UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO No 180

ANDRÉ LUIZ DURANTE SPIGOLON

PALINOFÁCIES E FACIOLOGIA ORGÂNICA DA FORMAÇÃO ALAGAMAR (APTIANO DA BACIA POTIGUAR, BRASIL): PALEOAMBIENTE E MATURAÇÃO TÉRMICA
DATA DA DEFESA: 17/10/2003
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Geologia Regional
ORIENTADOR: Prof. Dermeval Aparecido do Carmo (UnB)
EXAMINADORES: Prof. Carlos José Souza de Alvarenga (UnB); Prof. René Rodrigues (UERJ)

Palavras Chaves: bacia Potiguar, Formação Alagamar, Aptiano, palinofácies, paleoambiente transicional, maturação térmica

RESUMO

O presente estudo da Formação Alagamar baseia-se na caracterização do querogênio por meio de palinofácies, com ênfase no paleoambiente e no grau de evolução térmica. Quatro tipos de palinofácies são definidos: palinofácies 1 (dominada por matéria orgânica amorfa), palinofácies 2 (dominada por fitoclastos opacos), palinofácies 3 (representada por fitoclastos não-opacos amorfos e esporomorfos) e palinofácies 4 (dominada por fitoclastos não-opacos amorfos).
As características físicas, químicas e biológicas da matéria orgânica revelam freqüentes alterações no que se refere ao aporte sedimentar, tipo de matéria orgânica depositada e seu estado de preservação, regime de transporte, condição redox, salinidade e proximidade da área fonte. Tais variações indicam que a Formação Alagamar na região do alto de Macau corresponde a um sistema deltaico-lagunar submetido a variações climáticas cíclicas, associadas as primeiras incursões marinhas durante o Neoaptiano.
A evolução deste sistema inicia-se com uma paleolaguna associada a progradações arenosas de frente deltaica, indicando períodos de clima mais úmido (Membro Upanema). O assoreamento da paleolaguna seguido de um período de clima semi-árido ocasionou o desenvolvimento de uma planície deltaica restrita densamente vegetada e com influência marinha, correspondendo ao mínimo de inundação do sistema (porção superior do Membro Upanema e camadas Ponta do Tubarão). Posteriormente, um novo período de clima úmido resultou num aumento significativo do nível de base, com a deposição de areias de frente deltaica e folhelhos de prodelta, correspondendo ao máximo de inundação do sistema (porção superior das camadas Ponta do Tubarão e Membro Galinhos).
Os folhelhos e siltitos depositados em paleoambiente lagunar, bem como os folhelhos e folhelhos carbonáticos depositados em paleoambiente deltaico (prodelta) são associados a um querogênio do tipo II, composto dominantemente por matéria orgânica amorfa (MOA) derivada do fitoplâncton (Botryococcus) e bactérias. Os folhelhos e folhelhos carbonosos depositados na planície deltaica restrita são associados a um querogênio do tipo II, composto exclusivamente de partículas derivadas de plantas terrestres superiores (fitoclastos e esporomorfos). A quantidade e o bom estado de preservação da matéria orgânica depositada nestes paleoambientes caracteriza a Formação Alagamar como potencialmente geradora de petróleo.
Entretanto, a análise de maturação térmica, baseada na integração dos métodos de Reflectância da Vitrinita (%Ro), de Índice de Coloração de Esporos (ICE) e de Fluorescência qualitativa, indica que a Formação Alagamar não alcançou temperatura e profundidade suficiente para geração de petróleo, encontrando-se imatura tanto na região do alto de Macau (perfuração RN-6), quanto na região da falha de Ubarana (perfuração RN-9).


  
UNIVERSITY OF BRASILIA- INSTITUTE OF GEOSCIENCES

MSc THESIS No 180

ANDRÉ LUIZ DURANTE SPIGOLON

PALINOFACIES AND ORGANIC FACIOLOGY OF ALAGAMAR FORMATION (APTIAN OF POTIGUAR BASIN, BRAZIL): PALAEOENVIRONMENT AND THERMAL MATURATION
DATE OF ORAL PRESENTATION: 17/10/2003
TOPIC OF THE THESIS:  Regional Geology
SUPERVISOR: Prof. Dermeval Aparecido do Carmo  (UnB)
COMMITTEE MEMBERS: Prof. Carlos José Souza de Alvarenga (UnB); Prof. René Rodrigues (UERJ)

Key Words: Potiguar basin, Alagamar Formation, Aptian, palynofacies, transitional paleoenvironment, thermal maturation

ABSTRACT

This study on the Alagamar Formation is comprised by the characterization of the kerogen with palynofacies focusing on paleoenvironment and on thermal maturation degree. Four types of palynofacies are here defined: palynofacies 1 (dominated by amorphous organic matter), palynofacies 2 (dominated by opaque phytoclasts), palynofacies 3 (represented by amorphous non-opaque phytoclasts and sporomorphs) e palynofacies 4 (dominated by amorphous non-opaque phytoclasts).
The organic matter has physical, chemical and biological characteristics that provide information about the organic sources, preservation conditions, salinity, pH, sedimentary influx, transport regime and distance. Such variations show that the Alagamar Formation corresponds to a deltaic-lagoonal system submited to cyclic climatic variations associated to the first marine incursions during the Neoaptian.
The initial phase of this system present a paleolagoon with sand progradation of deltaic front, indicating wet climate conditions (Upanema Member). The assoreament of this paleolagoon, followed by a semi-arid period led to the development of a restrict deltaic plain covered by vegetation and under marine influence. This corresponds to the flood minimum of the system (upper portion of Upanema Member and Ponta do Tubarão Beds). Finally, another wet period caused an increase of the base level and the deposition of sand deltaic front and prodelta shales. This marked the flood maximum of the system (upper portion of the Ponta do Tubarão beds and Galinhos Member).
The lagoon shales and siltstones and deltaic (prodelta) calcareous shales present a type II kerogen, formed by amorphous organic matter (AOM) derived from phytoplankton (Botryococcus) and bacteria. The shales and organic rich shales from the deltaic plain also present a kerogen type II, but originated from terrestrial higher plants only (phytoclasts and sporomorphs). The amount and the good preservation of the organic matter from the Alagamar Formation characterize it as a potencial source of oil.
However, the analysis of the themal maturation based on the Vitrinite Reflectance (%Ro), Spore Color Index (SCI) and qualitative Fluorecence indicate that Algamar Formation did not reach the necessary temperature and depth to the production of oil. It is immature in both studied areas, Macau high (well RN-6) and Ubarana fault (well RN-9).