UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO No 128
LUCIANA MIYAHARA TEIXEIRA
CARACTERIZAÇÃO DOS MINERAIS PORTADORES DE TERRAS RARAS EM GRANITOS DA SUB-PROVÍNCIA ESTANÍFERA PARANÃ-GOIÁSPalavras-chave: Elementos terras raras (TR), terras raras leves (ETRL), terras raras pesadas (ETRP), zircão, xenotima, torita, apatita, monazita, allanita, fluocerita
DATA DE DEFESA: 13/03/1998
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: MINERALOGIA E PETROLOGIA
ORIENTADOR: PROF. NILSON FRANCISQUINI BOTELHO (UnB)
EXAMINADORES: PROF. JOSÉ CARLOS GASPAR (UnB)
PROF. SILVIO ROBERTO FARIAS VLACK (USP)
RESUMO
Os Maciços da Pedra Branca, Mocambo, Serra do Mendes e
Soledade, pertencentes à Província Estanífera
de Goiás - Subprovíncia Paranã, possuem fácies
cujas concentrações de terras raras ultrapassam
103 a dos condritos. Nesses maciços os minerais portadores
de elementos terras raras são o zircão, xenotima,
torita, apatita, monazita, allanita, fluorita, fluocerita, fluorcarbonatos
de terras raras e uma "fase" ainda não identificada.
As rochas que constituem os maciços estudados pertencem
a duas famílias: a família de granitos g1, de tendência
alcalina a subalcalina, e a família de granitos g2, de
tendência metaluminosa a peraluminosa. As rochas da família
g1 apresentam maior conteúdo em terras raras que as rochas
da família g2, o que se reflete na maior quantidade e maior
variedade de minerais portadores de terras raras observada nas
mesmas.
A apatita, o zircão e a allanita são os principais
minerais portadores de terras raras nos fácies menos evoluídos
de ambas as famílias. A medida que se processa a evolução
magmática, observa-se o enriquecimento progressivo dos
zircões em U, Th, Y e ETR, a precipitação
de apatitas progressivamente enriquecidas em Y e ETR, juntamente
com uma diminuição no tamanho e na quantidade de
apatita e de allanita até o seu desaparecimento nos fácies
mais evoluídos, quando então ocorre a cristalização
da monazita.
Nos fácies mais evoluídos, a monazita torna-se o
principal concentrador de terras raras leves. Embora o zircão
dessas rochas seja muito enriquecido em terras raras pesadas em
algumas amostras constatou-se a presença de torita e xenotima,
que também são importantes concentradores desses
elementos.
Com exceção do zircão e, talvez da torita,
todos os outros minerais magmáticos portadores de terras
raras são destruídos pela greisenização.
No início deste processo ocorre o enriquecimento da apatita
e da torita em Y2O3 e ETR2O3 e a destruição parcial
ou total da allanita primária com a precipitação
de uma allanita secundária empobrecida em terras raras
em relação à allanita primária. Com
o prosseguimento do processo metassomático há a
destruição desses minerais e da monazita com a sua
substituição por uma mineralogia secundária
constituída por xenotima, fluorcarbonatos de terras raras,
monazita, fluocerita e fluoritas. Dentre estes, os minerais mais
comuns são os fluorcarbonatos, a monazita e a fluorita.
Embora o zircão seja resistente à greisenização
ele não é completamente imune a este processo. Observa-se
o enriquecimento do mesmo em Y2O3 e ETR2O3. A diminuição
no teor de zircônio e na quantidade de zircão entre
o granito e o greisen é decorrente tanto da destruição
parcial deste mineral durante o evento hidrotermal, quanto de
sua metamictização.
Na rocha total observa-se uma diminuição no conteúdo
de terras raras entre o granito e o greisen. Na família
g1 este processo ocorre de maneira uniforme com a manutenção
da forma dos padrões e da razão (La/Yb)N. Na família
g2 este processo provoca uma alteração no grau de
fracionamento da rocha, com um aumento na razão (La/Yb)N
entre o granito e o greisen. A diminuição no conteúdo
de terras raras entre o granito e o greisen pode ser explicado
pela lixiviação das ETR durante a greisenização
ou por um aumento no volume da rocha durante a alteração
do granito
Nos granitos greisenizados e greisens das famílias g1 e
g2 os principais concentradores de terras raras leves, responsáveis
pelo conteúdo em terras raras da rocha e pela forma do
padrão nas mesmas são os fluorcarbonatos de terras
raras e a monazita. Diferenças na razão (La/Sm)N
entre a rocha e o mineral mostram que, por ocorrerem em grandes
quantidades, minerais como o zircão, xenotima, torita e
fluorita, mesmo apresentando baixos teores de terras raras leves,
influenciam na forma do padrão de rocha na região
das terras raras leves.
