UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
/
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
TESE DE DOUTORADO No
069
ANTÔNIO LÁZARO FERREIRA SANTOS
DINÂMICA E DISTRIBUIÇÃO DOS COMPOSTOS DE Fe E METAIS-TRAÇO NOS SEDIMENTOS DA ILHA DA CONVIVÊNCIA- MANGUEZAIS DO ESTUÁRIO DO RIO PARAÍBA DO SUL-RJ
DATA DA DEFESA: 29/09/2004
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: PROCESSAMENTO DE DADOS EM GEOLOGIA E ANÁLISE AMBIENTAL
ORIENTADOR: Prof. Geraldo Resende Boaventura (UnB)
EXAMINADORES: Prof. José Affonso Brod (UnB); Prof. Vijayendra Kumar
Garg (IF/UnB); Prof. Antônio Fernando de Souza Queiroz (UFBA); Prof. José
Domingos Fabris (UFMG)
Palavras-chave: Compostos de ferro, metais-traço, Manguezais.
RESUMO
O ambiente
estuarino é dominado por ecossistemas característicos, capazes de tolerar
grandes variações das condições ambientais. O manguezal traduz num ecossistema
instável, típico desse ambiente, caracterizado pelo desenvolvimento de vegetação
que apresenta poucas espécies de árvores.
A dinâmica
dos compostos de ferro em sedimentos marinhos costeiros vem sendo discutida na
literatura por sua relação com o metabolismo anaeróbico da matéria orgânica e
pela imobilização de metais-traço. Neste estudo, foi avaliada a dinâmica dos
compostos de ferro e a distribuição de metais-traço nos sedimentos dos
manguezais da ilha da Convivência-RJ.
A área
estudada situa-se no manguezal da ilha da Convivência, no estuário do rio
Paraíba do Sul, apresentando superfície de 17 km2, localizada no
Município de São João da Barra-RJ.
Foram
coletados três testemunhos de aproximadamente 7,5 cm de diâmetro e 80 cm de
profundidade. Os elementos Fe, Al, Si, Mn, Zn, Ni, Cr e Cu foram determinados
por espectrometria de emissão atômica com fonte de Plasma-ICP/AES, cujos
resultados analíticos foram monitorados com amostra de referência de sedimento
estuarino-1646a do NIST (National Institute of Standards and Technology-USA).
Carbono e enxofre total foram determinados usando analisadores da marca LECO,
modelos CR-12 e SC-132, respectivamente. A caracterização mineralógica das
amostras foi efetuada por difratometria de raio-X e Espectroscopia Mössbauer. No
estudo da susceptibilidade magnética, foi utilizado um magneto modelo TCA.
Os
resultados do tratamento estatístico das amostras analisadas, mostraram que as
correlações positivas significativas apresentadas foram: Cr x Fe (r=0,60); Cr x
Zn (r=0,58); Cu x Zn (r=0,57); Cu x Cr (r=0,84); C/S x Fe (r=0,61) e Fe x Zn (r=
0,64). As concentrações médias dos elementos estudados neste trabalho (Fe [2,12
mg/kg], Zn [47,88 mg/Kg], Cr [35,71 mg/kg], Cu [14,08 mg/kg], mostraram-se
inferiores às outras utilizadas para as comparações efetuadas (folhelhos padrão
e outras regiões de manguezal). As baixas concentrações desses elementos nas
estações estudadas podem estar associadas ao enriquecimento de metais em locais
de deposição preferencial, a processos de diluição associados à falta de
poluição pontual e à precipitação agregada a minerais de sulfetos originados da
atividade metabólica das bactérias sulfato redutoras. O quartzo, a caulinita e a
gibsita são os minerais mais abundantes. Ocorrendo associações secundárias de
muscovita, rutilo, pirita, magnetita, albita, microclina, tremolita, esmectita,
ortoclásio, actinolita e halita. Essa paragênese mineral sugere uma derivação a
partir das coberturas dos gnaisses constituintes do embasamento cristalino
Arqueano e da Cobertura Cenozóica correspondente à Formação Barreiras.
Os espectros Mössbauer estudados nas três estações amostradas
são semelhantes. Observando esses espectros constata-se que: pirita, silicatos,
argilominerais, óxidos e hidróxidos de ferro são os principais minerais
formados. Essas considerações permitiram inferir que, para a estação 1,
até os 32 cm iniciais de profundidade e para a estação 3, até a profundidade de
18 cm do perfil sedimentar, a principal fonte de ferro para formação da pirita
são os óxidos férricos (hematita e/ou maghemita). Em
profundidades maiores ocorre a esmectita em associação com a pirita. Esse
resultado sugere que a pirita forma-se pela
reação do H2S com íon ferroso localizado na estrutura da esmectita.
Utilizando espectroscopia Mössbauer foi possível identificar e avaliar a
dinâmica dos compostos de ferro ao longo dos perfis sedimentares.
