UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO N^o 74

RESUMO

Nas imediações da cidade de Unaí, noroeste de Minas Gerais, ocorre uma sucessão de rochas de origem sedimentar, que foi dividida em 7 unidades litoestratigráficas (I a VII).
Tais unidades sofreram deformação, acompanhada de aquecimento a temperaturas anquimetamórficas, durante o Ciclo Brasiliano (Proterozóico Superior).As unidades estudadas (I a V), que vinham sendo interpretadas como pertencendo ao Grupo Bambuí, após mapeamento sistemático e avaliação dos ambientes deposicionais, foram correlacionadas à porção superior do Grupo Paranoá.
As unidades I a III são caracterizadas por alternância de sedimentos siliciclásticos e carbonáticos, depositados em plataforma rasa. As duas primeiras unidades são caracterizadas por intercalação de sedimentos deltáicos e sedimentos carbonáticos de planície de maré.
A terceira unidade inicia-se por uma intercalação de sedimentos carbonáticos e terrígenos., depositada em porções distais da plataforma. Construções estromatolíticas, no topo desta unidade, ocorrem no limite entre área de pequeno gradiente (a leste) e área de inclinação mais acentuada (a oeste) .
Possivelmente em períodos de nível do mar baixo, sedimentos siliciclásticos plataformais foram retrabalhados e redepositados após a quebra da plataforma, a oeste, compondo as unidades IV e V, com características turbidíticas.
A abundância de estruturas estromatolíticas nas rochas aromáticas das unidades I, II e III, associada à dolomitização e silicificação, foram importantes indicadores paleo-ambientais para estas unidades, caracterizando ambientes peritidais e subtidais.
Todas as unidades foram deformadas por esforço compressivo de direção NE, responsável por dobramentos em escala mega a mesoscópica, associados a falhamentos e fraturamentos.
Grande falha inversa, de alto ângulo, cujo rejeito mostra também componente direcional, ocorre no limite leste da unidade I, colocando-a lado a lado com litologias estratigraficamente superiores (Grupo Bambuí - unidade VII). Por sua expressão regional, esta falha deve constituir descontinuidade prévia, no embasamento, reativada durante o evento compressivo considerado.
O contato oeste do Grupo Paranoá é também tectônico com a unidade VI (Formação Vazante), cavalgada sobre a unidade V.
O padrão de lineamentos em imagens de satélite, associado às estruturas deformacionais observadas em campo, levam a crer que a deformação deu-se em níveis crustais rasos,. em regime rúptil-dúctil.

NINA PAULA FERREIRA LARANJEIRA

THE MIXED SILICLASTIC-CARBONATE PLATFORM OF THE PARANOÁ GROUP IN THE UNAÍ REGION, MINAS GERAIS STATE-BRAZIL

ABSTRACT

In the region of Unaí city, northwestern of Minas Gerais, is observed a succession of rocks of sedimentary origin. This group of rocks was divided, in this work, into seven litho-stratigraphic units (I to VII). All the units were deformed and submited to anquimetamorphic temperatures during Brazilian .Cycle (Late Proterozoic).
The major units studied (I to V), previously considered as part of the Bambuí Group, after field works and depositional environments interpretation, were correlated to the top of Paranoá Group.
The I to III units are composed by siliciclastic and carbonate sediments deposited on a shallow shelf. The first two units are constituted by an alternance of deltaic sediments and tidal flat carbonate sediments.
At the base of third unit there is an alternance of platformal distal carbonate and terrigenous sediments. Stromatolitic constructions occur as bioerms, at the top of the unit and at the boundary of regions with lesser (easthern) -and greater gradient (westhern).
Possibly, when the sea level was relatively low, sediments on the platform were reworked and deposited to the west (IV and V units), as turbuditic
Presence of stromatolitic structures, dolomitization and silicification, were paleo-environmental indicators of great importance and characterized peritidal and subtidal environments
All the units were compressively deformed from SW to NE, resulting in folding, faulting and fracturing.
An expressive inverse fault, with a directional component, occurs at the easthern boundary of I unit, and put it in the same level of the younger unit (Bambuí Group). Possibly this fault constitutes an older lineament reactivated in Brazilian Cycle.
The contact between Paranoá Group and the VI unit (Vazante Formation) is a tectonic one.
The TM image lineaments pattern and the structures observed at the field, show a shallow crustal level deformation, in a ruptile-ductile regime. .