UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO No 68
PAULO DE TARSO FERRO DE OLIVEIRA FORTES
[Mapa de Situação Geológica]GEOLOGIA DO DEPÓSITO AURÍFERO MINA III, CRIXÁS, GOIÁS
DATA DE DEFESA: 10/05/91
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: PROSPECÇÃO
E GEOLOGIA ECONÔMICA
ORIENTADOR: PROF. ARIPLÍNIO ANTÔNIO NILSON (UnB)
EXAMINADORES: PROF. RAUL MINAS KUYUMJIAN(UnB)
PROF. FERNANDO ROBERTO MENDES PIRES (UFRJ)
RESUMO
O depósito aurífero Mina III situa-se no "greenstone-belt"
de Crixás, Faixa Crixás, na região de contato
entre rochas metavulcânicas básicas e rochas metassedimentares.
Foram caracterizados dois domínios lito-estruturais nas
proximidades do depósito: um composto por meta-basaltos
pouco deformados e outro constituído por variados tipos
litológicos intensamente deformados.
Os meta-basaltos, de natureza toleítica, apresentam estruturas
tipo "pillow-lava" indicando inversão estratigráfica
na região e paragênese mineral de fácies epidoto-anfibolito.
No domínio de rochas mais deformadas ocorrem tipos derivados
de rochas vulcânicas básicas e sedimentares. A percolação
de fluidos de origem provavelmente metamórfica foi responsável
por processos de alteração hydrothermal retrometamórficos
formadores de paragêneses minerais de fácies xisto-verde.
Quatro fases de deformação foram identificadas na
região do depósito; a segunda fase (D2) foi responsável
pelo desenvolvimento de dobras semi-recumbentes e assimétricas
e xistosidade plano-axial. Feições como rotação
de grãos e estruturas tipo S-C indicam a atuação
de processos de cisalhamento dúctil simples.
O depósito aurífero Mina , integrante do domínio
de rochas mais deformadas, é representado por duas zonas
principais de minério. A zona superior é composta
por corpos de sulfeto maciço (arsenopirita, pirrotita e
calcopirita) associados a xistos sericíticos e rochas ricas
em ferro (clorita-granada xisto e pirrotita-magnetita-biotita
xisto), junto a rochas carbonáticas dolomíticas
e xistos clorítico-carbonáticos. A zona inferior
é representada por veio de quartzo encaixado em xistos
carbonosos.
Os xistos clorítico-carbonáticos são produto,
principalmente de cloritização e carbonatização
de rochas meta-básicas e os xistos sericíticos,
de intensa sericitização das mesmas. As rochas carbonáticas
dolomíticas têm provável origem sedimentar,
enquanto as rochas ricas em ferro e o próprio sulfeto maciço
podem ter sido derivados de rochas metassedimentares ricas em
ferro (formação ferrífera fácies silicato
e/ou óxido) ou de intensa alteração de rochas
meta-básicas. O veio de quartzo da zona inferior resultado
de intensa deposição de sílica, de origem
metamórfica, em xistos carbonosos de origem sedimentar
pelítica. Ambas as zonas mineralizadas têm origem
epigenética e estão controladas estruturalmente
por lineação associada ao eixo das dobras geradas
durante a segunda fase de deformação.
O metassomatismo, associado a percolação dos fluidos
hidrotermais, é evidenciado pela mobilidade de Na, Rb e
Sr na maioria das rochas. A relativa imobilidade de Ti, Zr e Y
permitiu que anfibólio xistos e xistos clorítico-carbonáticos
fossem associados a rochas meta-basálticas. Os xistos sericíticos
são caracterizados pelo enriquecimento em K e Ti, principalmente,
e as rochas ricas em ferro, pela de introdução de
S e As.
A associação do ouro com minerais de sulfetos, silicatos
e óxidos sugere deposição em vários
estágios. Dados preliminares de inclusões fluidas
da zona superior sugerem que o transporte de ouro tenha sido através
de complexos de cloretos e, principalmente, tio-complexos, com
importante participação de arsênio.
UNIVERSITY OF BRASILIA- INSTITUTE OF GEOSCIENCES
MSc THESIS No 68
PAULO DE TARSO FERRO DE OLIVEIRA FORTES
GEOLOGY OF THE MINA III GOLD DEPOSIT, CRIXÁS, GOIÁS STATE-BRAZIL[Geological Situation Map]
DATE OF ORAL PRESENTATION: 10/05/91
TOPIC OF THE THESIS: PROSPECTION AND ECONOMIC GEOLOGY
SUPERVISOR: PROF. ARIPLÍNIO ANTÔNIO NILSON (UnB)
COMMITTEE MEMBERS: PROF. RAUL MINAS KUYUMJIAN(UnB)
PROF. FERNANDO ROBERTO MENDES PIRES (UFRJ)
ABSTRACT
The Mina gold deposit is situate in the Crixás Greenstone
Belt, near the contact between meta-volcanic basic rocks and metasedimentary
rocks.
Two litho-structural domains were characterized close to the deposit:
one consists of weakly deformed meta-basalts and the other of
several intensely deformed lithological types.
The meta-basalts are tholeiitic, display pillow-lava structures
that indicate stratigraphic inversion in the region and have a
mineral paragenesis of epidote-amphibolite facies.
The intensely deformed rocks are derived from basic volcanic and
sedimentary rocks. Percolation of fluids, probably of metamorphic
origin, caused retrometamorphic hydrothermal alteration processes
which produced mineral parageneses of greenschist facies.
Four deformational phases were identified: the second one (D2)
was responsible for the development of semi-recumbent, asymmetric
folds and axial-plane schistosity. Grain rotation and S-C structures
suggest ductile simple shear.
The Mina gold deposit deformed rocks and consists of two main
ore zones. The upper ore zone is represented by massive sulphide
bodies (arsenopyrite, pyrrhotite, calcopyrite) associated with
sericitic schists and ferriferous rocks (chlorite-garnet schists
and pyrrhotite-magnetite-biotite schist) within dolomite carbonatic
rocks and chloritic-carbonatic schists. The lower ore zone is
represented by a schistosity-concordant quartz vein in carbonaceous
schists.
Chloritic-carbonatic schists and sericitic schists resulted from
chloritization and carbonatization and from intense sericitization
of meta-basic rocks respectively. Dolomite carbonatic rocks are
probably of sedimentary origin, while ferriferous schists and
massive sulphide bodies may have originated from ferriferous metasedmentary
rocks (silicate and/or oxide iron formation) or from intense alteration
of meta-basic rocks. Quartz vein of the lower ore zone resulted
from intense deposition of metamorphically derived silica in carbonaceous
pelites. Both ore zones are structurally controlled by a lineation
associated with the axis of folds generated during the second
phase of deformation.
Metasomatism, related to the percolation of hydrothermal fluids
is evidenced by mobility of Na, Sr and Rb in almost all rock types.
Relative immobility of Ti, Zr and Y allowed amphibole schists
and chloritic-carbonatic schists to be genetically linked to the
meta-basaltic rocks. Sericitic schist are characterized by enrichment
in Ti e K and ferriferous rocks by introduction of S and As.
The association of gold with sulphides, silicates and oxides suggests
multi-stage deposition. Preliminary fluid inclusions data from
the upper ore zone suggest gold transport by chloride complexes
and especially, thio-complexes, with participation of arsenium.