UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO No 79
ADALENE MOREIRA DA SILVAGEOLOGIA E PETROQUÍMICA DOS ENXAMES DE DIQUES MÁFICOS DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO E ESPINHAÇO MERIDIONAL, MGDATA DE DEFESA: 25/09/92
RESUMO
No Quadrilátero Ferrífero (QF) e Espinhaço
Meridional (EM), porção sudeste do estado de Minas
Gerais, podem ser evidenciadas quatro eventos geradores de diques
máficos, os quais seccionam as supracrustais Minas e Espinhaço,
cada um deles com feições estruturais, petrográricas
e geoquímicas próprias.
O mais antigo e não muito expressivo, de idade
em torno de 1,7-1,5 Ga (K/Ar), ocorre na forma de diques e sills
deformados, metamorfisados de direção NS, com espessura
aparente centimétrica a métrica. Constituem uma
associação de quartzo-clorita xistos e quartzo-sericita
xistos, de cor verde clara a acinzentada, granulação
fina, compostos de clorita e/ou sericita, quartzo, ilmenita e
traços de plagioclásio (An3-25). Os padrões
de ETR mostram um enriquecimento em ETRL [(La/Sm)N
= 3,68] e um empobrecimento em ETRP [(Dy/Yb)N = 0,82].
As relações de campo obtidas indicam que este evento
estaria relacionado a abertura da bacia Espinhaço, visto
que nesta região os diques máficos encontrados seccionam,
somente, a seção sin-rift da bacia citada.
O segundo evento de idade U/Pb em torno de 906 Ma é
representado por vulcanismo máfico na forma de diques,
sills, stocks, plugs, lacólitos e lopólitos,
com dimensões que variam de métricas a quilométricas,
e direções preferenciais NW e NE. Encontram-se deformados,
com a textura ígnea parcialmente preservada, excetuando
zonas de baixa magnitude de deformação, onde, somente,
as bordas se encontram foliadas. São metagabros constituídos
por plagioclásio (An3-52,5), augita, ilmenita
e traços de apatita e quartzo. Esse conjunto, muitas vezes,
está transformado em um agregado de tremolita-actinolita
ou hornblenda e zoisita/clinozoisita. Os padrões de ETR
mostram um enriquecimento relativo em ETRL e ETRP [(La/Sm)N
= 1,34 a 2,2 e (Dy/Yb)N = 1,36 a 1,85], além
de uma pequena anomalia negativa de curópio. A origem deste
magmatismo está ligada aos estágios iniciais do
ciclo Panafricano/Brasiliano.
O terceiro enxame de diques e idade mínima de 655
Ma (207Pb/ 206Pb, 4,5% de discordância)
possui espessura métrica, direção preferencial
NS, textura ígnea preservada e pouco a nenhum índicio
de deformação. Os diques constituem gabros compostos
de plagiocláslo (An56,5), augita, ilmenita,
quartzo vermicular e traços de badeleíta. O padrão
de ETR mostra um forte enriquecimento em ETRL e um pequeno enriquecimento
em ETRP [(La/Sm)N = 6,39 e (Dy/Yb)N = 1,29].
Tais diques podem ter sua origem relacionada aos estágios
finais do ciclo Brasiliano, mas os dados ainda não são
conclusivos.
O quarto evento, de idade em torno de 120 Ma aflora na
forma de diques decimétricos a métricos, de direções
NS, EW, NNV e NE, não apresentando deformação
e metamorfismo. Seccionam todas as estruturas precambrianas e
possuem a textura totalmente preservada. Constituem diabásios
e basaltos com plagioclásio (An60,05), augita
e magnetita. O padrão de ETR mostra um enriquecimento em
ETRL e um pequcno em ETRP [(La/Sm)N = 2,53 e (Dy/Yb)N
= 1,47]. Apresentam uma idade de 120 Ma (K/Ar, RT). A origem destes
diques está relacionada à fragmentação
do Supercontinente Gondwana.
Os diques metamorfisados apresentam assembléias
mineralógicas características de fácies xisto
verde, e a variação na composição
química dos minerais plagioclásio e anfibolito está
intimamente relacionada com a variação na magnitude
de deformação.
O estudo da variação da composição
química de rochas representativas dos diques máficos
estudados evidenciou que, pelo menos naqueles pouco ou não
deformados, o quimismo original está preservado. Os diques
máficos apresentam caráter subalcalino, filiação
toleítica, com accntuado enriquecimento em ferro, e a afinidade
química com basaltos intra-placa continental.
