UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
/
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
TESE DE DOUTORADO No
050
LUCIANA MIYAHARA TEIXEIRA
MINERAIS PORTADORES DE ELEMENTOS TERRAS RARAS EM GRANITOS DAS SUBPROVÍNCIAS TOCANTINS E PARANÃ-PROVÍNCIA ESTANÍFERA DE GOIÁS
DATA DA DEFESA: 28/05/2002
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: GEOLOGIA ECONÔMICA E PROSPECÇÃO
ORIENTADOR: PROF. NILSON FRANCISQUINI BOTELHO (UnB)
EXAMINADORES: PROFa. MÁRCIA ABRAHÃ0 MOURA (UnB); PROF. JOSÉ AFFONSO BROD (UnB);
PROF. SILVIO ROBERTO FARIAS VLACH (USP); PROF. HERBET CONCEIÇÃO (UFBA)
Palavras-chave: chave: granito, datação, apatita, allanita, bastnaesita, oxifluoreto de ETR, fluocerita, monazita, zircão, xenotima, torita, elementos terras raras, alteração hidrotermal
Área de Trabalho da Tese: Granitos estaníferos das Subprovíncias Tocantins e Paranã – região norte de Goiás.
RESUMO
Os maciços graníticos do tipo A das subprovíncias estaníferas Paranã (SPP) e
Tocantins (SPT) possuem concentrações anômalas de Elementos Terras Raras (ETR)
que muitas vezes ultrapassam 1000 vezes o observado em condritos. Os granitos da
SPP são individualizados em duas suites: g1, de tendência alcalina a
subalcalina, e g2, de tendência metaluminosa a peraluminosa. Os granitos do
Maciço Serra Dourada, na SPT, são quimicamente semelhantes aos granitos g2. Os
minerais portadores de ETR descritos nessas rochas são apatita, allanita,
bastnaesita, oxifluoretos de ETR, fluocerita, zircão, xenotima, torita e
monazita. A torita foi observada somente em granitos do Maciço Pedra Branca.
Em todos os maciços estudados, a apatita, o zircão e a allanita são os
acessórios mais comuns das fácies menos evoluídas. Com a evolução magmática, o
zircão torna-se progressivamente enriquecido em U, Th, Y e ETR. Esse processo
também provoca diminuição na quantidade de apatita e allanita, até seu
desaparecimento nas fácies mais evoluídas, onde a monazita passa a ser o
principal portador de Elementos Terras Raras Leves (ETRL). Praticamente não se
constata variação na composição química da apatita com a evolução magmática do
Maciço Serra Dourada (SPT), enquanto aquela da SPP se enriquece em Y e ETR nesse
processo.
Com exceção do zircão e, em alguns casos, da torita, em todos os maciços
estudados constata-se destruição da mineralogia primária portadora de ETR
durante o hidrotermalismo com a sua substituição por mineralogia secundária
constituída por xenotima, bastnaesita, oxifluoretos de ETR, monazita e
fluocerita. Destes, a monazita e a bastnaesita são os mais comuns. Entretanto,
mesmo o zircão e a torita não são completamente imunes ao evento hidrotermal,
tendendo a ser parcialmente destruídos ou enriquecer-se em Y e Elementos Terras
Raras Pesadas (ETRP) nesse processo.
A allanita e a monazita e, quando presentes, a bastnaesita, o oxifluoreto de ETR
e a fluocerita são os responsáveis pelas concentrações dos ETRL em rocha,
enquanto minerais como zircão, xenotima e torita praticamente não influenciam na
quantidade desses elementos. Os minerais portadores de ETRL também alojam uma
porção significativa dos ETRP em rocha, acompanhados por xenotima e, quando
presente, torita. O zircão, embora seja o acessório mais comum e, em algumas
amostras, extremamente rico em Y e ETRP, praticamente não influencia na
concentração dos ETR em rocha.
Os ETRL apresentam comportamento incompatível no início da evolução dos granitos
g1, tornando-se compatíveis na fácies g1b. Os ETRP apresentam caráter
incompatível durante a evolução dos granitos g1, tornando-se compatíveis apenas
ao final da mesma. Na suíte g2 os ETRL apresentam caráter compatível desde o
início da evolução magmática, enquanto os ETRP praticamente não variam nesse
processo. No Maciço Serra Dourada não há variação significativa nos ETRL durante
a evolução magmática, enquanto os ETRP apresentam caráter incompatível. Em todos
os casos o comportamento dos ETR está em acordo com um processo de evolução
magmática por cristalização fracionada.
Os ETR mostram um comportamento contrastante durante a alteração hidrotermal.
Nos maciços da SPP, onde se tem principalmente greisenização, há empobrecimento
nos ETR nesse processo. No Maciço Serra Dourada, onde predomina a albitização,
os ETR tendem a se enriquecer em rocha com a alteração hidrotermal.
