UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO No 127
LUIZ FERNANDO WHITAKER KITAJIMA
CARACTERIZAÇÃO MINERALÓGICA E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ECONÔMICO PRELIMINARES DA MONAZITA E ALLANITA DO COMPLEXO ALCALINO DE PEIXE-TOPalavras-chave: Monazita, allanita, complexos alcalinos, geologia econômica
DATA DE DEFESA: 12/03/1998
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO:
PROSPECÇÃO E GEOLOGIA ECONÔMICA
ORIENTADOR: PROF. JOSÉ CARLOS GASPAR (UnB)
EXAMINADORES:PROF. NILSON FRANCISQUINI BOTELHO (UnB)
PROF. SILVIO ROBERTO FARIAS VLACK (USP)
RESUMO
O Complexo Alcalino de Peixe é em um corpo intrusivo de
idade Mesoproterozóica (aproximadamente 1,5 Ga) e está
em contato intrusivo com metassedimentos do Grupo Serra da Mesa,
compostos por micaxistos com granada e sillimanita. Está
geotectonicamente localizado na parte norte da Faixa Brasília.
O complexo tem formato alongado (cerca de 30x7 Km.) com seu eixo
maior orientado no sentido N-S e é constituído de
nefelina sienitos com uma borda estreita de sienitos, quartzo
sienitos e granitos. Pegmatitos sieníticos e graníticos
ocorrem dentro e fora do complexo.
Várias mineralizações (zircão, monazita,
allanita, ilmenita, coríndon, berilo) ocorrem no complexo.
As monazitas ocorrem dentro de pegmatitos sieníticos e
no horizonte de intemperismo, junto com fragmentos de quartzo,
feldspato e biotita. Apresentam-se cortadas por veios e cristais
de allanita, flúor-apatita e, possivelmente, hidróxidos
de Fe e Al. Quimicamente podem ser separadas em duas populações,
uma com alto teor de terras raras (monazitas de alto La) e pouca
substituição das terras raras nos sítios
octaédricos e do P nos sítios tetraédricos,
e outra mais pobre em terras raras leves (monazitas de baixo La),
que apresenta maior substituição química
nos seus sítios cristalinos.
Suas características químicas, em especial o conteúdo
de Th e terras raras, são semelhantes a de monazitas de
rochas alcalinas (especialmente carbonatitos), embora as monazitas
de baixo La assemelhem-se às monazitas de rochas graníticas.
Foram possivelmente formadas por cristalização direta
em um magma alcalino, com progressivo fracionamento de terras
raras, ou em magmas distintos, sendo um alcalino e o outro possivelmente
contaminado por rochas mais saturadas.
As allanitas são encontradas em monazitas, sienitos finos
a grossos e em pegmatitos graníticos. Também podem
ser encontradas no horizonte de intemperismo como mineral detrítico.
Para cada paragênese as allanitas têm características
distintas, sendo as allanitas em monazitas mais ricas em terras
raras leves e as de pegmatitos graníticos mais pobres.
As allanitas de sienito têm teores de terras raras leves
aproximadamente intermediários, mas mais próximos
das allanitas de monazitas.
As allanitas em monazitas e sienitos têm características
químicas semelhantes as de allanitas em rochas alcalinas,
enquanto as allanitas de pegmatitos graníticos são
semelhantes às allanitas de rochas graníticas de
diversas procedências.
As características texturais das allanitas em monazitas
e em sienitos, como a associação com fluorita, calcita,
etc., e em veios cortando a monazita, sugerem que estas allanitas
foram cristalizados a partir de fluídos magmáticos,
que percolaram por monazitas e formaram complexos solúveis
de terras raras com fluoretos, carbonatos, etc..
As diferenças químicas entre as allanitas de monazitas
e de sienitos é atribuída a um processo de fracionamento
das terras raras nestes fluídos hidrotermais. As características
desta associação de allanita substituindo a monazita
são semelhantes a outros exemplos estudados no mundo.
Allanitas e monazitas foram, até recentemente, objeto de
lavra no Complexo Alcalino de Peixe, por serem minerais ricos
em terras raras, além da monazita ser fonte de Th e P.
