UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO No 83
MÁRCIA ABRAHÃO MOURAA ZONA GREISENIZADA PRINCIPAL DO MACIÇO ESTANÍFERO MANGABEIRA (GO): GEOLOGIA, PETROLOGIA E OCORRÊNCIA DE ÍNDIO (In)[Mapa de Localização] [Mapa Geológico]
DATA DE DEFESA: 26/02/93
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: GEOLOGIA ECONÔMICA
E PROSPECÇÃO
ORIENTADOR: PROF. NILSON FRANCISQUINI BOTELHO (UnB)
EXAMINADORES: PROF. RAUL MINAS KUYUMJIAN (UnB)
PROF. LAURO VALENTIM STOLL NARDI (UFRGS)
RESUMO
O Maciço Mangabeira localiza-se na Subprovíncia
Paranã, pertencente ã Província Estanífera
de Goiäs. Ele é predominantemente constituído
de um biotita granito rosa, do tipo A, de idade médio-proterozóica,
além de granitos evoluídos e greisens. A Zona Greisenizada
Principal (ZGP)_ do Maciço é composta de diferentes
fácies de granitos (granito róseo g2d; granito ã
albita e topázio; e leucogranito), greisens e de uma rocha
ã quartzo e topázio, anômala em In. As rochas
encaixantes são granitos e ultramilonitos de compoisção
granítica, provavelmente do Arqueano/Proterozóico
Inferior. A distinção entre os fácies graníticos
dá-se com base em dados petrográficos e químicos,
sendo o estudo de micas fundamental na caracterização
das rochas da ZGP, onde aqueles filossilicatos se dividem em três
grupos: A, B e C, que definem a série fengita-zinnwaldita,
somente identificada nas rochas da Subprovíncia Estan';ifera
do Paranã. As micas do grupo A, representadas por zinnwalditas,
são ricas em FeO (>8.9%), F (>6.0%), Rb, Li e Mn
e pobres em Al. As micas do grupo B são fengitas aluminosas,
com teores de FeO entre 5 e 9.5% e F, entre 0.5 e 4.5 %. Possuem
baixos conteúdos de Rb, Li e Mn e alto Al. O grupo C compreende
as micas não classificadas dentro dos grupos A e B. Sào
as fengitas litiníferas, com teores de F, FeO, Mn, Al,
Li e Rb intermediários entre os daqueles dois grupos. O
granito g2d, róseo, equigranular médio, possui fengita
aluminosa e representa o fácies menos evoluído da
família de granitos g2 na ZGP. Quimicamente, caracteriza-se
por ser pobre em F, Li, FeO, Al2O3, Rb, Zn e Sn, e por ter altos
teores de Ba e Sr. Seu padrão de terras raras é
plano, com uma acentuada anomalia negativa de Eu. O granito ã
albita e topázio (GAT), equivalente aos topázio
- Li-mica granitos, contém fengita litinífera e/ou
zinnwaldita e é rico em topázio, que pode ocorrer
como grãos grandes ou sob a forma de diminutas inclusões
em albita. Ele derivou do granito g2d por diferenciaçã
magmática e seus teores de F, Li, FeO, Al2o2 , Rb, Zn,
Sn e Ta são mais elevados que os daquele granito. Possui,
ainda, teores mais baixos de Ba e Sr e seus padrões de
terras raras denotam um empobrecimento em terras raras pesadas.
O GAT e o granito g2d foram submetidos a um forte metassomatismo
de percolação, que os transformou em granitos greissenizados
e albitizados e em greisens. Posteriormente, durante o ciclo Brasiliano,
as rochas da ZGP foram submetidas a cisalhamento. O greisen originado
a partir do granito g2d contém fengita aluminosa na sua
moda, enquanto a mica do greisen do GAT é a zinnwaldita.
O leocogranito (LGR), de cor cinza, granulação média
a grossa, contém fengita aluminosa. Esse granito não
apresenta características típicas da série
g2 ou g1 e ainda é pouco conhecido. A rocha ~quartzo e
topázio (RQT), semelhante aos topazitos, ocorre associada
ao GAT. Ela é composta de quartzo, topázio (como
grãos grandes ou incluso em quartzo ou topázio),
zinnwaldita, arsenopirita e cassiterita, além de poder
conter escorodita, esfalerita, wolframita, löllingita, calcopirita,
bismutinita, galena, estanita, tennantita, yanomamita (InAsO4.
2H2O) e diversos arseniatos: de Sn, U, Ba, K, Pb ou Bi. Quimicamente,
caracteriza-se por conter elevados teores de SiO2, Al2O3, F e
Cu e baixosw teores de Na2O, K2O, Rb, Ba, Sr e Li. Seus padrões
de terras raras são semelhantes aos do g2d. Os processos
tardi/pós-magmáticos que afetaram as rochas da ZGP
provocaram a mobilidade de diversos elementos. Houve aumento de
FeO, MnO, F, Zn, Li, Rb, Be, Sn, W, SiO2, Al2O3, Fe2O3, P2O5,
CaO, Y e Zr durante as transformações dos granitos;
K2O, MgO, Ba, Sr, Cu, TiO2, Na2O e Nb foram ora adicionados ao
sistema ora dele retirados; e Ta e Th foram pouco móveis.
