PONTOS DE VISTA, COMENTÁRIOS E RÉPLICAS
PROJETO DE TRANSPOSIÇÃO DE ÁGUAS DO RIO SÃO FRANCISCO
TRANSPOSIÇÃO DE ÁGUAS DO RIO SÃO FRANCISCO: planejar é preciso.. - João Suassuna - Fundação Joaquim Nabuco
OS DESAFIOS DA TRANSPOSIÇÃO- José Elói Guimarães Campos
A QUEM SERVE A TRANSPOSIÇÃO? - Aziz Ab'Sáber
Ao Povo do Nordeste - Dom Frei Luiz Flávio Cappio
TRANSPOSIÇÃO DO ATRASO - João Abner Guimarães Jr
Transposição do Velho Chico: uma análise de controvérsias - Theophilo Ottoni Filho
Email Circular convocando posicionamentos a A FAVOR DA TRANSPOSIÇÃO
Vida para todos: por isso fiz a greve de fome - Dom frei Luiz Flávio Cappio
São Francisco para a transposição e São Pedro para o resto do Sertão - Oriana Rey Tanaka Santos
TRANSPOSIÇÃO SEM CINISMO - Pedro Angelo Almeida Abreu
Email de resposta - Manfredo Winge
Prof. Fernando Flávio Marques de Almeida - Sugestão de encaminhamento a políticos
O MIN promove debates sobre o projeto junto às universidades:
Paulo Afonso da Mata Machado "A favor da transposição": Uma Disputa Emocional
Prof. Ab'Saber alerta para a influência das ações antrópicas na erodibilidade do Paleodeserto de Xique Xique com vistas à revitalização do São Francisco.
Revista FAPESP: Respeito ao Velho Chico - "Aziz Ab'Sáber, professor emérito da USP,
critica o projeto de transposição das águas do rio São Francisco. "Deveriam
conhecer melhor de planejamento e da climatologia dinâmica das regiões
envolvidas":
Ver
http://www.agencia.fapesp.br/materia/9143/60-sbpc/respeito-ao-velho-chico.htm
Folha de São Paulo - 25/10-09 - Réquiem para a transposição do São Francisco
SUGESTÃO de Reformulação do Projeto de Transposição de Águas do Rio São Francisco
Transposição racha de novo e 'estoura' em Custódia -11/6/2017
O sonho de D. Pedro pelas mãos de Lula, o condenado pela justiça brasileira - E-mail Bley
Réplica ao e-mail anterior - Ponderações sobre o Projeto de Transposição - E-mail de Patrocínio
Réplica 2 - Transposição do Rio São Francisco - AVALIAÇÕES - E-mail de Manfredo
TÉCNICAS ISRAELENSES PARA ÁREAS DESÉRTICAS -Manfredo Winge
COMENTÁRIOS E RÉPLICAS
Coment/Réplicas - João Wagner Alencar Castro
Coment/Réplicas - Manfredo Winge
Coment/Réplicas - Luiz José Homem D'el-Rey Silva
Coment/Réplicas - Manfredo Winge
Cópia do anexo enviado: PARA REFORMA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Coment/Réplicas - Antônio Juarez Milmann Martins
Coment/Réplicas - Manfredo Winge
Coment/Réplicas - Luiz José Homem D'el-Rey Silva
Coment/Réplicas - Álvaro Rodrigues dos Santos
Coment/Réplicas - Manfredo Winge
Coment/Réplicas - Wilson Scarpelli
Coment/Réplicas - Manfredo Winge
Comentário/Depoimento de José do Patrocínio Tomaz e entrevista à Patrícia Fachin
SITUAÇÃO DO PROJETO RETRATADA POR REVISTA VEJA COM COMENTÁRIOS E SUGESTÕES
José Elói Guimarães Campos (*)
Em geral, as discussões a respeito
da transposição das águas do Rio São Francisco em direção ao nordeste
setentrional do Brasil envolvem argumentos ambientais, sociais e políticos e
terminam com a clássica pergunta: você é a favor ou contra o projeto de
transposição?
Como forma de contribuir com o debate, pretende-se aqui
abordar o problema a partir de uma visão pouco considerada pelos vários
analistas, mas não menos importe. Serão consideradas a avaliação da produção e a
regularização hídrica da bacia do rio, além da potencial produção agrícola
decorrente da implantação do projeto.
Na verdade, o projeto tem por objetivo o desvio das águas do
rio em seu submédio curso – desde a barragem de Sobradinho até o remanso do Lago
de Paulo Afonso. Mas, infelizmente, não se conhece de forma satisfatória o
regime hídrico dessa bacia. Um projeto de transposição deve ter objetivos de
longo prazo e, portanto, é fundamental conhecer quais as formas de regularização
hídrica da bacia. Assim, será possível prever eventuais modificações do regime
de produção hídrica da bacia como um todo.
Os interlocutores mais favoráveis ao projeto de transposição
argumentam que apenas 2 a 3,5 % da vazão do rio seriam captados. A pergunta que
se faz é 2 a 3,5% de água originária de onde?
As águas que alimentam o São Francisco são oriundas de dois
sistemas de renovação. A renovação anual se dá pelo escoamento superficial das
águas das chuvas e a de longo prazo, pela descarga dos reservatórios
subterrâneos (aqüíferos). O primeiro sistema apresenta um controle de curto
período, controlado pela sazonalidade climática. O segundo representa controle
de longo e médio prazos e é controlado pela eficiência e qualidade dos
aqüíferos.
A distribuição temporal das chuvas é um fator cíclico e, como
o período de recessão das chuvas se dá de forma simultânea em toda a área da
bacia, um período de alguns anos de baixa média pluviométrica é suficiente para
causar escassez e déficit hídrico intensivos. O declínio das chuvas em anos
recentes resultou em grande exaustão nos níveis dos reservatórios das
hidrelétricas que operam no Rio São Francisco e mostrou o risco efetivo da
escassez do recurso que se pretende desviar.
A avaliação da geologia, do relevo e dos solos da bacia
indica que o principal manancial responsável pela regularização das vazões do
rio no período seco do ano é o Sistema Aqüífero Urucuia, cuja descarga de base
representa quase metade da vazão do rio São Francisco a partir de rios como o
Rio Grande, Corrente, Gatos, Formoso e outros. Eles tendem a ter vazões
regulares mesmo nos períodos secos do ano ou em períodos de alguns anos com
baixa precipitação média. Esse fenômeno é relacionado à função reguladora do
aqüífero, que funciona como um grande “pulmão hídrico” para a bacia do São
Francisco.
Entretanto, mesmo com o mínimo conhecimento sobre esse
importante reservatório subterrâneo, sua exploração já começa a comprometer o
regime hídrico das bacias que alimentam o rio São Francisco. A atividade
agrícola intensificada nos últimos 15 anos utiliza em grandes volumes águas dos
rios e do aqüífero para irrigação com uso de pivôs centrais. Grande parte do
chapadão do oeste da Bahia já está ocupada pela cultura de grãos de sequeiro e
pelo cultivo de frutas e café irrigados. Com a natural ampliação desse quadro,
as vazões dos principais rios da região e conseqüentemente a regularidade das
vazões do São Francisco no período seco do ano deverão sofrer diminuições
significativas nos próximos 10 ou 20 anos.
Antes de se pensar em investir recursos nas obras de
transposição do rio, seria fundamental aplicar recursos para o efetivo
conhecimento do Sistema Aqüífero Urucuia e para o controle de sua exploração.
Outro argumento comumente utilizado pelos favoráveis ao
projeto é a produção potencial de alimentos nas terras férteis situadas ao longo
dos canais de derivação. O argumento seria válido e aceitável se todos os solos
potencialmente agricultáveis situados desde Sobradinho até a foz do rio já
estivessem integralmente aproveitados. Na prática, a ampla maioria das terras
com potencial agrícola não está plantada e ainda existem projetos de irrigação
abandonados, além de áreas utilizadas para reforma agrária onde os ocupantes não
têm condição de produzir por falta de recursos para pagar o consumo de energia
elétrica.
É muito provável que, no futuro, a demanda de água para a
ampliação da área irrigada ao longo do vale do rio seja um fator causador de
grande conflito de usuários. Por outro lado, investimentos relativamente
restritos poderiam elevar a produção agrícola irrigada de produtos de maior
valor agregado – principalmente frutas, na área onde já existem condições de
infra-estrutura mínima (estradas, aeroporto e logística) para escoamento da
produção.
Se questionado se sou a favor ou contra esse projeto
responderia prontamente que ainda não tenho uma resposta definitiva. Mas, da
mesma forma, responderia prontamente que esse não é o momento mais adequado para
iniciar sua execução. Uma questão deve ser considerada na análise de viabilidade
do projeto: o futuro da produção hídrica da bacia, cuja garantia passa
necessariamente pela gestão adequada do Sistema Aqüífero Urucuia.
Artigo da UnB Notícias de 22/ 03/ 2005 : Os desafios da transposição - José Elói Guimarães Campos
(*) José Eloi Guimarães Campos é professor do Instituto de Geociências (IG) da Universidade de Brasília (UnB). Estuda a geologia da região oeste do Estado da Bahia há mais de 10 anos e atualmente orienta teses e dissertações na região com objetivo específico de ampliar o conhecimento sobre o Sistema Aqüífero Urucuia, além de mostrar a importância desse manancial para a Bacia do São Francisco como um todo.
Email circular a geocientistas do Brasil:
Manfredo Winge
mwinge@terra.com.br -
manfredo@unb.br
Fone (51) 32687077
Visite: Instituto
de Geociências/UnB
Glossário
Geológico Ilustrado
Sitios
Geológicos e Paleobiológicos do Brasil
CPGq-
UFRGS
Banco
de Dados Teses em Geociências no Brasil
De: pedro angelo
[mailto:pangelo@fafeid.edu.br]
Enviada em: quarta-feira, 23 de março de 2005 18:24
Para: Manfredo Winge
Assunto: Re: Transposição do Rio São Francisco
Cópia do anexo:
TRANSPOSIÇÃO DE CIDADANIA
Muito se tem falado e escrito sobre a transposição de águas do Rio São Francisco para atender a demanda de populações de estados do Nordeste brasileiro, especialmente aspectos técnicos, financeiros, ambientais e políticos.
É certo que, rigorosamente, uma grande parte (talvez a maior parte) da população brasileira não conheça a realidade do sertão nordestino, onde vivem milhões de brasileiros à mercê de um regime pluviométrico naturalmente irregular e de uma política nacional historicamente perversa.
Qualquer análise profunda dos aspectos técnicos, financeiros e ambientais envolvidos nessa questão serão motivo de polêmicas, ressaltando, sempre, embasamento que evidencia pontos positivos e negativos. A análise política, no entanto, não é passível de disputa quando temos de considerar o sentido de nação, de nacionalidade e, sobretudo, de cidadania.
Ora, desde a chegada dos portugueses ao Brasil que o clima do nordeste brasileiro é semi-árido (na realidade o clima é semi-árido desde o fim da última era glacial, i. e., há cerca de 8 mil anos) e assim fica implícito que a região sempre sofreu de deficiência hídrica.
Tratando a questão da água sob o ponto de vista social e de economia global, não podemos esquecer que se trata de um recurso natural indispensável à vida humana e sua escassez compromete a vida sócio-econômica dos indivíduos. O maior desafio da civilização no Século XXI será a gestão das águas e sua relação com a produção de alimentos. As águas subterrâneas da China, Índia e Estados Unidos estão diminuindo substancialmente (até 1,5 metros/ano) e estes países juntos produzem metade dos alimentos consumidos no mundo.
Projeções realistas estimam que a carência de água que atingiu 467 milhões de habitantes no mundo em 1995 alcançará mais de 3 bilhões em 2025, considerando o déficit anual de 160 bilhões de toneladas entre a água bombeada e a recarga natural dos aqüíferos e isto representará, segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de um terço dos países do mundo com escassez permanente de água, com perspectivas, inclusive, de que metade dos conflitos gerados até o fim do século sejam para a obtenção de água.
Neste contexto, analistas políticos e econômicos vislumbram que a competição por água terá como palco o mercado internacional de grãos e de outros alimentos, quando os países financeiramente mais fortes não serão aqueles com maior poderio militar e sim os que detiverem uma grande produção de grãos e para isto precisarão dispor de água para essa produção.
O Brasil detém quase 20% de toda a água doce do planeta quando incluído os mananciais subterrâneos. Considerando apenas a água doce superficial da Terra, 8% encontra-se em território brasileiro, sendo que a maior parte (cerca de 80%) está localizada na região da Bacia Amazônica. Os 20% restantes estão distribuídos desigualmente pelo país, atendendo a 95% da população.
A deficiência hídrica do nordeste brasileiro não recai apenas na adversidade determinada pelo seu clima semi-árido, que é marcado por períodos sazonais e ciclos anuais episódicos de baixíssimas taxas pluviométricas, mas também nas características das rochas predominantes na região, ou seja, rochas cristalinas que inibem ou dificultam a acumulação de águas subterrâneas.
Esse quadro determina uma rede de drenagem dominada amplamente por fluxos intermitentes e de vazões relacionadas exclusivamente às taxas pluviométricas. Portanto, pode-se visualizar como solução definitiva para essa deficiência hídrica o represamento de águas superficiais ou a transposição de águas de rios caudalosos que fluem à margem da região para bacias hidrográficas do território nordestino.
O represamento de águas superficiais implicaria na necessidade de construção de muitas centenas de reservatórios de médio e grande porte, que, a despeito dos faraônicos investimentos de recursos, provocaria impactos ambientais inimagináveis. Ademais, determinaria a inundação de grandes parcelas de terras nobres, ou seja, agricultáveis e habitadas, e provocaria a remoção de centenas de milhares de cidadãos de suas propriedades e cidades.
A transposição de águas de outras bacias hidrográficas tem também seu preço pecuniário e ambiental, mas no conjunto, um e outro, será efetivamente menor do que naquele caso.
Não se trata de nenhum apelo emotivo afirmar que o grave problema da superpopulação de favelas (e suas nefastas conseqüências) nos grandes centros urbanos é decorrência, em grande parte, do êxodo de nordestinos que fugiram e fogem da seca e de toda ordem de precariedades impostas àquela região. Não se trata também de nenhum exagero afirmar que os investimentos financeiros paliativos efetuados nos momentos críticos de seca ao longo dos últimos dois séculos seriam suficientes para resolver, definitivamente, de uma forma ou de outra, a problemática da deficiência hídrica da região.
Naturalmente que a transposição de águas, em si, não promoverá a redenção da população do sertão, ora escravizada por precariedades que brotam do analfabetismo e se fortalecem nas condições sanitárias e de outras deficiências de infra-estrutura como transporte e moradia e sem mencionar o lazer que é fabricado apenas com o repente da viola e com os gracejos que têm como fundo hilariante a sua própria sorte.
A perenização de bacias hidrográficas do nordeste brasileiro implicará em investimentos ainda maiores para o suporte de agricultura irrigada (familiar ou não), de projetos de aquicultura (para peixes, camarão, etc.), e de tantos outros projetos possíveis, incluindo fontes de geração de energia através de biodiesel e álcool.
Resolvida a deficiência hídrica, o nordeste brasileiro tornar-se-á uma região de certa forma privilegiada e estratégica para o Brasil, considerando a quantidade e qualidade das terras agricultáveis e sem restrições de foto-período, a disponibilidade de mão de obra e a maior proximidade dos grandes centros consumidores do hemisfério norte. Além de tudo isso, pode-se considerar como o mais importante, o direito inalienável do sertanejo se fixar no seu próprio território.
O Brasil sempre foi muitos brasis e ultimamente esse conceito parece descambar para o egoísmo regional arrefecendo o conceito de nação e o exemplo não está apenas na “guerra” deflagrada com subsídios para atrair indústrias. Fala-se em royalties pelo uso de águas que “já moveram moinhos” e flui a milhares de quilômetros a jusante. Mais hoje mais amanhã, falar-se-á nos royalties da “dádiva de São Pedro”, desde que as frentes frias que nos trazem chuva vêm com freqüência da Argentina, teríamos de pagar por isso ao governo portenho.
