UnB - Instituto de Geociências - Produção Científica
RESUMOS/ABSTRACTS
PROVENIÊNCIA DA FORMAÇÃO JEQUITAÍ, BRASIL CENTRAL, COM BASE EM DADOS U-Pb SHRIMP EM ZIRCÕES DETRÍTICOS
Márcio Martins
Pimentel
Carlos José Souza de Alvarenga
Richard Armstrong
Neven Cukrov
In: Congresso Brasileiro de Geologia, 41, João Pessoa, 2002, SBG. Anais, 1: 503 - 503.
Palavras chave: Proveniência, U-Pb SHRIMP, Faixa Brasília
Os
diamictitos da Formação Jequitaí ocorrem de maneira descontínua na base do
Grupo Bambuí, sobre uma discordância que os separa do Grupo Paranoá (ca.
1.1-0.95 Ga) ou do embasamento granito-gnáissico Paleoproterozóico. Sua idade
é ainda controversa, porém eles têm sido recentemente interpretados como
representativos da glaciação Sturtiana (ca. 750 Ma) (Uhlein et al. 1999,
Santos et al 2000).
Novos dados geocronológicos para zircões
detríticos desses diamictitos foram obtidos para amostras de duas áreas: (i)
amostra JEQ é um diamictito maciço contendo clastos de calcário, dolomito,
quartzito, granitos, gnaisses e quartzo, proveniente dos arredores da Cidade de
Jequitaí, MG, no Craton do São Francisco; (ii) amostra CRIST é um diamictito
maciço que recobre litologias do Grupo Paranoá na região do domo de
Cristalina, GO, dentro da Faixa Brasília. Essa unidade está afetada por falha
de empurrão de idade Brasiliana que coloca o Grupo Canastra por sobre a Formação
Jequitaí.
Dados U-Pb SHRIMP preliminares para o
diamictito de Jequitaí mostra uma distribuição bi-modal de idades, com uma
importante fonte com idades 207Pb/206Pb entre 1.9 e 2.2 Ga
e outra com idades entre ca. 0.9 e 1.2 Ga. Somente análises concordantes foram
utilizadas. O padrão é muito semelhante ao observado por Pedrosa-Soares et al
(2000) para as rochas glácio-marinhas da Formação Macaúbas, na Faixa Araçuaí,
sendo interpretado como gerado pela erosão de rochas do embasamento siálico do
Cráton do São Francisco e de rochas intrusivas máficas Meso-Neoproterozóicas
também conhecidas no cráton.
O diamictito de Cristalina também
apresenta uma importante contribuição de fonte Paleoproterozóica (1.9-2.2
Ga), porém a contribuição mais jovem está ausente. Um zircão concordante,
com idade 207Pb/206Pb de ca. 1.25 Ga é o mineral detrítico
mais jovem encontrado. As análises também mostraram uma importante contribuição
proveniente de rochas com idades entre ca. 1.55 e 1.75 Ga, atribuída aqui aos
granitos e vulcânicas félsicas associadas aos Grupos Araí e Espinhaço. Esses
dados permitem sugerir que a principal área fonte desses zircões constituem os
terrenos Paleoproterozóicos na porção noroeste do Cráton do São Francisco .
A notada ausência de zircões mais
jovens que 800 Ma constitui forte indicação que esse importante evento glacial
no Brasil central seja correlacionado ao evento Sturtiano, de ca. 750 Ma, de
ocorrência global.
Referências
Santos,R.V., Alvarenga,C.J.S.,
Dardenne,M.A., Sial,A.N., Ferreira,V.P., 2000. Prec. Res., 104:107-122
Pedrosa-Soares, A.C., Cordani,U.G., Nutman,A.J. 2000. Rev. Bras. Geoc, 30:58-61
Ulhein,A., Trompette,R., Alvarenga,C.J.S. 1999. Jour. South Am. Earth Sci.,
12:435-451