O VIVEIRO DE BENNO E ALEXANDRE WINGE
(Texto elaborado para a ExpoInter 98-Esteio/RS)

Alexandre Winge


MAIS DE UM SÉCULO DE VIVÊNCIA NO RS

    Foi em 1886 que Josef Winge, emigrante alemão natural da Silésia, veio se estabelecer no então arrabalde da Tristeza, atual rua Dr. Mário Totta 963, onde fundou um estabelecimento dedicado à Fruticultura. Ao longo de sua vida ele foi introduzindo inúmeras variedades de pessegueiro, ameixeira, cítricas, videira, pereira e macieira, que foram aqui testadas e adaptadas e muitas das quais são largamente cultivadas ainda hoje.

    Em 1914 assumiu a direção seu filho Walter, que organizou a empresa de um modo mais funcional, diversificando a gama de espécies, passando a lidar também com roseiras e plantas ornamentais em geral e a fornecer para todo o Estado do Rio Grande do Sul..

    A atual área do viveiro, na Restinga, foi adquirida em 1954, sendo colocada sob a responsabilidade de Benno Winge, técnico em Horticultura, a tarefa da gradual sistematização e implantação da infra-estrutura produtiva: açudes, drenagem, irrigação, nivelamento, terraceamento, quebra-ventos, etc., concomitantemente com o início da produção própria em larga escala de árvores frutíferas e roseiras.

    Com o falecimento de Walter Winge em 1956, assumiram a gerência da empresa os seus filhos Benno e Edgar, que a foram adaptando aos novos tempos e necessidades, sendo posteriormente transformada em firma comercial, a atual Winge Agrícola e Comercial de Plantas Ltda., persistindo o viveiro como empresa agrícola a cargo de Benno Winge.

 

UMA PRODUÇÃO DIVERSIFICADA

    Hoje realiza-se anualmente no viveiro o ciclo completo de produção, desde a sementera ou estaqueira até o armazenamento das mudas prontas para o plantio, de uma média de 50.000 plantas, de mais de 100 diferentes espécies, reunidas em 8 grupos de manejo:

1.Palmáceas: 12 espécies de palmeiras ornamentais;

2.Coníferas: cerca de três dezenas de espécies e cultivares de árvores e arbustos dos mais diversos portes, texturas e coloridos para jardins, parques, quebra-ventos, cercas-vivas, vasos, etc.;

3.Frutíferas silvestres: frutíferas nativas rústicas, propagadas por semente, para pomares e ornamentação;

4.Árvores de sombra: coleção de cerca de três dúzias de espécies e cultivares de árvores de sombra e flor, de pequeno, médio ou grande porte, de folhas perenes ou caducas, das mais diferentes origens e finalidades;

5.Arbustos: arbustos, arvoretas e trepadeiras ornamentais , destacando-se as coleções de Bougainvillea (14 variedades), espirradeiras (7 variedades), Hibiscus (25 variedades), entre outros;

6.Diversos: forrações (Agapanthus, Chlorophytum, Hemerocallis, Iris, moréias, Neomarica, etc.), Heliconia, Strelitzia, Schefflera, dracenas, papiro, etc.;

7.Roseiras: mais de 100 variedades distribuídas em subgrupos: trepadeiras (para cercas, pérgolas ou maciços - 13 cultivares), roseiras-arbusto para maciços altos ou baixos (poliantas, floribundas e mini-rosas, 31 cultivares) e roseiras de flores grandes para jardim e/ou corte (híbridas-de-chá, 73 cultivares);

8.Frutíferas enxertadas: coleção de mais de 100 cultivares, testadas e adaptadas às condições climáticas da Depressão Central, de ameixeira, caquizeiro, cerejeira, cítricas em geral, figueira, macieira, marmeleiro, nespereira,. pereira, pessegueiro e videira, tanto para o pomar caseiro quanto para o comercial.

 

A SISTEMÁTICA DE TRABALHO

    A produção é disponibilizada em dois períodos:

- o de safra (aproximadamente de maio a setembro): a época ideal para o transplantio da maior parte das espécies nas nossas condições climáticas. Estão disponíveis principalmente mudas arrancadas à raiz nua ou com torrão. Nesta época a maior parte da produção, em volume, consiste de roseiras, frutíferas, árvores de sombra e coníferas, é também a melhor época para se lidar com plantas de porte avantajado.

- o de entressafra (aproximadamente de outubro a abril): temos disponíveis mudas envasadas (em sacos, latas ou potes) ou mesmo à raiz nua e com torrão (no caso das espécies mais resistentes ao transplante fora da época preferencial). Principalmente arbustos ornamentais, plantas de clima tropical e roseiras em flor.

 

O MERCADO

    O viveiro não se destina à venda a varejo. Nossa produção é comercializada a varejo através da firma comercial (Winge Agrícola e Comercial de Plantas Ltda). No período de safra assim como no de entressafra trabalhamos com floriculturas (atacadistas e varejistas), paisagistas, jardineiros profissionais, produtores rurais ou, eventualmente, até mesmo particulares que necessitem de grandes quantidades de plantas.

 

O PAPEL DO VIVEIRISTA

    Todavia, nosso objetivo não é apenas produzir e colocar essa produção no mercado, mas sim realizar uma produção de qualidade, que nos traga satisfação profissional, e colocá-la no mercado conscientemente, acompanhada de todo um conhecimento da espécie que sirva de orientação para seu posterior cultivo com sucesso.

    Também não vemos a produção de mudas como um processo estático, estamos em constante atividade no sentido de introduzir, estudar e determinar a melhor forma de propagação e cultivo de novas espécies e cultivares, tanto exóticas quanto nativas, contribuindo assim para a sua preservação em quantidade e diversidade e, por conseguinte, para a melhoria das condições de vida.