UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO No 116
DULCE PARÍCIA OGA
ESTUDO QUÍMICO-MINERALÓGICO E IMPORTÂNCIA DAS OCORRÊNCIAS DE Sn-In DAS META-VULCÂNICAS ÁCIDAS DA REGIÃO DE PARAMIRIM/BADATA DA DEFESA: 30/01/97
RESUMO
O Grupo Rio dos Remédios compreende rochas meta-vulcânicas
ácidas a intermediárias que formam a base do Supergrupo
Espinhaço. Na área a leste da cidade de Paramirim
afloram apenas meta-riolitos, meta-riolitos alcalinos e meta-riodacitos.
As rochas são caracteristicamente porfiríticas,
com fenocristais de quartzo, feldspato potássico e plagioclásio.
Alanita, zircão, titanita, apatita, hematita e magnetita
são os minerais acessórios encontrados nas rochas
amostradas. Grandes quantidades de fengita, carbonato e ocorrências
locais de turmalina e muscovita representam os principais minerais
secundários.
Os processos metassomáticos que atuaram na área
foram a silicificação e a fengitização.
A cassiterita ocorre associada aos dois processos, tendo sido
encontrado um maior número de ocorrências associadas
à fengitização. Os cristais de cassiterita
ocorrem principalmente associados às faixas centimétricas
de fengita (ou muscovita). O estudo dos processos tardi-magmáticos
é dificultado pelo metamorfismo associado ao Ciclo Brasiliano
que atuou em toda a região.
A fengita presente nos meta-riolitos apresentou características
químicas compatíveis com uma origem metassomática.
A grande variação nos teores de titânio numa
mesma amostra não é compatível com a hipótese
de reequilíbrio metamórfico ou mesmo da formação
da fengita durante o metamorfismo.
Os meta-riolitos do Paramirim possuem uma filiação
subalcalina, com características de granitos intra-placa.
Apesar de não haver muita distinção quanto
às características petrográficas, quimicamente
as meta-vulcânicas se dividem em dois grupos distintos.
Um grupo menos evoluído, e um grupo mais evoluído,
este, com maior anomalia negativa em bário e európio.
Em relação aos processos tardi e pós-magmáticos,
os elementos maiores foram os mais atingidos pelo metassomatismo
e metamorfismo. Os elementos traços mantiveram-se quase
inalterados, havendo algumas alterações associadas
ao evento metamórfico/deformacional.
Comparando a outras sequências vulcânicas de idade
mesoproterozóica, os meta-riolitos do Paramirim são
mais evoluídos que as meta-vulcânicas do Grupo Araí,
e comparáveis aos meta-riolitos da região de Boquira
e do Espinhaço Meridional. Quimicamente, os meta-riolitos
do Paramirim são muito semelhantes à série
de granito g1 da Província Estanífera de Goiás.
O índio ocorre principalmente na cassiterita e ocasionalmente
na alanita. Teores de até 2,34% em peso de In2O3
foram encontrados em alguns cristais de cassiterita, junto a teores
de 0,34% em peso de In2O3. As imagens de
microscópio eletrônico de varredura indicam a ausência
de inclusões de minerais de índio na cassiterita,
que pudessem ser responsáveis pelos teores elevados. Através
de análises de aquecimento termo-diferencial e infra-vermelho,
foi determinada presença de CO2 nas amostras
de cassiterita com altos teores de índio.
Além da cassiterita, a alanita, presente na amostra com
cassiterita rica em índio, apresentou teores anômalos
de índio em torno de 0,16% em peso de In2O3.
A presença de alanita magmática nos meta-riolitos
do Paramirim indica uma temperatura de cristalização
num intervalo de 800 a 600°C. Os processos metassomáticos,
a partir da temperatura de formação da fengita,
ocorreram em torno de 400°C. Os estudos preliminares de inclusões
fluidas indicam uma temperatura de aprisionamento do fluido de
~200°C. Esta temperatura pode corresponder tanto a uma fase
tardia do metassomatismo, como do metamorfismo.
UNIVERSITY OF BRASILIA- INSTITUTE OF GEOSCIENCES
MSc THESIS No 116
DULCE PARÍCIA OGA
CHEMISTRY, MINERALOGY AND IMPORTANCE OF THE Sn-In OCCURRENCES OF THE ACIDS META-VOLCANIC ROCKS IN PARAMIRIM REGION, BAHIA STATEDATE OF ORAL PRESENTATION: 30/01/97
ABSTRACT
The Rio dos Remédios Group comprises acid and intermediate
meta-volcanic rocks which form the Espinhaço Supergroup
base. In the east area of the Paramirim only meta-rhyolites, alkaline
meta-rhyolites and meta-riodacites outcrop. The rocks are characteristically
porphyritic with phenocrysts of quartz, potassium feldspar and
plagioclase. Allanite, zircon, titanite, apatite, haematite and
magnetite are the accessory minerals found in the sampled rocks.
Large amount of fengite, carbonate and local occurences of tourmaline
and muscovite represent the main secondary minerals.
The metasomatic processes that acted in the area are silicification
and fengitisation. Cassiterite occurs associated with both processes,
but mostly with fengitisation. The cassiterite crystals occur
mainly associated with centimetre-wide bands of fengite (or muscovite).
The study of late-magmatic processes is difficult due to the metamorphism
associated with the Brasiliano Cycle that affected the whole region.
The chemistry of fengite from meta-rhyolites is characteristic
of a metasomatic origin. Large variation of titanium concentration
in fengite crystals from the same sample is not compatible with
the metamorphic re-equilibrium hypothesis or even due to metamorphic
formation of fengite.
The Paramirim meta-rhyolites have a sub-alkaline affiliation
with characteristics of intra-plate granites. Even though there
is not great difference in the petrographic characteristics, the
meta-volcanics are chemically divided into two distinct groups.
The most evolved group shows higher negative anomalies in barium
and europium.
Metasomatism and metamorphism mostly affected the large chemical
elements. The trace elements remained almost unchanged, except
for some change in slope associated with the metamorphic/deformational
event.
Compared to other meso-Proterozoic volcanic sequences, the
Paramirim meta-rhyolites are more evolved than the meta-volcanics
of the Araí Group and comparable with the meta-rhyolites
of the Boquira region and the Southern Espinhaço. The Paramirim
meta-rhyolites are chemically very similar to the g1-granite series
of the Goiás Stanniferous Province.
Indium occurs mainly in cassiterite and occasionally in allanite.
Zonation between 0,34 and 2,34 wt% In2O3
was found in cassiterite crystals. Scanning electron microscope
images did not show any evidence from inclusions of indium minerals
in the cassiterite. Thermo-differential heating and infra-red
analyses determined the presence of CO3 in cassiterite
with high indium concentrations.
Besides cassiterite, allanite present in the indium-rich cassiterite
sample showed anomalous indium concentration
(about 0,16 wt% In2O3).
The presence of magmatic allanite in the Paramirim meta-rhyolites
indicates a crystallisation temperature in the range of 800 to
600°C. According to the fengite formation temperature the
metasomatic processes occurred around 400°C. The preliminary
studies of fluid inclusions indicate a encapsulation temperature
around 200°C. This temperature may be related to a metasomatic
or even to a metamorphic late stage event.