UnB - Instituto de Geociências - Produção Científica
RESUMOS/ABSTRACTS


Composição isotópica dos carbonatos do minério venular do depósito de Cu-Au de Gameleira, Serra dos Carajás, Pará.

Zara Gerhardt Lindenmayer
Alcides da Nóbrega Sial
Márcio Martins Pimentel***

In: Congresso Brasileiro de Geologia, 41, 2002, João Pessoa, SBG Nucleo Nordeste. Anais: 520 - 520.

Palavras chave: Carajás, Gameleira, ouro, carbonatos

RESUMO

O depósito de Cu-Au de Gameleira, Serra dos Carajás, apresenta mineralização paleoproterozóica (1.7 Ga), epigenética venular e subordinadamente disseminada, hospedada numa seqüência vulcânica e subvulcânica máfica neoarqueana (2,7 Ga), localizada numa zona de cisalhamento. A mineralização venular é composta por calcopirita, bornita, Au, molibdenita, pirita, cobaltita e cobalto-pentlandita, associada a uma ganga composta por uraninita, fluorita, turmalina, quartzo, flúor-biotita e carbonatos (Fe-dolomita e calcita). Os veios mineralizados (1700 ± 31 Ma, isócrona Sm-Nd), têm sua fonte numa intrusão aplítica, de composição quartzo sienítica, cronocorrelata com o granito Pojuca. As rochas hospedeiras da mineralização, uma intrusiva gabróide e vulcânicas andesíticas xistificadas, são co-magmáticas e provenientes de um magma cálcio-alcalino, geoquimicamente análogo aos magmas de arcos magmáticos. O quartzo-sienito aplítico é meta-aluminoso a peralcalino e semelhante aos granitóides do tipo A.

               Os veios mineralizados são formados, nas bordas, por quartzo e flúor-biotita (verde). A última, inclui alanita, apatita e uraninita. Calcopirita e bornita, encontram-se aureolados por fluorita ou albita. Turmalina, muscovita e clorita também são freqüentes. A molibdenita ocorre preferencialmente nas bordas externas dos veios, junto com F-biotita e quartzo. Carbonato sela a parte central dos veios e pós-data a mineralização sulfetada. A calcita domina os veios que cortam o gabro e a Fe-dolomita é característica dos andesitos xistificados.

Os carbonatos dos veios foram investigados com o intuito de obter dados que indicassem a fonte do carbono e oxigênio dos fluidos hidrotermais. Os dados isotópicos das Fe-dolomitas (d O18SMOW= + 9,45 a +10,03°/00; média = 9,57 ± 0,17°/00), (dC13PDB = –8,41 a –8,77°/00; média 8,57 ± 0,18°/00) e calcita (d O18SMOW= 8,91°/00; dC13PDB = -9,44°/00), coincidem com o intervalo de composição dos condritos e carbonatitos existentes na literatura geológica, indicando fonte profunda, magmática, para o carbono e oxigênio dos fluidos hidrotermais, da mesma forma que os carbonatos venulares do depósito de Cu-Au primário do Igarapé Bahia. No caso do depósito de Gameleira, os dados isotópicos de carbono e oxigênio refletem a fonte magmática quartzo-sienítica paleoproterozóica. Além disto, o pequeno intervalo de variação do d O18SMOW, sugere que esses carbonatos hidrotermais tenham se depositado num sistema dominado por baixa razão fluido-rocha, o que está de acordo com sua precipitação durante a selagem dos veios, nos estágios finais, de temperatura mais baixa, quando do fechamento do sistema hidrotermal.

Cabe notar o fato curioso dos depósitos minerais venulares de Cu-Au de Gameleira e Igarapé Bahia, separados no tempo por 1 Ga e tidos como formados por processos geológicos distintos, apresentarem as mesmas assinaturas isotópicas para carbono e oxigênio.