UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO No 120
CARLOS NOGUEIRA DA COSTA JÚNIOR
CARACTERIZAÇÃO MINERALÓGICA DOS DIFERENTES TIPOS DE MINÉRIOS E CONCENTRADO DE FLOTAÇÃO DA MINA MORRO DO OURO, PARACATÚ-MGDATA DA DEFESA: 22/08/97
RESUMO
A Mina Morro do Ouro pertencente à Rio Paracatu
Mineração S/A, localiza-se imediatamente a norte
da cidade de Paracatu, Estado de Minas Gerais. Está inserida
na porção centro leste da faixa de dobramentos Brasíla,
mais precisamente nos filitos carbonosos da Formação
Paracatu, fácies Morro do Ouro. É de grande importância
econômica por conter um depósito de ouro gigante
com aproximadamente 300 milhões de toneladas de minério
e um teor da ordem de 0,44 gramas por tonelada, classificando-a
como a de mais baixo teor do mundo explotada economicamente.
A viabilidade econômica desse depósito
é devida principalmente à ação de
processos exógenos que atuaram na região, condicionados
aos fatores lito-estruturais, que permitiram o amplo desenvolvimento
do saprolito fino, que é o próprio minério.
Este foi dividido segundo uma classificação geometalúrgica
em sete tipos distintos (T1 a T7). Todos os dados geoquímicos
e mineralógicos mostram que o intemperismo atuante no Morro
do Ouro é imaturo, com pouca geração de caolinita
e basicamente transformação de muscovita em illita.
Após as análises e interpretações
dos diversos tipos de minério observou-se que a mineralogia,
tanto em relação aos minerais essenciais, quanto
em relação aos acessórios, é muito
semelhante entre os tipos. São compostos predominantemente
por mica branca (muscovita e illita) e quartzo, que juntos perfazem
mais de 85% da composição do minério. Os
minerais acessórios são: clorita, albita, anatásio,
siderita e caolinita. As médias de cada um deles ficam
abaixo de 5%, mostrando discretas variações entre
os tipos, mas que, quando correlacionados entre si, podem ser
bastante úteis na discriminação dos tipos.
Os minerais traço presentes são: rutilo, galena,
esfalerita, ilmenita, goethita, pirita e arsenopirita. Matéria
carbonosa pode atingir até 1%.
Os minérios T1, T2 e T3 apresentam-se com
uma mineralogia bastante similar do ponto de vista da sua composição
modal, sendo, na sua média, quase que invariante em relação
aos dois principais minerais (mica branca e quartzo). A quantidade
de minerais acessórios diminui do T1 ao T3, à exceção
do mineral anatásio. T4 é distinto, contendo uma
proporção de rocha fresca mais elevada, possuindo
maiores concentrações de albita e siderita e baixas
concentrações de clorita. De acordo com os parâmetros
estabelecidos pela geometalurgia T5 inexiste na área de
lavra atual. T6 caracteriza-se por um comportamento geometalúrgico
problemático, com baixa taxa de recuperação
metálica na planta de beneficiamento. Pelos altos valores
de illita e caolinita que contém, é o mais intemperizado,
sendo este um critério de identificação deste
tipo. T7 é pouco representativo no depósito e possui
características mineralógicas e químicas
intermediárias entre T1 e T4.
A concentração de ouro no minério
aumenta com a evolução do perfil de intemperismo
e pode dar-se na seguinte sequência:
a) T4 é o minério menos intemperizado
e com os menores teores de ouro. b) Com a evolução
do intemperismo, começam a se desestabilizar: muscovita,
siderita, albita e, certamente os sulfetos, formando principalmente
illita. Há um aumento na concentração de
ouro e a recuperação metálica é boa.
Estes são os minérios T1, T2 e T3. c) Com o avanço
do intemperismo, o processo continua concentrando ouro, mas aparecem
os argilo-minerais do grupo da caolinita e a recuperação
cai (T6).
