UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO No 109
DÉBORA PASSOS DE ARAÚJO
METASSOMATISMO NO COMPLEXO CARBONATÍTICO CATALÃO - I, GOIÁS: IMPLICAÇÕES PARA A COMPOSIÇÃO DO MAGMA CARBONATÍTICO E PARA O METASSOMATISMO NO MANTO SUPERIORDATA DA DEFESA: 05/07/96
RESUMO
O Complexo Carbonatítico Catalão-I situa-se no sudeste
do estado de Goiás, a 15 km da cidade de Catalão
(GO). O Complexo foi intrudido no Cretáceo Superior (~
85 Ma), em metassedimentos do Grupo Araxá (Proterozóico
Superior). O corpo é formado por uma fase ultramáfica
primária, constituída por dunitos e piroxenitos,
que foram intensamente alterados para rochas flogopitíticas
e clinopiroxeníticas devido à intrusão de
múltiplas fases carbonatíticas. Uma brecha carbonatítica,
em forma de dique, corta o complexo e possui fragmentos de rocha
de vários litotipos do mesmo. A investigação
das texturas, das associações mineralógicas,
da química dos minerais (olivina, piroxênio, flogopita,
carbonato, espinélio, ilmenita, anfibólio, apatita
e feldspato potássico) e de rocha total (elementos maiores,
traços e terras raras) forneceram evidências para
o metassomatismo carbonatítico em Catalão-I, que
teria sido responsável pela transformação
de dunitos e foscoritos em flogopititos e de clinopiroxenitos
em flogopititos e clinopiroxenitos sódicos. A razão
Fet/(Fet+Mg) das flogopitas distingue os
flogopititos originados a partir de rochas à olivina (Fet/(Fet+Mg)
entre 0.02 a 0.15) daqueles derivados de rochas piroxeníticas
(0.15 a 0.48). O líquido carbonatítico em Catalão
era rico em K, Na, F, Cl, H2O e P. A assinatura química
das rochas secundárias e dos carbonatitos do complexo é
caracterizada por anomalias negativas de Ti, Rb e Sr, positiva
de Ba e pelas altas razões La/Yb.
O metassomatismo carbonatítico no manto, estudado
através dos xenólitos mantélicos, pode ser
comparado a este processo em complexos carbonatíticos crustais,
onde a assinatura química de elementos traços e
terras raras destes xenólitos é semelhante àquelas
nos complexos carbonatíticos. No manto superior, a ocorrência
de líquidos carbonatíticos enriquecidos em K tem
sido demonstrada através de dados experimentais (Thibault
et al. 1992 e Sweeney, 1994) e de inclusões fluidas
em diamantes (Schrauder e Navon, 1994). No Complexo Catalão-I,
a flogopita é o principal produto da reação
entre o líquido carbonatítico e as rochas ultramáficas
primárias. Sugere-se que reações análogas,
em assembléias peridotíticas mantélicas,
possam promover a formação de flogopita, o que tem
sido constantemente atribuída a ação metassomática
de líquidos silicáticos. O papel do K no metassomatismo
mantélico deve ser cuidadosamente avaliado, considerando
que líquidos carbonatíticos são candidatos
a agentes metassomáticos para formar assembléias
potássicas em xenólitos enriquecidos.
UNIVERSITY OF BRASILIA- INSTITUTE OF GEOSCIENCES
MSc THESIS No 109
DÉBORA PASSOS DE ARAÚJO
METASOMATISM IN THE CATALÃO I CARBONATITE COMPLEX: IMPLICATIONS FOR CARBONATITE MELT COMPOSITION AND FOR METASOMATISM IN THE UPPER MANTLEDATE OF ORAL PRESENTATION: 05/07/96
ABSTRACT
The Catalão-I Carbonatite Complex is located in the southeast
of the Goiás State, 15 Km far from Catalão city,
Goiás. The Complex was emplaced in the Upper Cretaceous
(~ 85 Ma) in metasedimentary rocks from de Araxá Group
(Upper Proterozoic). The Complex is comprised of dunites and clinopyroxenites
(primary ultramafic phases) that were strongly altered to phlogopititic
and sodian clinopyroxenitic rocks, due to multiple phases of carbonatite
intrusions. A carbonatitic breccia dike cuts the complex sampling
a varied of its lithotypes. The investigation of textures, mineralogical
associations, mineral chemistry (olivine, pyroxene, phlogopite,
carbonate, spinel, ilmenite, amphibole, apatite and potassic feldspar)
and whole-rock chemistry (major, trace and rare earth elements)
have supplied evidences for the carbonatitic metasomatism in the
Catalão-I Complex. This process was responsible for the
alteration of dunites and phoscorites to phlogopitites and of
clinopyroxenites to phlogopitites and sodian clinopyroxenites.
The phlogopite's Fet/(Fet+Mg) ratio distinguishes
phlogopitites originated after olivine-rich rocks (Fet/(Fet+Mg)
= 0.02 to 0.15) from those originated after pyroxene-rich rocks
(0.15 to 0.48). The carbonatite melt of Catalão-I is rich
in K, Na, H2O, F, Cl, and P. The chemical signature
of secondary and carbonatite rocks is characterized by Ti, Rb,
and Sr negative anomalies, by Ba positive anomaly, and by the
high La/Yb ratio.
The carbonatite metasomatism in the upper mantle, studied
through mantle xenoliths, was compared to this process in crustal
carbonatite complexes. It was found that the chemical signatures
(trace and rare earth elements) of xenoliths, that were equilibrated
with carbonatitic melts, are similar to those found in the Catalão-I
Complex. In the upper mantle, the occurrence of K-rich carbonatite
melts has been demonstrated by experimental data (Thibault et
al., 1992 and Sweeney, 1994) and by diamond fluid inclusions
(Schrauder and Navon, 1994). In the Catalão-I Complex,
phlogopite is the main product of the reaction between carbonatite
melts and ultramafic rocks. It is suggested here that similar
reactions take place in peridotitic mantle assemblages resulting
in phlogopite formation, which has been usually ascribed to metasomatism
by silicate melts. The role of K in mantle metasomatism should
be carefully evaluated since carbonatite melts may also be responsible
for potassic assemblages in enriched xenoliths.