UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO No 101
MARCO ANTÔNIO MARQUEZ GODOY
CARACTERIZAÇÃO MINERALÓGICA DO MINÉRIO, CONCENTRADO E REJEITO DA FLOTAÇÃO DA MINA SÃO BENTO (MG)DATA DA DEFESA: 29/05/95
RESUMO
O depósito da mina São Bento (Santa Bárbara,
MG) está hospedado na porção média
do Quadrilátero Ferrífero (latu sensu), na Formação
Ferrífera São Bento, constituída essencialmente
por um BIF na forma de finas camadas que variam em composição
entre fácies óxido, carbonato silicato e sulfeto,
sendo que os sulfetos normalmente apresentam-se como veios de
tamanho variável levemente discordantes com o BIF. Mineralogicamente
o depósito está constituído por arsenopirita,
pirrotita, pirita, calcopirita, esfalerita, galena, ouro, magnetita,
ilmenita, didderita, ankerita, calcita, quartzo, clorita, estilpnomelano
e muscovita. A arsenopirita (Fe1.01As0.99S1.00
- Fe1.00As0.82S1.18) com hábito principalmente losangular, apresenta
zonação com o núcleo claramente definido
ao microscópio petrográfico. Este núcleo
apresenta uma razão As/S diminuindo do centro para os seus
limite, características de ambientes ricos em As. A borda
possui mudanças rítmicas na razão As/S, com
uma tendência à estequiometria do limite com o núcleo
para os locais mais externos do cristal, com razão AS/S
aumentando, típica de ambientes com alta fugacidade de
S. A zonação evidencia pelo menos duas gerações
distintas de arsenopirita. A pirrotita (Fe0.91S1.09 - Fe0.96S1.04)
apresenta-se principalmente como massas anedrais, algumas
vezes alongadas e orientadas, com evidências claras de remobilização.
Existe uma mistura das fases monoclínicas e hexagonal,
variando, segundo o método de difratometria de raios-X,
entre 50% a quase 100% de pirrotita hexagonal. Foram claramente
diferenciadas duas fases de pirita no depósito, sendo que
as inclusas na arsenopiritas apresentam-se enriquecidas em As,
no entanto que os cristais cúbicos euedrais e subedrais
são empobrecidos. O ouro livre têm várias
formas de ocorrência: como pequenas inclusões na
arsenopirita ou na pirita, acompanhando às vezes por outras
fases minerais (principalmente pirrotita e minerais da ganga);
como inclusões maiores na pirrotita, freqüentemente
em contato com arsenopirita; menos comumente na interface entre
minerais; preenchendo fraturas, associado a sulfetos ou não;
raramente, incluso na esfalerita ou em minerais da ganga; e preenchendo
cavidades na arsenopirita, associado à galena, esfalerita,
calcopirita e pirrotita. Apresentam-se bastante enriquecidos em
Ag (20-45 % atômica de Ag), caracterizando o mineral electrum.
O ouro "invisível" foi evidenciado mediante as
análise de microssonda eletrônica nos sulfetos (arsenopirita,
pirrotita, calcopirita e esfalerita), apresentando-se a arsenopirita
como o principal carregador. Não foi determinado se o Au
é estrutural ou se forma como inclusões extremamente
finas. As arsenopiritas do horizonte São Bento Pinta Bem
apresentam-se claramente enriquecidas em Au enquanto que as do
horizonte São Bento são mais empobrecidas. Análise
realizadas no Broken Heaven Laboratory, USA, utilizando a técnica
de luz síncrotron, mostraram o melhor pico para Au na arsenopirita
do horizonte São Bento Pinta Bem. Nos rejeitos foram observados
grãos de sulfeto (< 1µ até várias
dezenas de µ), totalmente irregulares e angulosos, algumas
vezes parcial ou totalmente inclusos em grãos maiores de
quartzo e carbonato. Os concentrados da flotação
são compostos por fragmentos de sulfeto e ganga com dimensões
oscilando entre algumas dezenas de microns até menores
do que 1 µ. Algumas vezes ocorrem grãos de Au em torno
de 10 µ de diametro, totalmente microinclusos em cristais
de pirita. Foram observados também grãos de carbonato
em quantidades importantes. Foram aplicados difração
de raios-X e contagem de pontos para a quantificação
dos sulfetos mais abundantes como pirrotita,arsenopirita, pirita,
esfalerita e calcopirita. É possível obter dados
confiáveis a partir da difração de raios-X,
desde que seja estabelecido o tamanho da amostra e um fator de
correção para que sua média esteja próxima
da produção real.