O ouro presente nos horizontes do perfil de intemperismo
ocorre disseminado, concentrando-se principalmente nos boudins
de quartzo e no filito intemperizado, onde atinge teores de até
3,0 g/t. Mostra uma granulometria que varia de 5 a 500 micras,
com diâmetro médio dos grãos cerca de 15 micras,
raramente visível a olho nú. Normalmente contem
prata, formando uma liga metálica (electrum), com
valores médios em torno de 74% de ouro e 26% de prata (porcentagem
atômica).
O estudo mineralógico dos diversos tipos de
minério mostra a complexidade que envolve os processos
genéticos de formação de um depósito
mineral e exemplifica o papel da caracterização
de minérios como uma importante ferramenta no entendimento
das associações do minério com a ganga, para
um melhor ajuste entre geologia, planejamento, lavra e metalurgia,
na otimização e viabilização de depósitos
minerais.
UNIVERSITY OF BRASILIA- INSTITUTE OF GEOSCIENCES
MSc THESIS No 120
CARLOS NOGUEIRA DA COSTA JÚNIOR
MINERALOGICAL CHARACTERIZATION OF THE DIFFERENT ORE TYPES AND FLOTATION CONCENTRATES FROM THE MORRO DO OURO MINE, PARACATU - MGDATE OF ORAL PRESENTATION: 22/08/97
ABSTRACT
The Morro do Ouro Mine belongs to the Rio Paracatu
Mineração S/A and is located in the north side of
the Paracatu town, Minas Gerais State. It is part of the center
east portion of the Brasília Fold Belt, occurring in the
carbonaceous phyllites from the Morro do Ouro facies, Paracatu
Formation. It is economically important as it is a giant gold
deposit with 300 million tons of ore at about 0.44 g/t. It is
the lowest grade economically exploited mine in the world.
The deposit became economically exploitable due to
lithologic and structurally controlled supergenic processes which
developed a large fine-grained saprolite horizon, the ore itself.
The ore was divided in seven types according to a geometalurgical
classification (T1 to T7). Geochemical and mineralogical data
show that weathering in Morro do Ouro is not mature and is characterized
by the transformation of muscovite in illite and low kaolinite
formation.
Essential and accessory minerals are similar in all
types. They are mainly composed of white mica (muscovite and illite)
and quartz, the two adding up to 85wt% of the ore. Accessory minerals
are: chlorite, albite, anatase, siderite, and kaolinite. In average
each of these is less than 5wt% but they discriminate the ore
types. Trace minerals are: rutile, galena, sphalerite, ilmenite,
goethite, pyrite, and arsenopyrite. Carbonaceous material reaches
up to 1wt%.
T1, T2, and T3 are mineralogically very similar,
with almost identical contents white mica and quartz. Accessory
minerals diminish from T1 to T3, except anatase. T4 is distinct
as it contains the largest fresh rock contribution with higher
albite and siderite, and lower chlorite concentrations. T5 does
not exist in the present pit. T6 is characterized by a low gold
recovery in the plant and its highest illite and kaolinite contents
indicate its highest weathering degree, and are characteristic
of it. T7 has a restrict occurrence and presents mineralogical
and chemical features intermediate to T1 and T4.
Gold concentration increases with weathering and
could have evolved as follows: a) T4 is the less weathered ore
and presents the lowest gold grade; b) with evolving weathering,
siderite, albite, muscovite, and certainly sulfides, are destabilized,
forming mainly illite. Gold grade increases and gold recovery
is good. T1, T2, and T3 represent this stage; c) in a more evolved
weathering profile gold grades continue to increase but clay minerals,
mostly from the kaolinite group, are formed and gold recovery
decreases. This is represented by T6.
Gold occurs as disseminated 15 (5 to 500) grains
mainly associated to the quartz boudins and in the weathered
phyllite. Usually, it contains silver (average of 74at%Au and
26at%Ag).
The studies of the different ore types showed the
complexity of genetic processes involved in gold deposit formation
and is an example of the role of mineralogic characterization
of ores as an important tool for the comprehension of ore/gangue
association for a better adjustment of geology, planning, mining,
and metallurgy in the mineral industry.