UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
/
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
TESE DE DOUTORADO No084
CARLOS CORDEIRO RIBEIRO
GEOLOGIA, GEOMETALURGIA,CONTROLES E GÊNESE DOS DEPÓSITOS DE FÓSFORO, TERRAS RARAS E TITÂNIO DO COMPLEXO CARBONATÍTICO CATALÃO I , GO
Palavras-chave: carbonatito, controles, gênese, geometalurgia depósitos de fósforo, terras raras, titânio
Limites de Retângulo Envolvente:
Folha ao Milionésiomo: SD23
Estado: GO
DATA DA DEFESA: 15/02/2008
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: GEOLOGIA ECONOMICA E PROSPECÇÃO
ORIENTADOR: Prof. José Carlos Gaspar(UnB)
EXAMINADORES: Prof. Claudinei Gouveia de Oliveira (UnB); Prof. Marcel Auguste
Dardenne (UnB); Profa. Maria Cristina Motta de Toledo (USP); Prof. Reiner
Neumann (Centro de Tecnologia Mineral)
RESUMO
O presente trabalho descreve as características geológicas e
geometalúrgicas dos depósitos de fosfato, titânio, nióbio e terras raras da
porção nordeste do Complexo Carbonatítico Catalão I - GO. O controle das
mineralizações foi determinado para os processos magmático, metassomático e
intempérico. A tipologia dos minérios foi definida dentro do conceito
geometalúrgico. Os métodos utilizados foram mapeamento geológico, descrição de
testemunhos de sondagem, petrografia, química mineral, estatística bi e
multielementar e caracterização tecnológica dos minérios.
Observações de campo e petrografia indicam a existência de três séries
petrogenéticas: bebedourítica, foscorítica e carbonatítica. A Série
Bebedourítica é formada a partir de um líquido silicático gerado por
imiscibilidade de um magma primitivo, silico-carbonatado, produzindo, por
diferenciação, dunitos, piroxenitos e veios de carbonatito residual. Em um
segundo evento de imiscibilidade, o líquido carbonatítico inicial se reparte em
um componente foscorítico e outro carbonatítico. O foscorito assim formado é
inicialmente rico em olivina e evolui para formar cumulados de apatita. O
componente carbonatítico sofre um terceiro e último episódio de imiscibilidade,
gerando novos componentes foscorítico e carbonatítico. Este segundo foscorito
não contém olivina, mas é rico em pirocloro e magnetita.
Foram reconhecidos os seguintes protolitos nas mineralizações estudadas: nos
depósitos de fosfato os protolitos são piroxenitos tardios da Série
Bebedourítica e olivina-foscoritos; para o titânio são os piroxenitos iniciais
da Série Bebedourítica; para o nióbio os foscoritos gerados no terceiro evento
de imiscibilidade; para os ETR os protolitos são flogopititos metassomáticos,
foscoritos com nióbio, e dolomita carbonatitos, metassomatizados por fluidos
carbo-hidrotermais;.
O magmatismo exerceu importante papel na formação das jazidas de fosfato,
titânio e nióbio, concentrando, respectivamente, apatita, perovskita e pirocloro
por cristalização fracionada, bem como na estruturação dos depósitos primários
na forma de enxames de diques.
O papel do metassomatismo na formação das jazidas de fosfato foi modesto,
gerando apatita hidrotermal principalmente em flogopititos e foscoritos com
nióbio. Para a monazita, o metassomatismo foi o agente principal da
mineralização, através de fluidos carbo-hidrotermais carregados em ETR,
possivelmente liberadas durante a transformação metassomática da perovskita em
anatásio. Tais fluidos provocaram a substituição da apatita e dolomita por
monazita, em protolitos das Séries Bebedourítica, Foscorítica e Carbonatítica. A
ação dos fluidos carbo-hidrotermais sobre rochas da Série Foscorítica produziu
dois tipos petrográficos: nelsonitos mineralizados em apatita, ilmenita, nióbio
e monazita denominados unidade C2a, e rochas compostas essencialmente por
monazita, com carbonatos e apatita subordinados, denominada monazitito. Em
ambos, ocorrem pipes de explosão preenchidos por brechas que indicam
fragmentação do magma, com fluxo particulado turbulento dentro da câmara
magmática.
Para o anatásio, os fluidos carbo-hidrotermais agiram sobre piroxenitos com
perovskita, transformando a rocha em flogopitito metassomático e convertendo
perovskita em anatásio.
