UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO No 82
ANETE MARIA DE OLIVEIRAPETROLOGIA E GEOQUÍMICA DO COMPLEXO DE BARRO ALTO NA REGIÃO DE GOIANÉSIADATA DE DEFESA: 11/01/93
RESUMO
O Complexo de Barro Alto compreende uma associação
de rochas plutônicas, vulcânicas e sedimentares, deformadas
e metamorfizadas, de idade Pré-cambriana, distribuídas
entre dois segmentos tectonicamente articulados, um orientado
segundo nordeste-sudeste (Segmento Barro Alto-Goianésia)
e outro leste- oeste (Segmento Goianésia-Rubiataba), respectivamente
com 70 e 80 km de comprimento e largura média de 25 km,
e localizado na porção centro-norte do Estado de
Goiás Fuck et al. (1981) e Danni et al. (1984) subdividiram
o Complexo em três unidades: (a) Seqüência Serra
de Santa Bárbara, composta por rochas máfico-ultramáficas
e félsicas plutônicas e vulcano-sedimentares metamorfizadas
na fácies granulito; (b) Seqüência Serra da
Malacaheta, formada por gabros, anortositos, troctolitos e olivina
gabros metamorfisados na fácies anfibolito e,© Seqüência
de Juscelândia que constitui uma seqüência vulcanosedimentar
deformada e metamorfizada na fácies xisto verde a anfibolito.
Dados estruturais interpretados de imagens LANDSAT e de afloramentos
na área estudada indicam que o segmento leste-oeste do
Complexo foi empurrado sobre o segmento nordeste ao longo de uma
falha de empurrão de direção nordeste, a
qual corresponde a zona de articulação entre ambos
segmentos. Sugere- se, adicionalmente, que os limites meridional
e setentrional da Seqüência Serra de Santa Bárbara
bem como as falhas de direção leste-oeste que cortam
a unidade são rampas laterais do sistema de empurrões,
com quem as paragêneses de fácies granulito estão
mais comumente associadas. O principal objetivo do estudo fisa
a descrição e interpretação dos aspectos
petrográficos, estratigráficos, petroquimicos e
de potencialidade para Elementos do Grupo da Platina (EGP) de
uma porção das rochas máfico-ultramáficas
plutônicas da Seqüência Serra de Santa Bárbara,
de uma área com aproximadamente 550 km2 do Segmento
Goianésia-Rubiataba, situada a norte da cidade de Goianésia.
Na área estudada, os termos ultramáficos são
meta-ortopiroxenitos, meta-websteritos e metapiroxenitos feldspáticos,
enquanto os máficos são metagabronoritos, metanoritos
e meta-anortositos. A organização estratigráfica
destas rochas compreende, da base para o topo, em uma Zona de
Tectonitos Basais composta por ultramilonitos e milonitos básicos,
e uma Zona Máfica Acamadada, subdividida em seis unidades
cíclicas caracterizadas por uma unidade basal de metapiroxenitos
sotopostas por uma de metagabro-noritos/noritos, por vezes, seguida
de uma unidade de meta-anortositos, reunidas sob a denominação
de Série Goianésia. Xenólitos de rochas supracrustais,
autólitos e corpos félsicos granulitizados são
frequentes na Zona Máfica Acamadada. Em mapa, os diferentes
litotipos se organizam na forma de estratos contínuos e
preservam texturas ígneas de rochas acumuladas em muito
semelhantes a intrusões estratiformes. Dados químicos
de concentrações de Elementos Maiores, Menores,
Traços, Elementos de Terras Raras (ETR) e de alguns elementos
incompatíveis das rochas máfico-ultramáficas
da área mostram que cada unidade cíclica se formou
pela cristalização fracionada de um magma toleítico,
que foi interrompida pela entrada de novo magma da unidade cíclica
subseqüente. Os magmas de cada unidade se assemelham pela
composição toleítica alto ferro e titânio,
com baixas concentrações em álcalis. Os padrões
de ETR são levemente enriquecidos em TRL, com e sem anomalia
de Eu. As diferentes concentrações de ETR e incompatíveis
indicam fontes mantélicas distintas para cada unidade cíclica
e, provável contaminação magmática,
mas a semelhança nos padrões obtidos sugerem uma
mesma fonte que sofreu múltiplas diferenciações.