Dentre as terras raras do granito g2d, apenas o Gd, Dy, Ho e Er
foram pouco móveis, sendo que o Gd apresentou mobilidade
praticamente núla. Teores anômalos de In foram obtidos
na RQT, os quais podem chegar a 0,4%. O elemento concentra-se
na escorodita, esfalerita, cassiterita e estanita, bem como nos
dois minerais de In identificados, yanomamita e rosquesita (CuInS2).
A yanomamita ocorre sempre associada ã escorodita, o que
sugere a existência de solução sólida
entre aqueles minerais, ao passo que a roquesita está intercrescida
com a esfalerita, com quem possivelmente forma uma solução
sólida. Esta relação foi anteriormente sugerida
na leiteratura jamais havia sido observada.
UNIVERSITY OF BRASILIA- INSTITUTE OF GEOSCIENCES
MSc THESIS No 83
MÁRCIA ABRAHÃO
MOURA
THE MAIN GREISEN OF THE
MANGABEIRA TIN-BEARING MASSIF, GOIÁS STATE-BRAZIL: GEOLOGY,
PETROLOGY AND INDIUM (In) OCCURRENCE
[Location Map]
[Geological Map]
DATE OF ORAL PRESENTATION: 26/02/93
TOPIC OF THE THESIS: PROSPECTION AND ECONOMIC GEOLOGY
SUPERVISOR: PROF. NILSON FRANCISQUINI BOTELHO (UnB)
COMMITTEE MEMBERS: PROF. RAUL MINAS KUYUMJIAN (UnB)
PROF. LAURO VALENTIM STOLL NARDI (UFRGS)
ABSTRACT
The Mangabeira Massif is located at the Paranã Subprovince,
which belongs to the Goiás Tin Province. It is constituted
of an A-type mid-Proterozoic biotite granite, evolved granites
and greisens.
The Main Greisenized Zone (ZGP) is composed of different granite
facies (a purple granite, g2d; albite and topaz granite; and leucogranite),
greisens and of a quartz-topaz rock, with anomalous indium contents.
The country rocks are granites and ultramylonites of granitic
composition, probably of Arquean/low-Proterozoic age. Micas are
important in the characterization of each facies and comprise
three groups: A) zinnwaldite, B) aluminous phengite, and C) lithium
phengite. These groups define a phengite-zinnwaldite series, so
far only described in the Paranã Subprovince rocks.
The g2d granite contains aluminous phengite and represents the
less evolved granitic facies of the g2 family. It has low F, Li,
FeO, A'203, Rb, Zn and Sn and high Ba and Sr contents, when compared
to the other-ZGP rocks. It has a flat REE pattern with strong
negative Eu anomaly.
The albite and topaz granite (GAT) a similar to topaz - Limica
granites known elsewhere, contains lithium phengite or zinnwaldite
in its modal composition. It is rich in topaz, which can occur
either as large grains or as small euhedral inclusions
in albite crystals. The GAT has derived from the g2d granite by
magmatic differentiation and is richer in F, Li, FeO, A'203, Rb,
Zn, Sn and Ta than g2d. It also has lower Ba and Sr contents and
a REE pattern showing depletion in heavy rare earth elements.
Both g2d and GAT underwent a strong infiltration metassomatism,
which transformed them in albitized and greisenized granites and
greisens. Later on, during the Brasiliano cycle, the ZGP rocks
were affected by shearing.
The g2d. greisen has aluminous phengite, while that formed by
the GAT transformation contains zinnwaldite.
The leucogranite (LGR) , gray, medium to gross grained, contains
aluminous phengite. This granite cannot be classified neither
as taking part of the g2 family nor of g1, and is yet poor
known.
The quartz-topaz rocks occur together with the GAT and look like
topazites. The rocks are mainly composed of quartz, topaz (as
large grains or as small inclusions in quartz and topaz), zinnwaldite,
arsenopyrite and cassiterite, but can also contain scorodite,
sphalerite, wolframite, loellingite, chalcopyrite, bismutinite,
galena, stannite, tennantite and hydrated arsenates: Sn, U, Ba,
K, Pb and Bi arsenates. Geochemically, the RQT is characterized
by having. low Na2O, K2O, Rb, Ba,
Sr and Li, and high Si02, Al203,
F and Cu. Its REE pattern is similar to those obtained for the
g2d granite.
The late/pos-magmatic processes that affected the ZGP rocks caused
the mobility of many elements. FeO, MnO, F, Zn, Li, Rb-,
Be, Sn, W, SiO2, Al203, Fe2O3,
P2O5, CaO, Y and Zr were gained during
the transformations, while Ta and Th behaved as less mobile elements.
Other elements were sometimes gained and sometimes lost during
the processes. Analysed REE had different degrees of mobility.
The LREE, Yb and Lu were much mobile and Gd, Dy, Ho and
Er had low mobility, being Gd the less mobile REE.
Anomalous In contents were found in the RQT (up to O.4%), which
are the highest indium contents in rock ever described. The main
In carrier is scorodite, averaging 2-6In and being widespread
in RQT. Other important In carriers are cassiterite, sphalerite
and stannite. Two In minerals were identified during the present
study: yanomamite, an hydrated arsenate of In (InAsO4.2H2O)
and roquesite, an indium-copper sulfide (CuInS2) .
The first one is always related to scorodite (FeAsO4.2H2O)
, suggesting a solid-solution between them. Roquesite is intergrown
with sphalerite, possibily forming a solid-solution with it.