A transposição de águas para o nordeste brasileiro é uma necessidade inadiável e sendo as do São Francisco inapropriadas por razões econômicas ou de outra ordem, que se transponha águas do Tocantins ou de outro rio, a despeito dos custos financeiros e ambientais ainda maiores. Nesses mais de 180 anos de Brasil, outras regiões brasileiras capitalizaram a grande maioria dos investimentos do país, seja em infra-estrutura, seja em aspectos sociais e sócio-econômicos e por esta razão, não podemos mais agir com tamanho egoísmo.
A transposição de águas para o nordeste brasileiro é, sobretudo, a transposição de uma cidadania que tem sido muito mais destes do que daqueles. Do contrário, os nordestinos terão que devotar Calabar, afinal ele lutou para que territórios nordestinos continuassem sob a tutela dos holandeses. Em um extremo, se realmente o nordeste não interessa ao povo brasileiro, poderíamos vendê-lo ou doá-lo para outra nação, acompanhado de um sonoro pedido de desculpas aos nordestinos e aos holandeses.
Pedro Angelo Almeida Abreu
Professor Titular da Faculdade de Ciências Agrárias/FAFEID
Doutor em Ciências Naturais pela Universidade de Freiburg - Alemanha
De:
Manfredo Winge [mailto:mwinge@terra.com.br]
Enviada em: sexta-feira, 25 de março de 2005 19:38
Para: Pedro Angelo Almeida Abreu (pangelo@fafeid.edu.br)
Assunto: Réplica - ENC: Transposição do Rio São Francisco
Prezado Pedro Ângelo,
sou obrigado a discordar do colega e apoiar o ponto de vista do Prof. Elói que recomenda cautela e mais estudos, hidrológicos, hidrogeológicos e outros, antes de se partir para um investimento de tal monta e que pode vir a ter resultados pífios e até desastrosos face ao que se espera dele. São U$ 4 bilhões ?? - http://nordesteunido.vilabol.uol.com.br/chicao4.htm - para a implantação e mais quanto para a manutenção anual?
Não tenho detalhes do projeto, mas do que li depreendo que a transposição se dará, obviamente, em épocas de seca, épocas em que o Rio S. Francisco apresenta as menores vazões e com valores, eventualmente, no limiar de segurança para os sistemas hidrelétricos e de irrigação já implantados e programados.
A exploração intensiva e progressiva, direta (poços de captação) e indireta (nascentes), de aquíferos como o Urucuia, questão aventada pelo colega Elói, e que são os fornecedores de água essenciais da época de seca, compromete mais ainda este quadro de desvio de águas do Velho Chico durante o período de Sêca.
Outra coisa: a água deverá ser bombeada para atravessar como um (ou dois?) canal a vasta região árida ao norte do rio que tem cerca de 750.000 km2. Quanto desta área será beneficiada com a água da transposição que somente poderá escorrer via um canal estreito, lembrando tambem que toda a região Nordeste tem mais de 1.500.000 km2? A propaganda de que a rede de drenagem será perenizada na região é inconcebível pois a água não poderá SUBIR os múltiplos afluentes a partir desse canal artificial; nem teríamos água para tanto, alem de que, distribuida em pequenas quantidades para abastecer múltiplas nascentes, teria uma taxa de evaporação fantástica o que propiciaria grande perda de água e a salinização dos aluviões, esterilizando-os. Certamente que teremos, tambem, uma supervalorização local de terras e da água por onde passa o canal e que, assim, somente poderão ser compradas/destinadas para sistemas de alta produção localizados e dirigidos para monoculturas de alta rentabilidade por empresas globalizadas, ficando o resto do sertão com a sede de sempre.
Trabalhei por vários anos em mapeamento geológico regional do Nordeste (nos bons tempos do início da SUDENE) e sei a falta que a água faz na área da caatinga durante os períodos de estiagem prolongada. Compartilho de sua angústia com a questão social ("Transposição da Cidadania") e concordo que devemos ter projetos que minorem o sofrimento do sertanejo, mas que estes programas sejam realistas, não tenham os ranços de politicagem de marqueteiros e aproveitadores como se vê tanto neste País, e que busquem melhorar as condições sociais e de trabalho do povo sofrido, transformando a região como um todo e não localizadamente.
Será que com menos recursos não se poderão tocar pequenos e bem idealizados projetos mas com milhares de frentes, auto financiáveis na medida do possível, como: a construção de cisternas (caseiras, públicas e industriais) com captação da água da chuva; a construção de pequenas represas (bem construídas e em pontos bem selecionados social e economicamente), e de barragens subterrâneas segurando o manancial hidrogeológico nos aluviões; a execução de poços artesianos em falhas/fraturas do cristalino e, principalmente, nos espetaculares aquiferos do Urucuia, da Bacia do Piauí-Maranhão e tantas outras áreas menores hidrogeologicamente já definidas ou a definir? Isto sem falar em vários outros projetos associados a esses e que vão ao encontro das afinidades regionais como: implantação de polos de ensino e desenvolvimento de lapidação de gemas de pegmatitos e outras; a identificação e aproveitamento intensivo das manchas de terras e aluviões férteis onde mais de uma safra por ano com alta produtividade podem vir a ocorrer abaixo de pequenas barragens, gerando polos produtivos agroindustriais espalhados por todo o Nordeste; e acompanhando esse crescimento, a instalação (sem dinheiro público de preferência) de sistemas de aproveitamento da energia solar e dos ventos, de mini-usinas de biogás e adubo orgânico associado,.....
Megaprojetos como esse da transposição, com altos custos e questões básicas pendentes, que, muitas vezes, começam em uma administração e não são nem finalizados nas próximas (nossa "p"olítica), devem ser bem amadurecidos, científica, técnica, economica e socialmente, alem de serem bem avaliados face a outras alternativas de menor agressão ambiental e de maior envolvimento social e areal. Se concluído que são bons, devem ser divulgados adequadamente com prós e contras para receber o aval do povo (sem marketing da mídia das empresas consultoras e construtoras !!, e com a situação e a oposição políticas traduzindo esse aval em compromisso de execução em orçamento plurianual), para poderem ser deslanchados com segurança de irem até o fim e trazerem os resultados esperados.
Para tudo isto urge tambem que o(s) govêrnos façam seu dever de casa e GOVERNEM, gastando adequadamente os recursos de nossos impostos (hoje esterilizados para pagar a ciranda financeira mundial) em questões primordiais como educação, saúde e saneamento básico, segurança, levantamentos básicos do País (geologia, pedologia, hidrogeologia, hidrologia, vegetação, fauna, apropriação do solo, infraestrutura..) que são indispensáveis a qualquer tomada de decisão e desenvolvimento de projetos sérios.
Acho que precisamos mais conhecimentos básicos e estudos criteriosos antes de investirmos na transposição do São Francisco. Fazendo analogia com o falecido projeto da Transamazônica: esta decisão não pode ser somente de cunho político; ela deve estar lastreada em bases científicas.
Saudações
Manfredo
c/co colegas geocientistas
De: Acsfernandes@aol.com
[mailto:Acsfernandes@aol.com]
Enviada em: sábado, 26 de março de 2005 08:41
Para: mwinge@terra.com.br
Assunto: Re: Réplica - ENC: Transposição do Rio São Francisco
Prezado Manfredo,
quero parabenizá-lo pela excelente esposição sobre as dificuldades e as
verdadeiras medidas que certamente teriam que ser tomadas quanto à esse
"projeto" de transposição do São Francisco. Politicagem e idéias sonhadoras
certamente não resolverão a situação do Nordeste, sem um estudo sério de suas
conseqüências por geocientistas. Não devemos esquecer, e sim tomarmos como
exemplo, o ocorrido com o mar Aral em decorrência dos processos de retirada das
águas de seus afluentes para a irrigação indiscriminada pelo antigo governo
soviético. Suas conseqüências são hoje bem evidentes.
Um grande abraço,
Antonio Carlos S. Fernandes
Caro Manfredo,
ALGUMAS FORMAS DE SE AMPLIAR A OFERTA D’ÁGUA NO SEMI-ÁRIDO
Um dos principais argumentos considerado pelos defensores do projeto de transposição é a ampliação da disponibilidade de água para consumo humano ao longo dos principais trechos dos canais de derivação e dos eventuais sub-canais. Nesse caso, deve-se considerar que o aumento da oferta hídrica na região do semi-árido pode ser alcançado com investimento em tecnologia e desenvolvimento de pesquisa com objetivo de soluções locais as quais são, via de regra, mais eficientes e baratas que as soluções de grande porte e integradas.
Dentre as técnicas que podem ser consideradas com o objetivo de maximizar a disponibilidade de água destacam-se: implantação de cisternas, construção de poços tubulares, uso de dessalinizadores, implementação de processos para recarga artificial dos aqüíferos, construção de reservatórios superficiais, construção de barragens subterrâneas, etc. As soluções locais de gestão dos recursos hídricos são responsáveis pela fixação de populações em regiões com índices pluviométricos tão reduzidos quanto os observados na região do nordeste do Brasil como é o caso do Chaco Paraguaio, de certas regiões da África, do extremo sul da Península Ibérica, entre outras.
Para a implementação das técnicas anteriormente enumeradas alguns preceitos devem ser considerados:
- dimensionamento adequado das cisternas de forma a se construir um reservatório impermeável com capacidade de armazenar água de chuva para consumo no período médio da época das secas.
- os poços tubulares devem ser localizados em zonas potencialmente produtoras e sua locação deve ser precedida de estudos técnicos, de forma a se alcançar as máximas vazões.
- a implantação de dessalinizadores deve representar um processo integrado com previsão de recursos para substituição das membranas filtrantes e com sistema adequado para disposição final do sal acumulado (implantação de indústrias para processamento do sal produzido).
- os projetos de recarga artificial dos aqüíferos devem considerar o excedente das águas de precipitação nos restritos períodos de superávit. A natureza da maioria dos aqüíferos do semi-árido dificulta a implantação dessa técnica, assim é necessário investimento em pesquisa básica para sua viabilização.
- os açudes eventualmente construídos devem ser eficientes, no sentido de manter um balanço hídrico positivo, ou seja, açudes com a máxima profundidade e mínima área, de forma que as perdas por evaporação direta sejam reduzidas e não ocorram problemas de salinização ou demasiada depleção dos níveis em épocas secas prolongadas.
- as barragens subterrâneas têm se mostrado como importante forma de reservação de águas e de gestão dos recursos hídricos nas regiões onde ocorrem rios de aluvião. Esse tipo de técnica apresenta um balanço custo-benefício bastante favorável.
OUTRO PONTO DE VISTA PARA ALIMENTAR O DEBATE
A questão da transposição também deve ser analisada do ponto de vista econômico. Será que um país que não tem infra-estrutura básica:
- de estradas, as quais se encontram extremamente depreciadas,
- de portos obsoletos (que atrasam e inviabilizam a ampliação das exportações),
- falta de saneamento na maioria das cidades,
- falta de pontes (o próprio Rio São Francisco tem várias travessias importantes feitas por balsas precárias – na bacia do Tocantins-Araguaia esse fato é ainda mais comum), etc,
pode pensar em dispor de recursos financeiros tão elevados para um projeto que gera tanta controvérsia e apresenta resultados duvidosos?
Parece aquele exemplo do morador da favela que não consegue pagar as contas do mês mas tem um carro zero na frente de sua modesta casa! É uma questão de prioridade. Se os problemas nacionais já estivessem solucionados tenho certeza que não existiria tanta pressão contrária ao projeto de transposição.
De: Patrocinio Tomaz [mailto:patrociniotomaz@uol.com.br]
Enviada em: terça-feira, 29 de março de 2005 17:31
Para: mwinge@terra.com.br
Assunto: Transposição do São Francisco
Prezado Manfredo
Tenho me colocado contra este projeto (e os que lhe deram origem) de
transposição por razões de órdens hidrológica, hidrogeológica, hidráulica,
socioeconômica e de gestão de bacias hidrográficas. Encaminho, em anexo, trecho
de um relatório que fiz sobre seca e transposição para a Assembléia Legislativa
do Estado em 1998, tendo atualizado alguns números, bem como uma mensagem
(transcrita abaixo) de participação em debate sobre o tema, no site da
ABRH-Gestão. Esperando que o ilustre colega tenha sido atendido em sua
solicitação por e-mail, subscrevo-me,
Atenciosamente,
Patrocínio
A mensagem:
Prezado Sérgio e demais participantes da Lista ABRH-Gestão.
O outro lado a que me referi é dos que defendem, incondicionalmente, sem base em
argumentos técnicos, a transposição, achando que os que divulgam opiniões
contrárias estão abusando de suas preciosas paciências. Você, realmente, me
conhece e sabe que as minhas posições, sobre este e sobre qualquer outro
problema de recursos hídricos, são, eminentemente téecnicas.
Não são opiniões pessoais desprovidas de embasamento técnico e científico.
Sabemos que este projeto de transposição não resolve o problema de abastecimento
hídrico do meio rural que tem duas vertentes: o abastecimento da população
humana e e o suprimento hídrico das produção agrícola de subsistência. Isto é
inconteste.
Porisso e por outras tantas razões (que podem ser conhecidas em trabalhos,
discussões, mesas redondas etc.), me posiciono contra este projeto. Ele não é a
favor do homem, do micro ou do pequeno produtor rural. Não, não há, embutido ou
explicitado, qualquer projeto de valorização da estação úmida do semi-árido,
quando todos plantam e a grande maioria perde. E é este o grande problema do
semi-árido nordestino, não o abastecimento de cidades e distritos da região.
Para isto, as bacias e, mesmo, os reservatórios com capacidade de regularização,
têm disponibilidade. O que se pretende fazer (isto é gestão) com as águas do São
Francisco, poderia ser feito com as águas endógenas. Com sobras. As bacias do
Jaguaribe, Piranhas-Açu e, até, a bacia do Alto Paraíba têm reservatórios com
esta condição. Se vão ou pretendem fazer com as águas do Velho Chico, porque não
o fazem com os recursos hídricos locais? O tempo de resposta destas ações de
gestão é o mesmo, ou menor, que a gestão resultante da implantação deste projeto
de transposição do São Francisco.
E tenho sim, alternativa concreta e consistente para este problema da região
semi-árida do Nordeste. Ele consta de vários trabalhos meus, inclusive, do
relatório que elaborei (e foi publicado) para a Assembléia Legislativa do Estado
da Paraíba. Com base no Plano de Aproveitamento Integrado dos Recursos Hídricos
do Nordeste-PLIRHINE- (SUDENE, 1980), no Projeto ÁRIDAS (SEPLAN, 1994), Planos
Estaduais de Recursos Hídricos dos governos de Ceará, Rio Grande do Norte,
Pernambuco e Paraíba e em vários planos diretores de bacias, verifica-se que as
as bacias que estão ou estarão em estado de exaustão são as ituadas na região
costeira do Nordeste. Aí estarão as grandes demandas para abastecimento urbano e
irrigação (estamos entrando em um novo ciclo da cana-de-açucar, inevitável com o
fim dos combustíveis fósseis) de culturas diversas (além da cana-de-açucar,
temos fruticulturas diversas e o bambu como fonte de celulose). E de onde virão
os recursos hídricos? A minha alternativa é um projeto de adução das águas do
São Francisco, após Xingó, que conduziria a água para atender as demandas
projetadas das grandes metrópoles nordestinas (desde Aracaju até Fortaleza,
passando por Maceió, Recife, João Pessoa e Natal, com seus municípios vizinhos,
atendendendo, também, cidades mais interioranas como Campina Grande, Caruaru,
Mossoró e Crateús, entre outras). Isto, liberaria os recursos hídricos das
bacias situadas no semi-árido para serem aproveitados no próprio domínio do
polígono das secas. Seja para pabastecimento humano, seja para outros usos,
inclusive, irrigação, desde que dentro de modelos e critérios bem resolvidos. No
projeto atual de transposição, o semi-arido é exportador de água para regiões
menos semi-áridas e, mesmo, úmidas. É o caso de Fortaleza, abastecida pelo açude
Orós via canal do trabalhador. É o caso de Campina Grande, situada no médio
Paraíba (menos árido e comdisponibilidade suficiente para, pelo menos
complementar a demanda de Campina Grande via reservatório de Acauã, com quase 2
m³/s de capacidade de regularização plurianual) e que tem seu sistema de
abastecimento realizado a partir da bacia do Alto Paraíba, a bacia mais
semi-árida do Nordeste (mesmo assim, ha disponibilidade suficiente para ga
rantir este suprimento, já que o racionamento que enfrentou resultou, justamente
da falta de gestão). Seria o caso de Recife e de outras metrópoles.
