MALANDRO CARIOCA ENTRA NA ROTINA DE GEÓLOGO

Cezar Gouvêa


   Estava o geólogo Cezar fazendo uma identificação prévia das características geotécnicas dos materiais ao longo da rodovia BR-470, na subida da serra entre Pouso Redondo e Lajes, ainda não implantada, ao longo de uma picada que cortava a Mata Atlântica intocada, e para tanto a empresa em que trabalhava mandara um sondador, Duda, típico malandro de morro carioca, que pela primeira vez em sua vida pisava na mata densa.

    No primeiro reconhecimento que se fazia ao longo do eixo, de repente o geólogo ouviu atrás de sí um gaguejar sem nexo. Era o Duda que apontava uma cobra cruzeiro enrodilhada, junto à picada em que teria que passar.

    Cobra morta, segue a expedição.

    À noite, no acampamento, a turma se dedicava a um joguinho de cartas antes de dormir, após o que o Duda afastou-se um pouco para tirar a água do joelho, e dirigiu-se ao seu catre. Tudo escuro, com a lamparina na mão, mal quebrando a escuridão, Duda divisa um volume sobre sua cama; quando levanta a lamparina vê que se trata de outra cobra, calmamente aninhada onde iria deitar.

    Foi duro convencer o Duda a não voltar de imediato para o Rio de Janeiro, para seu morro onde o bicho mais perigoso que existia era um ou outro traficante


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