UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA /INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

TESE DE DOUTORADO No 17

EDI MENDES GUIMARÃES

ESTUDOS DE PROVENIÊNCIA E DIAGÊNESE, COM ÊNFASE NA CARACTERIZAÇÃO DOS FILOSSILICATOS DOS GRUPOS PARANOÁ E BAMBUÍ, NA REGIÃO DE BEZERRA-CABECEIRAS, GO

Palavras-chave: proveniência; diagênese; filossilicatos - argilominerais; grupos Paranoá e Bambuí; ambientes de sedimentação; estromatólitos

DATA DA DEFESA: 17/10/97
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: GEOLOGIA REGIONAL
ORIENTADOR: PROF. MARCEL AUGUSTE DARDENNE
EXAMINADORES: PROF. CARLOS JOSÉ SOUZA DE ALVARENGA (UnB)
PROF. NILSON FRANCISQUINI BOTELHO (UnB)
PROF. HENRY SIMON DUPONT (UFMG)
PROF. DAISY BARBOSA ALVES (CENPES-PETROBRÁS)

RESUMO

As três seqüências sedimentares proterozóicas mais extensas no Brasil Central - grupos Paranoá, Bambuí e Formação Jequitaí - estão em contato na região de Bezerra - Cabeceiras. Esta região se localiza no limite entre o Cráton do São Francisco a leste e a Faixa Dobrada Brasília a oeste.
Estudos sedimentológicos, petrográficos e químicos das rochas dos grupos Paranoá e Bambuí mostraram que as rochas de ambas as unidades se originaram em contextos tectônicos distintos e que os sedimentos são provenientes de rochas-fontes diferentes. As rochas do Grupo Paranoá são arenitos e pelitos, formados por sedimentos cratônicos, depositados lentamente sobre uma bacia tectonicamente estável. As rochas terrígenas do Grupo Bambuí são mineralógica e texturalmente imaturas, tendo os sedimentos se acumulado em uma bacia sob influência de processos colisionais.
Nestes estudos, foram enfatizadas as características dos filossilicatos, determinados por difratometria de raios-X e análises por microssonda eletrônica.
Os filossilicatos nas rochas dos grupos Paranoá e Bambuí são micas detríticas e ilita, clorita e glauconitas autigênicas. As ilitas das rochas de ambas a unidades mostram composição fengítica e são bem cristalizadas, com menos que 10% de interestratificados expansivos. A estrutura e composição da ilita caracterizam a anquizona.
Nas rochas do Grupo Paranoá, a ilita é o filossilicato dominante e a glauconita constitui níveis composicionalmente distintos. A ausência de clorita nas rochas da anquizona indica que os argilo-minerais detríticos eram químicamente maturos, como caolinita e ilita.
Glauconitas são minerais autigênicos originados sobre a plataforma externa, sendo sua evolução química durante a diagênese fortemente afetada pela composição da rocha.
No Grupo Bambuí, as rochas terrígenas são ricas em micas detríticas e argilominerais. Micas (moscovita e biotita) são alteradas diageneticamente para cloritas e ilitas, ou têm composição fengítica. A composição e textura de cloritas ferrosas indicam substituição de minerais máficos ou representam o produto da evolução diagenética de esmectitas trioctaédricas.
Estudos litoestratigráficos permitiram a correlação com regiões vizinhas, onde as seqüências foram mais ou menos intensamente afetadas pela Orogênese Brasiliana.


  
 
UNIVERSITY OF BRASILIA / INSTITUTE OF GEOSCIENCES

PhD THESIS No 17

EDI MENDES GUIMARÃES

ORIGIN AND DIAGENESIS OF PHYLLOSILICATES - WITH EMPHASIS ON ITS CHARACTERIZATION - FROM PARANOÁ AND BAMBUÍ GROUPS, BEZERRA-CABECEIRAS REGION, GOIAS STATE

KeyWords:  provenance; diagenesis; phyllossilicates - clay minerals; Paranoá and Bambuí groups; sedimentation environments; stromatolites.

DATE OF ORAL PRESENTATION: 17/10/97
TOPIC OF THE THESIS: REGIONAL GEOLOGY
SUPERVISOR: PROF. MARCEL AUGUSTE DARDENNE(UnB)
COMMITTEE MEMBERS: PROF. CARLOS JOSÉ SOUZA DE ALVARENGA (UnB)
PROF. NILSON FRANCISQUINI BOTELHO (UnB).
PROF. HENRY SIMON DUPONT (UFMG)
PROF. DAISY BARBOSA ALVES (CENPES-PETROBRÁS)

ABSTRACT

The three most extensive proterozoic sedimentary sequences in Central Brazil - Paranoá and Bambuí groups and Jequitaí Formation - are in contact with each other in the Bezerra - Cabeceiras region. This region is located on the limite between the São Francisco Craton at East and the Brasília fold belt to the West.
Sedimentological, petrographic and chemical studies of the Paranoá and Bambuí groups rocks have shown that the rocks of both units originated in different tectonic settings and source rocks were different.The Paranoá Group rocks are sandstones and mudstones, consisting of mature cratonic sediments, deposited slowly on a tectonic stable basin. The Bambuí Group terrigenous rocks are mineralogically and texturally immature sediments, which accumulated in a basin under the influence of collisional processes.
In these studies, characteristics of phyllosilicate minerals, determined by X-ray diffractometry and microprobe analysis, were emphasized.
The phyllosilicates in the Paranoá and Bambuí rocks are detrital micas and authigenic illite, chlorite and glauconite. The illites of both rock units show a phengitic composition and are well crystallized, with less than 10% of mixed-expandable layers. The illite structure and composition characterize the anchizone of diagenesis.
In the Paranoá Group rocks, illite is the dominant phyllosilicate and glauconites constitute different compositional glauconitic levels. The lack of chlorite in anchizonal rocks indicates that the detrital clay minerals were chemically mature such as kaolinite and/or illite.
Glauconites are authigenic minerals originated on the outer platform and their chemical diagenetic evolution is strongly affected by the rock composition.
In the Bambuí Group, the terrigenous rocks are rich in detrital micas and clay minerals. Micas (muscovite and biotite) are diagenetically alterated to chlorite and illite or have a phengitic composition. Composition and textures of Fe-chlorites indicate substitution of mafic minerals or that they represent the product of diagenetic evolution of trioctahedral smectites.
The lithostratigraphic studies have allowed the correlation with neighbouring regions, where the sedimentary sequences were to a great or lesser extent affected by the Brasiliana Orogeny.