São ainda recursos potenciais (a explotação
destes minerais foi algo restrita) mas a presença de tório
nestes minerais pode causar problemas ambientais e legais (o tório
é propriedade do Estado). Além disto a infra-estrutura
(estradas e energia elétrica) é precária
e a região é distante dos centros consumidores.
UNIVERSITY OF BRASILIA- INSTITUTE OF GEOSCIENCES
MSc THESIS No 127
LUIZ FERNANDO WHITAKER KITAJIMA
MINERALOGY AND ECONOMIC POTENTIAL OF MONAZITE AND ALLANITE FROM THE RIO DO PEIXE ALKALINE COMPLEX, TOCANTINS STATE-BRAZILKeyWords: Monazite, allanite, alkaline complexes, economic geology
DATE OF ORAL PRESENTATION:12/03/1998
TOPIC OF THE THESIS: PROSPECTION AND ECONOMIC GEOLOGY
SUPERVISOR: PROF. JOSÉ CARLOS GASPAR (UnB)
COMMITTEE MEMBERS:PROF. NILSON FRANCISQUINI BOTELHO (UnB)
PROF. SILVIO ROBERTO FARIAS VLACK (USP)
ABSTRACT
The Peixe Alkaline Complex is a Mesoproterozoic (apr. 1,5 Gy)
intrusive body intruded in Serra da Mesa Group metassediments,
which is composed by garnet and sillimanite micaschists. It is
located at the northern part of Brasília Fold Belt.
The complex has a ellongated shape (aprox. 30x7 Km.) with his
longest axis oriented N-S and is constituted by nepheline syenites
mantled by a narrow strip of syenites, granites and quartz syenites.
Syenitic and granitic pegmatites occur inside and outside the
complex.
Several mineralizations (zircon, monazite, allanite, corundum,
ilmenite, beryl) occur in complex.
Monazite occurs in pegmatitic syenites and in the weathering horizon,
together with quartz, feldspar, and biotite fragments. Monazite
is crosscut by veins and crystals of allanite, fluor-apatite,
and possibly, Fe- and Al-hydroxides. Monazite is chemically divided
into two populations, one with high-light rare earth elements
(high-La monazites) with a small REE and P substitution at the
octaedral and tetraedral sites, and another population with lower
light rare earth elements contents (low-La monazites) with larger
cationic substitution on its cristalline sites.
The monazite chemical caracteristics, in special the Th and REE
contents, are similar to alkaline rocks (specially carbonatites),
but the low-La monazites resemble granite monazites. Both types
were possibly formed by direct crystalization in an alkaline magma,
with progressive REE fractioning, or in different magmas, one
being alkaline and other being possibly contaminated by silica-rich
rocks.
Allanite is found as veins in monazite, coarse to fine-grained
syenites, and in granitic pegmatites. They can be found also in
the weathering horizon as detritic mineral. Allanites have distinctive
chemical caracteristics for each paragenesis: allanite in monazite
is richer in light rare-earth elements; granitic pegmatite allanite
is poorer in light rare earth elements; syenitic allanites have
light rare earth elements concentrations intermediary to both,
nearer to allanite in monazite.
Monazitic and syenitic allanites have chemical characters similar
to alkaline-rock allanites, while the granitic pegmatite allanites
are similar to granite allanites from many procedences.
The association of monazitic and syenitic allanites with fluorite,
calcite, and biotite, and their occurrence in veins crosscutting
the monazite, suggest that those allanites were crystallized from
hydrothermal fluids that percolated monazites and formed soluble
REE complexes with fluorides, carbonates, etc.
The chemical differences among the monazitic and syenitic allanites
is attributed to a REE-fractioning process on those hydrothermal
fluids. The characteristics of those monazite and its substituting
allanite is similar to described examples around the world.
Monazites and allanites from the Peixe Alkaline Complex were mined
until recently, as a source for rare-earth elements metals, and
because monazite is also a source for Th and P. Both are still
potential resource (the mining activity was somewhat restrict)
but the presence of thorium in them can be an environment and
legal problem (thorium, according to Brazilian laws, is a State
property, a strategic material). Also the local infrastructure
(energy and roads) are very poor and distant from the consuming
centers.