UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA -
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO No 35
EDISON RAMOS TOMAZZOLI
GEOLOGIA, PETROLOGIA, DEFORMAÇÃO E POTENCIAL AURÍFERO DO GREENSTONE BELT DE GOIÁS - GODATA DE DEFESA: 27/12/85
RESUMO
O "Greenstone Belt" de Goiás, ou Grupo Goiás
Velho, inserido em rochas do Complexo Granito- Gnáissico,
e composto por três unidades: Unidade Ultrabásica
Inferior, Unidade Básico-Intermediária e Unidade
Metassedimentar Superior.
A Unidade Ultrabásica Inferior é composta por serpentinitos
e talco xistos, com intercalações de metachert e,
ocasionalmente, de filito pelítico ou grafitoso. A Unidade
Básico-Intermediária é composta pela Sub-unidade
A, onde predominam xistos básicos (albita-quartzo-epidoto-actinolita
xisto) e a Sub-unidade B, com predominância de metatufos
intermediários-ácidos. Apresenta intercalações
de lentes de talco xisto em vários níveis estratigráficos.
A Unidade Metassedimentar Superior é constituída
por filito pelítico, grafita xisto e metachert.
A Seqüência Metassedimentar Serra do Cantagalo é
composta por filitos pelíticos, metagrauvacas, sericita-quartzo
xistos, quartzitos e meta-ortoconglomerados. Apesar de ter sido
interpretada como sendo sobreposta por discordância ao Grupo
Goiás Velho, parece apresentar feições transicionais
com a Unidade Metassedimentar Superior do "greenstone belt".
As rochas do Grupo Goiás Velho apresentam-se metamorfisadas
predominantemente na fácies xisto verde, nas zonas da clorita,
biotita e granada. Paragêneses típicas de grau incipiente
(fácies prenhita-pumpellyita) ocorrem localizadamente,
em rochas ultramáficas.
Foram observadas dobras atribuídas a pelo menos cinco fases
de deformação plástica. As fases D1
e D2 são representadas por dobras isoclinais
assimétricas inclinadas a recumbentes, subcoaxiais e com
eixos sub-horizontalizados, de direção geral N700W.
Apresentam vergência para NE. A fase D3 se caracteriza
por crenulações de eixo com direção
média 300; S20- 400E, desenvolvendo
muitas vezes, forte clivagem de crenulação. A fase
D4 é caracterizada por suaves ondulações
de eixo NE-SW e a fase D5 por "kink bands".
O Grupo Goiás Velho faz contato com o Complexo Granito-Gnáissico
através de falhas de empurrão N700W,
isto é, com a mesma direção do eixo das dobras
assimétricas D2, o que leva a conjeturar que
foram geradas pelos mesmos esforços sub-horizontais compressivos.
Os dados de petroquímica revelaram que a maior parte dos
elementos maiores apresentou uma acentuada mobilidade metamórfica,
resultando em modificações significativas na composição
original das rochas pré-metamórficas. Revelaram
também que diferentes conjuntos de rochas do Grupo Goiás
Velho apresentam afinidade komatiítica, toleítica
e calco-alcalina. Nas rochas ultramáficas e máficas,
o processo magmático melhor evidenciado foi o de fracionamento
da olivina e espinélio cromífero e posteriormente,
o de clinopiroxênio e do plagioclásio.
Em relação à geologia econômica cabe
ressaltar o ouro que parece estar associado a finas camadas de
sulfeto geralmente estratiformes relacionados com a seqüência
de tufos calco-alcalinos da Unidade Básico-Intermediária,
cuja gênese pode ser atribuída a modelos convectivos
em fundo oceânico como o proposto por HUTCHINSON et al.
(l980).
UNIVERSITY OF BRASILIA- INSTITUTE OF GEOSCIENCES
MSc THESIS No 35
EDISON RAMOS TOMAZZOLI
GEOLOGY, PETROLOGY, ORIGIN AND GOLD POTENTIAL OF THE GOIÁS GREENSTONE BELT, GOIÁS, GOIÁS STATE-BRAZILDATE OF ORAL PRESENTATION: : 27/12/85
ABSTRACT
The Goiás Greenstone Belt or Goiás Velho Group,
emplaced in rocks of the Granite-Gneiss Complex, consists of three
units, namely Lower Ultrabasic, Basic-Intermediate and Upper Metasedimentary
units.
The Lower Ultramafic Unit comprises serpentinites and talc schists
with intercalations of metachert and occasionally of pelitic or
graphytic phyllite. The Basic-Intermediate Unit consists of sub-unit
A, mainly basic schists (albite-quartz-epidote- actinolite schist,
for example) and sub-unit B, chiefly intermediate-to-felsic metatuffs.
It displays lensoid intercalations of talc schist at several stratigraphic
levels. The Upper Metasedimentary Unit consists of pelitic phyllite,
graphite schist and metachert.
The Serra de Cantagalo Metasedimentary Sequence comprises pelitic
phyllites, metagraywacke, sericite-quartz schists, quartzite and
meta-orthoconglomerate. In spite of having been interpreted as
a unit unconformably overlying the Goiás Velho Group, it
apparently shows transitional features with the Upper Metasedimentary
Unit of the greenstone belt.
The rocks of the Goiás Velho Group have been metamorphosed
mainly in the greenschist facies (chlorite, biotite and garnet
zones). Parageneses typical of incipient grade (prehnite-pumpelliyte
facies) occur locally in the ultramafic rocks.
Folds attributed to at least five phases of plastic deformation
have been observed. D1 and D2 phases are
represented by sub-coaxial, asymmetric, inclined to recumbent
isoclinal folds with sub-horizontal axes, general N700W
trend and vergence towards NE. D3 is characterized
by crenulations trending approximately 300 S20-400
E, often developing a clear crenulation cleavage D4
is represented by gentle undulations with axes trending NE-SW.
D5 is attributed to kink bands. The contact between
the Goiás Velho Group and the Granite- Gneiss Complex consists
partly of N700W-striking thrust faults, the strike
of which is similar to the general trend of D2 asymmetrical
folds. Both structures were possibly generated by the same compressive
sub-horizontal principal stresses.
Petrochemical data indicate significant mobility of most major
elements during metamorphism resulting in modifications of the
chemical compositor of the original, pre-metamorphic rocks. They
also revealed that the Goiás Velho Group includes different
sets of orthometamorphic rocks displaying komatiitic, tholeiitic
and calc alkaline affinities respectively. There is evidence for
crystal fractionation of olivine, chromite and clinopyroxene in
ultramafic rocks and possibly of plagioclase in mafic ones.
Gold mineralization appears to be associated with thin, usually
stratiform, sulfide layers that are part of a sequence of calc
alkaline tuffs of the Basic-Intermediate Unit. Their genesis may
be explained through an ocean-floor convective model of the type
proposed by Hutchinson et al. (l980).