Liberaríamos, portanto, Orós, Epitácio Pessoa, Armando Ribeiro Gonçãlves para
atender as demandas atuais e futuras (a perder de vista) do semi-árido daquelas
bacias onde estes reservatórios ( e muitos outros) se inserem. Tenho, portanto,
alternativa a este projeto de transposição. Que se complementa com programas e
projetos de aproveitamento de pequenos açudes. de aquíferos aluviais (poços e
barragens subterrâneas), etc., etc. Aliás, a sua secretaria tem trabalhado neste
sentido dos projetos e programas complementares. E como o projeto de
transposição em apreço nada disso alcança, mas utiliza estes argumentos, eu
reafirmo, são argumentos falaciosos. E quem viver verá que, com este projeto, os
problemas de seca com suas conseqüências continuarão. Um abraço respeitoso do
seu colega e amigo.
Patrocínio.
Em tempo: não sou xiita nestes assunto de desenvolvimento com base em recursos hídricos. Sou favorável à construção de reservatório para geração de energia (qual a alternativa com a mesma escala? se tiverem, porque não substituem a geração hidrelétrica e liberam, não 26 m³/s, mas uma parcela muito maior da vazão regularizada por Sobradinho).
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A TRANSPOSIÇÃO DE ÁGUAS DO SÃO FRANCISCO.
Por: José do Patrocínio Tomaz Albuquerque
Geólogo com Mestrado em Engª Civil, Área de Recursos Hídricos.
Generalidades.
Para que se possa elaborar um projeto de transposição, duas condições básicas devem ser satisfeitas, conforme preceitos de economia dos recursos hídricos, e que são: a exaustão total do potencial da bacia receptora e a existência de excedente hídrico na bacia cedente, entendido o excedente como o saldo de recursos hídricos que esta bacia apresente em horizonte de tempo suficientemente longo, de modo a não provocar prejuízo ao seu desenvolvimento.
A primeira condição não é satisfeita por nenhuma das bacias hidrográficas nordestinas, pretensamente receptoras, as quais apresentam, todas, superávit de disponibilidades de recursos hídricos em relação às demandas atuais e futuras de cada bacia, a unidade de avaliação, planejamento e gestão natural de recursos hídricos. O problema de atendimento de demandas está ligado a novas ativações do potencial, onde eles não estão totalmente ativados (caso das bacias do médio e baixo Paraíba, por exemplo) ou ao gerenciamento correto do potencial e das disponibilidades atuais, existentes em reservatórios superficiais, em poços tubulares ou outras estruturas de captação já construídas. A raiz do problema de desabastecimento é a inexistência de uma gestão integrada, racional e harmoniosa dos recursos hídricos, superficiais e subterrâneos de cada bacia hidrográfica que contemple as características naturais ou ambientais das mesmas, a tipologia adequada das demandas e os atributos sócio-culturais de sua população.
Para o caso das bacias pretensamente receptoras do Nordeste, o confronto entre disponibilidades, atuais e máximas, e demandas das populações humanas, urbana e rural, da pecuária, da indústria (inclusive, agroindústria), aqüicultura e irrigação, a situação é a seguinte:
Bacia |
Pot. Total* |
Disp. Máxima* |
Disp. Atual* |
Demanda 2000* |
Demanda 2020* |
Jaguaribe |
4.150 |
2.490 |
2.080 |
1.200 |
1.392 |
Apodí |
820 |
492 |
218 |
180 |
223 |
Piranhas-Açu |
2.380 |
1.428 |
1.428 |
554 |
650 |
Oriental Paraíba** |
2.897 |
1.714 |
364 |
531 |
649 |
Fonte: Projeto ÁRIDAS (Relatório Consolidado), SEPLAN, Brasília, 1994.
*Em milhões de m³/ano.
]** Inclui as bacias hidrográficas dos rios Paraíba, Mamanguape, Gramame e demais unidades hidrográficas costeiras do Estado.
Como se pode verificar, todas as bacias beneficiárias têm superávit até, pelo menos, o ano 2020, mesmo com a implantação de projetos de irrigação dentro do modelo atualmente adotado (55.624 há na bacia do Jaguaribe, 7.209 há no Apodi, 22.538 na bacia do Piranhas-Açu e 13.457 há na bacia Oriental da Paraíba).
Este modelo de irrigação é consumista, concentrador e perdulário dos recursos hídricos em qualquer bacia hidrográfica nordestina. Por isto e por sua incompatibilidade com os parâmetros físicos, hidrológicos, ambientais e sócio-culturais da região e de seu povo, discordo de sua implantação. Defendo um outro modelo que contemple métodos de maior eficiência hídrica, período e cultivos compatíveis com as características físicas e hidroclimáticas do semi-árido e com os atributos educacionais e culturais de seu povo.
A segunda condição, de existência de excedente hídrico, precisa ser analisada em relação à possível bacia cedente, a do rio São Francisco.
A transposição das águas do rio São Francisco.
Duas são as alternativas de tomada d’água nesta bacia: aquela situada no trecho entre as barragens de Sobradinho (jusante) e Xingó (montante), com seus projetos alternativos de Cabrobó e de Itaparica, e aquela localizada à jusante do reservatório de Xingó.
· Alternativa Sobradinho-Xingó.
Nesta alternativa, o obstáculo à transposição reside na geração de energia que é produzida pelo sistema de barragens existente neste trecho. Sobradinho, Orocó, Ibó, Itaparica, complexo de Paulo Afonso e Xingó foram construídas para assegurar uma vazão regularizada de 2.060 m3/s ao longo de toda a extensão do trecho, com garantia de 95%. Isto significa dizer que esta vazão pode não ocorrer com 100% de freqüência, prevendo-se falha na geração de energia em 5% dos meses. Esta vazão de regularização é dada pelo produto da energia potencial (função da queda d’água) com a vazão regularizada.
A energia firme produzida por cada usina hidrelétrica no trecho Sobradinho-Xingó, conforme a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF), está exposta no Quadro 8, a seguir:
Quadro 8 - Energia Firme Produzida pela CHESf
Usina |
Energia Potencial x Vazão (em m3/s) |
Energia Firme Produzida (MW) |
Sobradinho |
0,216 x 2.060 |
445 |
Itaparica |
0,455 x 2.060 |
938 |
Complexo Paulo Afonso |
1,010 x 2.060 |
2.080 |
Xingó |
1,050 x 2.060 |
2.163 |
Total |
2,731 x 2.060 |
5.628 |
Fonte: CHESF- A CHESF e o Uso Múltiplo das Águas do São Francisco, II Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste, Fortaleza-CE, 1994.
Conforme pode-se verificar deste quadro, a redução da vazão resultará em uma diminuição da produção de energia. Para cada 1 m3/s retirado em qualquer ponto deste trecho (há uma reação em cadeia) deixarão de ser produzidos 2,731 MW de energia. Esta é a chamada “produtividade de geração de energia” do rio São Francisco no trecho considerado. Um projeto qualquer que retire 50, 60, 100 m3/s acarretará uma redução de 50, 60, 100 vezes 2,731 MW de energia firme. No projeto com tomada d’água em Cabrobó, onde se previa a transposição de 60 m3/s, deixariam de ser gerados exatos 163, 68 MW de energia. Considerando que para recalcar a diferença de cota de cerca de 160m, cada 1m3/s consumiria 1,6 MW (dados da CHESF), ter-se-ia, para os 60 m3/s, um gasto adicional de 96 MW, totalizando um consumo de 259,68 MW. Como a oferta de energia estará totalmente comprometida até o ano de 2002, esta energia teria que ser compensada por uma outra fonte de geração de energia elétrica tal como: térmica, eólica, solar, atômica, etc., cujos custos (US$ 45,00, na alternativa mais barata) são 2,5 a 3 vezes superiores ao custo médio da energia hidrelétrica, da ordem de US$ 17,10 o MW/hora. Este preço teria que ser subsidiado pelo poder público ou ser repassado aos consumidores, o que inviabilizaria, por exemplo, a instalação ou, até a manutenção do atual parque industrial, já que perderia condições de concorrência com produtos congêneres de outras regiões. Isto, sem levar em consideração outros fatores negativos de algumas dessas fontes alternativas de energia como, por exemplo, vida útil menor, poluição do meio ambiente, etc.
Além de prejudicar a geração de energia, a retirada de água neste trecho já é objeto de um conflito de uso dentro da própria bacia hidrográfica do São Francisco que dispõe de cerca de 1.300.000 hectares de terras irrigáveis de classes 1 e 2 (quase sem restrições à irrigação), dos quais 770.000 hectares já projetados, esperando, portanto, por água. Por isso, a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF) e a CHESF pleiteiam a importação das águas e da energia do rio Tocantins, de vez que o potencial e as disponibilidades de recursos hídricos estão totalmente comprometidos com os abastecimentos humanos (urbano e rural), do gado, industrial, irrigação, geração de energia, navegação e lazer. Argumentos como o do Professor Caio Lóssio Botelho de que a Lagoa do Varadão, localizada sobre uma falha geológica tem sua vazão de 110 m3/s drenada para o São Francisco, o que compensaria a transposição de 70 m3/s, não encontra guarida nas ciências hidrológica e geológica. Na ciência hidrológica porque estas contribuições já participam do potencial hídrico da bacia do São Francisco, avaliado por uma série de dados fluviométricos de, pelo menos, 60 anos. Ora, esta contribuição não se efetivou depois dessa avaliação. Ao contrário, ela se verifica desde o estabelecimento da bacia hidrográfica, ocorrida a partir do período Terciário que terminou há 2,6 milhões de anos atrás. A partir daí e até os dias atuais a Terra vive o período Quaternário. A falha geológica que viabilizaria a drenagem, por sua posição sob a lagoa, deve, logicamente, ter se originado antes da lagoa, talvez no período Cretáceo ou, mesmo, no fim do Terciário, que é o período das falhas geológicas mais recentes.
Verifica-se, portanto, que não existe excedente de hídrico na bacia do São Francisco no trecho considerado e que a transposição de suas águas somente sairá por uma decisão política e para abastecimento humano, única justificativa legal para a tomada desta decisão, por sua prioridade consagrada na Lei N.º 9.433 de 08/01/97 que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos. Mesmo aí, fica difícil fazer essa opção, de vez que as demandas hídricas do Estado, excluindo irrigação, previstas para o ano de 2020, representam, apenas, 36,15% de suas disponibilidades máximas e 76,16% de suas disponibilidades atuais, o que significa que não se necessita construir novos reservatórios, mas, apenas, novas adutoras, a partir de açudes existentes, desde que tenham capacidade regularização pluri-anual (vazão regularizada com 100% de garantia, qualquer que seja o evento hidrometeorológico vindouro). E estes reservatórios existem, às dezenas, sem o devido aproveitamento, em todas as bacias pretensamente receptoras.
· A alternativa de tomada d’água a jusante de Xingó.
Nesta alternativa não existe qualquer obstáculo energético à transposição, de vez que não há mais moinhos geradores de energia entre Xingó e o Oceano Atlântico. Por outro lado a vazão regularizada do rio (2.060 m³/s) é acrescida da contribuição da drenagem de jusante (110 m³/s), de modo que, no baixo curso, a vazão do rio São Francisco passa a ser de cerca de 2.170 m3/s (a vazão média do rio neste curso, antes das intervenções de montante, atingia os 3.000 m3/s). Retira-se do baixo São Francisco 13,821 m³/s para atendimento das diversas demandas atuais (2003), inclusive, irrigação. A demanda futura, para o ano de 2020, nesta parte da bacia do São Francisco, mesmo irrigando toda a área apta a esta atividade, ascenderia a cerca de 100 m³/s. As demandas ecológicas naturais, dadas pela média das vazões mínimas, de origem, predominantemente subterrânea são dadas por esta descarga ocorrente no baixo curso (cerca de 30 m³/s) mais a contribuição deste fluxo natural, proveniente de montante, algo como 1.280 m³/s. Esta demanda não crece nos horizontes de tempo vindouros, por razões óbvias. A demanda total para 2020 ascende a 1.310 m³/s. Haverá, portanto um excedente hídrico, mesmo após 2020, de cerca de 870 m³/s, neste trecho, do qual uma pequena parcela (200 m3/s, por exemplo) poderia ser aduzida para abastecimento da população urbana das grandes metrópoles situadas no litoral do Nordeste (Salvador, Aracaju, Maceió, Recife, João Pessoa, Natal e Fortaleza) e, até de cidades do interior como Campina Grande-PB, Caruaru-PE, Mossoró-RN e Crateús-CE que, provavelmente, não poderão ser totalmente supridas, após 2020, com os recursos hídricos de suas próprias bacias hidrográficas, necessitando importar água. A demanda urbana de todas as cidades dos estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, prevista para o ano 2020 é de, aproximadamente, 141,22 m3/s e a dos distritos industriais a elas agregados, 35,31 m3/s, perfazendo um total de 176,53 m3/s (Projeto ÁRIDAS, idem). O suprimento destas demandas por águas do São Francisco transpostas do trecho em apreço permitiria liberar as disponibilidades de recursos hídricos dos reservatórios atualmente existentes e os que venham a ser acumulados em reservatórios situados na região semi-árida destes Estados para solucionar os seus problemas de abastecimento. No caso da Paraíba, seria derivada uma vazão que atenderia, pelo menos, as demandas da Grande João Pessoa e das cidades polarizadas por Campina Grande e de seus distritos industriais de, aproximadamente 10 m3/s (dados estimados a partir das demandas calculadas pelo “Plano e Gerenciamento Integrado dos Recursos Hídricos do Estado da Paraíba, GOV. ESTADO/SUPLAN – UFPB/ATECEL, 1994).
Para viabilizar esta adução, um projeto com tal finalidade deveria ser elaborado. Alguns elementos, no entanto, mostram a exeqüibilidade do mesmo, tanto em relação ao Nordeste como um todo, quanto em relação à Paraíba, em particular.
Relativamente ao Nordeste, teríamos uma ou várias tomadas d’água situada logo após Xingó, talvez em Pão de Açúcar, onde o nível do rio São Francisco está a cerca de 9 metros acima do nível do mar, podendo a água ser recalcada para cima dos tabuleiros vizinhos da formação Barreiras (que ocorrem desde o estado do Espírito Santo até o Maranhão, em cotas de cerca de 40 metros), seguindo uma trajetória paralela à costa em dois ramos, um no sentido norte para as cidades dos estados situados ao norte e outro, no sentido sul para abastecimento de Aracaju e Salvador. Todas estas cidades estão situadas em altitudes compatíveis com a altura manométrica do nível do rio à jusante de Xingó.
No caso da Paraíba, o maior problema seria transportar a vazão necessária para abastecer Campina Grande e cidades vizinhas. Mas, com a construção de Acauã, o caminho para esta transposição está delineado, havendo que percorrer o trecho situado entre João Pessoa (cota de mais ou menos 40 metros na parte situada sobre os tabuleiros da formação Barreiras) e a barragem de Acauã, de cota de operação situada em torno dos 135 metros. Há, portanto, que se vencer um desnível de cerca de 100 metros e uma distância, em linha reta, de cerca de 75 km, o que dá um aclive médio de 1m a cada 750m percorridos (0,133%, aproximadamente). De Acauã para a estação de tratamento de Gravatá, a adução far-se-ia segundo o projeto já elaborado, apenas redimensionado para a vazão importada, o que poderia ser feito por etapas, até o ano 2020.
