UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO No 8

NOEVALDO DE ARAÚJO TEIXEIRA

GEOLOGIA, PETROLOGIA E PROSPECÇÃO GEOQUÍMICA DA SEQÜÊNCIA VULCANO-SEDIMENTAR DE MORRO DO FERRO, FORTALEZA DE MINAS - MG
[Mapa de localização]

DATA DE DEFESA: 27/11/78
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: PROSPECÇÃO E GEOLOGIA ECONÔMICA
ORIENTADOR:Prof. JOSÉ CARUSO MORESCO DANNI
EXAMINADORES:Prof. OTHON HENRY LEONARDOS
Prof. ONILDO JOÃO MARINI

RESUMO
Este estudo visa caracterizar geologicamente as unidades Pré- Cambrianas na área de Fortaleza de Minas. Em seguida, individualizar os ambientes favoráveis para mineralizações. A área acha-se inserida na porção côncava meridional do craton São Francisco, a sudoeste do Estado de Minas Gerais, distando 390 km, por rodovia (BR-056),de Belo Horizonte, tendo na cidade de Passos seu vértice nordeste.
O embasamento siálico mostra um núcleo composto de ortognaissesgranodioríticos com manchas esporádicas de anatexia, responsáveis pelo aparecimento de migmatitos do tipo schlieren. Transicionam para uma zona de falha a oeste de Itaú, constituída por uma seqüência de filonitos, milonitos, blastomilonitos, cataclasitos, etc.
Embutidos nesta zona de falha ocorrem pequenos maciços ultramáficos e o Cinturão Vulcano- Sedimentar Morro do Ferro. Este é, estratigraficamente, constituído por três unidades : a) Unidade Morro do Níquel (basal) formada por flows, ultrabásicos, apresentando localmente textura spiniflex e intercalações de horizontes tufogênicos aluminosos, chert, chert ferríferos e wacke; b) - Unidade C6rrego Salvador, sobreposta à unidade anterior, consistindo de lavas básicas, rochas vulcânicas retrabalhadas e chert ferrífero; c) - Unidade Morro do Ferro (topo), de origem predominantemente sedimentar, sendo constituída por filitos sericríticos, metacalcários, horizontes lenticulares de cloritóide xistos e o mais espesso nível de chert ferrífero.
As litologias, originalmente ígneas de caráter ultrabásico e básico do Morro do Ferro, acham-se transformadas, respectivamente, em xistos magnesianos ricos em clorita, tremolita e serpentina, e xistos verdes com epidoto, albita, clorita e tremolita.
O cinturão metamórfico alóctone Araxá dispõe-se, em discordância, sobre o embasamento e o cinturão vulcano- sedimentar. O contato é sublinhado localmente por filonitos e cicatrizes miloníticas que marcam a ampla superfície de charriage . A estratigrafia do Grupo Araxá apresenta: a) - Seqüência Passos (basal) formada por biotita-muscovita xistos granatíferos, xistos feldspáticos, gnaisses e raros níveis de xistos verdes. Tais litologias representam os depósitos do tipo flysch iniciais; b) -Formação Canastra (topo do Grupo) apresenta contato transicional com a Seqüência Passos, e é composta por duas seqüências: a inferior representada nas Serras da Ventania-São João, constituída de muscovita xisto com intercalações regulares de sericita quartzito e meta-arcóseo tufáceo; na Seqüência Superior(ltaú) ocorrem filitos e metacalcários, representantes da fase transgressiva final do ciclo de sedimentação.
No embasamento a principal feição teutônica é de natureza rígida, representada Pelas zonas de falhamentos lineares noroeste e este-oeste. O cinturão vulcano-sedimentar apresenta intenso tectonismo com dobras isoclinais apertadas,com eixos de direção noroeste e planos axiais verticalizados. Há evidencia de pelo menos três períodos de deformações superimpostos. A tectônica do Grupo Araxá tem na mega-anticlinal recumbente sua principal feição. Tal estrutura acha-se redobrada nas sinformes de Passos, Serra do Chapadão e antiforme de Itaú.
O estudo petrológico realizado nas porções vulcânicas da Unidade Morro do Níquel e córrego Salvador evidenciaram = trend vulcânico, com lavas ultrabásicas de composição peridotítica e piroxenítica de. filiação komateítico, transicionando para basalto komateítico e toleítico. O fracionamento da série é caracterizado por um decréscimo de MgO, numa razão mais ou menos constante de CaO/Al2O3' refletindo a importância da cristalização de olivina nas etapas iniciais, sendo seguida por maior participação de clinopiroxênio e plagioclásio.
A campanha de prospecção geoquímica foi realizada sobre o cinturão vulcano-sedimentar, revelando anomalias de Cu e Zn. A unidade Morro do Níquel, por ser constituída de flows ultrabásicos, é, do ponto de vista teórico, o ambiente mais favorável em conter mineralizações sulfetadas de níquel e cobre.


