e 2,3 Ga, porém valores menores, entre 1,49 e 1,89 Ga,
foram determinados em gnaisses e granitos a W e SW de Porto Nacional.
Considerados resultados prévios U-Pb em zircão de 2,15 Ga e εNd(t) entre
+1,9 e +3, o compartimento corresponde a segmento crustal juvenil paleoproterozóico,
porém com alguma contribuição mais jovem, provavelmente introduzida durante a
orogênese brasiliana, no Neoproterozóico. ii) Entre Silvanópolis e Santa Rosa
do Tocantins, amostras de gnaisse tonalítico e leucogranito apresentam TDM
de 1,26 e 1,3 Ga, respectivamente e idade U-Pb SHRIMP em zircão de 857 ±
6 e 852 ±
8 Ma,
respectivamente. O segmento é, portanto, neoproterozóico e interpretado como
parte do sistema de arcos magmáticos da Faixa Brasília. Amostras de rochas gnáissicas
e granitóides coletadas em seu prolongamento para SW revelam idades modelo TDM
de 1,01 Ga em Quixaba, 0,85 e 1,26 Ga próximo de Alvorada do Tocantins e 1,44
ao norte de Porangatu, confirmando que o compartimento se estende para Mara
Rosa, onde o arco magmático é mais bem conhecido. A delimitação do
compartimento ainda não foi estabelecida, por falta de cartografia mais
precisa, mas ele aparece como alto gravimétrico distinto na integração
regional de anomalias Bouguer. iii) A leste e sudeste expõem-se os extensos
terrenos granito-gnáissicos que constituem
o embasamento da Faixa Brasília. Dominam ortognaisses derivados de tonalitos,
granodioritos e granitos, cortados por intrusões de granitos, dioritos e gabros.
Ocorrências de seqüências vulcano-sedimentares (anfibolitos, xistos diversos,
quartzitos, formações ferríferas bandadas)
são conhecidas na região de Almas-Dianópolis e em Conceição do
Tocantins; a Formação Ticunzal (grafita xisto, quartzito, micaxisto, gnaisse)
expõe-se na região de Cavalcante-Campos Belos. Idades TDM da Formação
Ticunzal revelam que suas rochas são derivadas de fontes neoarqueanas.
Resultados Sm-Nd obtidos em amostras de ortognaisses e granitóides revelam
idades modelo entre 2,24 e 3,11 Ga, mas a distribuição aleatória desses
valores não permite divisar, no momento, sub-compartimentos com assinatura isotópica
específica. Entretanto, chama a atenção o número significativo de valores TDM
siderianos, entre 2,3 e 2,5 Ga, obtidos em amostras de toda a região. Os dados
isotópicos U-Pb (SHRIMP e convencional) em zircão apontam para idades de
cristalização ígnea dos protolitos em 2394±43, 2310±69, 2180±12 e 2143±11
Ma, confirmando que eventos importantes de construção da crosta continental no
embasamento da porção norte da Faixa Brasília tiveram lugar no Paleoproterozóico.
Parte desses eventos tem caráter juvenil, mas parte da crosta da região mostra
contribuição importante de fontes arqueanas. A assinatura isotópica
identificada nesse segmento crustal difere da que é conhecida no embasamento do
Cráton do São Francisco e pode ser comparada com a do embasamento do Domínio
Noroeste do Ceará na Província Borborema.