UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA /INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

TESE DE DOUTORADO No 32

MÔNICA ELIZETTI DE FREITAS

EVOLUÇÃO DOS GREISENS E DA MINERALIZAÇÃO ESTANÍFERA DO MORRO DA LARANJINHA, MACIÇO GRANÍTICO MANGABEIRA, GOIÁS

Palavras-chave: topázio-albita granito, greisen, estanho, mica litinífera, helvita, cassiterita, índio, In.

DATA DA DEFESA:25/02/2000
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: MINERALOGIA E PETROLOGIA
ORIENTADOR: PROF. NILSON FRANCISQUINI BOTELHO (UnB)
EXAMINADORES:PROF. JOSÉ CARLOS GASPAR
PROF. ROBERTO VENTURA SANTOS (UNB)
PROF. MILTON LUIZ LAQUINTINIE FORMOSO (UFRGS)
PROF. SILVIO ROBERTO FARIAS VLACH (USP)

RESUMO

    O Morro da Laranjinha constitui a porção sul da apófise do Maciço Granítico Mangabeira, pertencente à Província Estanífera Paranã, situada no norte de Goiás. Os granitos que constituem o Morro da Laranjinha, denominados de G2d e GAT, pertencem à série mais evoluída do magmatismo na região. As rochas encaixantes são xistos pertencentes à Formação Ticunzal e gnaisses do Complexo Granito-gnáissico. Os granitos G2d e GAT são constituídos essencialmente por quartzo, microclínio pertítico, albita e mica. O que os difere é a presença de topázio e zinnwaldita no GAT, e a mica do G2d ser siderofilita.
   
Os granitos G2d e GAT foram atingidos por alteração hidrotermal, que se iniciou nos estágios pós magmáticos, resultando em uma grande variedade de greisens e produtos da alteração hidrotermal. Os granitos parcialmente metassomatisados apresentam feições de albitização, silicificação e greisenização. Os produtos finais são zinnwaldita greisens com topázio. Durante o hidrotermalismo houve mobilização de elementos atribuída à presença do F nos fluidos hidrotermais, capaz de transportar metais raros e lixiviar terras raras, Zr e Y.
   
A mineralogia hidrotermal é composta principalmente por F-topázio, micas, quartzo, albita secundária e fluorita. Ocorrências locais de minerais de Be (como genthelvita e fenacita), wolframita, esfalerita, arsenopirita, löllingita, magnetita e granada forneceram informações sobre as condições físico-químicas vigentes durante a sua cristalização. A cassiterita é o minério, sendo ainda o único mineral portador de In encontrado na área. As micas ocorrem em diversas gerações, apresentando variações químicas que permitiram a reconstituição da trajetória da greisenização. A formação da zinnwaldita na fase inicial do hidrotermalismo indica ambiente com alta atividade de F e Li, onde o Fe era abundante. A existência de fengita nas fases mais finais pode ser atribuída à entrada de outro fluido no sistema, pobre em F, Fe e Li, provavelmente água meteórica. As micas intermediárias indicam o início do reequilíbrio para condições menos ácidas e pouco salinas.
   
O modelo proposto para a evolução do hidrotermalismo no Morro da Laranjinha sugere a separação e concentração dos fluidos na cúpula durante a fase de cristalização dos granitos G2d e GAT. A alteração hidrotermal ocorre devido à interação dos granitos com um fluido inicialmente ortomagmático, rico em F e Li, contendo ainda Fe, Zn, As, Mn, Sn, In, Rb, Nb, Ta, W e S. Para esta fase inicial, foram estimadas temperaturas próximas a 500o C, sob baixa condição de pressão confinante (inferior a 0,5 Kbar). O fluido rico em F foi capaz de lixiviar Zr, Y e terras raras. Durante a evolução da greisenização, a mineralogia hidrotermal foi sendo reequilibrada e transformada até a formação de fases tardias pobres em F e Li, atribuída à entrada da água meteórica no sistema.


  
 
UNIVERSITY OF BRASILIA / INSTITUTE OF GEOSCIENCES

PhD THESIS No 32

MÔNICA ELIZETTI DE FREITAS

GREISEN AND TIN MINERALIZATON EVOLUTION OF THE MORRO DA LARANJINHA, GRANITIC MASSIF OF MANGABEIRA, GOIÁS

KeyWords: topaz-albite granite, greisen, tin, Li-mica, helvite, cassiterite, indium, In.

DATE OF ORAL PRESENTATION:25/02/2000
TOPIC OF THE THESIS:MINERALOGY AND PETROLOGY
SUPERVISOR:PROF. NILSON FRANCISQUINI BOTELHO (UnB)
COMMITTEE MEMBERS:PROF. JOSÉ CARLOS GASPAR
PROF. ROBERTO VENTURA SANTOS (UNB)
PROF. MILTON LUIZ LAQUINTINIE FORMOSO (UFRGS)
PROF. SILVIO ROBERTO FARIAS VLACH (USP)

ABSTRACT

    The Morro da Laranjinha hill in northern Goiás comprises the southern portion of the apophysis related to the Mangabeira Granitic Massif, Paranã Tin Province. The Morro da Laranjinha granites, named G2d and GAT, represent the most evolved magmatic series in the region. The country rocks are schists (Ticunzal Formation) and gneisses (Granite-gneissic Complex). The G2d and GAT granites contain essential quartz, perthitic K-feldspar, albite and mica. However, the presence of topaz and zinnwaldite characterizes the GAT while siderophyllite is typical of the G2d.
  
The G2d and GAT granites underwent hydrothermal alteration which started in the post-magmatic stages, resulting in a great variety of greisens and hydrothermal products. The partially metasomatized granites reflect variable overprinting of albitization, silicification and greisenization features. The final products are topaz-bearing zinnwaldite greisens. During hydrothermal alteration several elements were remobilized by F-bearing fluids able to transport and leach REE , Zr and Y.
    Minerals formed during hydrothermal alteration are F-topaz, micas, quartz, secondary albite and fluorite. Accessory minerals include beryllium (genthevilte and phenakite), wolframite, sphalerite, arsenopyrite, löllingite, magnetite and garnet. These minerals provide information about the physical-chemical conditions during their crystallization. Cassiterite is the only tin ore identified and contains important indium concentrations. Micas occur in different generations, presenting chemical differences that allowed the reconstruction of the greisenization path. The formation of early zinnwaldite suggests an environment with high activity of F and Li, where Fe was abundant. The presence of phengite in the final stages can be related to the entrance of F-, Fe- and Li-poor fluid in the system, interpreted as meteoric water. Intermediate micas show the beginning of the re-equilibrium to lower acid and salinity conditions.
   
An hydrothermal evolution model put forward in which fluids are concentrated in the cupola during the crystallization phase of G2d and GAT granites. The most likely interpretation is that the hydrothermal alteration has initiated with an interaction between the granites and F- and Li-rich fluids containing Fe, Zn, As, Mn, Sn, In, Rb, Nb, Ta, W e S. For the first stages were estimated temperatures close to 500ºC and pressure values below 0.5 Kbar. The F-rich fluid leached Zr, Y and REE. During the greisenization evolution, the hydrothermal mineralogy was continuously transformed and re-equilibrated until the formation of F and Li-poor late phases, related to the entrance of meteoric water in the system.