UNIVERSITY OF BRASILIA- INSTITUTE OF GEOSCIENCES
MSc
THESIS No 101
MARCO ANTÔNIO MARQUEZ GODOY
MINERALOGICAL CHARACTERIZATION OF ORE, CONCENTRATED ORE AND REJECT OF FLOTATION FROM THE MINA SÃO BENTO, MINAS GERAIS STATE-BRAZILDATE OF ORAL PRESENTATION: 29/05/95
ABSTRACT
The São Bento deposit (Santa Bárbara, MG) occurs
in the middle portion of the Quadrilátero Ferrífero
(latu sensu), hosted by the São Bento iron formation.
This is a BIF composed of fine layers of oxide, carbonate, silicate,
and sulfide facies. Sulfides usually form veins of variable sizes
that crosscut the BIF layering with very small angles.
The most important minerals in the deposit are: arsenopyrite,
pyrrhotite, chalcopyrite, sphalerite, galena, electrum, magnetite,
ilmenite, siderite, ankerite, calcite, quartz, chlorite, stilpnomelane,
and muscovite.
Arsenopyrite (Fe1.01As0.99S1.00
- Fe1.00As0.82S1.18)
occurs mainly as rhombus and is zoned with a clearly petrographically
defined core. This core presents As/S diminishing from center
towards its limits, which is typical of As-rich environments.
The rim shows rhythmic changes in As/S which generally increases
and tends to stoichyometry from the core limit to the most external
crystal rim. This is typical of environments with high S activity.
This zonation indicates two arsenopyrite generations.
Pyrrhotite (Fe0.91S1.09 - Fe0.96S1.04)
is clearly remobilized and occurs as aggregates of anhedral crystals,
sometimes elongated and oriented. Both monoclinic and hexagonal
structures. Occur hexagonal pyrrhotite varies from 50% to almost
100%, as determined by x-ray diffraction.
There are two pyrite generations: As-rich pyrite included
in arsenopyrite and As-poor euhedral to subhedral cubic crystals.
Gold crystals occur in many different forms: small inclusions
in arsenopyrite and pyrite, sometimes associated with pyrrhotite
and gangue minerals; large inclusions in pyrrhotite, usually in
contact with arsenopyrite; less frequently, in mineral interfaces;
in fractures, associated with sulfides or not; rarely included
in sphalerite or gangue minerals; rarely filling cavities in arsenopyrite
associated with galena, sphalerite, chalcopyrite, and pyrrhotite.
Gold contains from 20 to 50 at.% Ag, characterizing the mineral
electrum.
"Invisible" gold was found by electron microprobe
analyses mainly in arsenopyrite but also in pyrrhotite, chalcopyrite,
and sphalerite. It was not determined whether invisible gold occurs
as structurally-bonded atoms or as extremely small inclusions.
Microprobe analyses showed that the arsenopyrite from the
São Bento Pinta Bem horizon is gold-enriched while arsenopyrite
from the São Bento horizon is impoverished. Syncrotron
fluorescence analyses in arsenopyrite were carried out at Broken
Heaven Laboratory, USA, indicativy that the best gold peaks are
those from the São Bento Pinta Bem arsenopyrites, confirming
the electron probe results.
Angular and irregular sulfide grains (< 1µ up to
tens of µ) were identified in the flotation tails, partially
included in quartz and carbonate.
The flotation concentrate is composed of sulfide and gangue
fragments with dimensions varying from less than 1µ up to
some tens of microns. Gold crystals (around 10µ) occur completely
included in pyrite. Carbonate fragments may be important in the
concentrate. X-ray diffraction and point counting were used to
estimate mineral abundance, mainly sulfides. A comparison of the
two methods showed that it is possible to obtain good results
from x-ray diffraction data provided that sample size (number
of determinations) and correction factors are well defined.