O papel do intemperismo na formação da jazida de fosfato é comprovado pela
concentração supergênica principalmente no nível Saprolito Isalterítico. Para o
titânio, o processo concentrou residualmente o anatásio formado por processos
carbo-hidrotermal e originou anatásio neoformado, a partir de perovskita. Para
os ETR, o intemperismo substituiu carbonatos por sílica nos dolomita
carbonatitos magnesíticos promovendo a concentração residual de monazita, por
eliminação de parte dos carbonatos. No flogopitito, o intemperismo transformou a
rocha em um saprolito com alta concentração de ETR. Nos foscoritos, atuou na
dissolução dos carbonatos e apatita das camadas C2a e C2b promovendo
enriquecimento residual em monazita. Para nióbio, o intemperismo concentrou e
transformou o Ca-pirocloro dos foscoritos em Ba-pirocloro, no nível Saprolito
Aloterítico.
O depósito de fosfato é constituído pelos seguintes tipos de minério definidos
por critérios geometalúrgicos: Minério Oxidado e Minério Micáceo-oxidado,
posicionados no topo do nível Saprolito Isalterítico. Minério Micáceo Topo,
Minério Micáceo Médio e Minério Micáceo Base posicionados na base do nível
Saprolito Isalterítico. Minério Silico-carbonatado posicionado na base do nível
Rocha alterada. Esses tipos foram adicionalmente sub-divididos em foscorítico e
flogopitítico
A análise estatística simples revelou duas populações de foscorito. A Análise de
Componentes Principais permitiu gerar assinaturas geometalúrgicas em mapa,
individualizando zonas com características geometalúrgicas diferentes. A
geoestatística revelou a presença de anisotropias zonais, relacionadas aos dois
tipos de foscorito, confirmando a presença de duas linhas evolutivas para estas
rochas.
O depósito de ETR é constituído por quatro tipos de minério; Minério Saprolítico
derivado do intemperismo dos flogopititos com veios de monazita; Minério
Nelsonítico derivado do metassomatismo de foscoritos ricos em nióbio; Minério
Carbonatítico derivado da alteração metassomática de dolomita carbonatitos;
Minério Silicoso derivado do intemperismo sobre o Minério Carbonatítico. A
análise estatística dos dados químicos confirma a presença de distintas
populações para a monazita, sugerindo diferentes gêneses ou protolitos.
O depósito de titânio é constituído por quatro tipos de minério: Minério tipo I,
situado entre a parte inferior do nível Saprolito Aloterítico e a parte superior
do nível Saprolito Isalterítico é caracterizado por apresentar a melhor
recuperação na flotação, ausência de apatita e perovskita e teor moderado de
ferro. ; Minério tipo II, situado no topo do nível Saprolito Aloterítico, é
caracterizado por recuperação inferior ao tipo I, e muito rico em ferro; Minério
tipo III, situado na parte inferior do nível Saprolíto Isalterítico, é
caracterizado por baixa recuperação, com presença de mica e apatita; Minério
tipo IV, situado entre a parte superior do intervalo de Rocha Alterada e a parte
inferior do Nível Saprolíto Isalterítico, é caracterizado por baixa recuperação
e pela presença de perovskita associada ao anatásio. A análise estatística dos
dados químicos da jazida de titânio confirma a presença de mais de uma
população.
UNIVERSITY OF BRASILIA /
INSTITUTE OF GEOSCIENCES
PhD THESIS No084
CARLOS CORDEIRO RIBEIRO
GEOLOGY, GEOMETALLURGY, CONTROLS AND GENESIS OF PHOPHOR, RARE EARTHS AND TITANIUM IN THE CATALÃO I CARBONATITIC COMPLEX , STATE OF GOIÁS
KeyWords: ore-deposit controls, ore Genesis, phosphate, titanium, rare-earths, geometallurgy
DATE OF ORAL PRESENTATION: 15/02/2008
TOPIC OF THE THESIS: ECONOMIC GEOLOGY AND PROSPECTION
ADVISOR: Prof. Prof. José
Carlos Gaspar (UnB)
COMMITTEE MEMBERS: Prof. Claudinei Gouveia de Oliveira (UnB); Prof. Marcel
Auguste Dardenne (UnB); Prof. Maria Cristina Motta de Toledo (USP); Prof. Reiner
Neumann (Centro de Tecnologia Mineral)
ABSTRACT
This work
describes the geological and geometallurgical characteristics of the phosphate,
titanium, niobium and rare-earth elements deposits in the northeast part of the
Catalão I carbonatite complex, Central Brazil. The mineralization controls were
determined for magmatic, metasomatic and weathering processes. The ore types
were defined on the basis of geometallurgical concepts. Study methods comprised
geological mapping, drill-core description, petrography, mineral chemistry,
statistics, and technological characterization of the ore.
Field and petrographic observations indicate the existence of three petrogenetic
series: bebedouritic, phoscoritic, and carbonatitic. The Bebedouritic Series
derived from a silicate magma generated by liquid immiscibility from a
carbonated silicate parent, and evolved through crystal fractionation, producing
dunites, pyroxenites, and residual veinlets of carbonatite. During a second
immiscibility episode, the initial carbonatite magma separated into phoscorite
and carbonatite components. The phoscorite magma thus formed was initially
olivine-rich, and evolved to apatite cumulates. The carbonatite branch of this
immiscible pair underwent a third, and last, immiscibility event, again
generating phoscorite and carbonatite branches. This second phoscorite
generation is olivine-free, but pyrochlore- and magnetite-rich.