Avariação nas concentrações
de elementos traços incompaitíveis, em cada enxame
ou entre os enxames de diques máficos da porção
sudeste de Minas Gerais, requerem fontes mantélicas heterogêneas.
O enriquecimento em elementos traço incompatíveis
em alguns dos enxames estudados podem ter resultado de processos
de contaminação crustal.
UNIVERSITY OF BRASILIA- INSTITUTE OF GEOSCIENCES
MSc THESIS No 79
ADALENE MOREIRA DA SILVA
GEOLOGY AND PETROCHEMISTRY
OF THE MAFIC DIKE SWARMS OF THE "QUADRILÁTERO FERRÍFERO"
AND OF THE "ESPINHACO MERIDIONAL
DATE OF ORAL PRESENTATION: 25/09/92
TOPIC OF THE THESIS: REGIONAL GEOLOGY
SUPERVISOR: PROF. RAUL MINAS KUYUMJIAN (UnB)
COMMITTEE MEMBERS: PROF. JOSÉ CARUSO MORESCO DANNI (UnB)
PROF. FERNANDO FLECHA ALKMIN (UFOP)
ABSTRACT
Mafic dykes are abundant in the Quadrilátero Ferrífero
and Southern Espinhaço regions of the southeastern part
of Minas Gerais state. Proterozoic and Phanerozoic dykes ranging
from 1,7 Ga to 120 Ma form at least four swarms that differ from
one another in trend, mineralogy, composition and radiometric
age.
The oldest swarm has a K-Ar age of about 1,7-1,5 Ga, trends north-south,
the dykes vary in width from centimeters to meters, and are deformed
and metamorphosed to schists composed of chlorite, sericite, quartz,
plagioclase (An5-25) and ilmenite. Their rare earth
element patterns are light-REE enriched, (La/Sm) N
=3,68, and heavy-REE depleted (Dy/Yb) N = 0,82 These
dykes (and sills also) are related to the opening of the Espinhaço
Basin.
Northwest-and northeast-trending mafic dykes have a U/Pb age of
about 906 Ma. They are commonly about ten meters wide, and they
constitute meta-gabbro composed of variably altered plagioclase
(An3-52), amphibole, epidote, ilmenite, quartz and
apatite. Although they are generally recrystallized, igneous textures
and minerals are locally preserved. The characteristic REE pattern
of this dyke swarm shows both slightly ligh-REE and heavy enrichments,
(La/Sm) N = 1.32 to 2.2 and (Dy/Yb) N =
1.36 to 1.88, respectively, and also short negative europium anomaly.
Sills, socks, plugs, laccoliths and phaccoliths with composition
similar to dykes are present in the area of study. These dykes
may be related the first stages of the Panafrican/Brasiliano event.
North-South trending Upper Proterozoic dykes have a 207Pb/206
Pb minimum age of 655 Ma on fraction of baddeleyite. They
are generally some meters wide and composed of plagioclase (An56),
augite, ilmenite, quartz and traces of baddeleyite. Their rare
earth elements patterns are strongly light-REE enriched, (La/Sm)
N = 6.39, and slightly heavy-REE enriched, (Dy/Yb)N
= 1.29. These dykes are probably related to the final stages of
the Panafrican/Brasiliano event.
North-south, east-west, northwest and northeast trending Phanerozoic
dykes are diabases and basalts composed of plagioclase (An60),
augite and magnetite. They show midly enriched light-REE, (La/Sm)N
= 2,53, and slightly enriched heavy-REE, (Dy/Yb) = 1,47. These
dykes may be related to the fragmentation of the Gondwanaland.
These mafic dykes have been metamorphosed to the greenschist facies,
and composition variations of amphiboles and plagioclases from
some dykes can be related to variations in strain.
The chemical effects associated with dyke metamorphism were studied
and it was concluded that less altered dykes display a primary
magmatic trace element chemistry.
The Quadrilátero Ferrífero and Southern Espinhaço
dykes have tholeitic affinities and they exhibit proeminent iron-enrichment.
These dykes have some traces distributions in common with continental
rift basalts. There are significant variations in incompatible
and partially compatible element abundances both within and between
dyke swarms not only is this due to heterogeneous mantle sources,
but also contamination may have affected the dykes composition.