A BATIDA DO FERRO

Texto copiado de O FAROL, jornal de tiragem local
 junho de 1997, pg 9

 

Walter Luís Winge

 

A batida do ferro, um rústico e - por isso mesmo - interessante instrumento, pontualmente às 18 horas anuncia o fim de mais uma jornada no Garden Center. Personagem característico do lugar é quem o aciona, o simpático Sr. Eugênio, 41 anos a serviço da Floricultura Winge. Não raro, geralmente aos sábados, o local recebe visitas que usufruem de agradáveis passeios, empunhando, em muitos casos nessas horas, do indispensável chimarrão.
A visão de um farto conjugado de árvores e plantas, casas com ares de fazenda e homens tratando a terra, acentuam a sensação do privilégio de estar em um espaço que pode ser considerado rural, em meio a efervescência de uma grande metrópole.
Concentrando cerca de 500 espécies em 32 mil metros, a Winge é uma das empresas mais tradicionais da zona sul, tanto em termos de tempo de consolidação, como pela credibilidade que a marca conquistou, desenvolvendo-se paralelamente ao crescimento da região.

A família preconiza mais de um século de história de investimentos na zona sul. E desde de junho do ano passado continua sendo escrita por um descendente da quarta geração, o engenheiro agrônomo, Walter Luis Winge.

IDOS DE 1885
Foi neste tempo que o então juiz de comarca na Alemanha, José Winge, instalou-se na Tristeza, dedicando-se a uma agricultura técnica e científica. Decidido pelo ramo, o bisavó de Walter compenetrou-se em estudos sobre o clima e doenças das plantas, importando-as da Alemanha, França e estados Unidos. Em 1914, seu avó seguiria o mesmo caminho, desenvolvendo igual ao bisavó atividades como pesquisador, instrutor e líder comunitário. O registro do Ministério da Agricultura foi obtido em 1918, e gradualmente o avô passou a adquirir novas chácaras nos arredores, cultivando, até 1928, somente frutíferas. Mais tarde investiria em um viveiro rosas, adquiridos do Sr. Dreher,da Pedra Redonda , para dedicar-se paralelamente à floricultura.
Com meio de obter adubo orgânico, resolveu criar vacas, comercializando com veranista do bairro. Assim como passou a tratar ervas medicinais, compradas por uma farmácia na rua Dr. Flores, atualmente Panvel. Com a necessidade de ampliar o plantio, adquiriu uma área na Restinga, onde hoje está estalado um viveiro que comporta a grande produção da Floricultura. O local também é administrado pela família.

TERCEIRA GERAÇÃO
O pai de Walter, Edgar Winge, assumiria os negócios a partir de 1956. Orgulhoso pelo trabalho do progenitor, o empresário ressalta a importância desta administração: "Nos 30 anos que esteve à frente da empresa, meu pai a transformou: de viveiro passou a loja, um Garden Center, sendo pioneiro neste conceito a nível nacional. Viajou pelo país, além da Argentina e Uruguai, observando as tendências do mercado, adequando-se sempre a uma visão mais moderna".

CAMINHO NATURAL
A opção pela Agronomia, concluída em 1980, trazia a expectativa de futuramente assumir a atividade da família, por parecer-lhe o "caminho natural". Hoje, no currículo do curso consta uma disciplina relativa a Floricultura, que avalia como um sinal de difusão deste setor, já que no seu período como universitário não tinha esta opção.Logo depois da formatura teve uma experiência por dois anos na Winge, afastando-se posteriormente para exercer funções relacionadas a profissão. Por dez anos trabalhou em uma empresa ligada ao Ministério da Agricultura, e três anos como Consultor do Mercado Agrícola.

FAMÍLIA
As poucas horas de lazer desfruta com a mulher, Vera, e as filhas Juliana, 10, Manoela, 9 e Gabriela, 7. É aos domingos que as meninas exploram a ampla área verde do Garden Center. "Meus pais moram aqui, e tem bastante mato para correrem, árvores para subir, elas se soltam".
Com Vera, divide a sociedade da empresa Boa Terra, salientando que na realidade é ela que ocupa com o negócio, iniciado há 7 anos.

LAZER
Manifestando apreço por esporte como futebol e tênis, revela que com o nascimento das meninas passou a dedicar suas horas de folga às filhas. Costuma ir a parques, teatro, cinema e outros programas com amigos. O futebol não foi descartado totalmente, "pelo meu time estar em alta", e a família acompanhá-lo.
O empresário tem dois irmãos, a pediatra Annelise Winge Piazzi, que mora e trabalha na zona sul; e Arno, administrador de empresas que atua em São Paulo.

SERVIÇOS
A Winge dispõe de uma gama de produtos, entre materiais e equipamentos, como vasos, adubos, ferramentas, defensivos agrícolas e outros para jardinagem. Bem como uma farta opção no viveiro, desde um mini crisântemo até plantas de 5 metros de altura. Além de trabalhar diretamente com o público procurado por profissionais, entre outros, engenharia, decoradores, paisagistas e jardineiros. "Temos uma clientela que nos brinda com a sua fidelidade, e temos feito esforços para mantê-la, por ser um mercado muito competitivo". Além de muitas espécies, aponta uma particularidade do viveiro: plantas para jardim, como arbustos e árvores de sombras. Percebendo este filão, a empresa vem treinando o seu pessoal, e já buscava orienta-lo no tratamento aos clientes. Dicas como posição solar e época adequada para transplantes estão entre os esclarecimentos prestados pela equipe da Winge.
Literalmente, "encantar" o cliente, satisfazendo plenamente suas expectativas, é o principal objetivo da empresa. Com este propósito, Walter tem promovido treinamentos para sua equipe, objetivando prepara-la para um atendimento ainda mais personalizado, com o conhecimento de técnicas de jardinagem e cultivo de plantas. Destaca também a produção própria de roseiras e de frutíferas, segundo ele, respalda por muitas décadas de comprovada qualidade e garantia da origem.
O bom relacionamento entre os funcionários e alguns clientes, é outro aspecto que acredita justificar o ambiente familiar, caracterizado pela cordialidade de quem se sente em casa. Outro detalhe que não considera muito comum, comparada a outras empresas, é a baixa rotatividade dos funcionários que trabalham na Winge. "A maioria é do Interior, e se torna conhecedor, fazendo carreira. Além disso, vai se criando um vínculo muito grande entre os funcionários e os clientes, que se conhecem pelo nome, brincam".
"Como todo comércio, existe a exigência de seis dias por semana, trabalhamos das 8 às 18 hs. Desde maio, estamos atendendo sem fechar ao meio-dia, e temos recebido elogios por mais esta opção de horário", conclui.