  
UNIVERSITY OF BRASILIA- INSTITUTE OF GEOSCIENCES

MSc THESIS No 8

NOEVALDO DE ARAÚJO TEIXEIRA

GEOLOGY, PETROLOGY AND GEOCHEMISTRY OF THE MORRO DO FERRO VOLCANO-SEDIMENTARY SEQUENCE, FORTALEZA DE MINAS, MINAS GERAIS STATE-BRAZIL
(Location Map)

DATE OF ORAL PRESENTATION: 27/11/78
TOPIC OF THE THESIS: PROSPECTION AND ECONOMIC GEOLOGY
SUPERVISOR: PROF. JOSÉ CARUSO MORESCO DANNI(UnB)
COMMITTEE MEMBERS: PROF. OTHON HENRY LEONARDOS(UnB)
PROF. ONILDO JOÃO MARINI(UnB)

ABSTRACT
This study attempts to define the geology of the Fortaleza de Minas region and to outline potential environments for mineralization.
The area is located on the Southern edge of the São Francisco Craton, 390 km (BR-056) from Belo Horizonte, with the town of Passos in the north- east corner.
The studied area is underlain by sialic basement consisting of a nucleous of granodioritic orthogneisses with some schlieren migmatitic zones. This grades into a fault zone, west of Itaú, represented by a cataclastic suite.
Within this fault zone there are small ultramafic bodies and the Vulcano-Sedimentary Sequence of Morro do Ferro, which from bottom to top consists of:
a)Morro do Níquel Unit consisting of ultramafic flows with local spinifex texture and intercaled aluminous tuffs, chert, ferruginous chert and wacke.
b) Córrego Salvador Unit containing basic lavas, reworked volcanic rocks, and ferruginous chert.
c)Morro do Ferro Unit consisting predominantly of sediments represented by sericitic phyllites, metalimestones, lenses of chloritoid schists and the thicknest ferruginous chert of the sequence.
The original ultramafic and mafic lithologies of the Morro do Ferro Unit have been altered respectively to magnesian schists rich in chlorite, tremolite and serpentine and greenschist with epidote, chlorite and tremolite.
The allochthonous metamorphic Araxá belt unconformably overlies the basement and the vulcano- sedimentary belt. The contact is locally outlined by phyllonites and mylonites along the thrust plane. The Araxá Group is composed of:
a)Passos Basal Sequence, containing biotite-muscovite-garnet schists, feldspathic schists gneisses and rare greenschists. These lithologies represent initial flysch type deposits.
b)Canastra Formation (top) overlies the Passos Sequence with a transitional contact, and is
composed of 2 sequences; the lower one consisting of muscovite schist with regular intercalations of sericitic quartzite and tuffaceous meta-arkose and the upper sequence (Itaú)containing phyllites- and metalimestones, representing the final transgressive phase of sedimentation.
In the basement the principal tectonic features are linear fault zones, striking N-W. The vulcano-sedimentary belt is intensely isoclinally folded along NE axes and vertical axial planes.
There is evidence of at least 3 superposed deformation events. The principal tectonic feature of the Araxá Group is a large recumbent anticline, wich has been refolded in the synforms of Passos Serra do Chapadão and the antiform of Itaú.
The petrologic study of the Morro do Níquel and Córrego Salvador volcanic rocks showed a trend with peridotitic-pyroxenitic lavas of komatiitic affiliation, grading to komatiitic andtholeiitic basalts. The fractionation of the series is characterized by a decrease of MgO with a nearly constant CaO/Al 2 o 3 ratio. This reflects the crystallization of olivine in the initial stages, followed by in creasing crystallization of clinopyroxene and plagioclase.
A geochemical prospecting program was carried out over the volcano-sedimentary belt revealing Cu and Zn anomalies. The Morro do Ferro Unit, which is composed of ultramafic flows, is theoretically the most promising environment for sulphide mineralization.