O principal benefício desse ante-projeto seria liberar as disponibilidades dos açudes Epitácio Pessoa e Acauã e de outros reservatórios de médio e pequeno porte para atender, com segurança e em horizonte de tempo bastante longo, todas as demandas projetadas desta bacia, inclusive uma não considerada no projeto de transposição em apreço, que é a da correção da irregularidade pluviométrica instalada pela ocorrência dos chamados “veranicos”, o que viabilizaria (pelo menos em grande parcela da área plantada) a colheita de subsistência, realizada na estação chuvosa do semi-árido nordestino. Também, libera as águas do sistema de reservatórios Gramame-Mamuaba para suprir todas as demandas das bacias do baixo curso do rio Paraíba e do rio Gramame, inclusive a irrigação de cana de açúcar para produção de álcool combustível (substituto da gasolina, pela exaustão futura, mas inexorável, do petróleo, da fruticultura irrigada, entre outros consumos.
Por outro lado, os entraves técnicos, econômicos e, até, políticos estariam superados, na medida em que não haveria prejuízos à geração de energia (que não teria que ser substituída), nem às outras demandas, aí incluídas, a irrigação e, provavelmente, a navegação, que disporia de uma vazão mínima de cerca de 1.850 m3/s para assegurar a navegabilidade do baixo curso do rio São Francisco.
Outra vantagem dessa alternativa é que os custos desse projeto seriam repartidos entre o governo federal e os governos dos 7 estados da federação envolvidos na referida obra, ao invés de, apenas, 3 ou 4.
Em termos de projeto de engenharia propriamente dito, este é mais simples que o anterior, de vez que se restringe, praticamente, à construção de um sistema de adução, onde as maiores obras seriam a construção de sifões, dispensando a execução de túneis, canais abertos, e grandes recalques de não menores vazões, o que favorece perdas de condução.
Uma falácia relacionada com o projeto anterior diz respeito, exatamente, às perdas de condução da vazão retirada do São Francisco que, no caso, seriam nulas. Não são. A vazão que chega é menor que a que sai, qualquer que seja o tipo de condução. Mas, as perdas são significativamente maiores em projetos com canais, túneis e grandes recalques, sendo bem menores quando a água é conduzida por tubos fechados, sob pressão. Os investimentos deste último processo são, provavelmente, maiores que os primeiros. Porém os custos finais, tomados em relação à vida do projeto são bastante menores, já que os gastos com a operação e a manutenção de adutoras são muito inferiores que o de canais, túneis etc.
A abrangência da solução Transposição e a Seca.
Tem-se apregoado aos 4 ventos que a transposição seria a solução definitiva do problema da seca. Esta é uma afirmação equivocada e perigosa. Equivocada porque quem faz uma afirmação desta desconhece a verdadeira e grande dimensão do problema seca e o real alcance da importação de água. E perigosa porque, executada a transposição, esta obra poderia servir como argumento que desobrigaria o governo federal dos socorros emergenciais. A seca é um fenômeno temporal que atinge qualquer região do mundo, inclusive as de clima temperado. Mas, ela se manifesta de forma cruenta nas áreas de clima semi-árido. E, dentro destas, as que são extensivamente povoadas e ocupadas por agricultura de subsistência, como o Nordeste semi-árido. Para suprir as demandas populacionais humanas, urbana e rural, do gado e de indústrias, as vazões regularizadas por açudes resolveriam o problema com grandes folgas, mesmo em períodos de secas prolongadas, já que, conforme foi visto, a vazão de regularização de açudes, que leva em consideração a ocorrência de eventos pluviométricos extremos, mínimos (secas) e máximos (cheias), é muito superior à totalidade dessas demandas.
Já para atender as necessidades da agricultura, a situação se complica. Isto porque a área em que se pratica a agricultura (aí incluída a área de pastagens plantadas) no Estado da Paraíba ascende a cerca de 834 mil hectares (já foi de mais de 1.400,000 hectares em meados da década de 80), conforme dados do IBGE, Censo Agropecuário, 1985 - 1996. Se não chove ou se chove irregularmente a demanda da agricultura neste período não é suprida. A solução que tem sido adotada é a irrigação, praticada em modelo já comentado neste relatório. Por este modelo, poder-se-ia irrigar, com os recursos hídricos das bacias paraibanas, entre 40.000 e 50.000 hectares de terras, ou seja, algo como 0,85% do território paraibano ou 6% da área onde se pratica a atividade agrícola. As disponibilidades são, portanto, insuficientes para atender esta demanda com este modelo de irrigação. Para atendê-la em sua totalidade, seria necessário importar, só para a Paraíba, cerca de 500 m3/s e não, apenas, os 10 m3/s destinados ao abastecimento abordado neste capítulo. Isto, evidentemente, é irrealizável pelo impacto que uma transposição desse porte provocaria nas disponibilidades hídricas do rio São Francisco.
Ao nível de região Nordeste, a situação não é diferente. Sobre o Nordeste, precipitam-se, em média, anualmente, cerca de 1 trilhão e 700 bilhões de metros cúbicos anuais, 87% dos quais são perdidos por evapotranspiração real. Portanto, 13% desse total, ou seja, aproximadamente 220 bilhões de metros cúbicos é que sobram para formar os escoamentos dos rios e aqüíferos da região. Este potencial, se totalmente captado através da construção de barragens (o que já acontece em quase todas as bacias hidrográficas que drenam a sua parte semi-árida) e de poços, etc. não fica totalmente disponível, pois sobre ele incidem novas perdas, da ordem de 40% (idealmente) ou mais. As disponibilidades máximas atingiriam, portanto, 132 bilhões de metros cúbicos. Descontadas as demandas outras que não a irrigação, para o ano de 2020, restaria um saldo de cerca de 100 bilhões de metros cúbicos anuais que, se utilizadas na irrigação atualmente praticada, beneficiaria uma área de, no máximo, 5 milhões de hectares. A área do Nordeste é de cerca de 160 milhões de hectares, 80 milhões dos quais inseridos no polígono das secas. Por aí se vê que este modelo de irrigação não resolve o problema da seca, pelo menos na parte de socorro à agricultura que, só no semi-árido, ocupa uma superfície de cerca de 40 milhões de hectares.
A abrangência da solução transposição é, portanto, limitada. Ela resolve problemas específicos como os aqui abordados, de abastecimento de cidades ou de perímetros de irrigação de área delimitada, nunca o problema da seca. Por isso, os problemas emergenciais, embora possam ser minimizados pela gestão correta dos recursos hídricos, sempre ocorrerão e os socorros (frentes de trabalho, cestas básicas, etc.) deverão ser sempre providenciados, para isso contando com recursos financeiros a serem previstos em orçamentos da União e dos Estados.
De: paulo_de_tarso@degeo.ufop.br
[mailto:paulo_de_tarso@degeo.ufop.br]
Enviada em: sexta-feira, 1 de abril de 2005 11:16
Assunto: a transposição do São Francisco
Caro
Manfredo,
em meados de março foi realizado o Seminário: Rio São Francisco - O
Desafio da Verdade, patrocianado pela SEMAD MG e os orgãos do sistema ambiental
mineiro. Constou de várais palestras de hidrólogos, engenheiros elétricos,
geólogos etc. Esas palestras estão disponibilizdas no Portal Terra & Ciências,
gerenciado pelo Degeo-EM-UFOP.Estas palestras foram incluídas na Biblioteca
Virtual do portal. Para ter acesso aos textos, por favor, entre no portal Terra
& Ciências (http://www.degeo.ufop.br/terraCiencias/index.php
), e clique na opção biblioteca virtual na janela "canais" .
Um abraço
Paulo
de Tarso
-------
Paulo de Tarso Amorim Castro
Centro de Pesquisa em Geologia Automatizada - CPGA
Departamento de Geologia - Escola de Minas UFOP
|
Frase do MINISTRO DA INTEGRAÇÃO, citada em
Notícias FAPESP (acima):
"É importante deixar
claro que a interligação das bacias não acaba com a seca, mas evita perdas. A
insegurança hídrica gera o desperdício nas barragens. A água acumulada e não
utilizada transborda e vai embora”
Observação de Manfredo Winge: Analisando essa frase, podemos dizer que ela peca por falta de lógica, pois a água transbordada de açudes (1) não é desperdiçada pois vai servir rio abaixo para beber e para as lavouras de "inverno" e (2) nesta época de muita chuva não se carece de um bilionário canal de desvio do São Francisco, pois água se terá a vontade nesses "invernos" chuvosos.
AZIZ AB'SÁBER
Folha de São Paulo - Tendências e Debates -
20/02/2005
É compreensível que em um país de dimensões tão grandiosas, no contexto da
tropicalidade, surjam muitas idéias e propostas incompletas para atenuar ou
procurar resolver problemas de regiões críticas. Entretanto, é impossível
tolerar propostas demagógicas de pseudotécnicos não preparados para prever os
múltiplos impactos sociais, econômicos e ecológicos de projetos teimosamente
enfatizados. Tem faltado a eventuais membros do primeiro escalão dos governos
qualquer compromisso com planificação metódica e integrativa, baseada em bons
conhecimentos sobre o mundo real de uma sociedade prenhe de desigualdades. Nesse
sentido, bons projetos são todos aqueles que possam atender às expectativas
de todas as classes sociais regionais, de modo equilibrado e justo, longe de
favorecer apenas alguns especuladores contumazes. Pessoalmente, estou cansado de
ouvir propostas ocasionais, mal pensadas, dirigidas a altas lideranças
governamentais.
Nas discussões que ora se travam sobre a questão da
transposição de águas do São Francisco para o setor norte do Nordeste
Seco, existem alguns argumentos tão fantasiosos e mentirosos que merecem ser
corrigidos em primeiro lugar. Referimo-nos ao fato de que a transposição das
águas resolveria os grandes problemas sociais existentes na região semi-árida do
Brasil. Trata-se de um argumento completamente infeliz lançado por alguém que
sabe de antemão que os brasileiros extra-nordestinos desconhecem a realidade dos
espaços físicos, sociais, ecológicos e políticos do grande Nordeste do país,
onde se encontra a região semi-árida mais povoada do mundo.
O Nordeste Seco, delimitado pelo espaço até onde se estendem
as caatingas e os rios intermitentes, sazonários e exoreicos (que chegam ao
mar), abrange um espaço fisiográfico socioambiental da ordem de 750.000
quilômetros quadrados, enquanto a área que pretensamente receberá grandes
benefícios abrange dois projetos lineares que somam apenas alguns milhares de
quilômetros nas bacias do rio Jaguaribe (Ceará) e Piranhas/Açu, no Rio Grande do
Norte. Portanto, dizer que o projeto de transposição de águas do São Francisco
para além Araripe vai resolver problemas do espaço total do semi-árido
brasileiro não passa de uma distorção falaciosa.
Um problema essencial na discussão das questões envolvidas no
projeto de transposição de águas do São Francisco para os rios do Ceará e Rio
Grande do Norte diz respeito ao equilíbrio que deveria ser mantido entre as
águas que seriam obrigatórias para as importantíssimas hidrelétricas já
implantadas no médio/baixo vale do rio -Paulo Afonso, Itaparica,Xingó. Devendo
ser registrado que as barragens ali implantadas são fatos pontuais, mas a
energia ali produzida, e transmitida para todo o Nordeste, constitui um tipo de
planejamento da mais alta relevância para o espaço total da região. De forma que
o novo projeto não pode, em hipótese alguma, prejudicar o mais antigo, que
reconhecidamente é de uma importância areolar. Mas parece que ninguém no Brasil
se preocupa em saber nada de planejamentos pontuais, lineares e areolares. Nem
tampouco em saber quanto o projeto de interesse macrorregional vai interessar
para os projetos lineares em pauta.
Segue-se na ordem dos tratamentos exigidos pela idéia de
transpor águas do São Francisco para além Araripe a questão essencial a ser
feita para políticos, técnicos acoplados e demagogos: a quem vai servir a
transposição das águas? Uma interrogação indispensável em qualquer projeto que
envolve grandes recursos, sensibilidade social e honestas aplicações dos métodos
disponíveis para previsão de impactos.
Os "vazanteiros" que fazem horticultura no leito dos rios que
"cortam" -que perdem fluxo durante o ano- serão os primeiros a ser totalmente
prejudicados. Mas os técnicos insensíveis dirão com enfado: "A cultura de
vazante já era". Sem ao menos dar qualquer prioridade para a realocação dos
heróis que abastecem as feiras dos sertões. A eles se deve conceder a prioridade
maior em relação aos espaços irrigáveis que viessem a ser identificados e
implantados. De imediato, porém, serão os fazendeiros pecuaristas da beira alta
e colinas sertanejas que terão água disponível para o gado, nos cinco ou seis
meses que os rios da região não correm. É possível termos água disponível para o
gado e continuarmos com pouca água para o homem habitante do sertão. Nesse
sentido, os maiores beneficiários serão os proprietários de terra, residentes
longe, em apartamentos luxuosos em grandes centros urbanos.
Sobre a viabilidade ambiental pouca coisa se pode adiantar, a
não ser a falta de conhecimentos sobre a dinâmica climática e a periodicidade do
rio que vai perder água e dos rios intermitentes-sazonários que vão receber
filetes das águas transpostas. Um projeto inteligente e viável sobre
transposição de águas, captação e utilização de águas da estação chuvosa e
multiplicação de poços ou cisternas tem que envolver obrigatoriamente
conhecimento sobre a dinâmica climática regional do Nordeste. No caso de
projetos de transposição de águas, há de ter consciência que o período de maior
necessidade será aquele que os rios sertanejos intermitentes perdem correnteza
por cinco a sete meses. Trata-se porém do mesmo período que o rio São Francisco
torna-se menos volumoso e mais esquálido. Entretanto, é nesta época do ano que
haverá maior necessidade de reservas do mesmo para hidrelétricas regionais.
Trata-se de um impasse paradoxal, do qual, até agora, não se falou.
Por outro lado, se esta água tiver que ser elevada ao chegar a região final de
seu uso, para desde um ponto mais alto descer e promover alguma irrigação por
gravidade, o processo todo aumentará ainda mais a demanda regional por energia.
E, ainda noutra direção, como se evitará uma grande evaporação desta água que
atravessará o domínio da caatinga, onde o índice de evaporação é o maior de
todos? Eis outro ponto obscuro, não tratado pelos arautos da transposição.
A afoiteza com que se está pressionando o governo para se
conceder grandes verbas para início das obras de transposição das águas do São
Francisco terá conseqüências imediatas para os especuladores de todos os naipes.
Existindo dinheiro - em uma época de escassez generalizada para projetos
necessários e de valor certo -, todos julgam que deve ser democrática a oferta
de serviços, se possível bem rentosos. Será assim, repetindo fatos do passado,
que acontecerá a disputa pelos R$ 2 bilhões pretendidos para o começo das
obras.
O risco final é que, atravessando acidentes geográficos
consideráveis, como a elevação da escarpa sul da chapada do Araripe -com grande
gasto de energia!-, a transposição acabe por significar apenas um canal tímido
de água, de duvidosa validade econômica e interesse social, de grande custo, e
que acabaria, sobretudo, por movimentar o mercado especulativo, da terra e da
política. No fim, tudo apareceria como o movimento geral de transformar todo o
espaço em mercadoria.
Aziz Ab'Sáber, 80, é geógrafo, professor-emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e professor convidado do Instituto de Estudos Avançados da USP
© ADUnB 30/09/05
Dom Frei Luiz Flávio Cappio
Queridos irmãos e irmãs nordestinos,
do Ceará, da Paraíba, do Rio Grande do
Norte e do Pernambuco,
Estou desde o dia 26 de setembro de 2005, dia do aniversário de São Francisco,
em jejum e oração permanente. Estou em Cabrobó, Pernambuco, às margens do Rio
São Francisco, numa capela dedicada a São Sebastião. Minha disposição,
amadurecida e lúcida, é de dar a minha vida pela vida do Rio São Francisco e de
seu Povo, contra o projeto de transposição e em favor de soluções verdadeiras e
sustentáveis para a região semi-árida.
