UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
/
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
TESE DE DOUTORADO No 047
DEBORA PASSOS DE ARAÚJO
MINERALOGIA DOS DIAMANTES DA PROVÍNCIA KIMBERLÍTICA DE JUÍNA - MT
Palavras-chave: Cráton Amazônico, diamantes primários e aluvionares, feições de catodoluminescência .
DATA DA DEFESA: 18/03/2002
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: MINERALOGIA E PETROLOGIA
ORIENTADOR: PROF. JOSÉ CARLOS GASPAR (UnB)
EXAMINADORES:PROF. JOSÉ AFFONSO BROD (UnB); PROF. ROBERTO VENTURA SANTOS (UnB);
PROF. KENNETH MELBOURNE TAINTON (DE BEERS - BRASÍLIA); PROF. LUIZ AUGUSTO BIZZI
(CPRM); PROFA. SYLVIA MARIA DE ARAÚJO (UnB)
RESUMO
A
província Kimberlítica de Juína, localizada na borda sudoeste do Cráton
Amazônico, é intrudida em terrenos da Província Rio Negro-Jurema (1.8 – 1.55 Ga)
e da bacia do Parecis (Permo-Carbonífero). Este sítio é reconhecido na
literatura pela ocorrência de diamantes gerados na zona de transição (ZT) e no
manto inferior (MI).
Duzentos e trinta e quatro diamantes primários e aluvionares,
foram investigados segundo sua morfologia externa (microscópio ótico e
eletrônico de verredura), feições de catodoluminescência (CL), absorção de
infravermelho, conteúdo de N e composição isotópica de C e N.
Os diamantes da Província de Juína são predominante cinzas e
marrons seguidos de pedra incolores e amarelas. Constituem pedras irregulares,
regulares, distorcidas, e alongadas. Octaedros, tetraexaedróides, maclas,
agregados e formas combinadas foram descritos, sendo que as formas reabsorvidas
são predominantes. Feições de corrosão são freqüentes, tais como triângulos
negativos, laminação, laminação serrilhada, hexágonos, quadrados, degraus
crescentes, shagreen, hillocks, canais de corrosão e frosting.
As feições de CL para maioria dos diamantes são
homogêneas e monótonas, com coloração azul de baixa intensidade. Pedras com
feições internas são menos freqüentes, sendo elas zonação concêntrica,
crescimento octédrico, linhas finas paralelas de deformação plástica e
reabsorção sin- e pós-cristalização.
Diamantes Tipo II predominam entre pedras primárias e
aluvionares (82%). Diamantes Tipo I (24 pedras) apresentam baixo conteúdo de N (
até 300 ppm, exceto uma amostras com 613 ppm) e elevado estado de agregação (>
90%, exceto para três amostras).δ13 C para diamantes Tipo II está
entre – 3 to – 26,3%° e para Tipo I, entre -3,4 to – 13,8%°
. Diamantes Tipo I apresentam δ15 N entre +2,1 to- 14,0% e
conteúdo de N entre 3,85 to 613,74 ppm.
Os resultados aqui obtidos são similares aqueles encontrados
para diamantes profundos da Província e contribuem com novas características. δ13
C para esses diamantes agrupa-se em torno de -5%°, variando
entre -13%° e -4%°. Os valores mais pesados são
relacionados ao MI e os mais leves , à ZT. Valores de δ15 N para
diamantes do Mi são -5.2%° e -6%° e para a ZT, + 1.3%°
e +1.2%° . Nossos resultados permitem a definição de quatro
grupos de δ13 C , em torno de -5%° , -13%°,
-18%° e -25%° , sendo que os diamantes Tipo I
restringem-se aos dois primeiros grupos. O intervalo de variação para δ15
N (-2,1 to – 14,0%°)engloba o anterior, sendo que as pedras
apresentam variação intragranular mais ampla(-2,9 a +14%° e -9,2%°
a +1.4%° ).
Diamantes Tipo II aqui estudados podem ser atribuídos ao
manto profundo e é sugerido que a ZT sob a borda sudoeste do Cráton Amazônico
seja caracterizada por valores mais leves de δ13 C do que
anteriormente reportados. A composição isotópica da ZT pode estar relacionada
com subducções ocorridas durante a formação dos terrenos das províncias
Rondoniana-Santo Ignácio e Sunsás, o que está de acordo com idades entre 1.0 e
1.7 reportadas para xenólitos da Província de Juína.
