Aluno de Geologia bebe Água Ruim em Dia Escaldante!!

Manfredo Winge


Estávamos fazendo o trabalho de campo da disciplina Topografia na maravilhosa região dos morros graníticos de Itapuâ, cerca de 50 km ao sul de Porto Alegre, hoje Parque de Preservação ambiental. Eram fins de semana carregando mira, prancheta, caderneta, martelo e uma matematicazinha na cabeça para poder traçar as curvas de nível da forma mais correta possível. E o mestre Carraro orientando a galera naqueles idos de 1960. 

O clima de Porto Alegre é sismográfico.. pode cair (ou subir) mais de 10 graus em um dia. Quem conhece, sabe.. Certos dias de primavera (acho que era primavera) podem fazer um bom calorzinho.. e no dia dessa história fazia calor!!

Revezávamos, um na prancheta e outro na régua, sempre buscando uma sombra para o trabalho de "gabinete" da prancheta, nem sempre possível porque a estação da prancheta com tripé tinha que ser colocada em posição estratégica elevada e vendo, ao máximo, a paisagem para podermos marcar o maior número de pontos topográficos. A sede era grande e a água dos cantis já estava acabando.

Fiquei na prancheta e bem num elevado granítico, com vista ampla. Na rocha nua onde colocamos a prancheta tinha umas cavidades de 30 a 40 cm de diâmetro, resultantes do intemperismo diferencial de porções mais máficas no granito, onde se acumulavam restos de água de chuva que pensei em beber, mas desisti face a cara ruim, verdosa da mesma. 

Lá pelas tantas, dentro da troca de funções, fui para a mira e meu colega (não vou dizer o nome) ficou na prancheta, fazendo as visadas e os cálculos. Depois de umas duas horas  terminamos a  tarefa do dia, pegamos toda a tralha e nos deslocamos para o ponto marcado para sermos apanhados pelo micro_ônibus da Escola de Geologia. Na caminhada o meu colega comentou: - mas que gosto ruim tem essa água das cavidades. Engoli em sêco e não falei nada.. até o dia de hoje.. acontece que enquanto esperava ele se deslocar de um ponto de visada para outro com a mira, eu não tinha muito o que fazer e, em instinto infantil, resolvi fazer um baita xixi na cavidade do lado da prancheta...


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