Há mais de 30 anos, buscando ser fiel a Jesus Cristo e a meu pai São Francisco,
identifiquei minha vida sacerdotal com o Rio São Francisco e seu Povo. Neste
momento, apenas procuro manter-me coerente com esta opção. Não quero morrer,
mas quero a vida verdadeira para o Rio São Francisco e para o todo o Povo
Sanfranciscano e do Nordeste!
Meu gesto é o último recurso que me resta para fazer o Governo Federal desistir
desta obra insana e mentirosa, que é a transposição. Minha luta é também pelo
sagrado direito de vocês a ter água boa e vida digna. Não é de maneira nenhuma
um gesto contra vocês.
Há muito tempo os poderosos querem fazer vocês acreditarem que só a água do Rio
São Francisco pode resolver os problemas que vos afligem todos os anos no
período da seca. Não é verdade. Estes mesmos problemas são vividos a pouca
distância do Rio São Francisco. Ter água passando próxima não é a solução, se
não houver a justa distribuição da água disponível. E temos, perto e longe do
rio, muitas fontes de água: da chuva, dos rios e riachos temporários, do solo e
do subsolo. O que está faltando é o aproveitamento e a administração competente
e democrática dessas águas, de modo a torná-las acessíveis a todos, com
prioridade para os pobres.
Não lhes contam toda a verdade sobre este projeto da transposição. Ele não vai
levar água a quem mais precisa, pois ela vai em direção aos açudes e barragens
existentes e a maior parte, mais de 70%, é para irrigação, produção de camarão
e indústria. Isso consta no projeto escrito. Além disso, vai encarecer o custo
da água disponível e estabelecer a cobrança pela água além do que já pagam.
Vocês não são os reais beneficiários deste projeto. Pior, vocês vão pagar pelo
seu alto custo e pelo benefício dos privilegiados de sempre.
Não estivesse o Rio São Francisco à beira da morte e suas águas fossem a melhor
solução para a sede de vocês, eu não me oporia e lutaria com vocês por isso.
Tenho certeza que o generoso povo do São Francisco faria o mesmo.
Peço-lhes encarecidamente que me compreendam, busquem mais informações corretas de pessoas honestas, se organizam e lutem pela convivência com o semi-árido, que é a única e verdadeira saída para todos nós do Nordeste.
Senhor, Deus da Vida, ajude-nos! "Louvado sejas, pela Irmã Água, preciosa e casta, humilde e boa!"
Recebam meu abraço e minha benção,
Dom Frei Luiz Flávio Cappio
Bispo Diocesano da Barra - BA
Cabrobó, 30 de setembro de 2005
© ADUnB 30/09/05
De: Thomas Campos [mailto:thomascampos@geologia.ufrn.br]
Enviada em: quinta-feira, 6 de outubro de 2005 18:00
Assunto: Sobre o São Francisco por Joâo Abner
Eis um dos textos escrito pelo nosso colega Eng. João Abner da UFRN
De: João Abner
Data: 10/05/05 15:39:20
Para: ciranda@ufrn.br
Assunto: Re: [ciranda] culpado por futuro do bispo
Segunda Feira, 10/10, estarei em São Paulo debatendo a transposição do rio São Francisco no programa Roda Viva da TV Cultura/SP. Desde já, antecipo os argumentos que usarei no Programa. João Abner
TRANSPOSIÇÃO DO ATRASO
João Abner Guimarães Jr. Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Esperança de inúmeras gerações de nordestino alimentada por muitos anos de badalação da propaganda oficial, a Transposição do Rio São Francisco encontra-se em vias de ser viabilizada, pelo menos o início da sua construção, após uma grande batalha travada entre o Governo e os opositores da Bacia do Rio São Francisco, que se intensificou no último ano.
Lobby da Transposição
A experiência recente no acompanhamento da condução por parte do Governo do Projeto de Transposição no Brasil, a recorrência do tema com força crescente, mesmo num ambiente de avanços democráticos, mostra a fragilidade do estado brasileiro e de suas instituições frente aos interesses coorporativos dos lobbies do poder econômico incrustados no meio político e na infra-estrutura do Estado.
A defesa do projeto é capitaneada por uma forte articulação político-empresarial, envolvendo os governos e as bancadas dos estados do nordeste setentrional (CE, PE, PB e RN) que, como um vírus cuja cepa mais recente, contaminou o Estado Brasileiro no governo Itamar Franco e, cada vez mais forte, replicou no Governo FHC e, por último, no Governo Lula envolvendo, agora, diretamente o próprio Presidente na defesa enfática do projeto.
Discurso Demagógico
No início do mês de setembro, em Angicos (RN), o presidente Lula acusou os críticos da transposição do rio São Francisco - principal e um dos poucos projeto de destaque do seu governo - de egoísmo e insensibilidade com a problemática da secas na Região Nordeste. Disse o Presidente: "só pode ser contra quem tem água Perrier – cara água mineral francesa - na sua geladeira, só pode ser contra quem nunca carregou uma lata de água de 20 litros na cabeça por seis ou oito léguas”.
Em relação ao tema, o Presidente reproduz a estratégia de que a melhor defesa é o ataque, fugindo, dessa forma, de responder aos questionamentos que associam o projeto com a velha indústria das secas na região.
Presente de Grego
Para os críticos, o projeto de R$ 4,5 bilhões, que deverá comprometer grande parte dos recursos públicos em muitos anos no NE, no mínimo não deve ser considerado prioritário porque vai manter o quadro da seca inalterado. As águas desviadas vão passar distante da grande maioria da população rural do sertão atingida pela seca, e, em contrapartida, vão irrigar em condições economicamente desfavoráveis regiões onde já se encontram os maiores reservatórios. Hoje, no Nordeste, não se cobra pela água bruta. A realidade atual é que os custos da água para os usuários dizem respeito apenas ao bombeamento da fonte de suprimento até a área agrícola.
Com a transposição, ao contrário, vai se pagar muito caro pelo uso da água transposta. O custo da água será, no mínimo, 5 a 6 vezes maior do que os valores atualmente praticados na Região. Esse fato deverá restringir bastante a inserção dos produtos hidro-agrícolas das bacias receptoras no mercado globalizado, atual e futuro, extremamente competitivo. Nesse sentido, é um projeto economicamente inviável, um verdadeiro “presente de grego” para a população dos estados receptores.
Conta da Transposição
Para viabilizá-lo, os estudos econômicos contratados pelo Governo sugerem a prática de um subsídio cruzado, politicamente insustentável. Está previsto que 85% da receita do projeto deverão ser gerados pelos consumidores de água situados no meio urbano das grandes cidades da Região Nordeste Setentrional, que na atualidade não precisam e já subsidiam o abastecimento hídrico humano do interior.
O modelo de gestão do sistema proposto prevê que a operação seja executada por uma concessionária que entregará água para os estados. Os governos, por seu turno, pagarão por essa água no mínimo R$ 100 milhões, mesmo que não seja necessário aumentar a oferta local desse insumo com vistas a atender prováveis necessidades.
Contramão da História
A transposição, por ser uma obra muito atrasada vai à contramão das políticas públicas que vinham sendo desenvolvidas na Região nos últimos anos, estimuladas por organismos internacionais, tendo como alvo o desenvolvimento sustentável, a partir da democratização do acesso à água e da gestão participativa dos recursos hídricos. Ao contrário, com o Projeto cria-se uma dependência da região com a água do Rio São Francisco, um recursos natural escasso, caro e conflitante.
O semi-árido nordestino vai pagar um alto preço por essa obra. Durante muitos anos a obra vai consumir boa parte dos recursos públicos que viriam para a região e paralisar a ação do Estado, reproduzindo, dessa forma em maior escala, a nefasta indústria das secas no NE.
Transposição para o RN
A questão do Rio Grande do Norte é emblemática. O projeto - uma unanimidade da classe política do Estado – teve recentemente o seu rateio de água contratada ao Governo Federal pelo Governo do Estado, no qual consta uma vazão disponibilizada em caráter permanente inicialmente de apenas 1,85 m³/s até 2010, sendo reduzido para 1,60 m³/s em 2025.
A água terá que ser repartida entre as bacias do Piranhas-Açu e Apodí-Mossoró e será de quantidade inexpressiva levando-se em consideração a disponibilidade local, 15 vezes maior.
Vale salientar que o rio Piranhas-Açu, no seu trecho do RN, encontra-se perenizado há várias décadas a partir da barragem de Coremas-Mãe d’Água na Paraíba e recentemente um acordo de integração celebrado pela ANA e os estados do RN e PB assegurou uma vazão mínima de 1,5 m³/s na entrada do RN, equivalente a vazão transposta.
Portanto, a transposição para o nosso estado deverá se constituir num grande fiasco, depois de tanta expectativa. Tal como na fábula de Esopo, a montanha rugiu, rugiu, tremeu, tremeu e pariu um rato.
RATEIO DA ÁGUA DO PROJETO DE INTEGRAÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO
SUSTENTABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DO PISF
Mecanismos do sistema de gestão econômico-financeiro do PISF:
CUSTO POR ESTADO
CUSTO UNITÁRIO MÉDIO EM 2015
Custo total da água .= 100.863.049,00 R$/ano Volume total disponível = 21,8´86.400´365 = 687.484.800,00 m³/ano
Custo médio da água......................................= R$ 0,1467 por m³ |
De: Celso_Dal_Re_Carneiro [mailto:cedrec@ige.unicamp.br]
Enviada em: sexta-feira, 7 de outubro de 2005 08:33
Re: TRANSPOSIÇÃO DO SÃO FRANCISCOSugiro que se coloque nesse sitio a analise abaixo, recente, disponivel em ambientebrasil:
Transposição do Velho Chico: uma análise de controvérsias
06/10/2005 Theophilo Ottoni Filho
http://www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=21150Prof. Dr. Celso Dal Re Carneiro
Departamento de Geociencias Aplicadas ao Ensino
Instituto de Geociencias - Unicamp
06/10/2005 |
|
Theophilo Ottoni Filho (*) © AmbienteBrasil de 06/10/2005 http://www.ambientebrasil.com.br/ |
De: Manfredo Winge
[mailto:mwinge@terra.com.br]
Enviada em: domingo, 9 de outubro de 2005 20:09
Assunto: A FAVOR DA TRANSPOSIÇÃO
Prezado colega geocientista,
caso você tenha posicionamento favorável ao Projeto de Transposição do São
Francisco (não confundir com revitalização do Rio que é outro projeto),
gostaríamos de receber seus ARGUMENTOS TÉCNICO-CIENTÍFICOS para serem
divulgados, já que a grande maioria dos comentários recebidos/coligidos vem
caracterizando o PROJETO COMO NEGATIVO e isto pode dar a impressão que a nossa
página de comments & replies é tendenciosa.
Conferir mais algumas análises e comentários:
A QUEM SERVE A TRANSPOSIÇÃO? - Aziz Ab'Sáber
Ao Povo do Nordeste - Dom Frei Luiz Flávio Cappio
TRANSPOSIÇÃO DO ATRASO - João Abner Guimarães Jr
Transposição do Velho Chico: uma análise de controvérsias - Theophilo Ottoni
Filho
Obrigado
Manfredo Winge
Vida para todos: por isso fiz a greve de fome
Artigo de Dom frei Luiz Flávio Cappio
Folha de S.Paulo
Foi em favor da vida que fiquei 11 dias em jejum e oração na tão querida
capelinha de São Sebastião, em Cabrobó (PE). Motivou-me o compromisso, baseado
no Evangelho, que tenho com os pobres, os do rio São Francisco em primeiro
lugar, porque me são mais próximos, há mais de 30 anos, por opção de
franciscano, sacerdote e bispo desde 1997. Compromisso com a vida do próprio rio
São Francisco, tão degradado.
"Rio vivo, povo vivo. Rio morto, povo morto", gritamos milhares de vezes na
peregrinação da nascente à foz do São Francisco, entre outubro de 1993 e outubro
de 1994. Vida ameaçada pelo atual projeto de transposição. Mas meu compromisso é
também com a vida de toda a população do semi-árido, principalmente a dos mais
pobres, enganados com tal projeto.
Era essa minha intenção, bastante clara na declaração "que todos tenham vida",
que fiz depois de longo debate, no acordo que me levou a suspender o jejum e que
celebrei com o ministro Jaques Wagner, em nome e com o assentimento do
presidente Lula: "permitir uma ampla discussão, participativa, verdadeira e
transparente para que se chegue a um plano de desenvolvimento sustentável,
baseado na convivência com todo o semi-árido, para o bem de sua população,
priorizando os mais pobres. (...) que, através desse amplo debate, cheguemos a
soluções que promovam a união e a concórdia para o povo brasileiro,
especialmente para os irmãos e irmãs do semi-árido".
Portanto não basta dizer "não" à transposição. Não basta só a revitalização do
rio. É preciso um plano de desenvolvimento verdadeiramente sustentável, que
beneficie toda a população do semi-árido, tanto os que estão próximos do rio
como os que estão longe dele. Um bom plano exige que se pense o semi-árido em
toda sua extensão, do norte de Minas ao Ceará, do agreste pernambucano ao
Maranhão, com toda sua diversidade geográfica, social e ambiental. São
aproximadamente um milhão de km2 e 30 milhões de pessoas.
Os mais pobres estão nas cidades, mas formam quase toda população rural,
espalhada por todo o território. São os que quase não têm terra, bebem águas
podres de barreiros e de açudes, não têm a mínima infra-estrutura para enfrentar
o clima do semi-árido e estariam fora do projeto de transposição. Pobres que
estão não muito distantes do próprio rio São Francisco. Estes devem ser
prioritários para o investimento público no semi-árido. Portanto é não só uma
questão técnica mas ética.
A transposição se colocou como um "fantasma" que não permite uma visão ampla do
semi-árido, pois absorve mentes, energias e recursos, como se abrangesse o todo
e fosse a salvação para todos. Ela abrangeria apenas 5% do semi-árido brasileiro
e beneficiaria 0,23% da população do Nordeste, segundo críticos.
Será, na verdade, mais problema para a população do campo e da cidade, uma vez
que elevará o custo da água disponível e estabelecerá o mercado da água. Não vai
redimir o Nordeste, como apregoam seus promotores. Tenta-se justificar,
equivocadamente, um Nordeste setentrional separado do todo.
Pensando o semi-árido como um todo, poderemos conferir exatamente qual poderia
ser ou não a utilidade e a necessidade de uma obra de tamanho gasto público,
para um país endividado como o nosso, e de tanto risco social e ambiental.
É preciso pensar também o rio. Cortado por barragens, desmatado por carvoarias,
poluído por esgotos e agrotóxicos, assoreado em toda a sua extensão, o São
Francisco pede alento, um pouco de paz e um pouco de sossego para recuperar a
vitalidade. Pede investimento. E suspensão dos projetos degradantes. Não há
verdadeira revitalização se continuar a degradação dos solos, da vegetação e das
águas da bacia, como nos cerrados do oeste baiano.
É preciso respeitar também sua população, que suporta o ônus de todos os
projetos impostos à grande bacia. Aqui também mora gente que merece consideração
e respeito.
Busquemos um plano que una novamente a nação nordestina. A transposição nos
divide. A revitalização do São Francisco e do semi-árido nos une.
Quando iniciei o jejum, declarei que, "quando a razão se extingue, a loucura é o
caminho". Fico feliz que meu gesto, suas razões e sua "loucura" tenham sido
compreendidos e apoiados por tanta gente. Agradeço sinceramente. Tenho rezado
por todos. Não me canso de louvar a Deus por tanta graça recebida.
"Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância" (João, 10, 10).
Fiz dessas palavras centrais do Evangelho meu lema de bispo. Só quis ser fiel a
ela, com a radicalidade que a questão exigia. E voltarei ao jejum e a oração,
com mais determinação ainda, se o acordo firmado, em confiança, com o governo
não for cumprido. E sei que não estarei sozinho.
