UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA /INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
TESE DE DOUTORADO No
10
PAULO TARSO FERRO DE OLIVEIRA FORTES
METALOGENIA DOS DEPÓSITOS AURÍFEROS MINA III, MINA NOVA E MINA INGLESA, GREENSTONE BELT DE CRIXÁS, GODATA DA DEFESA: 29/03/96
RESUMO
Os depósitos auríferos Mina III, Mina Nova e Mina
Inglesa situam-se no greenstone belt de Crixás (GO), que
é uma sequência vulcano-sedimentar (Grupo Crixás)
do Arqueano composta por metakomatiitos na base (Formação
Córrego Alagadinho), metabasaltos na porção
intermediária (Formação Rio Vermelho) e rochas
metassedimentares químicas e detríticas no topo
(Formação Ribeirão das Antas), circundada
por gnaisses arqueanos (Blocos ou Domos da Anta e de Caiamar)
e rochas metassedimentares do Proterozóico (Grupo Araxá
?).
A Mina III tem duas zonas principais de minério: Zona Superior,
com sulfeto maciço (arsenopirita e/ou pirrotita) em uma
sequência de mármores com quartzo- clorita-carbonato-sericita
xistos e associado a pirrotita-magnetita-biotita xistos, clorita-granada
xistos, granaditos, sericita xistos, sericita-clorita xistos e
mármores com biotita; e Zona Inferior, representada por
veio de quartzo concordante encaixado em xistos carbonosos e por
xistos carbonosos com arsenopirita e/ou pirrotita próximos
ao contato com o veio. Na Mina Nova ocorrem duas zonas mineralizadas:
Minério I, xisto carbonoso com arsenopirita e/ou pirrotita,
e Minério II, sericita-carbonato xisto. O minério
da Mina Inglesa é um veio de quartzo concordante e encaixado
em talco xistos.
O controle estrutural dos corpos de minério, contidos no
plano de foliação metamórfica principal,
é exercido por lineações de interseção
e de alongamento paralelas a eixos de dobras semi-recumbentes,
assimétricas e fechadas geradas por mecanismos de cisalhamento
simples (quase-puro) progressivo em regime dúctil.
As paragêneses minerais das rochas encaixantes aos minérios
indicam metamorfismo em fácies epidoto-anfibolito, confirmado
pela geotermobarometria em silicatos que situa a temperatura entre
450 e 550 C e a pressão entre 1,5 e 4,5 kb, seguido de
alteração hidrotermal retro-metamórfica,
com silicificação, sulfetação, sericitização,
carbonatação e talcificação, associada
às mineralizações.
Dados geocronológicos (Rb/Sr, K/Ar e Ar/Ar) sugerem que
o pico do metamorfismo foi atingido a cerca de 550 Ma, enquanto
a alteração hidrotermal e a mineralização
ocorreu a 500 Ma, indicando a influência do Ciclo Brasiliano.
Isótopos de Carbono em xistos carbonosos indicam sua origem
orgânica e os isótopos de Carbono e Oxigênio
em mármores sugerem origem sedimentar, exceto para os mármores
com biotita que, assim como o carbonato de anfibólio xistos,
quartzo- clorita-carbonato-sericita, xistos carbonosos, quartzo-clorita-sericita-granada
xisto, xisto feldspático e talco xistos, são hidrotermais.
A arsenopirita ocorre como um mineral zonado, com o núcleo
exibindo evidências de dissolução e mais rico
em enxôfre (aspy 1) e a borda mais rica em arsênio
(aspy 2), à qual o ouro preferencialmente se associa. Estimativas
geotermométricas feitas em aspy 2 indicam temperatura de
formação entre 375 e 525 C.
O estudo de inclusões fluidas em quartzo dos corpos de
minério revelou fluidos precoces penecontemporâneos
aquo-carbônicos saturados, carbônicos, aquo-carbônicos
e aquosos e fluidos ricos em metano e nitrogênio na Mina
III e Mina Nova, e fluido aquoso na Mina Inglesa, sugerindo controle
litológico na geração dos fluidos. Na Mina
III e na Mina Nova as temperaturas e pressões mínimas
de aprisionamento dos fluidos situam-se próximo a 350 C
e entre 1,4 a 3,7 kb, enquanto na Mina Inglesa a temperatura mínima
de aprisionamento do fluido situa-se em torno de 250 C, indicando,
em ambos os casos, condições de alteração
hidrotermal retro-metamórfica em fácies xisto-verde.
A razão Au/Ag no electrum dos três depósitos
é diferente, mas gera um trend único, sugerindo
diferentes fontes de ouro para cada zona mineralizada e/ou evolução
do fluido mineralizante. A variedade do modo de ocorrência
do ouro indica vários estágios de deposição.
