UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO No 70
LUIZ FERNANDO MAGALHÃESCINTURÃO DE CISALHAMENTO DE EMPURRÃO CÓRREGO GERAL - MEIA PATACA: GEOLOGIA, DEFORMAÇÃO, ALTERAÇÃO HIDROTERMAL E MINERALIZAÇÕES AURÍFERAS ASSOCIADAS (CRIXÁS, GOIÁS)DATA DE DEFESA: 20/12/91
RESUMO
O cinturão de Cisalhamento de Empurrão Córrego Geral-Meia Pataca constitui uma feição descrita e caracterizada na parte norte do "Greenstone Belt" de Crixás-Faixa Crixás, envolvendo estratos de rochas correspondentes às Formações Rio Vermelhos e Ribeirão D'Antas do Grupo Pilar de Goiás.
As rochas descritas apresentam, como protólitos, composição mineral e química de vulcânica básica (metabasaltos toleíticos ) e sedimentos imaturos (metagrauvacas). De forma semelhante, nos demais litótipos que ocorrem na área, são observadas, ainda, feições de deformação de cisalhamento e alteração hidrotermal associadas.
Como conseqüência da deformação e alteração hidrotermal as paragêneses minerais metamórficas indicam uma relação espacial de fácies correspondentes ao metamorfismo regional (epidoto anfibolito e xisto verde) com retrometamorfismo (xisto verde) e metamorfismo progressivo (epidoto anfibolito).
O Cinturão de Cisalhamento de Empurrão está relacionado ao desenvolvimento da fase de deformação D2 sobre uma superfície anterior, S1, sendo mais tarde moderadamente deformada por uma fase mais tardia, D3. A fase D2 é representada por uma deformação de cisalhamento simples, de caráter dúctil-frágil, caracterizada por uma foliação milonítica (S2) e por uma lineação de estiramento (Lx2). O comportamento dessas feições evidencia a existência de dois domínios estruturais interpretados como rampa frontal e rampa lateral oblíqua. Na rampa frontal o desenvolvimento de mais de um plano de empurrão produziu fatias, cuja seqüência de imbricamento é definida preliminarmente como "overstep". A lineação de estiramento Lx2 e outras feições de cisalhamento mostram que a vergência do transporte tectônico em D2 foi de oeste para leste.
Associados às fases de deformação são descritos dois eventos de alteração hidrotermal. O primeiro, relacionado à fase D1, tem como reação predominante a carbonatação e subordinadamente sericitização, silicificação e Fe-metassomatismo. O segundo, associado a D2, tem como reação predominante a sericitazação, acompanhada de sulfetização, precipitação de CH4 como matéria carbonosa e deposição de ouro. Essas reações resultaram nos litótipos que constituem, respectivamente, as Unidade B e C atribuídas à Formação Rio Vermelho, e em intensa mobilidade de elementos químicos a partir do protólito.
A mineração de ouro, responsável pelas importantes
concentrações minerais econômicas que ocorrem
na área, encontra-se confinada a faixas de maior intensidade
de deformação, correspondentes às falhas
de empurrão, e suas estruturas subsidiárias. As
rochas hospedeiras do ouro são sericita milonito e milonito-ultramilonito
carbonosos. Os corpos de minério estão orientados
segundo ou próximo à direção de estiramento
Lx2, ou dobrados com o eixo paralelo ou próximo à
essa lineação. O ouro ocorre associado a arsenopirita,
pirrotita, ilmenita e calcopirita. Esta mineralização
é admitida como epigenética, relacionada à
fase de deformação D2 e ao segundo evento de alteração
hidrotermal (sericitização).
UNIVERSITY OF BRASILIA- INSTITUTE OF GEOSCIENCES
MSc THESIS No 70
LUIZ FERNANDO MAGALHÃES
THE CÓRREGO GERAL-MEIA
PATACA THRUST SHEAR BELT: GEOLOGY, DEFORMATION, HYDROTHERMAL ALTERATION
AND ASSOCIATED GOLD MINERALIZATIONS, CRIXÁS, GOIÁS
STATE-BRAZIL
DATE OF ORAL PRESENTATION: 20/12/91
TOPIC OF THE THESIS: PROSPECTION AND ECONOMIC GEOLOGY
SUPERVISOR: PROF. ARIPLÍNIO ANTÔNIO NILSON (UnB)
COMMITTEE MEMBERS: PROF. RAUL MINAS KUYUMJIAN (UnB)
PROF. EDUARDO ANTÔNIO LADEIRA (UFMG)
ABSTRACT
The Córrego Geral-Meia Pataca Thrust Shear Belt is an important feature of the northern part of the Crixás Greenstone Belt-Crixás Segment. Is involves rock units correspoding to Rio Vermelho and Riveirão das Antas formations (Pilar de Goiás Group).
These rocks exibit mineral and chemical composition of basic volcanics (tholeiitic metabasalts) and immature sediments (metagraywackes) as well as deformation and hydrothermal alteration, metamorphic features in the chloritic, carbonitic, sericitic and mylonitic lithotypes.
As a consequence of deformation and hydrothermal altereation, metamorphic mineral parageneses show spatial juxtaposition of facies corresponding to regional metamorphism (epidoto amphibolite and greenschist facies) with retrogressive (greenschist facies) and dynamic progressive metamorphism (epidote amphibolite facies).
The Thrust Shear Belt is related to the development of the second deformation phase (D2) upon a pre-existing S1 surface which is subsequently deformed by a later deformation phase D3. Phase D2 is represented by simple shear, brittle-ductile deformation yielding mylonitic foliation (S2) and stretch lineation (Lx2). These features suggest the existence of two structural domains, namely a frontal ramp and an oblique-lateral ramp. The development of more than one thrust plane resulted in thrust slices in an imbricate sequence of overstep type. The stretch lineation (Lx2) and other thrust features suggest tectonic transport from west to east, during D2.
Two hydrothermal alteration events are described in association with different deformation phases. The first alteration event is related to D1 and consists chiefly of carbonation and subordinate sericitization, silicification and Fe-metasomatism. The second one is associated with D2 and is represented by sericitization accompanied by sulphidization, with CH4 (as carbonaceous matter) and gold precipitation. These reactions yielded lithotypes corresponding to units B and C, respectively, as well as significant chemical mobility of several elements.
Gold mineralization is responsible for the most important economic metal concentration in the region. It is hosted in sericite mylonite and carbonaceous mylonite-ultramulonite. Orebodies are oriented parallel or subparallel to the direction of stretching (Lx2) or are folded, the fold axes being oriented close to the same lineation.. Gold is associated with arsenopyrite, pyrrhotite, pyrite, ilmenite and chalcopyrite. Mineralization is considered epigenetic, being related to the second deformation phase (D2) and second hydrothermal alteration event (sericitization) when metamorphic conditions were of epidote amphibolite facies, corresponding to the metamorphic to the metamorphic peak in the region.