O transporte desses diamantes profundos pode ser atribuído a
pluma gerada no contato núcleomanto. Sugere-se que os processos como
fracionamento isotópico e mudança na fO2, temperatura e
composição local possam ter produzido as variações composicionais para os
diamantes da PKJ.
UNIVERSITY OF BRASILIA /
INSTITUTE OF GEOSCIENCES
PhD THESIS No
047
DEBORA PASSOS DE ARAÚJO
MINERALOGY OF DIAMONDS FROM JUÍNA KIMBERLITIC PROVINCE (STATE OF MATO GROSSO, BRAZIL)
KeyWords: Amazon Craton, diamonds from alluvial and primary, cathode luminescence (CL) features.
DATE OF ORAL PRESENTATION: 18/03/2002
TOPIC OF THE THESIS: MINERALOGY AND PETROLOGY
SUPERVISOR:ORIENTADOR: PROF. JOSÉ CARLOS GASPAR (UnB)
COMMITTEE MEMBERS: PROF. JOSÉ AFFONSO BROD (UnB); PROF. ROBERTO VENTURA SANTOS
(UnB); PROF. KENNETH MELBOURNE TAINTON (DE BEERS - BRASÍLIA); PROF. LUIZ
AUGUSTO BIZZI (CPRM); PROFA. SYLVIA MARIA DE ARAÚJO (UnB)
ABSTRACT
The Juína Kimberlite Province in the southwestern border of the Amazon Craton
intrudes the Rio Negro-Jurema Province (1.8 – 1.55 Ga) and sediments of the
Parecis Basin (Permo-Carboniferous). The Province is well-known due to the
occurrence of diamonds originated in the transition zone (TZ) and lower mantle
(LM).
Two hundred and thirty four diamonds from alluvial and primary sources in the
Juína Province were investigated for their cathode luminescence (CL) features,
spectral classification (FTIR), C and N isotope and N content. Diamond colors
are mainly gray and brown, with a lesser amount of colorless and yellow stones.
Diamonds are mostly resorbed fragments, thogh regular octahedral, aggregates and
macles are reported. Octahedral layering, step-wise growth, resorption features,
and evidence for plastic deformation were recorded both by microscopy and CL,
though most of the diamonds are homogeneous and blue-sky under CL. Internal
feature recorded by CL are not common. They are octahedral growyh, concentric
zonation, zig-zag patterns and resorption during formation and after growth.
Corrosion features as trigons, lamination lines, serrated lamination, hexagons,
tetragonal pits, hillocks, etch channels, shagreen- and frosting-like features
are common.
Type II diamonds (N-free) predominate among alluvial and primary samples (82%).
Type I diamonds ( 24 stones) present low-N ( up to ~ 300at. ppm, except for one
sample whitch presents 613 at. ppm) and are highly aggregated (over 90%, except
for 3 samples). The
δ13
C for Type II diamonds ranges from – 3 to - 26,3%° and
for Type I from _ 3,4 to 13,8%° . The
δ15
N for Type I samples ranges from -2,1 to – 14,0%° and the N content
from 3,85 to 613,74 at. ppm.
Results obtained here compare favorably to alluvial diamonds derived from the
Juína Kimberlite Province, suggested to be originated in the deep mantle, and
contribute with new characteristics.
δ13
C for such deep assemblages clusters around -5%°, ranging from -13 to
-4%° , the heavier signatures being ascribed to the LM and lighter
values to the TZ. Our results allow for the definition of four groups with
signatures clustering around -5%°, -13%° , -18%°
and -25%°, and type I diamonds being restricted to the first
two groups. Previous results for alluvial diamonds in terms of
δ15
N yield -5.2%° and -6%° for LM samples and +1.3%°
and +1.2%° foe TZ stones. The
δ15
N data interval obtained here (+2,1 to – 14,0%° ) encloses these
values, with wider compositional intervals being observed for single stones
(-2,9 to + 14%° and -9,2%° to +1.4%° ).
Type II diamonds studied here could be attributed to the deep mantle and it is
suggested that the TZ bellow the SW border of the Amazon Craton may be
characterized by lighter
δ13
C then previously reported. Isotopic composition of the TZ could be related to
subductions during the formation of the Rondoniana-Santo Ignácio and Sunsás
Provinces, that is in accordance to 1.0 to 1.7 ages for Juina xenoliths.
A core-mantle plume is envisaged to have been the transport media for deep
diamonds from the Juína Province. It is suggested that isotopic fractionation
and changes of fO2 temperature and local isotopic composition
could have produced the compositional patterns registered for these diamonds.