A gênese proposta para os três depósitos favorece
o modelo de mobilização e concentração
ou de remobilização e reconcentração
metamórfico-hidrotermal, uma vez que estágios singenéticos
de pré-concentração não devem ser
descartados.
UNIVERSITY OF BRASILIA / INSTITUTE OF GEOSCIENCES
PhD THESIS No
10
PAULO TARSO FERRO DE OLIVEIRA FORTES
DATE OF ORAL PRESENTATION: 29/03/96METALLOGENY OF THE MINA III, MINA NOVA AND MINA INGLESA GOLD DEPOSITS, GREENSTONE BELT OF CRIXÁS, GOIÁS STATE-BRAZIL
ABSTRACT
The Mina III, Mina Nova and Mina Inglesa gold deposits are situated
in the Crixás greenstone belt, State of Goiás, Central
Brazil, which is an Archaean volcano-sedimentary sequence (Crixás
Group), consisting, from base to top, of metakomatiites (Córrego
Alagadinho Formation), metabasalts (Rio Vermelho Formation) and
chemical and detrital metasedimentary rocks (Ribeirão das
Antas Formation), surrounded by Archaean gnaisses (Anta and Caiamar
Blocks or Domes) and Proterozoic metasedimentary rocks (Araxá
Group ?).
The Mina III gold deposit has two main mineralized zones: the
Upper Ore Zone, represented by massive sulphide (arsenopyrite
and/or pyrrhotite) within a sequence of marbles and quartz-chlorite-
carbonate-sericite schists and associated with pyrrhotite-magnetite-biotite-schists,
chlorite-garnet schists, garnetites, sericite schists, sericite-chlorite
schists and biotite marble; and the Lower Ore Zone, represented
by a concordant quartz vein within carbonaceous schist and also
by arsenopyrite and/or pyrrhotyte- bearing carbonaceous schist
close to the contact with the quartz vein. The Mina Nova gold
deposit consists of: the Ore Body I, arsenopyrite and/or pyrrhotyte-bearing
carbonaceous schist and Ore Body II, sericite- carbonate schist.
The ore body of Mina Inglesa is a concordant quartz vein within
talc schists.
The ore bodies lie along the main metamorphic foliation plane
and are structurally controlled by intersection and elongation
lineations parallel to the axis of semi-recumbent, asymmetric
and tight folds, formed by progressive ductile simple (quasi-pure)
shearing.
Mineral paragenesis in the gold deposits indicate metamorphism
under epidote-amphibolite facies, consistent with geothermobarometric
data of silicates (450 to 550 C and 1,5 to 4,5 kb), followed by
greenschist hydrothermal alteration, as silicification, sulfidization,
sericitization, carbonatation and talcification, closely related
to the mineralization.
Rb/Sr, K/Ar and Ar/Ar geochronological data suggest that the metamorphic
peak occurred by about 550 My ago, while the hydrothermal and
mineralization took place by about 500 My ago, indicating the
influence of the Brasiliano Cycle.
Carbon isotope data of carbonaceous matter from the carbonaceous
schists indicate its organic origin, while Carbon and Oxygen isotope
data of marbles suggest a sedimentary origin, except for the biotite
marble that, as the carbonate ot the amphibole schists, quartz-chlorite-carbonate-sericite
schists, carbonaceous schists, quartz-chlorite-sericite-garnet
schists, feldspathic schists and talc schists, is hydrothermal.
Two generations of arsenopyrite were characterized: aspy 1 (in
the center of the grains, with evidences of dissolution and sulphur
rich) and aspy 2 (in the border of the grains, arsenic rich and
to which gold is preferably associated). Thermometric estimates
from aspy 2 indicate that it formed between 375 and 525 C.
Fluid inclusion studies in quartz revealed the presence of penecontemporaneous
early fluids associated to the ore bodies, represented by saturated
aqueous-carbonic fluid, carbonic, aqueous-carbonic and aqueous
fluids and fluids rich in methane and nitrogen, in the Mina III
and Mina Nova ores, and aqueous fluids, in the Mina Inglesa ore,
suggesting a lithological control on their formation. At Mina
III and Mina Nova, minimum fluid trapping temperature and pressure
are situated close to 350 C and from 1,4 to 3,7 kb, while at Mina
Inglesa the minimum fluid trapping temperatura is close to 250
C, indicating, in both cases, conditions of greenschist retro-metamorphic
hydrothermal alteration.
Au/Ag ratios in the electrum are different between the ore bodies,
but still lie along a trend, suggesting different sources for
gold and/or chemical evolution of the mineralizing fluids. The
variety of gold occurrences indicates that gold precipitation
took place at several stages.
The genesis of the deposits favours the metamorphic-hydrothermal
mobilization and concentration or remobilization and reconcentrartion
models, once singenetic pre-concentration processes should not
be discarded.