UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA -
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO No 38
RUI LUIZ BAPTISTA PEREIRA MONTEIRO
AS MINERALIZAÇÕES DE TUNGSTÊNIO NO MÉDIO VALE DO JEQUITINHONHA, NE DE MINAS GERAIS[Mapa de localização]
DATA DE DEFESA: 20/10/86
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: PROSPECÇÃO
E GEOLOGIA ECONÔMICA
ORIENTADOR: PROF. OTHON HENRY LEONARDOS(UnB)
EXAMINADORES: PROF. BHASKARA RAO ADUSUMILLI (UnB)
PROF. HORSTPETER HANS GEORG J. ULBRICH (USP)
RESUMO
As, rochas psamo-pelíticas e cálcio-silicáticas
do Grupo Salinas, hospedeiras das mineralizações
de tungstênio, no médio vale do Jequitinhonha, indicam
sedimentação de margem continental estável,
perturbada por reativações episódicas manifestadas
por horizontes ortoconglomerático e quartzítico.
Duas fases de dobramento caracterizam-se por: Fn -
dobramento isoclinal com eixos preferenciais entre NE e NNE e
Fn+1 - dobramento assimétrico, geralmente aberto
e crenulações com eixos também entre NE e
NNE. O metamorfismo regional do tipo Barrowiano é sobreposto,
perto dos granitóides intrusivos, por auréolas de
metamorfismo térmico pouco expressivas. Regionalmente as
associações minerais, características da
faces anfibolito, tipo sillimanita, sugerem pressões entre
3,5 e 5 kb e temperaturas de 6500C. Os granitóides
intrusivos de Rubelita são plutões a duas micas,
de idade brasiliana, tardi e pós-tectônicos, homogêneos,
foliados nas bordas, alcalinos, potássicos, semelhantes
aos que ocorrem a N e NE de Coronel Murta, devendo ter sido gerados
por anatexia de rochas essencialmente metassedimentares. Os granitóides
encontram-se bastante metassomatizados, originando faces nioscovitizadas
de cópula e borda dos maciços. Podem ocorrer granitos
pegmatóides, sobrepostos aos granitóides, no alto
das cópulas, havendo manifestações de veios
pegmatíticos cortando indistintamente as litologias regionais.
Anomalias em W ocorrem, dominantemente, nas fácies moscovitizadas
desses plutões granitóides, concentrando-se o metal
nas moscovitas neoformadas às custas dos feldspatos e da
biotita. Dois tipos de mineralizações ocorrem no
médio Jequitinhonha: (1) scheelita associada a finos horizontes
cálcio- silicáticos, intercalados nos xistos regionais
e (2) scheelita + volframita associadas a veios de quartzo, na
região do Jenipapo-Itinga. Os diversos estudos apontam
uma origem epigenética para as mineralizações
de W. Originalmente o metal poderia estar associado a seqüências
vulcano-sedimentares que sofreram anatexia, sendo incorporado
aos plutões granitóides; o W seria concentrado próximo
das cópulas pelo racionamento magmático e reconcentrado
nas moscovitas nas faces granitóides mais metassomatizadas.
Dados de inclusões fluidas indicam que a mineralização
de W está relacionada com a existência de fluidos
aquosos de baixa salinidade e outros ricos
nas fases carbonosas CO2 e CH4. Nos veios
de quartzo mineralizados, as inclusões de CO2
puro indicam temperaturas variando entre 4500C e 3000C,
considerando-se a pressão de 2 kb, na região de
Itinga. A queda da temperatura e a subida do pH por neutralização
das soluções levemente ácidas, causada pelas
reações com as encaixantes e/ou pela perda gradual
do CO2 por imiscibilidade com fluidos aquosos (metamórficos/meteóricos
?), levou à precipitação do W como scheelita,
quando o cálcio estava disponível e/ou como volframita,
sempre que a concentração do ferro ultrapassou o
produto de solubilidade desse mineral. Assim, a scheelita e a
volframita associam-se às fases finais do magmatismo granítico,
como sugerido pelo caráter tardio da scheelita, não
deformada e sempre associada com as paragêneses da alteração
retrógrada das rochas cálcio-silicadas.
