UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA /INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
TESE DE DOUTORADO No
1
CLAUDINEI GOUVEIA DE OLIVEIRA
INTERAÇÃO ENTRE OS PROCESSOS DE DEFORMAÇÃO, METAMORFISMO E MINERALIZAÇÃO AURÍFERA DURANTE A EVOLUÇÃO DA ZONA DE CISALHAMENTO DE DIADEMA, SUL DO PARÁ[Mapa de localização ]
DATA DE DEFESA: 02/02/93
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: PROSPECÇÃO
E GEOLOGIA ECONÔMICA
ORIENTADOR: PROF. RAUL MINAS KUYUMJIAN (GRM)
EXAMINADORES: PROF. HARDY JOST (GRM)
PROF. OTHON HENRY LEONARDOS (GRM)
PROF. FERNANDO R. M. PIRES (UFRJ)
PROF. DETLEF HANS-GERT WALDE (GEO)
RESUMO
A faixa Sapucaia, posicionada
na porção sudeste do cráton Amazônico,
representa uma sequência vulcano-sedimentar do tipo greenstone
belt enquadrada no contexto lito-estratigráfico do Supergrupo
Andorinhas. As feições estruturais que caracterizam
a faixa Sapucaia consistem de extensas zonas de cisalhamento com
orientação geral WNW-ESE, encurvadas para NW na
sua porção central por uma transtensão regional.
A evolução deformacional da faixa Sapucaia (ou zona
de cisalhamento de Diadema) foi evidenciada por movimento oblíquo
destral de alto ângulo, provocado por encurtamento regional
norte-sul.
A partição diferenciada da taxa de deformação
no interior da zona de cisalhamento de Diadema favoreceu a formação
de tectonitos metamórficos que se diferenciam basicamente
em função da mineralogia, tamanho e forma dos grãos,
e orientação do elipsóide finito de deformação
nos diferente domínios microestruturais. O processo de
partição da deformação foi controlado
por episódios cíclicos e diferenciados, que representam
variações temporais e espaciais na taxa de deformação
(strain rate) e no percurso e mecanismo da deformação.
O deslizamento contínuo entre as faixas de cisalhamento
submetidos a deformação heterogênea favoreceu
o desenvolvimento de domínios diferenciados de metamorfismo,
os quais foram controlados principalmente pelas características
intrínsicas de cada nível crustal, pelas propriedades
reológicas das rochas deformadas, e pelas variações
laterais na taxa e no mecanismo de deformação. Fundamentando-se
nesses controles, os domínios metamórficos foram
diferenciados a partir de investigações petrográficas
e estudos do comportamento de alguns isótopos estáveis
em: 1) metamorfismo induzido pela atuação simultânea
de mecanismos de volatilização e percolação
pervasiva de fluidos ascensionais (domínio regional, PfªP1);
2) metamorfismo controlado por reações progressivas
de devolatilização (domínio de transpressão,:
e 3 metamorfismo provocado pela infiltração canalizada
de fluidos através de domínios de dilatação
(domínio de transtensão, Pf>P1).
O metamorfismo provocado pela infiltração de fluidos
em domínios de transtensão (Pf>P1) foi acompanhado
pelo desenvolvimento de halos progressivos de alteração
hidrotermal dos tipos cloritização, carbonatação,
albitização, sericitização, silicificação,
piritização e turmalinização. O efeito
das alterações hidrotermais foi representado por
associações minerais diagnósticas, as quais
foram agrupadas em: a) estágio inicial de alteração
hidrotermal; b) estágio intermediário de alteração
hidrotermal; e c) estágio avançado de alteração
hidrotermal. O ouro ocorre como inclusão e/ou nas fraturas
dos grãos de pirita gerados durante os estágios
intermediário e avançado de hidrotermalismo.
A repetição alternada e cíclica entre os
domínios transpressivos e transtensivos criou uma faixa
de descontinuidade que controlou a migração de fluidos
no interior das zonas de cisalhamento. Esses fluidos representavam
um somatório de fluidos de origem externa, gerados em níveis
crustais mias profundos, e fluidos liberados pontualmente através
de reações metamórficas de volatilização.
Com base na composição média dos isótopos
de carbono (13CPDB = -3 %º, oxigênio) (18OSMOW =+9,0
%º) e estrôncio (87Sr/86Sr = 0,7155) em calcita hidrotermal
e hidrogênio em clorita (D = -58%º,) e sericita (D=
-57%º) do estágio avançado de alteração,
admite-se que os fluidos representavam uma composição
de fluidos magmáticos gerados por processo de refusão
na base da crosta e fluidos metamórficos extraídos
durante a evolução das zonas de cisalhamento de
propagação transcrustal.