The following protoliths are recognized for the studied deposits: in the
phosphate deposits, protoliths are late-stage pyroxenites from the Bebedourite
Series, and early-formed olivine-phoscorites; protoliths for the titanium
mineralization are early pyroxenites from the Bebedourite Series; for the
niobium mineralization, the second generation of phoscorites, formed in the
third immiscibility event; for the REE, the protoliths are metasomatic
phlogopitites, Nb-rich phoscorites and dolomite carbonatites subjected to carbo-hydrothermal
alteration.
Magmatism played an important role in the Genesis of the phosphate, titanium,
and niobium deposits, respectively concentrating apatite, perovskite and
pyrochlore trough fractional crystallization. It also conditioned the
dyke-swarm, stockwork-like structure of the primary ore.
Metasomatism played only a subordinate role in the genesis of the phosphate
deposits, forming hydrothermal apatite in phlogopitites and Nb-rich phoscorites.
On the other hand, it was the main ore-forming agent for the monazite deposits.
Carbo-hydrothermal fluids strongly enriched in REE, possibly as a consequence of
the perovskite-anatase transformation, reacted with apatite and dolomite from
bebedourites, foscorites and carbonatites, replacing them with monazite. The
interaction of carbo-hydrothermal fluids with rocks of the Phoscorite Series
produced two new petrographic types: nelsonites mineralized with apatite,
ilmenite, pyrochlore and monazite, called C2a unit, and a rock essentially
composed of monazite, with subordinate apatite and carbonates, classified as
monazitite. Both units contain explosion pipes filled with breccia,
indicating magma fragmentation and turbulent flow of particulate material within
the magma chamber.
Regarding the anatase mineralization, carbo-hydrothermal fluids interacted with
perovskite-bearing pyroxenites, transforming the rock into a metasomatic
phlogopitite and replacing perovskite with anatase.
The role of weathering on the formation of the phosphate deposit is the residual
concentration of apatite, mostly in the isalterite level. In the titanium
deposit, weathering concentrated the anatase formed by carbo-hydrothermal
processes, and produced new (supergenic) anatase from perovskite remnants.
Regarding the REE deposit, weathering promoted substitution of the carbonates by
silica in magnesite-bearing dolomite carbonatites, with residual concentration
of monazite as part of the carbonate was eliminated from the system.
Phlogopitites were transformed into highly REE-enriched saprolite, whereas in
phoscoritic rocks from the C2a and C2b units, weathering promoted carbonate and
apatite dissolution, with consequent residual concentration of monazite. In the
niobium deposit, weathering concentrated and transformed the original Ca-pyrochlore
from phoscorites into Ba-pyrocholore, in the alloteric saprolite.
The phosphate deposit is composed of the following ore types, on the basis of
geometallurgical criteria: oxidized ore and micaceous-oxidized ore, located at
the top of the isalteritic saprolite; upper, intermediate, and basal micaceous
ore, located at the base of the isalteritic saprolite; siliceous-carbonated ore,
located at the base of the altered rock level. All the above were further
subdivided in to phoscoritic and phlogopititic.
Descriptive statistical analysis revealed the presence of two phoscorite
populations, and Principal Component Analysis allowed establishing
geometallurgical signatures, represented in map as zones with different
geometallurgical characteristics. Geostatistical analysis showed the presence of
zonal anomalies, related with the two different phoscorite types, adding further
support to the conclusion that these rocks evolved separately.
The REE deposit consists of four ore types: saprolite ore, derived from the
weathering of phlogopitite with monazite veins; nelsonite ore, derived from the
metasomatism of Nb-rich phoscorites; carbonatite ore, derived from metasomatic
transformation of dolomite carbonatites; siliceous ore, derived from the
weathering of the carbonatite ore. Statistical analysis of geochemical data
confirms the presence of different populations within the monazite deposit,
suggesting distinct genesis or distinct protoliths.
The titanium deposit consists of four ore types: Type I, located between the
lower part of the alloteritic saprolite and the upper part of the isalteritic
saprolite, is characterized by the best recovery during flotation, lacks apatite
and perovskite, and has moderate iron content; Type II, located at the top of
the alloteritic saprolite, is very iron-rich and characterized by lower recovery
than Type I; Type III, located in the lower part of the isalteritic saprolite is
characterized by the presence of mica and apatite, and yields low recovery; Type
IV, located between the upper part of the altered rock level and the lower part
of the isalteritic saprolite level, is characterized by low recovery and by the
presence of perovskite remnants associated with anatase. Statistical analysis of
geochemical data confirms the presence of more than one population within the
titanium deposit.