UNIVERSITY OF BRASILIA- INSTITUTE OF GEOSCIENCES
MSc THESIS No 38
RUI LUIZ BAPTISTA PEREIRA MONTEIRO
THE TUNGSTEN MINERALIZATION OF THE MEDIUM JEQUITINHONHA VALLEY, NORTHEAST MINAS GERAIS STATE-BRAZIL[Location Map]
DATE OF ORAL PRESENTATION: 20/10/86
TOPIC OF THE THESIS: PROSPECTION AND ECONOMIC GEOLOGY
SUPERVISOR: PROF. OTHON HENRY LEONARDOS(UnB)
COMMITTEE MEMBERS: PROF. BHASKARA RAO ADUSUMILLI (UnB)
PROF. HORSTPETER HANS GEORG J. ULBRICH (USP)
ABSTRACT
Psamo-pellites and calc-silicate rocks of the Salinas Group in
the Rubelita-Coronel Murta region of the medium Jequitinhonha
valley support a sedimentary environment of the stable continental
margin type, which was disturbed by episodic reactivations, marked
by deposition of orthoconglomeratic and quartzitic beds. Two well
characterized folding phases are found all over the Rubelita area.
The folding axial trends of the Fn isoclinal and the
Fn+1 open asymmetric folds and likewise those of the
crenulations related to the asymmetric folding show the same orientation
according to NE and NNE. Regional metamorphism of Barrowian type
was overprinted by subordinate thermal effects in aureoles of
intrusive granitoid plutons. Mineral paragenesis of amphibolite-facies,
sillimanite-type, suggest pressures ranging from 3,5 to 5 kb and
temperatures from 6500C. The intrusive plutons, with
foliated margins, are essentially homogeneous, alkali-potash late
to post-tectonics two-micagranitoids of brazilian age; they resemble
those of northern and northeastern Coronel Murta, and are inferred
to have been derived through anatexis of metassedimentary rocks.
Metassomatism is widespread particulary at- the margins and cupolas
of plutons; at the cupolas, later pegmatoid granites do occur
and pegmatitic veins indistinctly transect all country rocks.
Tungsten anomalies relate predominantly to the muscovitized facies
of granitoid plutons with W concentrating in the neoformed muscovites
generated from alkali-feldspar and biotite. Two-types of W mineralization
occur in the region: (1) scheelite associated to thin layers of
calc-silicate rocks hosted by the schistose country rocks; (2)
scheelite plus wolframite related to quartz veins in the Jenipapo-Itinga
district. This study suggests an epigenetic origin for type l
and 2 of W mineralization, but with the metal originally associated
to volcanic-sedimentary sequences which underwent anatexis, with
W becoming 2n corporated in the granitoid plutons, and concentrating-near
the cupolas due to magmatic fractionation, with enrichment in
muscovites in the more metassomatized facies of granitoid plutons.
Fluid inclusions data suggest that the mineralizing milieu were
essentially aqueous fluids of low salinity. Other fluids were
enriched in carbon species like CO2 and CH4.
In the scheelite- wolframite a quartz veins at Itinga pure CO2
inclusions indicate temperatures ranging from 3000C
to 4500C, for a pressure of 2 kb. Fall of temperature
and pH increase through neutralization of slight acid solutions
via reactions with wall rocks and/or progressive loss of CO2
by imiscibility of (metamorphic/meteoric ?) aqueous fluids, led
to tungsten deposition. The metal was precipitated as scheelite
when calcium was available and/or wolframite always when iron
concentration exceed the wolframite solubility product. Thus both
scheelite and wolframite are related to the end phases of the
granitic magmatism as suggested by the late genetic nature of
scheelite with undeformed features and association with retrogressive
paragenesis of calc-silicate rocks.