UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO No
196
FABIANO RICHARD LEITE FAULSTICH
DOLOMITIZAÇÃO E
SULFETOS (Zn) DOS CARBONATOS NEOPROTEROZÓICOS DA FORMAÇÃO ARARAS, MT
Data da defesa: 13/05/2005
Área de concentração: Prospecção e Geologia Econômica
Orientador: Prof. Marcel Auguste Dardenne (UnB)
Banca de examinadores: Prof. Carlos José Souza de Alvarenga (UnB); Prof.
Aroldo Misi (UFBA)
Palavras Chaves: Dolomitização, esfalerita, Formação Araras, Mirassol
d'Oeste, carbonatos neoproterozóicos
RESUMO
Os estudos desenvolvidos
para esta dissertação tiveram como objetivo um maior entendimento da ocorrência
de esfalerita existente nos dolomitos da Formação Araras, Mirassol d’Oeste – MT.
Para tanto foram realizados estudos de reconhecimento geológico regional e
local, estudos petrográficos, estudos de geoquímica analítica, isótopos
estáveis, isótopos radiogênicos e análises em inclusões fluidas.
A Formação Araras é composta por uma porção basal constituída
de dolomitos rosa diretamente sobrepostos aos diamictitos da Formação Puga e uma
porção superior formada por calcários cinza. Os dolomitos rosa representam uma
dolomitização precoce dos calcários depositados, com a formação de dolomitas
microcristalinas que obliteram parcialmente as estruturas sedimentares. A região
de interesse deste estudo está situada na transição entre os dolomitos rosa e os
calcários cinza laminados aonde ocorreu uma dolomitização secundária
pós-deposicional com a formação de dolomitas sacaroidais, esfalerita e geração
de uma porosidade importante. Esse processo tardio de dolomitização é
caracterizado pelo aumento relativo de metais (Fe, Mn, Sr, Al) evidenciado pelas
análises geoquímicas.
Os estudos isotópicos de carbono apresentaram valores de
aproximadamente -4‰ PDB para o nível mineralizado, semelhante aos
carbonatos associados ao fim da glaciação neoproterozóica aonde temos uma
diminuição do carbono orgânico disponível. Os valores obtidos para o d18O
e o 87Sr/86Sr neste mesmo nível foram <-10‰ PDB e 0,722 a
0,727 respectivamente, acentuando a ocorrência de reações diagenéticas
associadas ao processo de dolomitização. O nível mineralizado ainda apresentou
um enriquecimento em isótopos radiogênicos de Sr e Pb, o que indica que os
fluidos percolaram rochas mais antigas da crosta, provavelmente os gnaisses e
granitos do embasamento.
Dados de inclusões fluidas indicaram que os fluidos
formadores das esfaleritas eram muito salinos, com grandes quantidades de Ca
dissolvido e possuíam temperaturas relativamente baixas (115 a 150°C).
O conjunto de dados apresentados possibilita a classificação
da ocorrência de esfalerita de Mirassol d’Oeste como sendo do tipo MVT.
Por fim temos a percolação de um fluido pobre em metais que
formou uma segunda geração de calcitas na borda de poros e posteriormente um
fluido rico em matéria orgânica que preencheu os poros e vazios intergranulares
de toda a seqüência carbonatada com betume.
UNIVERSITY OF BRASILIA- INSTITUTE OF GEOSCIENCES
MSc THESIS No 196
FABIANO RICHARD LEITE FAULSTICH
DOLOMITIZATION AND SULPHIDES (Zn) OF THE NEOPROTEROZOIC CARBONATES OF
ARARAS FORMATION, STATE OF MATO GROSSO
Date of oral presentation: 13/05/2005
Topic of the thesis: Prospection and Economic Geology
Adviser: Prof. Marcel Auguste Dardenne (UnB)
Commitee: Prof. Carlos José Souza de Alvarenga (UnB); Prof. Aroldo Misi
(UFBA)
Key Words: Dolomitization, sphalerite, Araras Formation, Mirassol
d'Oeste, neoproterozoic limestones
ABSTRACT
This study
aimed the better understanding of the sphalerite occurrence from the Araras
Formation dolomites, Mirassol d’Oeste – MT. Methods included regional and local
geology studies, petrography, whole rock geochemistry, stable and radiogenic
isotopes analyses, and fluid inclusions.
The
Araras Formation comprises pink dolomites, on the bottom, lying directly over
diamictites of the Puga Formation, and a top sequence composed of gray
limestone. The pink dolomites represent an early dolomitization process of the
limestone, microcrystalline dolomite was formed overprinting the primary
sedimentary fabric. The studied area is located in the transition zone between
the pink dolomite and the laminated gray limestone. In this trasition zone, a
secondary, post-depositional, dolomitization took place forming saccharoidal
dolomite, sphalerite and the development of expressive porosity. A relative
increment in metals (eg. Fe, Mn, Sr, Al), shown by whole rock
geochemistry, is characteristic of this late process.
Carbon isotope data yielded
values around 4‰ PDB for the mineralized horizon, this is similar to
those reported for carbonates related to the end of the Neoproterozoic
glaciation, when organic carbon availability was low. The d18O
and 87Sr/86Sr obtained values for the same horizon were
<-10‰ PDB and 0.722 to 0.727, respectively, highlighting the
diagenetic reactions linked to the dolomitization. An enrichment in radiogenic
Sr and Pb was determined for the mineralized horizon suggesting that
mineralizing fluids were in contact with older rocks, probably from the
basement.
Fluid inclusion data indicate
that sphalerite was formed in a high salinity environment, with high Ca
concentration and relatively low temperature (115 to 150°C).
According to
the data shown in this work, it is possible to classify the sphalerite
occurrence from Mirassol d’Oeste as MVT type.
A
second generation of calcite was formed around pores by a fluid depleted in
metals. The remaining pores and intersticial space was filled by a fluid, rich
in organic matter represented by the presence of bitumen in the whole carbonate
sequence.