© ADUnB 10/10/05
Notícia: Comentário de Francisco Oliveira: Parece nao haver argumentos pro sustentaveis - mas, a falta de informacao é grande. |
TRANSPOSIÇÃO SEM CINISMO
Os saques dos flagelados da seca, no primeiro semestre deste ano, refletem a
realidade climática histórica do nordeste brasileiro, ou seja, as taxas
pluviométricas relativamente baixas, concentradas em quatro meses do ano e o que
é pior, episodicamente a quadra chuvosa é bastante irregular ou virtualmente sem
chuvas. Refletem também o descaso, igualmente histórico – na respectiva dimensão
-, dos políticos e gestores públicos para com a população nordestina.
O Brasil é um país privilegiado na medida em que eventos catastróficos e
imprevisíveis (ou pouco previsíveis) como terremotos, furacões, tornados e
vulcões não ocorrem no seu território. De causar inveja a qualquer outra nação,
nossa catástrofe episódica é previsível, assim como as suas conseqüências de
flagelo e, diferente dos vulcões e terremotos, suas causas podem ser erradicadas
ou efetivamente minimizadas.
Para a solução do problema é necessário disponibilizar água na região no período
da quadra chuvosa e, porque não, durante o resto do ano, afinal a busca por uma
situação sócio-econômica plena é também um direito dos nordestinos e dever do
Estado. O plano de efetuar a transposição do Rio São Francisco vem do Império,
mas a ineficiência, o egoísmo e os interesses pessoais dos políticos relegaram,
sistematicamente, o projeto a níveis secundários. Não se pode dizer que foi por
falta de recursos ou riquezas do país, pois, a exemplo, durante o “Milagre
Brasileiro” foram despendidos “rios de dinheiro” em obras faraônicas, várias
delas sem sentido e que jamais foram concluídas (por ex: Usinas Atômicas de
Angra, Ferrovia do Aço, Rodovia Transamazônica); sem esquecermos dos “rios de
dinheiro” desviados nas privatizações e no “programa” do Proer; assim como nas
fraudes do Sivam/Sipam; de emendas de reeleição ou prorrogação de mandato do
Presidente da República e nos “mensalões”, entre tantos outros descalabros que
têm assolado a política deste país.
Uma pequena parcela desses recursos “jogados no ralo” teria sido suficiente para
efetuar a transposição do São Francisco, incluindo a redistribuição da água
através de canais secundários para a integração de bacias hidrográficas do
nordeste semi-árido, conectando os diversos reservatórios do território
nordestino, o que propiciaria o acesso democrático à água, que é um bem
essencial para a vida e muito mais para uma vida com dignidade.
Se esse projeto tivesse sido realizado 30 anos atrás, hoje estaria sua ampliação
sendo discutida, talvez para captar mais 1% ou 2% das águas do “Velho Chico” no
sentido de fomentar o desenvolvimento do imenso pólo econômico que seria o
nordeste brasileiro e não estaríamos discutindo a revitalização do São
Francisco, pois isso, por necessidade e responsabilidade, teria sido feito
nesses trinta anos.
Falar em paliativos ou ações pontuais como solução para o problema da seca do
nordeste é agredir a inteligência desses cidadãos, pois visa apenas a perpetuar
o status quo do país, servindo o nordeste unicamente para enviar mão-de-obra
barata para os centros industrializados e disponibilizar seu belo litoral para
comensais e turistas das regiões ricas do país.
Tomando como exemplo o programa de cisternas, faz-se necessário lembrar que
esses pequenos reservatórios são utilizados por habitantes (fazendeiros) do
sertão desde que o cimento tornou-se acessível e sempre assumiu um papel
sanitário importante, considerando a qualidade da água armazenada diretamente da
chuva, que é preservada do processo de evaporação e de contaminação externa.
Devido ao volume do reservatório, a água armazenada serve exclusivamente para
uso doméstico e de acordo com o número de usuários e com o regime de chuvas da
temporada, a reserva é esgotada em menos de um ano. Portanto, as cisternas não
servem nem nunca servirão para aliviar as conseqüências da seca como, por
exemplo, a sede de rebanhos.
Propor a captação de águas subterrâneas como solução para a região é tentar,
mais uma vez, desviar a atenção do problema. As rochas cristalinas que
predominam na região do nordeste são péssimas armazenadoras de água, por isso as
tentativas nesse sentido alcançaram poços de vazão, em média, inferiores a 3 mil
litros/hora, vazão insuficiente mesmo para pequenos projetos agro-pecuários.
Ademais, por razões climáticas e geológicas, as águas obtidas são, com
freqüência, salobras e para a dessalinização dessa água, além do custo elevado,
depara-se com a questão ambiental sobre onde despejar o sal residual.
Como os depósitos das planícies fluviais são rasos e estreitos, assentados sobre
o cristalino impermeável, os lençóis freáticos desses domínios são modestos.
Por outro lado, a Bacia do São Francisco, em vastas regiões de Minas Gerais e
Bahia, espalha-se sobre espessos depósitos de rochas sedimentares (aqüíferos)
que produzem poços artesianos com vazões acima de 25 mil litros/hora e em
locais, com vazões superiores a 100 mil litros/hora chegando, pontualmente, a
vazões em torno de 500 mil litros/hora. Essa região sofre ou sofrerá de
deficiência hídrica? Será necessária a água do Rio São Francisco para servir a
esses territórios?
O nordeste precisa das águas do Rio São Francisco e se isso limita, então, o uso
das águas desse rio nos dois principais estados fornecedores, qualquer
necessidade nesses estados poderá vir a ser suprida através da captação de águas
subterrâneas. Esses dois estados precisariam de “compensação” por isso? Todos
esses estados e territórios não integram a mesma nação?
Nações como a China, a Índia e os Estados Unidos que têm rios extensos e
caudalosos atravessando diferentes províncias e estados de seus territórios
compartilham harmonicamente suas águas e numa exploração tamanha que alguns
desses rios chegam à foz com vazão de pequenos córregos. No tocante a retirada
das águas em excesso, o que compromete os ecossistemas da bacia hidrográfica,
trata-se de um procedimento equivocado e ecologicamente incorreto, e não é isso
que é visualizado para o Rio São Francisco.
A captação de pouco mais de 1% das águas do São Francisco vem sendo tratada,
também, como uma ameaça à matriz energética do país, quando, na verdade,
superamos apenas um pouco mais de 40% do potencial hidrelétrico do território
brasileiro e o que é ainda mais dramático, não utilizamos muito do gás natural
comprado a peso de ouro da Bolívia que pode ser convertido facilmente em energia
através de termoelétricas, sem esquecer do gás natural disponível na Bacia
Potiguar.
Na questão da transposição do Rio São Francisco, os possíveis impactos e a
defesa do meio ambiente têm servido de escudo para o cinismo de políticos, de
parte da imprensa e de outras pessoas que defendem seus próprios interesses -
políticos ou não - ou os interesses de outrem.
O homem sempre foi e sempre será o maior agressor da natureza, seja por
necessidade de sobrevivência, seja por cobiça. O desmatamento e o aniquilamento
da fauna – como caça ou como objeto de comércio – impõe-se, essencialmente, onde
não é oferecida outra opção para os habitantes. No Nordeste brasileiro não é
diferente, sendo a caça, o comércio de aves e de outros animais silvestres, além
do desmatamento indiscriminado, reflexo da falta de opção econômica da população
do sertão.
O maior impacto ambiental da transposição será a felicidade de cerca de 12
milhões de cidadãos e todas as conseqüências positivas para a preservação do
meio ambiente no âmbito de seus territórios.
A greve de fome contra a transposição não é uma greve pela vida, uma vez que, na
verdade, agride milhões de nordestinos que fazem uma “greve de fome compulsória”
por toda sua curta existência.
Se religiosos querem contrariar os dogmas da sua igreja e atentar contra sua
própria vida através de greve de fome, que façam quando deputados legislam em
causa própria e aumentam os seus exorbitantes salários, ou quando legislam para
conceder aumento para seus funcionários que recebem, em média, sete mil reais,
enquanto nordestinos em tarefas diárias que exigem maior intelectualidade e
força física percebem como proventos a honrosa bolsa-família.
O Brasil há muito, vem sofrendo uma forte agressão ao seu meio ambiente que
emana sempre, na sua maior grandeza, da Praça dos Três Poderes através das suas
decisões e procedimentos cotidianos.
Pedro Angelo Almeida Abreu
Professor Titular da Faculdade de Ciências Agrárias/UFVJM
Doutor em Ciências Naturais pela Universidade de Freiburg - Alemanha
De: Pedro Angelo Almeida Abreu
[mailto:pangelo@fafeid.edu.br]
Enviada em: segunda-feira, 14 de novembro de 2005 19:02
Assunto: Re: Transposição do São Francisco
De: Paulo Afonso
da Mata Machado [mailto:paulo.machado@bcb.gov.br]
Enviada em: quinta-feira, 15 de março de 2007 10:47
Assunto: A favor da transposição
Atendendo a seu pedido, estou enviando em primeira mão artigo que repassarei ao
Ministério da Integração Nacional.
Pode publicá-lo.
Abraços.
Paulo Afonso da Mata Machado
<<Uma Disputa
Emocional em PDF>>
-------------------------------------
De: Manfredo Winge [mailto:mwinge@terra.com.br]
Enviada em: sexta-feira, 16 de março de 2007 12:22
Assunto: RES: A favor da transposição
Prezado Paulo Afonso,
as suas considerações A FAVOR DO PROJETO DE TRANSPOSIÇÃO estão sendo
publicadas em PDF
com link na página de comentários e réplicas:
DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm .
Conforme destaquei em email anterior:
"Gostaria de ressaltar que nessa página são apresentados pontos de vista
variados com argumentos a favor e contra o projeto de transposição por técnicos
e profissionais diversos. As suas contundentes assertivas de que quem tem
restrições ao projeto está com posicionamento essencialmente emocional,
desmerece a qualidade de vários colegas da área de geologia, hidrogeologia e
hidrologia e de suas argumentações lastreadas em dados e conhecimentos da
região."
Oportunamente nos deteremos em uma análise cuidadosa de suas considerações e
certamente outros colegas também o farão.
Cordiais saudações
Manfredo Winge
------------------------------
De: Paulo Afonso da Mata Machado
[mailto:paulo.machado@bcb.gov.br]
Enviada em: sábado, 17 de março de 2007 17:44
Assunto: RES: A favor da transposição
...........
Gostaria de acrescentar outros comentários, desta vez em relação ao texto de D.
Luiz Flávio Cappio, publicado no dia 10/10/2005.
O bispo cita estatísticas que me parecem equivocadas: o projeto somente
beneficiaria 5% do semi-árido brasileiro e apenas 0,23% da população de
nordestinos, que ele estima em 30 milhões de habitantes, ou seja, beneficiaria
apenas 69.000 habitantes. Deve haver um erro nessa avaliação, já que o projeto
de transposição levará água para Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba
e Piauí.
Há uma outra observação que me parece equivocada. Segundo o bispo, o custo da
água disponível será elevado em relação ao custo atual.
Existe uma lei em economia que resistiu a choques ortodoxos ou heterodoxos, a
sistemas capitalista ou comunista. Trata-se da lei da oferta e da demanda. Maior
oferta do produto implica menor custo, a menos que haja aumento significativo da
demanda.
No caso da transposição, a maior oferta de água provocará, sim, um aumento na
demanda. O projeto irá transformar os rios de intermitentes em perenes, fixando
o homem no campo e aumentando rebanhos e produção agrícola, o que,
evidentemente, acarretará demanda por água. Por outro lado, o simples fato de
perenizar os rios da região, vai fazer voltar o verde aos campos e provocar a
recarga dos lençóis subterrâneos, aumentando ainda mais a oferta de água.
Assim, haverá um desequilíbrio na oferta-demanda em favor da oferta, o que
indica que o preço básico da água atualmente fornecida não tenderá a subir.
Um abraço.
Paulo Afonso da Mata Machado
Folha de São Paulo - 25/10-09:
Réquiem para a transposição do São Francisco
TOMÁS BALDUINO
O dobre dos sinos e o jejum têm o peso de uma profecia. Esses símbolos querem dizer que a transposição do São Francisco não se concluirá |
É NATURAL que chefes de Estado
tenham o sonho de vincular sua memória a uma grande obra perene. Brasília é o
monumento que imortalizou Juscelino Kubitschek.
Imagino que Lula, nordestino que passou sede no semiárido, carregou pote d'água
na cabeça, possa estar sonhando em se ligar pessoalmente com o nordestino rio
São Francisco, símbolo da integração nacional, transformando o grande sertão da
seca num abençoado oásis graças a um gigantesco projeto de transposição de suas
águas. O projeto nada deveria à Transamazônica nem a Itaipu.
Isso explica, quem sabe, sua apaixonada tenacidade em querer levar adiante essa
obra apesar das inúmeras reações contrárias de parte do Judiciário, do
Ministério Público, da mídia, dos cientistas, do episcopado católico, das
organizações sociais, dos atingidos pelas obras: camponeses, quilombolas, grupos
indígenas.
Na sua excursão ao longo do projetado canal, levando aos palanques Ciro Gomes,
além da candidata Dilma Rousseff, não faltou, da parte do presidente, o irado
recado para os que ele considera obstáculos à transposição.
Enquanto isso, chamou a atenção de muitos o gesto do bispo da Barra, dom Luiz
Cappio, ordenando o dobre de finados na catedral enquanto Lula perambulava por
aquela cidade.
Os sinos são a secular e inconfundível marca da cultura cristã nos templos das
grandes metrópoles e nas pequeninas capelas do interior. Acompanham alegrias e
esperanças, tristezas e angústias da comunidade nos eventos maiores do lugar ou
marcam, com seu toque lúgubre, a morte dos entes queridos e o Dia de Finados.
Conhecendo pessoalmente os sentimentos desse homem, que não hesitou em colocar a
sua vida pelo povo ribeirinho, bem como pela revitalização do rio, posso dizer
que esse gesto, o do dobre dos sinos, bem como o do jejum, tem o peso de uma
profecia.
Esses símbolos querem dizer que a transposição do São Francisco não se
concluirá. Morrerá. Descansará em paz. Réquiem , então, para ela!
Muita gente está convencida da inviabilidade desse megaprojeto. Eis as razões. A
transposição pretende guindar continuamente, em um desnível de 300 metros , 2,1
bilhões de m3 da água mais cara do mundo para o Nordeste, que, por sua vez, já
acumula 37 bilhões de m3 a custo zero. Se o problema da seca do Nordeste não se
resolve com esses 37 bilhões de m3 armazenados, irá ser resolvido com 2,1
bilhões de m3 da transposição?
Uma certeza muitos têm: os 70 mil açudes do Nordeste construídos nesses cem anos
demonstram que lá não falta água. O que falta é a distribuição dessa água. Basta
implantar um vigoroso sistema de adutoras, como o proposto pela Agência Nacional
de Águas, por meio do "Atlas do Nordeste", que foi abafado pelo governo.
Trata-se de levar água por meio de uma malha de tubos e adutoras a toda a
população difusa do semiárido para o abastecimento humano, sem a transposição.
Enquanto a transposição atenderia 12 milhões de pessoas em quatro Estados ,
segundo dados oficiais, o projeto alternativo atenderia 44 milhões em dez
Estados. Custo : metade do preço da transposição.
Nesse emaranhado de conflitos, existe um esperançoso toque de sino.
Enquanto, de um lado, ainda prevalece a indústria da seca (a transposição aí se
inscreve), que rende uma fortuna para os políticos e empresários e mantém o povo
na situação do flagelado retirante, segundo a expressão lírica de Luiz Gonzaga,
de Portinari, de Graciliano Ramos, de João Cabral de Melo Neto etc., do outro
lado está surgindo uma nova consciência nas comunidades populares carregada de
esperança libertadora.
Trata-se da convivência com o semiárido. Como os povos do gelo, das ilhas e do
deserto vivem bem na convivência com seu habitat, assim esse povo começa a
descobrir a extraordinária riqueza de vida do Nordeste. A questão não é "acabar
com a seca", mas de se adaptar ao ambiente de forma inteligente.
Nessa linha, um pedreiro sergipano inventou a tecnologia revolucionária das
chamadas cisternas familiares de captação da água de chuva para o consumo
humano.
