UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA -
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO No 160
SAID ABDALLAH
ESTUDO DAS MINERALIZAÇÕES AURÍFERAS HOSPEDADAS NOS GRANITOS DA CABECEIRA DO RIO DOS BOIS, MARA ROSA (GO).
Palavras-chave: granitos, ouro, alterações hidrotermais, arco-magmático, zona de cisalhamento
DATA DE DEFESA:07/12/2001
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: PROSPECÇÃO E GEOLOGIA ECONÔMICA
ORIENTADOR: PROF. NILSON FRANCISQUINI BOTELHO (UnB)
EXAMINADORES: Prof. Francisco Egídio Pinho(UFMT); Prof. Claudinei Gouveia de Oliveira(UnB)
RESUMO
Os corpos graníticos do Mundinho, Viúva e São Jorge, situados no município de Mara Rosa, noroeste do Estado de Goiás, e aqui denominados genericamente de Granitos da Cabeceira do Rio dos Bois, alojam uma série de pequenos depósitos de ouro. Sob o aspecto da geologia regional, estas rochas enquadram-se no contacto do arco magmático neoproterozóico de Mara Rosa-Amaralina, intrusivas na Sequência Vulcano-sedimentar de Mara Rosa. A classificação petroquímica destes granitos indica composição granodiorítica a tonalítica, apresentando características predominantemente peraluminosas, mas também metaluminosas. Estudos de litogeoquímica mostraram valores semelhantes de razões MgO/TiO2, sugerindo um “trend” evolutivo para estes granitos, considerando-se que ambos elementos foram praticamente imóveis. De modo geral, são granitos pouco fracionados com aspectos predominantes de tipo I. Em termos de ambiente tectônico, os granitos posicionam-se no domínio de granitos de arco cálcio-alcalinos, empobrecidos em Rb e Y, e guardam semelhanças petrográficas e geoquímicas com os granitos deformados, pré a sin-tectônicos, distribuídos na região de Mara Rosa. Os granitos estudados foram submetidos a intensos processos hidrotermais e deformação, modificando a mineralogia primária e consequentemente obliterando as texturas originais. As principais alterações observadas foram biotitização, sericitização e silicificação. Análises de químicas mineral mostraram variações composicionais significativas em biotitas e muscovitas, principalmente nos conteúdos de TiO2, MgO e FeO, confirmando gerações distintas de biotita e muscovita, decorrentes das alterações hidrotermais. As biotitas primárias, sem reequilíbrio, têm composição de biotita de granitos das séries calcio-alcalinas orogênicas, enquanto que as muscovitas mais enriquecidas em TiO2 foram consideradas de provável origem magmática. As mineralizações auríferas estão relacionadas a veios de quartzo sulfetados (pirita e calcopirita), contendo magnetita/ilmenita, hospedados em zonas de cisalhamento de caráter regional, desenvolvidas sobre os granitos. O ouro ocorre sob a forma de inclusões nos sulfetos, pirita e calcopirita, e como grãos disseminados entre os minerais de alteração como quartzo, carbonato, clorita e micas. Os grãos de ouro apresentam-se na forma nativa, ouro puro (90-95% de Au), com impurezas de Ag e traços de Cu e Fe. As concentrações de ouro apresentam uma relação direta com anomalias de Ag e Cu nas rochas graníticas e existem importantes concentrações de Au na pirita, até 1%, como ouro invisível, tanto no interior como fora das zonas de cisalhamento. As mineralizações de ouro estudadas são interpretadas como geneticamente relacionadas ao magmatismo granítico que exerceu um papel fundamental na formação dos depósitos que, entretanto, estão controlados por zonas de cisalhamento, concomitantes ou ligeiramente posteriores às intrusões graníticas.
UNIVERSITY OF
BRASILIA- INSTITUTE OF GEOSCIENCES
MSc
THESIS No 160
SAID ABDALLAH
RESEARCH ON THE GOLD MINERALIZATIONS HOSTED IN THE CABECEIRA DO RIO DOS BOIS GRANITES, MARA ROSA, STATE OF GOIÁS, BRAZIL.
Key Words: granites, gold, hydrothermal alteration, magmatic arc, shear-zone
DATE OF ORAL PRESENTATION:07/12/2001
TOPIC OF THE THESIS:ECONOMIC GEOLOGY AND PROSPECTION
SUPERVISOR:PROF. NILSON FRANCISQUINI BOTELHO (UnB)
COMMITTEE MEMBERS: Prof. Francisco Egídio Pinho(UFMT); Prof. Claudinei Gouveia de Oliveira(UnB)
ABSTRACT
The Mundinho, Viúva and São Jorge granitic bodies, here are named Cabeceira do Rio dos Bois granites, located at the Mara Rosa District, northwestern Goiás State, host many small gold deposits. These granites are related to the Neoproterozoic Mara Rosa-Amaralina Magmatic Arc, and are intrusive in the Mara Rosa Volcano-sedimentary Sequence. Their composition varies from granodiorite to tonalite with metaluminous to peraluminous characteristics. Lithogeochemical data display similar MgO/TiO2 ratios for all the granites, suggesting an evolutionary trend and a petrogenetic relationship between the rocks. The Cabeceira do Rio dos Bois granites are low fractionated I-type granites, depleted in Rb and Y, typical of calc-alkaline magmatic arc. They are similar to the deformed, pre- to syn-tectonic granites of the Mara Rosa region. The studied granites underwent important deformation and hydrothermal processes which modified their original magmatic texture and mineralogical composition, resulting in alterations such as biotitization, sericitization and silicification. Biotite and muscovite from normal and altered granites display important compositional variation, mainly in TiO2, MgO and FeO(t) contents. The primary biotite has the composition of biotite from calc-alkaline orogenic suites and the high TiO2 muscovite is considered of magmatic origin. The granite-related gold mineralization in the studied region is mainly hosted in sulfide-rich quartz veins, with magnetite and ilmenite, and controlled by important regional shear zones. Gold occurs as inclusions within pyrite and chalcopyrite, and as disseminated grains associated to alteration minerals such as quartz, carbonate, chorite and micas. The composition of gold grains is 90-95 wt% Au and 1,5-3,5 wt% Ag with minor Cu and Fe impurities. Gold concentration presents a direct relationship with Cu and Ag anomalies in the granites. There are important gold contents, up to 1 wt%, as invisible gold, in pyrites from the quartz veins but also from altered regions outward the shear zones. The studied gold mineralization is interpreted as being genetically related to the granite magmatism which played a fundamental role in the generation of the deposits in spite of their control by shear zones, developed during or immediately after the emplacement of the granitic bodies.