As monazitas encontradas nos maciços estudados foram datadas por meio da
Microssonda Eletrônica. Os resultados mostram que as suítes g1 e g2 da SPP são
mais antigas do que se supunha originalmente (1,8 a 1,85Ga contra 1,77Ga), e
sugerem a presença de mais de dois pulsos magmáticos, enquanto monazitas do
Maciço Serra Dourada e encaixante forneceram apenas idades brasilianas. O
sistema U-Th-Pb das monazitas primárias da suíte g1 foi parcialmente
rejuvenescido tanto pelo hidrotermalismo associado à intrusão dos granitos g2
quanto pelo metamorfismo brasiliano, enquanto as monazitas secundárias (tanto da
suíte g1 quanto da suíte g2) mantiveram seu sistema intacto. As monazitas do
Maciço Serra Dourada foram interpretadas como tendo sido completamente
rejuvenescidas durante o metamorfismo brasiliano ou serem metamórficas.
UNIVERSITY OF BRASILIA /
INSTITUTE OF GEOSCIENCES
PhD THESIS No
050
LUCIANA MIYAHARA TEIXEIRA
MINERALS BEARING RARE EARTH ELEMENTS IN GRANITS FROM TOCANTINS AND PARANÃ SUBPROVINCE, GOIÁS TIN PROVINCE, BRAZIL
DATE OF ORAL PRESENTATION: 28/05/2002
TOPIC OF THE THESIS: PROSPECTION AND ECONOMIC GEOLOGY
SUPERVISOR: PROF. NILSON FRANCISQUINI BOTELHO (UnB)
COMMITTEE MEMBERS: PROF. MÁRCIA ABRAHÃ0 MOURA (UnB); PROF. JOSÉ AFFONSO BROD (UnB); PROF. SILVIO ROBERTO FARIAS VLACH (USP); PROF. HERBET CONCEIÇÃO
(UFBA)
KeyWords: granite, datation, apatite, allanite, bastnaesite, fluocerite, monazite, xircon, xenotime, thorite, rare earth elements, hydothermal alteration.
ABSTRACT
The A-type granitic massifs of the Paranã (SPP) and Tocantins (SPT) tin
sub-provinces have anomalous REE contents, sometimes 103 greater than the
chondrite. Two suites of granitic rocks are present in the SPP, g1 and g2. Rocks
of g1 suite display an alkalic affinity whereas g2 granites are metaluminous to
peraluminous. Granites of the Serra Dourada Massif in the SPT are chemically
similar to g2 rocks. REE-bearing minerals described in these rocks are apatite,
allanite, monazite, bastnäesite, REE-oxyfluorides, fluocerite, zircon and
xenotime. Thorite was observed only in the SPP granites.
In the studied granites, apatite, zircon, and allanite are the main accessory
minerals in the earliest facies. During magmatic evolution, zircon is
progressively enriched in U, Th, Y and REE, specially in SPP granites. In the
Serra Dourada granites (SPT), apatite composition remains unchanged, whereas in
SPP granites this mineral displays important Y and REE enrichment during
magmatic fractionation, reaching 10 wt% (Y + REE). In both sub-provinces,
apatite and allanite concentration decreases with magma evolution, and in the
latest fluorine-rich granites, monazite appears as the main REE-bearing phase.
REE-bearing minerals, except zircon and, sometimes, thorite are completely
destroyed during hydrothermal alteration, and are replaced by a secondary
assemblage consisting of xenotime, bastnäesite, REE-oxyfluorides, monazite and
fluocerite. However, zircon and thorite are also affected by hydrothermal
fluids, being partially destroyed or enriched in Y and REE.
LREE patterns and LREE concentrations of the granites and altered rocks are
controlled by allanite, monazite, apatite and the secondary REE minerals. Except
for apatite, all these minerals are also important HREE carriers, controlling
HREE patterns together with xenotime and thorite. The influence of zircon in
these parameters is inexpressive, despite its importance as the main accessory
mineral and its enrichment in Y and HREE in some granites.
The REE are incompatible at the early stages of g1 magma evolution and
compatible at the late stages. In all g2 granites, LREE are compatible, whereas
HREE concentrations remain unchanged during magma differentiation. In the Serra
Dourada granites, the LREE contents are almost constant in all facies while the
HREE are incompatible. In all situations, the REE behavior is in agreement with
a magma evolution by fractional crystallization.
The REE behavior during hydrothermal alteration is contrasting between different
granites of both sub-provinces. In the SPP massifs, where greisenization
dominates, the amount of REE decreases in the altered rocks, whereas in the
Serra Dourada massif, where albitization is the main alteration process, the
amount of REE increases in the altered rocks.
Monazite geochronology by electronic microprobe yielded ages from 1.85 to 1.80
Ga for g1 and g2 granites, older than the known 1.77 Ga zircon U-Pb ages for g1
suite. In the Serra Dourada massif and its country rocks, monazites yield ages
around 600 Ma, correlated to the Brasiliano tectono-metamorphic event. The
U-Th-Pb system of primary g1 monazites probably underwent partially resetting
during g2 intrusions and the Brasiliano Cycle. Nevertheless, in hydrothermal
monazites from both g1 and g2 granites, this system remained intact. The
monazite geochronology, together with recent zircon U-Pb ages, suggests the
existence of more than two pulses of granite magmatism in the Paranã
sub-province, and the known 1.6 Ga age for granites from the Tocantins
sub-province may represent another granitic suite. The monazites from the Serra
Dourada massif were strongly affected by the Brasiliano metamorphic event, and
can only be considered as completely reset or neoformed minerals.