UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO No 217

LYS MATOS CUNHA

GÊNESE E CONTROLE DA MINERALIZAÇÃO DE Au e Ag ASSOCIADA A GRANITOS PERALUMINOSOS NA MINA DE AURUMINA, GOIÁS

Data da defesa: 18/12/2006
Área de concentração: Prospecção e Geologia Economica
Orientador:  Prof. Nilson Francisquini Botelho  (UnB)
Banca de examinadores: Prof. Márcia Abrahão Moura (UnB); Prof. Cláudio Nery Lamarão (UFPA)

Palavras Chaves: Granito, ouro, Suíte Aurumina, Formação Ticunzal

RESUMO    

     A região nordeste do Estado de Goiás é conhecida por apresentar várias ocorrências, garimpos e pequenas minas de ouro, localizadas principalmente em domínio anteriormente considerado como pertencente ao Complexo Granito-gnáissico e aos granitos estaníferos anorogênicos. Recentemente tem sido mostrado que grande parte desse domínio é formada por granitos peraluminosos sin a tardi-tectônicos, que constituem a Suíte Aurumina de idade paleoproterozóica, entre 2,0 e 2,2 Ga. Os granitos peraluminosos hospedam mineralizações de Sn e Ta e são a rocha encaixante de depósitos de ouro em Cavalcante, Aurumina e Monte Alegre de Goiás.
    A mina de Aurumina, explorada desde 1948, com algumas interrupções, situa-se em uma zona de cisalhamento N-NE, no contato entre o biotita-muscovita granito da Suíte Aurumina e xistos grafitosos da Formação Ticunzal. A zona de cisalhamento desenvolve extensa faixa de milonitos e filonitos, com zonas hidrotermalizadas marcadas por silicificação, sulfetação e sericitização. Os maiores teores de ouro e prata ocorrem em um filão parcialmente lavrado, que apresentava 80 metros de comprimento com espessura média de 60cm e atitude N20E; 60NW. A mineralização principal desenvolveu-se em uma zona de cisalhamento associada a sistema de deformação regional N10-30E, mas condicionada ao contato entre biotita-muscovita granito sin-tectônico da Suíte Aurumina e xisto grafitoso da Formação Ticunzal. Os veios mineralizados são tardios em relação à deformação principal, e estão relacionados a zonas de baixa pressão na zona de cisalhamento, que favoreceriam a formação de vazios simultâneos com a deformação.
    A mineralização de ouro está hospedada nos veios de quartzo onde, subordinadamente, ocorrem prata, esfalerita, galena, calcopirita, pirita, marcassita, arsenopirita, auroestibita (AuSb2), greenockita (CdS) e berthierita (FeSb2S4). Em zonas oxidadas ocorrem covelita, calcosita, escorodita (FeAsO4. 2H2O) e beudantita (PbFe3(AsO4SO4)2(OH)6). O ouro geralmente ocorre na forma livre, principalmente associado aos sulfetos, sendo também encontrado como grãos isolados na matriz quartzosa. Dados químicos mostraram que a solução sólida entre Au e Ag, estabelece uma proporção média de 25wt% de Ag para 75wt% de Au, na estrutura do metal, o que classifica o ouro de Aurumina como eléctrum. Dados químicos de esfalerita e arsenopirita indicaram temperatura de formação do depósito entre 315 e 373oC.
    A mineralização apresenta o mesmo controle estrutural encontrado nas demais ocorrências de ouro da região nordeste de Goiás, com contribuição do magmatismo granítico sin-tectônico e da rocha encaixante metassedimentar grafitosa, além da influência da deformação paleoproterozóica. Embora, na região da mina, os maiores teores de Au nas rocha encaixantes sejam encontrados nos xistos da Formação Ticunzal, sugere-se que sejam os granitos peraluminosos a principal fonte do ouro. Regionalmente, essas rochas têm concentrações de Au de até 74,6 ppb.
    A mineralização de ouro de Aurumina pode ser comparada aos modelos clássicos de depósitos relacionados a intrusões em províncias magmáticas hospedeiras de mineralização de W e/ou Sn, pois, apresenta mineralizações regionalmente conhecidas de Sn, associadas a granitos da Suíte Aurumina, e características comuns, tais como a relação entre a mineralização e a intrusão félsica, associação metálica, estilo das mineralizações, processos de alteração hidrotermal e ambiente tectônico.


