UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO No 203
SAULO SAMPAIO VAZ DE MELO
Data da defesa: 03/03/2006RAZÃO DE POISSON DA CROSTA SUPERIOR DA REGIÃO DE PORANGATU, GOIÁS, PROVÍNCIA TOCANTINS: UM ESTUDO POR REFRAÇÃO SÍSMICA
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Folha ao Milionésimo: SD-22 - Coordenadas limites retângulo envolvente: 13°S-14°S x 51°W-46,7°W
Palavras Chaves: Razão de Poisson, refração sísmica, geofísica aplicada, Arco Magmático de Goiás, Província Tocantins
RESUMO
O presente trabalho apresenta o modelo refinado de ondas compressivas (Vp) e a
distribuição da razão de Poisson (s) na crosta superior da região central da
Província Tocantins, Brasil Central, obtida por meio de modelagem 2-D dos dados
da linha de refração sísmica profunda de Porangatu. A linha de Porangatu se
inicia sobre o extremo leste da Faixa Araguaia (FXA) e atravessa a parte oeste
da Faixa Brasília (FXB), representada pelos terrenos do Arco Magmático de Goiás
(AMG) e do Maciço de Goiás (GM). A linha tem direção aproximada E-W e possui 320
km de extensão, apresentando estações registradoras verticais espaçadas de 2,5
km e fontes explosivas a cada 50 km.
O oeste da Província Tocantins apresenta descontinuidades
laterais evidenciadas por variações de idade modelo TDM estabelecidas em
análises isotópicas Sm-Nd (neoproterozóicas no arco magmático,
paleoproterozóicas na Faixa Araguaia e Maciço de Goiás), e por anomalias
aeromagnéticas e gravimétricas terrestres. Contatos proeminentes em superfície
são vistos na Serra Azul, representando o Lineamento Transbrasiliano, e na falha
Rio dos Bois, marcando o limite entre o Arco Magmático de Goiás e o Maciço de
Goiás.
A razão de Poisson foi obtida diretamente a partir da divisão
das velocidades das ondas compressivas e cisalhantes (Vp/Vs). É uma constante
elástica sensível à composição das rochas, fraturas e porosidade, permitindo a
delimitação de descontinuidades laterais na crosta.
A crosta superior é tipicamente félsica, com exceção de
anomalia rasa pontual. O modelo sísmico apresenta uma interface com dois
degraus: um suave, no contato entre a Faixa Araguaia e o Arco Magmático de
Goiás, e outro íngreme, no contato entre o Arco Magmático de Goiás e o Maciço de
Goiás. A camada sob a Faixa Araguaia possui de 3,5 km de profundidade e passa
suavemente para cerca de 4,2 km sob o Arco Magmático de Goiás. No extremo leste
do modelo a primeira camada se espessa abruptamente, formando degrau de
aproximadamente 2,3 km, coincidente em superfície com a falha Rio dos Bois.
Considerando os valores de Vp e σ, a primeira camada crustal
foi dividida de oeste para leste em oito segmentos: i) Faixa Araguaia com
Vp=5,95 km/s e σ=0,26; ii) terrenos do Lineamento Transbrasiliano com Vp=6,02
km/s e σ=0,24; iii) terreno oriental do Arco Magmático de Goiás com Vp=6,11 e
σ=0,23; iv) corpo máfico com Vp=7,05 km/s e σ=0,28; v) zona de falha Rio dos
Bois e seqüência metassedimentar do grupo Serra da Mesa com Vp=4,59 km/s e
σ=0,12; vi) batólito Serra Dourada com Vp=5,77 km/s e σ=0,22; vii) Complexo
acamadado de Cana Brava e seqüência vulcanossedimentar Palmeirópolis associada
com Vp=6,42 km/s e σ=0,27; viii) Cinturão de dobras e empurrões da Faixa
Brasília com Vp=5,82 km/s e σ=0,21.
A segunda camada é mais
homogênea, com Vp=6,14-6,18 km/s e σ=0,24, compondo um embasamento de composição
félsica, tipo granito-granodiorito.
UNIVERSITY OF BRASILIA- INSTITUTE OF GEOSCIENCES
MSc THESIS No
203
SAULO SAMPAIO VAZ DE MELO
Date of oral presentation: 03/03/2006UPPER CRUST POISSON’ S RATIO OF THE PORANGATU AREA, GOIÁS, TOCANTINS PROVINCE: A SEISMIC REFRACTION STUDY
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Key Words: Poisson ratio, seismic refraction, applied geophysics, Goiás Magmatic Arc, Tocantins Province
ABSTRACT
This work presents a refined seismic model of compressional waves (Vp) showing
the distribution of Poisson ratio along the upper crust of central Tocantins
Province, central Brazil, based on two dimensional modelling of the Porangatu
seismic refraction data. The Porangatu seismic line begins in the
Araguaia Belt (FXA) and continues through the western
portion of the Brasília Belt (FXB), encompassing the Goiás Magmatic Arc (AMG)
and the Goiás Massif (GM). The transect is almost E-W and is 320 km long with
vertical seismic receptors at every 2.5 km and explosive sources at every 50 km.
The western Tocantins Province presents lateral discontinuities marked by Sm-Nd
TDM model ages (Neoproterozoic in the magmatic arc, Paleoproterozoic
in the Araguaia Belt and Goiás Massif), and by anomalies identified in aiborne
magnetic and ground gravimetric surveys. Prominent surface contacts are in Serra
Azul, marking the Transbrasiliano Lineament, and the Rio dos Bois fault, which
separates the Goiás Magmatic Arc from the Goiás Massif.
Poisson ratio was directly calculated from the ratio of compressional and shear
wave velocities (Vp/Vs). It is an elastic constant and its values are function
of rock composition, existence of fractures and porosity, allowing to recognize
lateral discontinuities in the crust.
The upper crust in the study area is typically felsic with one exception in the
uppermost layer. The seismic model presents one surface with two steps: a gentle
one at the contact between the Araguaia Belt and the Goiás Magmatic Arc and a
steep one over the contact of the Goiás Magmatic Arc and the Goiás Massif. The
upper layer in the Araguaia Belt is 3.5 km thick increasing gradually to 4.2 km
under the Goiás Magmatic Arc. In the easternmost part of the model, the upper
layer displays a 2.3 km step, coinciding at the surface with the Rio dos Bois
fault.
Considering Vp and
σ
values, the upper crustal layer is divided in to eight sections from west to
east. The sections are described as: i) Araguaia Belt with Vp=5,95 km/s and
σ=0,26;
ii) Transbrasiliano Lineament terrains have Vp=6,02 km/s and
σ=0,24;
iii) eastern Goiás magmatic terrains with Vp=6,11 and
σ=0,23;
iv) mafic body with Vp=7,05 km/s and
σ=0,28;
v) Rio dos Bois fault terrains and metasedimentary sequence of Serra da Mesa
Group with Vp=4,59 km/s and
σ=0,12;
vi) Serra Dourada batholit with Vp=5,77 km/s and
σ=0,22;
vii) Cana Brava layered complex and Palmeirópolis volcanosedimentary sequence
with Vp=6,42 km/s and
σ=0,27;
viii) fold-and-thrust belt of the Brasília Belt with Vp=5,82 km/s and
σ=0,21.
The second layer is more homogeneous presenting Vp=6,14-6,18 km/s and
σ=0,24,
which indicates felsic basement, probably of the granite-granodiorite type.