UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO No 63

FLÁVIO HENRIQUE FREITAS E SILVA
QUADRO LITOESTRATIGRÁFICO E ESTRUTURAL DO DEPÓSITO AURÍFERO DO MORRO DO OURO, PARACATU, MINAS GERAIS
[Mapa de Localização] [Mapa de Situação Geológica]

DATA DE DEFESA: 08/04/91
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: PROSPECÇÃO E GEOLOGIA ECONÔMICA
ORIENTADOR: PROF. MARCEL AUGUSTE DARDENNE(UnB)
EXAMINADORES: PROF ONILDO JOÃO MARINI. (UnB)
PROF. CARLOS ALBERTO ROSIÈRE (UFMG)

RESUMO

Os trabalhos desenvolvidos nesta dissertação tiveram por objetivo esclarecer o quadro litoestratigráfico e estrutural da região onde se situa a jazida aurífera do Morro do Ouro, através de trabalhos de detalhados, na área do depósito e execussão de perfis regionais como forma de situar a região do depósito dentro de um contexto regional.
A coluna estratigráfica da região de Paracatu esta representada pelas formações Vazante, basal, e Paracatu, no topo. Estas duas unidades foram agrupadas sob a denominação de Unidade Paracatu-Vazante. Na área investigada foram reconhecidas cinco fácies na Formação Vazante,da base para o topo: Serra do Garrote, Morro do Calcáreo, Serra do Velozinho, Serra da Lapa e Serra do Landim. Na Formação Paracatu foram reconhecidas as fácies Morro do Ouro (basal) e Serra da Anta (topo).
A Unidade Paracatu-Vazante foi depositada em uma bacia de sedimentação individualizada, como um golfo, na borda oeste do Craton do São Francisco, que constitui a massa continental, e limitada a oeste pelo palealto Canastra. A sedimentação da Unidade Paracatu-Vazante se processou em sistemas deposicionais peculiares no interior deste golfo, distintos dos sistemas deposicionais, característicos de mar aberto, nos quais se processavam a sedimentação dos grupos Araxá e Canastra a oeste e sul, e do Grupo Paranoá a norte do golfo. Paralelamente à borda leste do paleoalto Canastra desenvolveu um extenso cordão recifal que individualizou entre o paleoalto e a barreira de recifes um ambiente restrito com condições de sedimentação euxínica.
As rochas da Unidade Paracatu-Vazante foram afetadas por um único evento de deformação orogenético, durante o ciclo Brasiliano, cujo paroxismo ocorreu por volta de 650 a 680 ma atrás.
Este evento de deformação, aqui denominado Evento de Deformação Principal Dl, caracteriza-se como uma deformação progressiva, heterogênea, não coaxial gerada em um regime de cisalhamento simples como componente de deformação principal, em suas fases principais da deformação e culminando na fase tardia (rúptil) com uma componente de cisalhamento puro, como componente principal.
As estruturas geradas, durante o evento Dl, mostram toda evolução desde do estágio dúctil de deformação até o rúptil. Estas estruturas se formaram progressivamente com a evolução do evento Dl embora, agrupadas aqui em fases de deformação, como uma maneira didática de demostrar o processo deformacional, a maioria delas apresentam uma superposição no tempo e no espaço.
As principais estruturas de deformação, do evento Dl, é a foliação regional S2, geralmente plano axial de dobras isoclinais B2, e os cavalgamentos E2, que caracterizam a Faixa de Cavalgamentos e Dobramentos Brasília.
O fim do evento Dl é marcado pela tectônica rúptil da fase F6, que foi gerada em resposta a descompressão do orógeno.
Após o Evento de Deformação Principal Dl a região foi palco apenas de reativações epirogênicas, deformações secundárias, notadamente no Neocenozóico, que não chegam em nenhum local a obliterar os elcmntos da deformação principal.
O metamorfismo principal, associado à fase F2, na região de Paracatu, é um metamorfismo de grau fraco, fácies xisto verde baixo, na zona da clorita.
A atuação conjunta dos elementos de deformação F2 e megadobras F4 e FS, formaram o 'trap' estrutural onde ocorreu a mineralização aurífera do Morro do Ouro.
Os filitos carbonosos, da Fácies Morro do Ouro exerceram um controle litoestratigráfico durante o processo de mineralização, proporcionando o ambiente redutor favorável à preciptação dos fluidos mineralizados e foi provavelmente a principal fonte de metais, inclusive do ouro, que formam o depósito.
A extração de metais, muito provavelmente, foi feita por fluidos metamórficos, que migraram através de canais formados pela deformação e precipitaram nas zonas de dilatação ("traps estruturais') e quimicamente favoráveis.
O depósito do Morro do Ouro caracteriza-se, desta forma, por ser condicionado principalmente pelas estruturas de deformação e pela litoestratigrafia e, secundariamente, pelo metamorfismo.


