UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA /INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
TESE DE DOUTORADO No 33
CLÁUDIA LIMA DE QUEIRÓZ
EVOLUÇÃO TECTONO-ESTRUTURAL DOS TERRENOS GRANITO-GREENSTONE BELT DE CRIXÁS, BRASIL CENTRAL
Palavras-chave: greenstone belt, Arqueano, getectônica, geocronologia, geologia estrutural
DATA DA DEFESA:17/03/2000
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: GEOLOGIA REGIONAL
ORIENTADOR: PROF. HARDY JOST (UNB)
EXAMINADORES:PROF. REINHARDT A. FUCK
PROF. MÁRCIO MARTINS PIMENTEL (UNB)
PROF. BENJAMIM BLEY DE BRITO NEVES (USP)
PROF. FERNANDO FLECHA DE ALKMIM (UFOP)
RESUMO
Os Terrenos Granito-Greenstone Belt de Crixás representam a porção
setentrional dos Terrenos Arqueanos de Goiás e compreendem faixas de supracrustais
típicas desta associação, de oeste para leste, Greenstone Belts Crixás, Guarinos e
Pilar de Goiás, emolduradas por complexos granito-gnáissicos, de oeste para leste,
Complexos Anta, Caiamar e Hidrolina e Bloco Moquém. A geocronologia dos complexos
granito-gnáissicos (U-Pb/SHRIMP e Sm-Nd) mostrou quatro fases de acresção siálica na
área, bem como três eventos de metamorfismo. A primeira fase de acresção siálica
ocorreu entre 3,3 e 2,9 Ga, manifesta-se por meio de xenocristais herdados de zircão e
teve natureza juvenil. A segunda fase de acresção siálica, e juvenil, entre 2,84 e 2,79
Ga, pode ser dividida em três episódios, » 2,84 Ga, » 2,82 Ga e » 2,79 Ga. No Complexo
Caiamar, o Tonalito Tocambira (2.842 ± 6 Ma, e
Nd = +2,41) e os Gnaisses Águas Claras (2.844
± 7 Ma, e Nd
= -0,63)
representam o primeiro episódio. Registros do segundo episódio foram observados nos
Complexos Anta (granodiorito, 2.820 ± 6 Ma, e
Nd = +0,12) e Caiamar (Gnaisses Crixás-Açu, 2.817
± 9 Ma, e Nd
= +0,66). O
terceiro episódio está marcado nos Complexos Anta (granito, 2.792 ±
7 Ma, e Nd
= +0,01) e Hidrolina (gnaisse
granodiorítico, 2.785 ± 5 Ma). Cerca de 80 Ma depois,
cristalizam-se os granitos e granodioritos do Bloco Moquém (2.711 ±
3 Ma a 2.707 ± 4 Ma), com clara derivação crustal (e
Nd entre 2,00 e 2,20), os quais representam
a terceira fase de sialização da área. A última fase de geração de crosta siálica
foi restrita em volume, mas é interpretada como representante de magmatismo de natureza
crustal, no Paleoproterozóico (albita granito intrusivo no Greenstone Belt Pilar de
Goiás, 2.145 ± 12 Ma, e Nd
= -3,22). Os eventos metamórficos foram datados em » 2,7 Ga
(Gnaisses Crixás-Açu, 2.772 ± 6 Ma em zircão e 2.711 ± 34 Ma em titanita, ambos metamórficos),
»
2,0 Ga (Gnaisses Crixás-Açu, 2.011 ± 15 Ma em titanita
metamórfica) e » 0,6 Ga (gnaisse granodiorítico do Bloco
Moquém, 590 ± 10 Ma em zircão metamorfizado). A análise
estrutural da área permitiu a definição de cinco fases de deformação, do Arqueano ao
Neoproterozóico. A primeira fase (Dn-3, Arqueano) foi responsável pela
geração da foliação metamórfica principal, Sp = Sn-3, e pelas
primeiras inversões estratigráficas da área, colocando parte das supracrustais em
posição normal e parte em posição inversa. A segunda fase (Dn-2, Arqueano)
foi diacrônica e compreende a ascensão polidiapírica dos granitóides (segunda e
terceira fases de granitogênese siálica), gerando a estrutura de domos-e-quilhas e a
gnaissificação de alguns desses corpos (» 2,7 Ga). A
terceira fase de deformação (Dn-1, Paleoproterozóico) gerou transporte de
supracrustais mais jovens sobre o substrato arqueano, teve vergência principal para norte
e progrediu de um caráter tangencial para um direcional. A quarta fase de deformação (Dn,
Neoproterozóico) resultou em transporte tangencial de NW para SE, em direção ao Cráton
do São Francisco, e evoluíu para um regime direcional atribuído à última fase de
deformação (Dn+1). Postula-se que os Terrenos Granito-Greenstone Belt de
Crixás tenham-se formado em ambiente de back-arc. Sua deformação inicial (fases Dn-3
e Dn-2) é atribuída ao fechamento da bacia e ao desenvolvimento de um
orógeno. Durante o Paleoproterozóico, estes terrenos foram submetidos a deformação e
magmatismo epicratônicos, com supracrustais mais jovens sendo transportadas para norte.