A deformação, o metamorfismo, e amineralização
aurífera no interior da zona de cisalhamento de Diadema
ocorreram inicialmente em um nível crustal controlado pela
deformação do plagioclásio por superplasticidade
cristalina (18 Km, 450º C). Dentro desse domínio,
a relação entre a pressão litostática
(P1) e a pressão de fluidos (Pf) sofreu variações
em escalas diversas, o que provocou mudanças abruptas e
localizadas no estilo do metamorfismo. Os fluidos metamórficos,
que eram primordialmente submetidos à migração
pervasiva ascencional, começam, a partir desse nível,
a sofrer percolação canalizada induzida principalmente
pela partição e ciclicidade da deformação.
A Mineralização aurífera foi controlada por
essa heterogeneidade deformacional.
UNIVERSITY OF BRASILIA / INSTITUTE OF GEOSCIENCES
PhD THESIS No
1
CLAUDINEI GOUVEIA DE OLIVEIRA
INTERACTION BETWEEN THE PROCESSES OF DEFORMATION, METAMORPHISM AND GOLD MINERALIZATION DURING THE EVOLUTION OF THE DIADEMA SHEAR ZONE, SOUTHERN PARÁ - BRAZIL[Location Map]
DATE OF ORAL PRESENTATION: 02/02/93
TOPIC OF THE THESIS: PROSPECTION AND ECONOMIC GEOLOGY
SUPERVISOR: PROF. RAUL MINAS KUYUMJIAN (GRM/UnB)
COMMITTEE MEMBERS: PROF. HARDY JOST (GRM/UNB)
PROF. OTHON HENRY LEONARDOS (GRM)
PROF. FERNANDO R. M. PIRES (UFRJ)
PROF. DETLEF HANS-GERT WALDE (GEO)
ABSTRACT
The Sapucaia greenstone belt in the southeastern Amazon Craton comprise a metavolcanic sedimentary sequence which is correlated to the Andorinhas Supergroup. The structural features that express the Sapucaia belt are formed bx7 shear zones with a MNW general trend beut to NW in its central portion through a regional transtension structure. The deformation of the Sapucaia belt (or Diadema Shear Zone) is worked by a high angle moviment generated during north-south regional shortening.
The differences in the deformation within the Diadema Shear Zone have led formation of metamorphic tectonites with variable mineralogy, grain size and shape and orientation of the ellipsoid of finite deformation in the different microestrutural domains. The deformation partition process was controlled by cyclic individual episodes representing spatial and temporal variations in the strain rate and in the path and mechanism of deformation.
The continuous sliding among the shear zones that were submited to heterogenous deformation has led to different metamorphic domains which were mainly controlled by the intrinsic P-T conditions of each crustal level, by rheological properties of the deformed rocks and by lateral variations in strain rate and in the mechanism of the deformation. Based on these controls and with the help of petrographic and stable isotope investigations, the metamorphism was divided into the following domains: I) metamorphism induced by the simultaneous actions of volatilization mechanisms and pervasive fluid ascension (regional domain where Pfluid = Pload); 2) metamorphism induced by progressive devolatilization (transpression domain where Pload is greater than Pfluid); 3) metamorphism induced by chanelled fluid infiltration through dilation sites (transtension domain where Pfluid is greater than Pload)-
The metamorphism brought about by fluid infiltration within transtension domains was accompanied by the development of progressive halos of hydrothermal alteration such as chloritization, carbonatization, albitization, sericitization, silicification, tourmalinization and pyrite formation. The several hydrothermal alteration products were grouped in initial, intermediate and advanced stages of hydrothermal alteration.
The cyclic repetition between transtension domains has controlled fluid migration within the shear zones, that is, fluids of external origin generated at deeper crustal levels and fluids set free by the host rocks during devolatilization metamorphic reactions. Based on the average isotopic composition of carbon (l8Osmow = + 9.O%o) and strontium (87Sr/86Sr = O,7155) in hydrothermal calcites and hydrogen in chlorite (D = -58%o) and sericite (D = 57%o) of the advanced stage of alteration it is suggested the presence of magmatic fluids generated during melting at the base of the crust and of metamorphic which has been collected by the shear zone during its propagation across the crust.
The deformation, metamorphism and gold mineralization within the Diadema shear zone took place initial at a crustal level marked by plagioclase e crystalline superplasticity (> 18 Km, 450 o C). Within this domain, the relationship between load and fluid pressure was subjected to sudden variations at different scales resulting local abrupt changes in the metamorphism record. The metamorphic fluids that were initially subjected to pervasive upward migration begun at that crustal level to be channelled through deformation heterogeneities caused by the partitioning and ciclicity of the deformation. The gold mineralization is controled by these deformational heterogeneities.