A maioria dos teores de EGP está abaixo dos limites de
detec;cão. Amostras mais ricas mostram que estes metais
possuem uma distribuição errática e sua comparação
com depósitos mundialmente conhecidos sugere que um estudo
pormenorizado é necessário para uma melhor avaliação
da potencialidade econômica da área. Os padrões
obtidos para os EGP e as concentrações e padrões
dos ETR e incompatíveis estão de acordo com aquelas
de intrusões estratiformes em crosta siálica. Uma
comparação entre os dados petrográficos,
estratigráficos e petroquímicos da área estudada
com complexos estratiformes e ofiolíticos conhecidos da
literatura corroboram o modelo de intrusão acamadada.
UNIVERSITY OF BRASILIA- INSTITUTE OF GEOSCIENCES
MSc THESIS No 82
ANETE MARIA DE OLIVEIRA
PETROLOGY AND GEOCHEMISTRY
OF THE BARRO ALTO COMPLEX IN THE GOIANÉSIA REGION
DATE OF ORAL PRESENTATION: 11/01/93
TOPIC OF THE THESIS: PROSPECTION AND ECONOMIC GEOLOGY
SUPERVISOR: PROF. HARDY JOST (UnB)
COMMITTEE MEMBERS: PROF. REINHARDT ADOLFO FUCK (UnB)
PROF. VICENTE ANTÔNIO VITORIO GIRARDI (USP)
ABSTRACT
The Barro Alto Complex consist of a Precambrian, deformed and metamorphosed plutonic, volcanic and sedimentary rocks assemblange organized in a boumerang-shaped body approximately 150 km long and 25 km wide and is located in the central-north portion of the State of Goiás, Brazil. The shape of the Complex is given by an easterly northeast trending segment which articulate with a westerly east-west trending segment in its southern extremity. The study area is located in the east-west trending segment, close to the articulation. Fuck et al. (I 98 I) and Danni et al. (I 984) subdivide the Complex into three units: (a) the Serra de Santa Bárbara Sequence, consisting of plutonic mafic-ultramafic and felsic rocks and volcano-sedimentary rocks metamorphosed under granulate facies-, (b) Serra da Malacacheta Sequence, consisting of gabbro, anorthosite, troctolite, and olivinegabbro metamorphosed under amphibolite facies, and (c) Juscelândia Sequence which consist of a volcano-sedimentary sequence deformed and metamorphosed under greenschist to amphibolite facies.
Structural data compiled from LANDSAT images and outcrops of the study area indicate that the east-west segment of the Complex was thrusted onto the northeast segment along a northeast trending fault which corresponds to the articulation between the two segments. It isfurthermore suggested that the southern and northern limits of the Serra de Santa Bárbara Sequence as well as the east-west trending faults that cut the unit are lateral ramps of the thrust system.
The aim of this study is to describe and interpret the petrographic, stratigraphic, and petrochemical features and discuss the Platinum Group Elements (PGE) potential of a portion of the mafíc-ultramafic plutonic rocks of the Serra de Santa Bárbara Sequence in an area of approximately 550 square Km situated north from the city of Goianésla. in the study area the ultramafic units are represented by meta-orthopyroxenites, meta-websterites, and feldspathic meta-pyroxenites while the mafic units consist of meta-gabbro/norites, metanorites, and anorthosltes. These rocks are stratigraphically organized, from base to top, into a Basal Tectonites Zone characterized by basic mylonites and ultramylonites, and a Layered Mafic Zone subdivided into six cyclic units each one made up by a lower metapyroxenite overlaid by metagabbronorite/norite, locally followed by a metaanorthositic unit, all grouped under the Golanésia Serles. Granulitized xenoliths of supracrustal rocks, autoliths, and felsic bodies frequently occur in the Layered Mafic Zone.
In a plain view, the different lithotypes are organized in a succession of laterally continuous layers which are in many aspects similar to stratiform intrusions and still preserving many of the original igneous cumulitic features.
Major, minor, trace, Rare Earth, and incompatible elements data
from the Layered Mafic Zone rock assemblange show that each cycle
were formed by fractional crystalization of a tholeiitic basic
magma and correspond to a new refilling of the magma chamber with
magmas of similar high-Fe and TI, and low alkalies signatures.
REE are slightly enriched in the LREE, with or without
Eu anomalies. The cycles differ in their REE and incompatible
elements concentrations indicating different mantle sources, with
possible magma contamination. The similarity between their mantle
normalized distribution suggests that a same magma source underwent
multiple differentiation.
Most samples show PGE concentrations below detection limits.
Samples with detectable amounts show erratic concentrations and
that any comparison with similar intrusions supported by PGE as
well as the evaluation of economic potential for PGE in the studied
layered sequence must be based on a more detailed study.