Está chegando, pois, a transfiguração do povo e da terra construída de baixo
para cima, no respeito e na convivência, libertando-se dos projetos faraônicos
devastadores, impostos autoritariamente de cima para baixo.
Esse humilde toque de sino, alegre e festivo, já se pode ouvir com nitidez, pois
essa mudança, cheia de vida e esperança, é um fato no grande sertão nordestino.
-------------------
DOM TOMÁS BALDUINO
, 86, mestre em teologia e pós-graduado em antropologia e linguística, é bispo
emérito de Goiás e ex-presidente da Comissão da Pastoral da Terra.
De:
Luiza Teles [mailto:lu_telespt@yahoo.com.br]
Enviada em: sábado, 1 de maio de
2010 15:20
Para: mwinge@terra.com.br
Assunto: "Reformulação do Projeto
de Transposição de Águas do Rio São Francisco".
Estamos enviando, em anexo, proposta de "Reformulação do Projeto de Transposição de Águas do Rio São Francisco", esperando contar com sua atuação em benefício do "Velho Chico", do semi-árido nordestino e sua gente.
Atenciosamente,
Luiza Teles
(71)9601-0860 - (71)3379-3241
Ver anexo Reformulação do Projeto de Transposição de Águas do Rio São Francisco
De:
Manfredo Winge [mailto:mwinge@terra.com.br]
Enviada em: terça-feira, 4 de maio de 2010 09:20
Para: 'Luiza Teles'
Assunto: ENC: "Reformulação do Projeto de Transposição de Águas do Rio
São Francisco".
Prezada Luiza,
não sou engenheiro hidráulico, mas não é preciso ser um especialista para ver
que a sugestão de vocês de distribuição de água em dutos fechados, por adutoras,
e preservação de mananciais depósitos subterrâneos (em aluviões?) é mais
pertinente do que o que está sendo feito. Sou professor de geologia aposentado
da UnB e não tenho poder de atuar no projeto da transposição do Ministério da
Integração, mas divulgarei a sugestão de vocês no site do IG/UnB sobre
Pontos de Vista, Comentários e Réplicas na parte referente à transposição:
DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm .
Achei interessante a sugestão de vocês de uma comissão revisora do projeto com
as linhas básicas que formularam.
Sugiro encaminharem a proposta aos políticos que estão para concorrer à
Presidência da República e a outros candidatos (confiáveis) ao senado e à
câmara de deputados, visando sensibilizá-los no sentido da revisão desse projeto
o que viria em boa hora, antes de que se dêem ações irreversíveis do ponto de
vista ambiental e econômico no atual “super-projeto”.
Saudações geológicas
Manfredo
c/co colegas
Manfredo Winge
Representante da SBG na SIGEP
Clique abaixo e visite:
SIGEP_Comissão Brasileira de
Sítios Geológicos e Paleobiológicos
Instituto de Geociências/UnB
Glossário Geológico Ilustrado
Teses em Geociências no Brasil
De:
Manfredo Winge
Enviada em: sexta-feira, 6 de abril de 2012 11:44
Para: Manoel Bomfim Ribeiro
Cc: Alfeu Levi da Silva Caldasso
Assunto: Transposição do São Francisco
Prezado
colega,
recebi o texto abaixo do colega Alfeu Caldasso. Parabéns.
Infelizmente não tenho mais senha da UnB para atualizar o site:
http://www.unb.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm para
incluir esta sua irrefutável crítica a esse projeto que, certamente, foi bem
nego$$iado com empreiteiras; se não houver posição contrária do colega enviarei
o seu texto para vários colegas e amigos, alguns inclusive defensores desse
projeto estapafúrdio/inócuo.
Sds
Manfredo
Manfredo Winge
Representante da SBG na SIGEP
30 de março de 2012,
Prezados Apolo, Patrocínio e Cássio,
Estava viajando pelo interior do estado da Bahia e não pude acompanhar as discussões de vocês.
Vou agora emitir o meu pensamento.
O foco é o problema dos recursos hídrico do Nordeste, embutido nele a Transposição, ou como usa o Governo o nome pomposo de Integração das Bacias do Nordeste.
A preocupação básica do colega e amigo Cássio é mostrar erudição técnica com números cheios de decimais falando da exatidão da matemática. A trama atmosférica, entretanto, é muita complexa, não usa decimal e costuma pregar peças nos técnico, nos cientistas e em todos os arautos do conhecimento.
Estou lendo na discussão o preciosismo de dados de vazões, o rendimento hidrológico, vazão regularizada, vazão útil, vazão disponível, vazão social e por aí vai, mas sempre bordejando a Transposição pelos arrabaldes sem enfrentar a questão pelo topo, tentando justificar com numerologias a loucura do Governo que teima na construção desta famigerada obra. O tema é a Transposição é sobre elas que temos de falar, sem dados surrealistas que nada convencem. O Nordeste precisa ou não da Transposição? O Cássio diz que precisa.
O orçamento inicial era 3,6 bilhões de reais para toda a obra, hoje está em 8,2 bilhões. Sabemos que o orçamento deverá alcançar os 16 bilhões se a obra chegar ao fim. O cálculo é meu sem medo de errar.
Um grupo de políticos, ávidos para salvar o Nordeste, apregoa abertamente o fim das secas e a salvação do povo com a Transposição. São verdadeiros patriopanças e ladriótas. Os técnicos vivem a fundamentar com “dados irrefutáveis” a vontade pardacenta dessa turma.
Carlos Lacerda já dizia: “O técnico é um profissional fundamental para o desenvolvimento de um país, mas se torna de alta periculosidade quando, a serviço do Governo, deixa de defender soluções para aplaudir posições”. É o caso do corpo técnico do Ministério da Integração, não é o caso de Cássio que apenas faz elucubrações hidrológicas tentando, como bom cearense, justificar o injustificável.
O Cássio diz textualmente: “O Açude Orós acumula cerca de dois bilhões de metros cúbicos e sua vazão regularizada é de 12 metros cúbicos por segundo. Quer dizer que de dois bilhões só se aproveitam, incrivelmente, 372 milhões de metros cúbicos. É como se o açude Orós tivesse apenas 372 milhões de metros cúbicos”.
Nos cálculos do Projeto considera-se oficialmente a evaporação de 30% no Nordeste. Nós sabemos demais que o Orós chega a evaporar 60% ao ano. Vamos dividir ao meio, considerar para efeito de cálculo 45% porque a evaporação é variável, sem a exatidão da matemática, são dados estatísticos e é com eles que todos nós trabalhamos.
A Transposição com a vazão de 26 m³/s, levará 360.000.000 de m³/ano (ou os 372 do Orós) para os oito açudes escolhidos como bacias receptoras, mas estes já estocam 13 bilhões nos seus vasilhames. A evaporação do Castanhão, incrivelmente, um dos receptores da Transposição, é de 6 milhões de m³ por dia. Isto mesmo, 6 milhões/dia. O Cássio sabe disto, mas não declara. Todo o volume de água da Transposição de um ano vai cobrir apenas 60 dias de evaporação do Castanhão. É só calcular. Inacreditável!
Podemos, logicamente, dizer, aí entra a exatidão da matemática, que toda a estrutura da Transposição composta de 720 km de canais com 25 m de largura por 5 m de profundidade (90.000.000 de m³ escavados em rocha), 1 túnel escavado também em rocha com 17 km de extensão por 7 m de largura (maior do mundo para passagem de água), 27 aquedutos, 9 estações elevatórias e o consumo de 520 MW de energia (maior que o consumo do estado de Alagoas), toda esta estrutura ciclópica, repito, irá transportar por ano a titica de 360.000.000 de m³ de água para cobrir a evaporação de 60 dias daquele monumental açude. Esta é a Transposição. Só e só, não sobra mais água.
A Transposição está desnuda, senão vejamos: o Nordeste possui centenas de açudes que acumulam volumes muito maiores ao volume da Transposição tais como: Entremontes (340 milhões) Pacoti (370milhões), Pentecostes (420 milhões), Quixadá (430), Pedras Brancas (440) Poço da Cruz (504 milhões), Boqueirão (536), Santa Cruz do Apodi (600), Mãe D’Água (650), Coremas (750 milhões), Araras (1 bilhão) e por aí vai.
A cada 10 anos a Transposição usará 4 com o transporte máximo de 127 m³/s quando Sobradinho estiver cheio, levando 1,6 bilhões por ano para os 8 açudes. A estrutura da obra está sendo dimensionada para isto. Superior a estes míseros 1,6 bi existem o Banabuiu (1,7bi), Orós (2,1bi) e Açu (2,4 bi) além do Castanhão que é um açude oceânico com 6,7 bilhões (3 vezes a Guanabara).
Como vemos, matematicamente, a transposição de 26m³/s não enche o açude Pentecostes no Ceará e a transposição de 127m³/s não enche o Banabuiu também no Ceará. Mais alguma dívida?
No Nordeste temos estocado nos seus açudes 40 bilhões de m³ de água, volume igual a 16 baias da Guanabara (eles não suportam esta comparação com a Guanabara que é a 2ª maior baia do Brasil e a 3ª do mundo).
O volume transportado representa 1% a 2% do que já existe no Nordeste, mas, segundo os sábios da Corte, é este volume que vai salvar a região da crônica escassez de água.
Esta é a Transposição salvadora que vai suprir as necessidades hídricas dos nordestinos sequiosos, segundo o Governo brasileiro.
O Cássio ainda tem a coragem de falar em irrigação. Levar água caríssima (5 vezes o preço da CODEVASF) a mais de 700 km para irrigar litossolos deixando de irrigar os latossolos do beiço do rio a 0 ou a 1 km da fonte. A água que vai irrigar 1 ha lá no Nordeste irriga 3 ha nas barrancas do rio (Alberto Daker).
João Suassuna é irrepreensível quando diz que a Transposição é chuva no molhado. E o Governo, despudoradamente, tapeia a sociedade nordestina oferecendo um banho de água no Nordeste. São pratos de lentilhas que apetecem.
A preocupação do colega Cássio é dizer que o Prof. Aldo Rebouças errou, só entendia de águas subterrâneas como se fosse admissível a um hidrólogo dissociar águas de superfície de águas de sub superfície. É a valorização de contestar um cientista que não pode mais se defender. Rebouças dizia textualmente: “Existe uma abundância de recursos hídricos superficiais no Nordeste”. Sobre Aldo Rebouças quem pode falar com propriedade é o paraibano José do Patrocínio, o mago da Hidrologia do Nordeste.
Quisera o Brasil que nos tivéssemos quatro ou cinco cientistas do nível do Aldo.
Não precisamos polemizar esta é a verdade cartesiana.
O colega amigo,
Manoel Bomfim Ribeiro
De: Manfredo Winge
[mailto:mwinge@terra.com.br]
Enviada em: terça-feira, 13 de junho de 2017 10:34
Para: 'Dep. Adão Villaverde (villaverde@al.rs.gov.br)'; Dep. Beto Albuquerque (dep.betoalbuquerque@camara.leg.br);
Dep. Margarida Salomão ; Dep. Onix Lorenzoni (dep.onyxlorenzoni@camara.leg.br);
'Dep. Osmar Terra (dep.osmarterra@camara.gov.br)'; 'Dep. Vieira da Cunha (dep.vieiradacunha@camara.gov.br)';
Sen. Alvaro Dias (alvarodias@senador.gov.br); 'Sen. Ana Amélia (ana.amelia@senadora.gov.br)';
'Sen. Cristovam Buarque (cristovam@senador.gov.br)'; Sen. Lasier Martins; 'Sen.
Paulo Paim (paulopaim@senador.gov.br)'; Ver. Adeli Sell ; Ver. Valter Nagelstein
Assunto: Transposição racha de novo e 'estoura' em Custódia
Infelizmente, algumas das previsões (http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm ) estão começando a ser concretizadas.
Manfredo
=-==-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=
Ver matéria e vídeo em:
Transposição racha de novo e 'estoura' em Custódia
Depois de apresentar problemas durante a construção, a obra rompeu o canal por problemas de engenharia. O vazamento ocorreu em Custódia, onde já havia apresentado rachaduras antes mesmo de a água chegar.
Por: Diario de Pernambuco
Publicado em: 11/06/2017 15:46 Atualizado em: 11/06/2017 16:32
A obra da
Transposição do São Francisco apresentou mais um problema no trecho
pernambucano. Em Custódia, a construção do canal rompeu, provocando vazamento de
água. O relato virou assunto nas redes sociais, com questionamentos em relação à
qualidade da engenharia. O prefeito da cidade de Sertânia, Ângelo Ferreira, que
fica a 40 quilômetros de Custódia, confirmou o vazamento ao Blog do Magno
Martins, informando que a empresa responsável pelo trecho já conteve o vazamento
para evitar danos maiores. A obra é de responsabilidade do Ministério da
Integração Nacional e já está em construção há dez anos. O custo do projeto é de
R$ 8,2 bilhões.
O trecho em questão integra o Eixo Leste e foi o primeiro a receber a água do
Velho Chico, percorrendo Pernambuco com destino à Paraíba. Em Custódia, onde
ocorreu o incidente deste fim de semana, a água chegou em fevereiro deste ano,
um percurso de quase 100 quilômetros a partir da captação do Rio até a quarta
Estação de Bombeamento Vertical (EBV) do trecho, equipamento que leva a água a
alturas em que o fluxo não consegue seguir por gravidade. A terceira EBV do Eixo
Leste, por sinal, foi inaugurada com bastante tom político pelo presidente da
República, Michel Temer.
Vários trechos da obra foram construídos e, com a falta de continuidade,
apresentaram rachaduras, fissuras e até sinais de abandono (mato crescendo em
meio aos canais). Há pouco mais de um ano, os incidentes foram testemunhados
pela reportagem do Diario. Na época, o Ministério afirmou que os reparos são de
responsabilidade das construtoras, que tem o contrato de entregar a obra em
plenas condições, sem custo extra ao governo federal.
Prioridade do Governo Federal, a maior obra de infraestrutura hídrica do País,
quando totalmente concluída, vai atender mais de 12 milhões de pessoas em 390
municípios nos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. O
Eixo Leste já está completamente em testes, com água em todos os equipamentos.
Já o Eixo Norte, ainda tem um trecho com licitação em andamento e tem previsão
de entrar em testes de operação ainda neste ano.
A obra foi iniciada em 2007 no governo Lula e tinha previsão de entrega em 2010,
ao custo de R$ 4,5 bilhões. A construção amargou paralisações, contratos
interrompidos, precisou ser relicitada em vários trechos e viu o valor quase que
dobrar. Durante o governo Dilma Roussef, a obra sofreu dois grandes reajustes,
quando foi para R$ 6,7 bilhões e, em seguida, aos R$ 8,2 bilhões atuais.
Apesar do status de "abastecendo as cidades", como divulga o governo, a água que
chega pelos canais nos estados de Pernambuco e da Paraíba ainda não está
liberada para consumo humano. O Ministério da Integração Nacional espera a
resposta do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), que aprovou a
liberação da água para testes dos equipamentos e vai validar o consumo mediante
análise das compensações ambientais do dano ao ecossistema.
Ainda de acordo com o ministério, depois da liberação, o controle da água será
dado aos estados, que terão a responsabilidade de tratar a água e fazer a
distribuição para a população. A água, por enquanto, pode ser vista, mas não
utilizada.
