UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA -
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO No 28
LUIZ SÉRGIO AMARANTE SIMÕES
GEOLOGIA DO GRUPO ARAXÁ NA REGIÃO DE MOSSAMEDES - GOIÁS, AS OCORRÊNCIAS MINERAIS ASSOCIADASDATA DE DEFESA: 10/12/84
RESUMO
Os metamorfitos do Grupo Araxá que ocorrem na região
de Mossâmedes (GO) foram estudados através de mapeamento
em escala 1:25.000, visando os aspectos estratigráficos,
estruturais, petrológicos e econômicos. Representam
uma seqüência estratigráfica contínua,
discordante sobre um embasamento granito-gnáissico, que
pode ser dividida em cinco unidades litoestratigráficas,
informalmente denominadas de base para o topo de : 1) psamítica
(quartzito, metaconglomerado); 2) psamo-pelítica (quartizito,
quartzo xisto, muscovita xisto); 3) pelito-vulcânica inferior
(clorita-biotita xisto, gnaisse fino blastoporfirítico,
anfibolito, calcixisto); 4) pelito-vulcânica superior (granada-muscovita
xisto, biotita xisto e gnaisse, hornblenda xisto e gnaisse, anfibolito
magnetita xisto). 5) gnáissica (epidoto-biotita gnaisse,
anfibolito). São encontrados três tipos de meta-intrusivas,
além de diques de diabásio relacionados ao magmatismo
mesozóico.
Quatro fases de deformação afetaram esse conjunto
vulcano-sedimentar. Referente à primeira fase (D1)
observa-se uma xistosidade bem desenvolvida (S1), uma
lineação de estiramento (L1) e raras
dobras apertadas a isoclinais. A segunda fase (D2)
transpôs S1 definindo a foliação
principal com atitude geral E - W/10-200S, que corresponde
a 0s//S1//S2 D2 gerou
dobras apertadas a isoclinais, com eixos na direção
5 -l50/N 60-90W ou S 60-90 E, e ainda, lineações
minerais e de estiramento geralmente paralelas aos eixos de dobras.
Deformando a foliação principal são observadas
duas outras fases: D3 desenvolveu dobras assimétricas
com vergência para NE e plano axial com mergulho forte para
SSW; D4 deu origem a ondulações suaves
com eixo 10-300 /S-SW e plano axial subvertical. Uma
analise dos metaconglomerados revelou que o elipsóide de
deformação finito dos seixos geralmente situa-se
no campo dos oblatos, e apenas localmente no campo dos prolatos
do diagrama de Flinn.
O metamorfismo é do tipo barroviano e mostra um aumento
progressivo de norte para sul, passando da zona da biotita para
a zona da granada (fácies xisto verde) até alcançar
a zona da estaurolita/cianita (fácies anfibolito). Estudos
microtectônicos evidenciam que o auge do metamorfismo ocorreu
no início de D2. A distribuição
das zonas metamórficas e o comportamento da isógrada
da granada sugerem que as superfícies isógradas
mergulham para norte e truncam as unidades litoestratigráficas.
Localmente ocorre andaluzita oriunda de metamorfismo de contato.
O magmatismo relacionado à evolução do Grupo
Araxá é representado por manifestações
vulcânicas máfícas a félsicas predominando
as intermediárias (metavulcanoclástícas),
e por três eventos intrusivos. o primeiro provavelmente
pré-deformacional (metagabro e anfibolito), o segundo sin-D1
(metagranito) e o terceiro tarde-D2 (diques de metadacito
pórfiro). Estudos petroquímicos indicam que ao menos
parte das rochas interpretadas como metavulcanoclásticas
representa metatufos. O magmatismo apresenta quimismo calco-alcalino
(inclusive as intrusivas) semelhante ao das atuais margens continentais
ativas.
Entre as ocorrências de interesse econômico registradas
na área, destacam-se as de ouro e de cobre. As mineralizações
de ouro estão relacionadas com as unidades pelito-vulcânicas
inferior e superior. As de cobre são observadas em diversas
rochas das unidades pelito-vulcânicas e da unidade gnáissicas
apresentando geralmente a paragênese pirita + calcopirita
+ esfalerita. Os dados existentes indicam a possibilidade de diversos
tipos de depósitos, sendo a fonte primária de cobre
e ouro essencialmente vulcânica. Além de sulfeto
de cobre e de zinco, foi identificada a ocorrência de molibdenita
que amplia a potencialidade econômica da região.