O zircão, a fluorita e, quando presentes, a torita e a
xenotima, são os principais concentradores de terras raras
pesadas nessas rochas, sendo responsáveis pelo padrão
aproximadamente plano a levemente ascendente na região
das terras raras pesadas apresentado pelos greisens. Diferenças
na razão (Gd/Yb)N entre a rocha e os minerais mostram a
influência dos fluorcarbonatos de terras raras e da monazita
no padrão da rocha
UNIVERSITY OF BRASILIA- INSTITUTE OF GEOSCIENCES
MSc THESIS No 128
LUCIANA MIYAHARA TEIXEIRA
MINERALS WITH RARE EARTH IN GRANITES FROM THE PARANÃ TIN SUB-PROVINCE IN GOIÁS STATE-BRAZILKeyWords: Rare earth elements (REE), light rare earth elements (LREE), heavy rare earth elements (HREE), zircon, xenotime, thorite, apatite, monazite, allanite, fluocerite
DATE OF ORAL PRESENTATION: 3/03/1998
TOPIC OF THE THESIS: Mineralogy and Petrology
SUPERVISOR: PROF. NILSON FRANCISQUINI BOTELHO (UnB)
COMMITTEE MEMBERS: PROF. JOSÉ CARLOS GASPAR (UnB)
PROF. SILVIO ROBERTO FARIAS VLACK (USP)
ABSTRACT
The granitic massifs of Pedra Branca, Mocambo, Serra do Mendes
and Soledade, from the Goiás Tin Province, have facies
with rare earth elements (REE) concentration higher than 103 times
chondritic values. Their REE-bearing minerals are zircon, xenotime,
thorite, apatite, monazite, allanite, fluorite, fluocerite, fluorcarbonates
and a non-identified REE fase. Granitic rocks from these massifs
were recently divided in two groups, named g1 and g2. The g1 granites
have alkaline to subalkaline affinitities and the g2 group presents
aluminous to peraluminous composition. The g1 granites are richer
in REE in relation to g2 group. This high REE content reflects
the high concentration of REE-bearing minerals in the g1 group.
Allanite, apatite, and zircon are the main magmatic REE-bearing
minerals in the less evolved facies of both granitic groups. As
magmatic evolution progresses, zircon becomes enriched in U, Th,
Y and HREE and apatite in Y and LREE. In the most evolved facies,
apatite and allanite disappear and monazite becomes the dominant
LREE-bearing phase together with zircon, thorite, and xenotime
which are the main HREE-bearing minerals.
All REE-bearing minerals, except zircon and thorite, break down
during greisenization. In the early phase of this process, allanite
breaks down and apatite partially reequilibrates after a secondary
enrichment in Y and LREE. The breakdown of primary REE minerals
and the increase of the metasomatic alteration give rise to a
secondary REE-bearing assemblage composed of monazite, xenotime,
fluorite, fluorcarbonates, oxyfluorides, and fluocerite. Although
zircon remains in the greisens after greisenization, this mineral
is not completely stable during hydrothermal alteration and becomes
enriched in Y, REE, and probably H2O. The observed decreasing
in Zr and Si contents in zircons from granites and greisens is
caused by greisenization and late metamictization.
The REE content decreases from fresh granite to greisen. The REE
pattern remains unchanged from granite to greisen in g1 facies
but there is an increase in the (La/Yb)N ratio in g2 granites.
The decreasing in REE content between granite and greisen may
be explained by the depletion of REE content during greisenization
or by an increase in the rock volume during granite alteration.
LREE patterns are influenced mainly by fluorcarbonates and monazite
in greisenized granite and greisen from both g1 and g2 groups,.
Neverthless the observed difference in (La/Sm)N ratio of minerals
and rocks indicates that zircon, xenotime, thorite, and fluorite
also play a role in LREE content of the rocks. The same is observed
in the HREE patterns that are also influenced by zircon, thorite,
xenotime, and fluorite. The increase in the (Gd/Yb)N ratio of
the rocks when compared to the mean ratio observed in HREE-bearing
minerals is caused by monazite and xenotime.