No Neoproterozóico, os terrenos arqueanos de Goiás foram amalgamados à Faixa Brasília,
contribuindo para o fechamento do Oceano Goianides e participando da Colagem Brasiliana.
UNIVERSITY OF BRASILIA / INSTITUTE OF GEOSCIENCES
PhD THESIS No 33
CLÁUDIA LIMA DE QUEIRÓZ
TECTONO-STRUCTURAL EVOLUTION OF GRANITE-GREENSTONE BELT TERRAINS OF CRIXÁS, CENTRAL BRASIL
KeyWords: greenstone belt, Archaean, getectonics, geochronology, structural geology
DATE OF ORAL PRESENTATION:17/03/2000
TOPIC OF THE THESIS:REGIONAL GEOLOGY
SUPERVISOR:PROF. HARDY JOST (UNB)
COMMITTEE MEMBERS:PROF. REINHARDT A. FUCK
PROF. MÁRCIO MARTINS PIMENTEL (UNB)
PROF. BENJAMIM BLEY DE BRITO NEVES (USP)
PROF. FERNANDO FLECHA DE ALKMIM (UFOP)
ABSTRACT
The Granite-Greenstone Belt Terranes of Crixás
are located in the northern portion of the Archaean Terranes of Goiás, and
display typical supracrustal belts, named from west to east, the Crixás,
Guarinos and Pilar de Goiás Greenstone Belts. Granite-gneissic complexes, from
west to east, the Anta, Caiamar, Hidrolina Complexes and the Moquém Block,
surround these greenstone belts. The geochronology of granite-gneissic complexes
(U-Pb/SHRIMP and Sm/Nd) revealed four phases of sialic accretion, as well as
three metamorphic events. The first phase of sialic accretion occurred between
3.3 and 2.9 Ga, is expressed by inherited zircon xenocrysts, and had a juvenile
nature. The second phase of sialic accretion, also juvenile, occurred between
2.84 and 2.79 Ga, and can be divided in three episodes: ca. 2.84 Ga, ca. 2.82 Ga
and ca. 2.79 Ga. In the Caiamar Complex, the Tocambira Tonalite (2.842 ±
6 Ma, e Nd = +2.41) and the Águas Claras
Gneisses (2.844 ± 7 Ma, e
Nd = -0.63) are related to the first episode. Examples of the second
episode are observed in the Anta (granodiorite, 2.820 ±
6 Ma, e Nd = +0.12) and Caiamar (Crixás-Açu
Gneisses, 2.817 ± 9 Ma, e
Nd = +0.66) Complexes. The third episode is present in the Anta
(granite, 2.792 ± 7 Ma, e
Nd = +0.01) and Hidrolina (granodioritic gneiss, 2.785 ±
5 Ma) Complexes. After ca. 80 Ma, the granites and granodiorites of the Moquém
Block were generated (2.711 ± 3 Ma to 2.707 ±
4 Ma), presenting crustal derivation (e Nd
between –2.00 e –2.20), which represents the third phase of sialization in
the area. The fourth phase of sialic crust generation was restricted in volume,
but is interpreted as representative of crustal nature magmatism, during the
Palaeoproterozoic (albite granite intrusive in Pilar de Goiás Greenstone Belt,
2.145 ± 12 Ma, e Nd
= -3.22). The metamorphic events were dated at ca. 2.7 Ga (Crixás-Açu
Gneisses, 2.772 ± 6 Ma in zircon, and 2.711 ±
34 Ma in titanite, both metamorphic), ca. 2,0 Ga (Crixás-Açu Gneisses, 2.011 ±
15 Ma in metamorphic titanite), and ca. 0,6 Ga (granodioritic gneisses of the
Moquém Block, 590 ± 10 Ma in metamorphosed zircon).
The structural analysis of the area allowed the definition of five deformational
phases, from Archaean to Neoproterozoic. The first phase (Dn-3,
Archaean) was responsible for the generation of the main metamorphic foliation,
Sp = Sn-3, and the first stratigraphic inversions of the
area, overturning part of the supracrustals. The second phase (Dn-2,
Archaean) was diachronic and related to the polydiapiric ascension of the
granitoids (second and third phases of granitogenesis), generating a
dome-and-keel structure, and the gneissification of some of these bodies (ca.
2.7 Ga). The third deformational phase (Dn-1, Palaeoproterozoic)
recorded the transport of younger supracrustals over the Archaean substratum,
with main vergence to the north, and progressed from tangential to directional
movements. The forth deformational phase (Dn, Neoproterozoic) is
characterized by a tangential transport from NW to SE, towards the São
Francisco Craton, and evolved to a directional regime, which is related to the
last deformational phase (Dn+1). It is suggested that the
Granite-Greenstone Belt Terranes of Crixás had been generated in a back-arc
environment. The initial deformation of this region (phases Dn-3 e Dn-2)
is related to basin closure and development of an orogen. During the
Palaeoproterozoic, these terranes were submitted to epicratonic deformation and
magmatism, with the younger supracrustals being transported to the north. During
the Neoproterozoic, the Archaean Terranes of Goiás were amalgamated to the Brasília
Fold Belt, contributing to the closure of the Goianides Ocean and thus
participating of the Brasiliano Collage