UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO N^o 98

MÁRCIA REGINA SILVIA CERQUEIRA

RESUMO
O Complexo Alcalino Fazenda Buriti, situado na região de Iporá-GO, é constituído por uma associação de rochas intrusivas, representadas por olivina clinopiroxenitos, malignitos, fergusitos, gabros alcalinos, essexitos, monzogabros, monzonitos, plagifoiaítos, sienitos e nefelina sienitos, além de intrusões menores de microsienitos, traquitos, e diques de lamprófiros e fonólitos. A idade K/Ar de biotita de mela monzogabro da associação plutogênica é de 86 m.a.. As feições petrográficas e as composições químicas de minerais e de rochas, demonstram variações contínuas entre os diferentes litotipos e apontam para uma origem a partir de cristalização fracionada, com acumulação de cristais, controlada especialmente por clinopiroxênio e plagioclásio, impelindo à formação de líquidos residuais progressivamente mais félsicos. Ao longo da série, as composições da olivina varia de Fo86 a Fo51, do clinopiroxênio varia de Wo47- En47 a Wo49-En43, o plagioclásio varia de Ab55 a Ab68 e o feldspato alcalino de Or70-Ab25 a Or57- Ab41. Um trend evolutivo contínuo, desde os tipos mais máficos até os mais félsicos, pode ser evidenciado em termos da composição global das rochas nos diagramas ternários AFM, Na2O- CaO-K2O, MgO-Al2O3-CaO. Variações observadas nos diagramas de elementos maiores e elementos traços versus MgO, mostram correlações negativas para SiO2, Na2O, K2O, Al2O3, Sr, Ba e Y e positivas para CaO, Ni e Cr. Como magma parental das rochas do Complexo, sugere-se um basalto picrítico alcalino, possivelmente derivado pela extração de olivina dos pricritos alcalinos descritos na região. As rochas microsieníticas e traquíticas parecem derivar de um outro pulso magmático, no qual atuaram processos de contaminação pelos arenitos encaixantes, evidenciados pela presença de xenocristais de quartzo nas referidas rochas

ABSTRACT
The Fazenda Buriti Alkaline Complex, situated at the Iporá region, state of Goiás, is composed by an association of intrusive rocks, represented by olivine clinopyroxenites, malignites, fergusites, alkaline gabbros, essexites, monzogabbros, monzonites, syenites and nepheline syenites. Minor subordinate intrusions include microsyenites, trachytes, and lamprophyre and phonolite dykes. The K-Ar age of biotites of a monzogabbro from the plutogenic association is 86 m.y.. Petrography, mineral chemistry and geochemistry indicate continuous variations between the different lithotypes and points to an origin by fractional crystallisation, with crystal accumulation controlled specially by clinopyroxene and plagioclase. Olivine compositions varie from Fo86 to Fo51, clinopyroxene from Wo47En47 to Wo49En43, plagioclase from Ab55 to Ab68 and alkali feldspar from Or70Ab25 to Or57Ab41. A continuous evolutive trend and correlation are shown by AFM, Na2O-CaO-K2O and MgO-Al2O3-CaO diagrams. Variations of the major and trace elements vs. MgO plots show negative correlations for SiO2, Na2O, K2O, Al2O3, Sr, Ba and Y and positive ones for CaO, Ni and Cr. It is suggested that the parental magma for the plutonic association is an alkaline picrite basalt, possibly derived by the extraction of olivine from the alkaline picrites that occur in the Iporá region. The microsyenitic and trachytic rocks seem to belong to another magmatic pulse and appear to have underwent contamination by the host sandstones, considering the presence of quartz xenocryst in these rocks.