SNI  LOCALIZA PETRÓLEO NO MORRO DO AZEITE

Cezar Gouvêa


    Em meados de 1974, corriam os "Anos de Chumbo", fortes suspeições no ar, anos da "linha dura", suspeita e nacionalismo fervendo no mesmo crisol das cabeças militares, pretensamente detentoras das verdades fundamentais para o país e seu progresso.

    Entro na churrascaria do Karim Mali (cidadão de orígem árabe que ao fechar a conta frequentemente "somava" a data à despesa), em Corumbá hoje Mato Grosso do Sul, e sou interceptado por uma figura inesperada, meu amigo e colega Geologo Alfredo Gonçalves, que a mando da Petrobras estava fazendo uma pesquisa sobre supostas ocorrências de petróleo no Pantanal.

    Vou sentar à mesa do meu amigo, onde também se encontrava um rapaz muito pouco à vontade, alem de um assistente do meu colega.

    Pergunto ao bom amigo, nutrido desde gurí com o chimarrão cevado com a erva do "barbaquá do Velho Bicaco", que junto com as amizades robustas sorvera o desassombro dos gaúchos daquelas paragens, o que fazia perdido naquele recanto pantaneiro.

    Responde o Fedoca, de "corpo presente" e encarando o tal rapaz de quem não guardei o nome, mas que suspeito que também fosse geólogo: "Essa besta aí, fez uma pesquisa 'geológico-folklorica' e concluiu que o "Morro do Azeite" tem essa denominação porque alí o óleo aflorava, e mandou a conclusão para o Conselho de Segurança Nacional, que obrigou a Petrobras a mandar a equipe técnica para verificar a denúncia do imbecil esse que aí está". O rapaz não tugiu nem mugiu com as invectivas do furioso geólogo de Palmeira das Missões.

    Em tempo, o morro tem esse nome porque alí os pantaneiros faziam o cozimento dos lambarís que apanhavam aos milhares para produzir o óleo com que cozinhavam durante todo o ano.


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