  
UNIVERSITY OF BRASILIA- INSTITUTE OF GEOSCIENCES

MSc THESIS No 63

FLÁVIO HENRIQUE FREITAS E SILVA

LITHOSTRATIGRAPHIC AND STRUCTURAL FRAMEWORK OF THE MORRO DO OURO GOLD DEPOSIT, PARACATU, MINAS GERAIS STATE-BRAZIL
[Location Map] [Geological Situation Map]

DATE OF ORAL PRESENTATION: 08/04/91
TOPIC OF THE THESIS: PROSPECTION AND ECONOMIC GEOLOGY
SUPERVISOR: PROF. MARCEL AUGUSTE DARDENNE(UnB)
COMMITTEE MEMBERS: PROF ONILDO JOÃO MARINI. (UnB)
PROF. CARLOS ALBERTO ROSIÈRE (UFMG)

ABSTRACT

The goal of the research developed in this dissertation, was clear up the lithostratigraphic and structural informations related to the Morro do Ouro mine, by the execution of detailed geologic work, and regional profiles to posicionate the mine in the regional geotectonic framework.

The stratigraphy of the Paracatu region is represented by the Vazante Formation (base), and the Paracatu Formation (top). These two units were grouped by the designation of Paracatu-Vazante unit. ln the studied area, it was possible to recognize two facies related to the Vazante Formation, which are, from base to top: Serra do Garrote, Morro do Calcáreo, Serra do Velozinho, Serra da Lapa and Serra do Landim. ln the Paracatu Forination the Morro do Ouro facies (base) and the Serra da Anta facies (top) were recognized.

The Paracatu-Vazante unit was deposited in a individualized sedimentary basin, as an gulf on the western edge of the São Francisco craton, that represented the continental mass. T'he western limite of the basin was the Canastra paleohigh. T'he sedimentation of the Paracatu-Vazante unit was processed by peculiar depositional sistems in the interior of this gulf, distinct from the depositional sistems related to off-shore environments, were the Araxá and Canastra groups (south and west portions of the gulf) and Paranoá group (northern portion of the gulf) were sedimented. At the same time the east edge of the Canastra paleohigh developed a extensive rife line, individualizing a restrict environment with oxigenated sedimentation conditions, between the paleohigh and the reef barrier.

Thc rocks from the Paracatu-Vazante unit were afected by a single orogenetic defomational event, during the Brasilian cycle, which reached its apex during 650 to 680 my.

This deformational event, here denominated principal deformational event (Dl), is characterized by a progressive,, heterogeneous, non-coaxial deformation, generated under simple shearing rate, as the principal deformation component in the principal defomation phase. The late ruptil phases of the deformation culminare with a pure shearing component as the principal component.

The stuctures genetated during the Dl event, show the entire deformational evolution, that begins with ductil stage deformation and ends at a ruptil stage deformation. These structures were formed progressively with the Poluo of Dl event. Although they were grouped here as distinct deformational phases, with a didatic purpose of showing the deformational process (almost all fases overlap in time and space).

The Principal deformational structure of Dl event is the regional foliation (S2), generally coincident with axial planes of isoclinal folds (B2), and the thrusts (E2), that characterize the Brasília thrust and fold belt.

The end of Dl event is marked by the F6 ruptil tectonic phase, which was generated as a consequence of the decompression of the orogene.

After the principal deformational event (Dl), the region was submitted only to epirogenetic reactivations, secondary deformations, during the Neocenozioc, which does not obliterate the principal deformation elements.

The major metamorphism, related to F2 phase, in the Paracatu region, is a low grade metamorphism of green-.xist facies, in the chlorite zone.

The simultaneous actuation of F2 defomational elements and F4 and F5 megafolds, formed the structural trap where the Morro do Ouro gold mineralization occurs.

The carbonous filonite from the Morro do Ouro facies, performed a lithostratigraphic control during the mineralization process, giving rise to a reductor environment favorable to precipitation of mineralized fluids, and probably was the principal metal source, including gold.

The metal extraction, was done probably by metamorphic fluids, that migrate through the channels formed by deformation, and precitated on chemically favorable zones (structural traps).

Therefore the Morro do Ouro deposit distiguishes itself for beeing mainly controled by deformational structures and lithostatigraphy, and subordinately by metamorphism.