Recomenda-se continuidade deste trabalho, com o estudo das
questões relacionadas a especiação dos elementos químicos analisados, assim
como, os estudos hidrodinâmicos que auxiliem na explicação de mecanismos de
deposição dos minerais autigênicos (halita e gipsita, principalmente).
UNIVERSITY OF BRASILIA /
INSTITUTE OF GEOSCIENCES
PhD THESIS No
069
ANTÔNIO LÁZARO FERREIRA SANTOS
DYNAMICS AND DISTRIBUTION OF THE Fe AND TRACE-METALS COMPONENTS IN THE ILHA DA CONVIVÊNCIA ISLAND – MANGROVES OF THE PARAÍBA DO SUL RIVER ESTUARY – RJ STATE
DATE OF ORAL PRESENTATION: 29/09/2004
TOPIC OF THE THESIS: Data processing in geology and in environmental analysis
SUPERVISOR: Prof. Geraldo
Resende Boaventura (UnB)
COMMITTEE MEMBERS: Prof. José Affonso Brod (UnB); Prof. Vijayendra
Kumar Garg (IF/UnB); Prof. Antônio Fernando de Souza Queiroz (UFBA); Prof. José
Domingos Fabris (UFMG)
KeyWords: Iron bearing, trace- metals, Mangrove Swamps
ABSTRACT
The estuarine system is characterized by various ecosystems,
which encompass great variations of environmental conditions. The mangrove is
one of such estuarine ecosystems, characterized by the development of special
vegetation with few species of trees. From a geochemical point of view, the
dynamics of iron chemical species in coastal sea sediments has been largely
discussed in the scientific literature, particulars with regard to relationships
between the organic matter cycle and the immobilization of iron and other trace
elements species in the sediments.
In this study, the dynamics of iron and other trace elements
occurring in the sediments of the mangrove ecosystem of “Ilha da Convivência”
were evaluated. The studied area is located in the mangroves of the ”Ilha da
Convivencia”, in the estuary of the Paraíba do Sul River. The studied site
covers an area of 17 km2, in the Municipal district of São João of
the Barra-RJ. Three sediment cores, approximately 7.5 cm in diameter and 80 cm
in depth were collected.
Fe, Al, Si, Mn, Zn, Co, Ni, Cr and Cu were determined using
Atomic Emission Spectrometry with Plasma Source (ICP/AES), and analytical
results were checked with Certified Standard Material (Estuarine Sediment Sample
1646a from NIST (National Institute of Standard and Technology-USA). Carbon and
total sulfur were determined using LECO analyzers CR-12 and SC-132,
respectively. The mineralogical characterization of the samples was made by
X-ray difractometry and Mössbauer spectrometry. Futhermore, the magnetic
susceptibility of samples was characterized, using a Magnetic device (TCA
model).
The results of the statistical analysis showed that the most
significant correlations are obtained for Cr vs Fe (r=0,60); Cr vs Zn (r=0,58);
Cu vs Zn (r=0,57);Cu vs Cr (r=0,84); C/S vs Fe (r=0,61) and Fe vs Zn (r = 0,64).
The mean concentrations of trace elements (Fe [2,12mg/Kg], Zn [47,88mg/Kg], Cr
[35,71mg/Kg], Cu [14,08mg/Kg], were lower than those reported previously for
this type of environment. These low concentrations can be related with (i) a
preferential deposition process which led to an enrichment of these elements in
some places, (ii) some dilution processes associated with the lack of punctual
contamination and (iii) the precipitation mechanisms of sulfide minerals
enhanced by the metabolic activity of sulphate-reduced bacteria activity. The
quartz, the kaolinite and gibsite clays are the most abundant minerals.
Secondary associations of muscovite, rutile, pyrite, magnetite, albite,
microcline, tremolite, smectite, ortoclase, actinolite and halite were also
present. This mineral paragenesis suggests mineral evolution starting from the
mineralogical constituents of the gneiss formation occurring in the Archaean
crystalline basement and from the Cenozoic sediments corresponding to the
Barreiras Formation. The Mössbauer results associated with the three studied
stations are similar. From these results we verified that: pyrite, silicates,
clay minerals, iron oxides and hydroxides are the main formed minerals. These
considerations allowed us to infer that, for the station 1, until the 32 cm
initial of depth and for the station 3, until the depth of 18 cm of the
sedimentary profile, the main source of iron used for the formation of the
pyrite are the ferric oxides (hematite and/or maghemite). At larger depths
smectite is often associated with pyrite. This result suggests that pyrite is
formed by chemical reaction of H2S with ferrous ion located in the
mineralogical structure of the smectite. Using the Mössbauer spectroscopic
technique it has been possible to identify and to evaluate the dynamics of the
iron components along the sedimentary profiles.
Continuity of this work is recommended, with the study of the
related subjects the speciation of the analyzed chemical elements, as well, the
hydrodynamic studies with aid in the mechanisms of explanation of deposition of
the authigenic minerals (halite and gypsum, mainly).