  
UNIVERSITY OF BRASILIA- INSTITUTE OF GEOSCIENCES

MSc THESIS No 217

LYS MATOS CUNHA

GENESIS AND CONTROL OF THE Au AND Ag MINERALIZATION ASSOCIATED TO PERALUMINOUS GRANITES IN THE AURUMINA MINE, STATE OF GOIÁS

Date of oral presentation: 18/12/2006
Topic of the thesis:  Prospection and Economic Geology
Adviser:  Prof. Nilson Francisquini Botelho  (UnB)
Commitee: Prof.  (UnB);  Prof. Márcia Abrahão Moura (UnB); Prof. Cláudio Nery Lamarão (UFPA)

Keywords: Granite, gold, Aurumina Suite, Ticunzal Formation

ABSTRACT

    The Northeastern part of the Goiás State is known for containing several occurrences, “garimpos” and small gold mines, hosted and related to 2.0 and 2.2 Ga, syn- to late-tectonic peraluminous granites of the Aurumina Suite. This peraluminous suite also contains Sn and Ta mineralization, and represents the host rock of gold deposits in Cavalcante, Aurumina and Monte Alegre de Goiás. 
    The Aurumina mine, which has been explored since 1948, with some interruptions, is situated in a N10-N30E shear zone, in the contact between the biotite-muscovite granite of the Aurumina Suite and graphite schist of the Ticunzal Formation. The shear zone develops a wide mylonite to phyllonite belt, with hydrothermalized zones, characterized by silicification, sericitization and sulfidation. The highest contents of gold and silver occur in  N20E; 60NW partially mined quartz veins, with 80m length, 60cm average width. The mineralized veins are late when compared to the main deformation and are related to low-pressure zones at the shear zone, which favored the formation of empty spaces simultaneously to the deformation.
    The ore minerals in the richest quartz veins are sphalerite, galena, chalcopyrite, pyrite, marcassite, arsenopyrite, aurostibite (AuSb2), greenockite (CdS) and berthierite (FeSb2S4). In oxidized zones occur covellite, chalcocite, scorodite (FeAsO4. 2H2O) and beudantite (PbFe3(AsO4SO4)2(OH)6). Gold occurs as free grains associated to sulfides, but also as isolated grains in the quartz groundmass. In the Aurumina mine, gold has electrum composition with an average concentration of 25wt% Ag and 75wt% Au. Iron concentration in sphalerite and As/S ratio in arsenopyrite indicate deposit formation at temperatures between 315 and 373°C.
    The Aurumina mineralization presents the same structural controls found in other gold occurrences in the Northeastern region of Goiás, with contributions of the sin-tectonic granitic magmatism and of the graphite-bearing metasedimentary country rocks, besides the influence of the paleoproterozoic deformation. Although the highest contents of Au in wall-rocks at the mine region are found in schist of the Ticunzal Formation, it is suggested that the peraluminum granites are the main source of gold. Regionally, these rocks show Au concentration of up to 74.6 ppb.
    Gold mineralization of the Aurumina mine can be compared to the classical deposit models related to intrusions in magmatic provinces that host mineralization of W and/or Sn, since Aurumina Suite granites contain regionally known tin mineralization. Otherwise, common characteristics of this kind of deposit such as the relationship between the mineralization and felsic intrusion, metallic association, mineralization style, hydrothermal alteration processes and tectonic environment, are also found in the Aurumina mine.