Pode-se citar ainda a ocorrência de diamante nos metaconglomerados,
desde há muito conhecida e explorada por garimpeiros.
UNIVERSITY OF BRASILIA- INSTITUTE OF GEOSCIENCES
MSc THESIS No 28
LUIZ SÉRGIO AMARANTE SIMÕES
GEOLOGY OF THE ARAXÁ GROUP IN THE MOSSÂMEDES REGION AND ASSOCIATED MINERAL OCCURRENCES, GOIÁS STATE-BRAZILDATE OF ORAL PRESENTATION: 10/12/84
ABSTRACT
In the region of Mossâmedes, State of Goiás, Brazil, the
Precambrian metamorphic rocks of the Araxá Group were mapped at the scale of
1:25.000, with emphasis on stratigraphic, structural, petrographic and economic
aspects. These metamorphites represent a continuous stratigraphic sequence
which, from bottom to top, can be subdivided in five informal lithostratigrafic
units: 1) psamitic unit (quartzite, metaconglomerate); 2) psamitic-pelitic unit
(quartzite, quartz schist, muscovite schist); 3) lower pelitic-volcanic unit
(chlorite-biotite schist, fine grained blastoporphyritic gneiss, amphibolite and
calcschist); 4) upper pelitic-volcanic unit (garnet muscovite schist, biotite
schist and gneiss, amphibolite, magnetite muscovite schist); 5) gneissic unit
(epidote biotite gneiss amphibolite). Three types of meta-intrusive rocks were
found besides basic dykes related to Mesozoic magmatism.
Four phases of deformation affected the volcano-sedimentary sequence. Associated
with the first phase (D1) a well developed schistosity (S1),
a stretching lineation and rare tight to isoclinal folds were observed. The
second phase (D2) transposed S1 developing the main
foliation (S2), with E-W/10-20S general attitude. Due to
transposition, S2
is: parallel to S1 and to sedimentary bedding. D2
originated tight to isoclinal folds and mineral and stretching lineation
generally parallel to D2 fold axes. Two other phases of deformation
affected the main foliation: D3
developed asymmetrical folds with NE vergence and SSW steeply dipping axial
surface; D4 originated gentle folds with subvertical axial surface.
Finite strain ellipsoid analyses for metaconglomerate deformed pebbles generally
fall within the oblate field of the Flinn diagram, and locally within the
prolate field.
Barrowian type metamorphism increases progressively from North to South, from
the biotite zone to the garnet zone (green schist facies), reaching the
staurolite-kyanite zone (amphibolite facies). Microtectonic observations show
that the climax of metamorphic was reached during the beginning of D2.
The distribution of metamorphic zones and behavior of the garnet isograd suggest
that the isograd surfaces dip north and intercept the lithostratigraphic units.
The magmatism related to the Araxá Group evolution consists of mafic to felsic
volcanic activity, mostly intermediary (metavolvanoclastic), and three intrusive
events: the first, probably pre-deformational (metagabbro and amphibolite), the
second sin-D1 (metagranite) and the third late - D2
(porphyritic metadacitec dykes). Petrochemical studies indicate that, at least
in part, the rocks interpreted as metavolcaniclastics consist of metatuffs. The
magmatism shows calcalkaline affinity (including the intrusive rocks), similar
to recent active continental margins.
Gold and copper minerals of economic interest occur within the studied area. The
gold mineralizations are related to the lower and upper pelitic-volcanic
sequences. Copper occur in several rocks from the pelitic-volcanic and gneissic
sequences, showing generally pyrite + calcopyrite + sphalerite paragenesis.
Present data indicate the possibility of several genetic types of deposits with
essentially volcanic primary source for gold arid copper. Besides copper and
zinc sulphides molibdenite occurrence was identified, reinforcing the economic
potentiality of the region. Long time known and exploited diamond occurrences
within the metaconglomerates are also mentionated.