Comunicado Público

Cleiton Lima
(enviado por email por Magno Augusto Machado [ magnoaugusto@yahoo.com]

Comunicado Público de esclarecimento
Assunto: Seu Creisson ficou em Aracaju.

             Após vários e constantes convites dos nobres colegas da geologia chamando-me para beber cerveja, pinga, vinho, cachaça, vodka, uísque (pensando bem... para beber uikão ninguém me chamou não) enfim, todo e qualquer tipo de destilado e/ou fermentado e, após receberem sempre respostas negativas e/ou desculpas, melhor dizendo... subterfúgios acadêmicos, tais como:
- Não posso, tenho que estudar!
- Bem que eu queria, mas tenho que terminar um trabalho!
- Deixa pra outro dia, tenho aula amanhã cedo e não posso faltar!
            Aliado as várias respostas negativas seguiam-se intermináveis questionamentos ou insultos pessoais, como por exemplo:
- Tá duente?
- Virô hóminho?
- Se num guenta bebe leite!
- Galho fraco!
            E o pior de todos proferido pelo elegantíssimo colega Vassora: - Pó-pó-pó-pó-pó-pó-pó-pó-pó-pó-pó. Acompanhado pela imitação de bater asas, como uma galinha.
            Então, para esclarecer este assunto de uma vez por todas, resolvi de peito aberto e de alma leve escrever essas pobres e poucas linhas para comunicá-los de um fato incomum e estarrecedor: - EU NÃO BEBO !!!!!!!!!!!   Para o espanto de vocês (e para meu próprio espanto) quem bebia era o SEU CREISSON e não eu, Cleiton Lima.  

Deixem eu explicar melhor:
            Para ajudar na elucidação dos fatos recorrerei ao velho Aurélio, que traz em suas páginas a seguinte definição para o termo Seu Creissom – s.m. Espectro ou entidade possessiva/obsessiva que mantém-se vinculada ao indivíduo que lhe dá suporte através de recorrentes bebedeiras; Larva astral; Cascão astral; Entidade perversa gerada nos barris de rum dos navios piratas.
            De posse da explicação do termo, irei agora narrar o acontecido:
            Tudo começou com a ida ao Congresso de Aracaju, a entidade (seu Creisson) já ciente do que se assucede neste tipo de evento, armou-se de toda a sua já conhecida argúcia e confabulou entortar o caneco durante todos os dias da viagem, o que fez com eficiência e vontade, com mais afinco nos dois dias finais, respectivamente quinta e sexta-feira, quando conseguiu tomar conta do corpo físico do obsedado e veio a público, chegando a conversar com as pessoas presentes às festas. Porém, esse período de contínua exposição ao álcool, maltratou o corpo físico do obsedado que na manhã de sábado era apenas uma sombra da “capa do batman”, tal a destruição gerada pela manguaça.
            Nesse intervalo, a entidade Seu Creisson, vendo que não conseguiria saciar seus desejos de birita através daquele corpo inerte jogado dentro da barraca de camping, resolveu sair pelo alojamento onde estava, no ginásio Constâncio Vieira, tentando achar um manguaça temporário para continuar seus trabalhos bebecíveis. Acontece que naquele ambiente insalubre localizava-se o insuspeito vigia do estabelecimento, um sergipano conhecido pelo codinome Amendoim, legítimo boêmio, amante da birita, criatura que coloca Quincas Berro d’água, personagem  de Jorge Amado, no patamar de um bêbê chorão, diz a lenda em Aracajú que nunca ninguém o viu sóbrio por aquelas parragens. Bem, o fato é que o Seu Creisson ao encontrar aquela singela criatura com a sua própria larva astral chamada Amendoim, resolveu sair os acompanhando pelos butecos do bairro em desmedida bebedeira, deixando o temporariamente não-obsedado corpo capotado na barraca. Neste ínterim de desatenção, eu Cleiton sou despertado por ninguém menos que JESUS me chamando para ir embora para Brasília, não o Jesus Bíblico, o ungido, o Cristo das escrituras, mas, o Jesus de Goiás e da geologia mesmo, que também estava no alojamento. Saio então em correria desesperada em direção ao ônibus, deixando inclusive duas bermudas para trás, ou foram roubadas não sei, o fato é que não voltaram para casa. Chego, guardo á mochila no bagageiro do buzão, me sento à primeira poltrona livre e sigo rumo às praias e, mais tarde rumo à Brasília.
             Fico só imaginando a cara da entidade Seu Creisson ao retornar ao alojamento e, não mais encontrar o antigo obsedado que o acompanhou por tantos anos em farras e outras crazyces, se ficou triste não sei, se arumou outro corpo para obsessão também não sei, só sei que consegui escapar graças a ajuda do destino, do Jesus de Goiás e do Buzão que tinha um símbolo igual ao bonequinho do pan do RJ (um solzinho com carta de demente). Minha alma voltou à luz do sol.
            Agora, passada a primeira semana, semana aliás sofrida, pois a separação do obesedado do obsedante não é uma mudança fácil, existem repercussões físicas e orgânicas envolvidas, o obsedante apesar de maléfico auxilia na manutenção do organismo do corpo que ocupa, gerando defesas principalmente nos órgãos vitais para ele como o fígado, rim, pâncreas, aparelho gastro-intestinal e aparelho respiratório. O resultado foi que após a separação meus rins pararam de funcionar por dois dias, o fígado até hoje ainda está meia-boca, o pâncreas funciona a 20% da capacidade , o aparelho gastro-intestinal deveria ter mudado de nome para gastro-gorfativo-intestinal e o aparelho respiratório tá com os bicos entupidos ou com as velas encharcadas, tá assim meio falhando e a garganta tá inflamada, diminuindo a entrada de ar (tá com o filtro sujo). Vou me recuperando aos poucos, daqui a alguns dias estou zerado e vou subir as escadas para chegar em casa sem ter falta de ar.
            Em resumo, estou em manutenção. Pelo menos uns quatro meses de clínica intensiva para recuperar os anticorpos perdidos durante o período Seu Creissiano, até lá o meu lema vai ser “ Beber hoje, só amanhã ”  quiçá em 2007.
            Com a divulgação deste comunicado, espero ter saciado os questionamentos de todos os nobres colegas e, anseio a colaboração de todos vocês para a manutenção deste quadro estável, pois a qualquer recaída o temível Seu Creisson pode ouvir os chamados e retornar à Brasília para transformar bons pensamentos e virtudes em luxúria, avareza, gula, ódio, malícia, inveja, preguiça, vícios e maus costumes. Termino esse comunicado, desejando felicidade e prosperidade à todos, também desejo feliz natal, feliz páscoa, feliz dia de São Longuinho e de São Curtinho.

Por desperdiçarem seu valioso tempo lendo essas inúteis linhas,
Obrigado!
Cleiton Lima,  ex-vulgo Seu Creisson.

PS: O sir Crazy ainda existe.


[voltar para os causos]
logo-unb.jpg (3170 bytes)  HomePage Instituto de Geociências da Universidade de Brasília