O sonho de D. Pedro pelas mãos de
Lula, o condenado pela justiça brasileira
De:
bbleybn@usp.br [mailto:bbleybn@usp.br]
Enviada em: quarta-feira, 12 de julho de 2017 18:56
Para: patrociniotomaz; Rui Gomes da Silva; Fabio Agra Medeiros; Manfredo Winge;
ticiano; Wagner Amaral; Arlindo Pereira de Almeida; Cezar Gouvêa; F. Alkmim;
Gorki Mariano; Joaquim Torquato; Bartorelli; Carlos Schobbenhaus Filho; Monica
Heilbron; pedrosasoares; Ricardo Pessôa; aroldo misi; Celso Dal Re Carneiro
Assunto:
O sonho de D. Pedro pelas mãos de Lula, o condenado pela justiça brasileira
Réplica ao e-mail anterior - Ponderações sobre o Projeto de Transposição
De: patrociniotomaz [mailto:patrociniotomaz@uol.com.br]
Enviada em: sexta-feira, 14 de julho de 2017 11:44
Para: bbleybn@usp.br
Cc: Rui Gomes da Silva; Fabio Agra Medeiros; Manfredo Winge; ticiano; Wagner Amaral; Arlindo Pereira de Almeida; Cezar Gouvêa; F. Alkmim; Gorki Mariano; Joaquim Torquato; Bartorelli; Carlos Schobbenhaus Filho; Monica Heilbron; pedrosasoares; Ricardo Pessôa; aroldo misi; Celso Dal Re Carneiro
Assunto: Re: O sonho de D. Pedro pelas mãos de Lula, o condenado pela jsutiça brasileira
Bley
Você sabe qual a minha posição sobre a obra da Transposição e o abastecimento das populações, urbana e rural, do semiárido paraibano e nordestino. É eminentemente técnica e científica. Nada tem de política, mesmo porque ela não exime Lula, nem Dilma, nem Temer, nem os governadores, dos pecados capitais que cometeram. Gostaria que, em vez de se impressionarem com o gigantismo dos canais, vissem que, para abastecer Campina Grande e as demais 18 cidades, se a opção correta fosse a Transposição (é bom ler os Planos Estaduais de Recursos Hídricos dos estados do Nordeste Oriental e o que está acontecendo com as águas do rio São Francisco, o que põe em cheque a Transposição para este e os anos vindouros), o meio correto seria trazer as águas por adutoras, onde os custos de operação e de manutenção são muito menores. Já houve arrombamento de duas barragens e a quebra do canal nas cercanias de Sertânia. E isto (a quebra de canais) vai ocorrer por um motivo muito simples: eles foram projetados para a vazão transponível máxima que deveria ocorrer quando o reservatório de Sobradinho atingisse o chamado volume de espera (volume adicional construído para ser esvaziado e controlar enchentes), ou sangrasse, fenômenos cujos tempo de retorno leva anos. Entretanto, o canal operará, na grande maioria dos anos, com a vazão mínima. Isto deixa o perímetro do canal seco em suas abas e a espessura da massa d'água, mínima, o que expõe a estrutura do canal às contrações e dilatações volumétricas térmicas e, consequentemente, a fraturamentos. Os canais devem ter o perímetro molhado quase igual a todo o perímetro do canal. Eles são dimensionados em função da vazão transportada. Nunca em função da possível vazão máxima. Os canais do São Francisco, talvez, sejam os únicos do mundo a serem dimensionados assim. Coisas da engenharia de empreiteiras que nada fazem para seguir as regras técnicas e atendem aos políticos, superfaturando obras. A propósito, ela foi orçada em 4,8 bi de reais e vai custar, algo em torno de 10 bi de reais. Sem contar que o objetivo da obra, cantada em prosa e verso, era o abastecimento humano. Ainda esta semana, a ANA divulgou que a Transposição vai servir para irrigação de pequenos produtores rurais, situados à margens dos canais (na realidade, vai haver a participação de empresas). Um máximo de 50.000 hectares seriam destinados para tal. E os demais rurícolas (a maioria) ficarão sujeitos ao deus dará das chuvas. Para você ter uma ideia, só na Paraíba semiárida a área de plantio atinge os 600.000 hectares. Vão criar duas classes a mais de brasileiros. E olhe que não sou socialista, nem, muito menos, comunista. Quanto à bacia do São Francisco, e seus reservatórios, segue em anexo, informações da semana passada, sobre a real situação da bacia e a situação de Sobradinho em Novembro-Dezembro de 2015.
Abraços,
Patrocínio
P.S.- Precisamos ter conhecimento do que se passa para que a Transposição, em vez de ser solução, se constitua num pesadelo. Oba, oba, não resolve. Pés no chão e devagar com o andor que o Santo é de barro.
Patrocínio
Tomaz
patrociniotomaz@uol.com.br
patrociniotomaz@gmail.com
Réplica 2 - Transposição do Rio São Francisco - AVALIAÇÕES
De: Manfredo Winge
Enviada em: domingo, 16 de julho de 2017 16:26
Para: 'patrociniotomaz'; 'bbleybn@usp.br'; 'Rui Gomes da Silva'; 'Fabio Agra
Medeiros'; 'ticiano'; 'Wagner Amaral'; 'Arlindo Pereira de Almeida'; 'Cezar
Gouvêa'; 'F. Alkmim'; 'Gorki Mariano'; 'Joaquim Torquato'; 'Bartorelli'; 'Carlos
Schobbenhaus Filho'; 'Monica Heilbron'; 'pedrosasoares'; 'Ricardo Pessôa'; 'aroldo
misi'; 'Celso Dal Re Carneiro'
Cc: 'Dep. Adão Villaverde (villaverde@al.rs.gov.br)'; Dep. Beto Albuquerque (dep.betoalbuquerque@camara.leg.br);
Dep. José Fogaça ; Dep. Margarida Salomão ; Dep. Onix Lorenzoni (dep.onyxlorenzoni@camara.leg.br);
'Dep. Osmar Terra (dep.osmarterra@camara.gov.br)'; 'Dep. Vieira da Cunha (dep.vieiradacunha@camara.gov.br)';
Sen. Alvaro Dias (alvarodias@senador.gov.br); 'Sen. Ana Amélia (ana.amelia@senadora.gov.br)';
'Sen. Cristovam Buarque (cristovam@senador.gov.br)'; Sen. Lasier Martins; 'Sen.
Paulo Paim (paulopaim@senador.gov.br)'; Ver. Adeli Sell ; Ver. Valter Nagelstein
; Aristides Arthur Soffiati Netto (as-netto@uol.com.br); Carolina Bahia; Cláudia
Laitano ; David Coimbra (david.coimbra@zerohora.com.br); Luis Fernando Verissimo;
Lya Luft ; Martha Medeiros; Percival Puggina ; Rosane Oliveira
Assunto: Transposição do Rio São Francisco - AVALIAÇÕES
Prezado colega Patrocínio, senhores políticos, jornalistas e demais colegas em c/c ou c/co,
muito boas observações e de quem conhece o assunto.
Patrocínio, esta sua proposta de “entubar”(uso de adutoras) a “transposição” para distribuição mais direta e em ramificações otimizadas da água pelas cidades maiores até pequenas vilas e povoados, de forma estrategicamente planejada (o que, certamente, seria feito com avanços programados, sem correrias das empreiteiras $edenta$), já foi postada na antiga discussão que organizamos como um ciber fórum registrado originalmente em provedor da UnB (anteriormente à tumultuada e onerosa construção dos canais) e que, hoje, pode ser vista em http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm#8_Patrocínio
Aproveito para informar que incluirei, também, na mesma página: estas suas observações, às do colega Bley, estas ponderações minhas e um link para o excelente trabalho de 2001 do Engo Agr. Suassuna da Fundação Joaquim Nabuco (http://mw.eco.br/ig/pvista/Suassuna2001__TRANSPOSICAO.pdf) .
Não sou especialista em engenharia hidráulica, mas me arrisco a tecer alguns comentários que penso serem pertinentes e bem a propósito do assunto, para que se sigam antes de execução de projetos semelhantes, recomendações como às do colega Elói (http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm#1_Eloi) que alertou, seguidamente, para a necessidade de mais estudos, inclusive na linha cientificamente correta, análoga à do Eng. Suassuna, de que tem que se cuidar da “galinha” (meio ambiente com revitalização do Véio Chico) para se ter ovos (água para a transposição).
Entendo que a sua proposta, se tivesse sido seguida, implicaria, então, em:
1) mais segurança e muito menores custos de execução e manutenção posto que, com sistemas de registros e bombeamentos inteligentemente organizados e eficientes, praticamente não haveria perdas por rachaduras e desmoronamentos dos canais e barragens como vêm acontecendo (1ª perda);
2) contida nos dutos, a água não evaporaria (2ª perda) e, consequentemente, não salgaria o que pode vir a acontecer nos canais muito aquecidos pelo sol e em longos percursos;
3) a água seria direcionada diretamente para os usuários humanos e, secundariamente, para criações e cultivos, dentro de uma política de bom uso da água e amplamente distribuída por ramificações a partir de grandes caixas d’água fechadas (minimizando a evaporação) por gravidade e/ou por bombas dimensionadas para esses fluxos secundários (poderia até existir sistema informatizado de controle com uma contabilização de quantos m3/s deveriam ser direcionados para cada uso com multas por excesso/desperdício tudo controlado por hidrômetros com sensores);
4) os dutos poderiam ter sido fixados, preferencialmente, em espigões ou encostas (seguindo estradas?) de forma a liberar as calhas dos rios, tão importantes para as culturas das “vazantes”, em grande parte hoje perdidas para os canais da transposição, como advertido que iria acontecer pelo saudoso Prof. Aziz Nacib Ab’Saber;
5) não ocorreria o tipo de desastres com altos custos financeiros e sociais que podem vir a se tornar frequentes devido a “antiguidade” das paredes (mal?) concretadas (já houveram rupturas), e, também, devido às rachaduras ocasionadas pela expansão/contração diferenciadas de concreto com temperaturas variáveis de dia e de noite e à exposição variável entre a parte molhada e a seca sob o sol inclemente.
Talvez venham a surgir outro problemas como roubo/desvio de água dos canais o que seria muito difícil de ocorrer com os dutos além de com dutos se ter imediata detecção, desde que as pressões de recalque e as medidas por hidrômetros fossem processadas por uma central de monitoramento.
Como os alertas neste caso já vêm de longo tempo, talvez coubesse propor auditagem sistemática com instituições não envolvidas (com simpósios, forums, etc.) no detalhamento de todos os projetos técnicos, maiormente os onerosos, visando evitar o que vêm acontecendo com frequência: - políticos determinando a execução de projetos sem se exaurir a análise de todos os pontos negativos levantados por especialistas experientes das áreas técnicas a que se relaciona cada projeto.
Abraço
Manfredo http://mw.eco.br/zig/hp.htm
From: Marcelo Aiquel
Sent: Monday, July 17, 2017 6:39 AM
To: 'Manfredo Winge'
Subject: RES: Transposição do Rio São Francisco - AVALIAÇÕES
Manfra, bom dia
Não simpatizo com o Paulo Maluf, mas tem uma
ideia dele que comungo:
O PROBLEMA DA FALTA DE ÁGUA NO NORDESTE (PELAS SECAS) SERIA FACILMENTE RESOLVIDO
COM O DINHEIRO DOS ÁRABES E A TECNOLOGIA DOS JUDEUS!
Se no deserto funcionou....
Abração
Marcelo
Réplica 4 - Transposição do Rio São Francisco - E-mail de Danni
From: Jose Caruso Danni
Sent: Sunday, July 16, 2017 7:18 PM
To: Manfredo Winge
Subject: Re: Fw: Transposição do Rio São Francisco - AVALIAÇÕES
Caro Manfredo,
Muito obrigado por me incluir no seleto grupo
que discorre com grande conhecimento e experiência sobre o assunto. Desde abril
de 1966 não mais me envolvi com este tema, depois de ter atuado como geólogo no
velho DNOCS de Pernambuco. Sei que desde então muita água rolou sob a ponte, com
o advento de novos conhecimentos e tecnologias no campo da hidrologia e das
engenharias.
Alem disso a realidade dos sertões nordestinos deve ter mudado desde então.
Lembro ainda das reflexões que nós, ainda geólogos novatos, fazíamos sobre as
melhores soluções de como proporcionar o abastecimento d'água aos núcleos
populacionais e também às propriedades rurais ( necessidade de irrigação de
lavouras e pastagens) sem que fossem soluções puntuais ou, por outra, como
transformar o somatório das soluções puntuais ( poços, cacimbas, barragens
subterrâneas nas aluviões em talvegues...etc) numa rede sustentável de
abastecimento.
Percebo que tal dilema de certa forma se mantem. É obviamente impensável
disponibilizar a água por toda a extensa área dp NE. Sobretudo naquelas
desprovidas de um adequado perfil de solos ( e são muitas estas áreas) que
possam servir de substrato a culturas agrícolas. Desde muito os técnicos de
diversas áreas falam que se deve concentrar esforços e mesmo privilegiar as
áreas com maior potencial agrícola ( várzeas, chapadões, áreas sedimentares com
aquiferos profundos, pediplanos com bons solos, etc) . Rasgar com canais
,indiscriminadamente, extensas áreas com baixo potencial agrícola é um
desperdício injustificável. É criar falsas expectativas sobre aproveitamento
econômico de áreas estéreis, posto que desnudadas da cobertura de solo.
Penso que a água é mais valiosa do que o petróleo. Ela se diferencia por ser
geradora e sustentáculo da vida.
Se para o petróleo há oleodutos, mundo afora, que ha muito cruzam fronteiras
diversas ( países, ideologias, povos...) pergunto: por que não se fazer o mesmo
aqui, com a água, sem o custo de cruzar tais fronteiras?
Nada mais simples,não é?
Um abraço, desde Garopaba, em pleno inverno.
Danni.
TÉCNICAS ISRAELENSES PARA ÁREAS DESÉRTICAS
De: Manfredo Winge
Enviada em: segunda-feira, 12 de novembro de 2018 20:54
Para: Marcelo Aiquel
Assunto: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel DESENVOLVENDO áreas
desérticas
Prezado Marcelo,
Vendo matérias como às relacionadas abaixo e o vídeo anexo (foi-me enviado por whattsapp junto com apologias do remetente ao novo presidente eleito), lembrei-me da sua contribuição em réplicas sobre a oportunidade de execução do sistema de transposição de águas do São Francisco; esta réplica pode ser acessada em http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm#27_Replica3_Aiquel dentro do ciber fórum que reúne pontos de vista, réplicas e tréplicas envolvendo vários especialistas hidrólogos e hidrogeólogos e interessados na questão de Transposição do rio São Francisco. Pena que sua réplica não foi comentada por ninguém. Créditos ao amigo por ter apontado este caminho já desenvolvido pelos israelenses.
Assim, além das barragens subterrâneas (aumentando os aquíferos de aluviões que escaparam da escavação do canal e das bacias de acumulação), também o uso criterioso e técnico de irrigação por gotejamento será sempre importante no Nordeste árido e semiárido, independentemente do sistema de transposição em canais já quase finalizado. Mesmo porque o Nordeste tem muita área que pode – bem aproveitada com essas técnicas – dar duas a três colheitas por ano.
Matérias captadas na internet:
Israel e sua agricultura que floresce no desertohttp://www.recicloteca.org.br/noticias/israel-e-sua-agricultura-que-floresce-no-deserto/
Primeira floresta plantada no sertão com novo método de irrigaçãohttps://www.youtube.com/watch?v=Rh5s0-q8wJo
As lições de Israel, que sofre com escassez de água há 67 anos, para São Paulo - Funcionário do governo israelense propõe alternativas de seu país para Brasil driblar crise hídrica- https://oglobo.globo.com/sociedade/as-licoes-de-israel-que-sofre-com-escassez-de-agua-ha-67-anos-para-sao-paulo-15995107
Abraços
Manfredo
c/co colegas e amigos
Manfredo
Winge -
http://mw.eco.br/zig/hp.htm[confraria democrática do bom senso]
Webmaster:
1o SITE do IG/UnB
Glossário Geológico Ilustrado
SIGEP Sítios Geológicos e Paleobiológicos do Brasil
"Aqueles preocupados com o custo da educação deveriam antes
considerar o custo da ignorância".
Derek Bok, ex-Reitor da Universidade de Harvard (foi-me
enviado por e-mail)
COMENTÁRIOS & RÉPLICAS
De: João Castro Castro [mailto:jwacastro@gmail.com]
Enviada em: terça-feira, 13 de novembro de 2018 12:53
Para: Manfredo Winge
Assunto: Re: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel DESENVOLVENDO áreas desérticas
Caro Manfredo,
Nos não precisamos dos israelenses para o desenvolvimento do nordeste e do Brasil. Precisamos de fomento governamental e apoio tecnológico. Técnicos e cientistas na área agrícola temos de sobra. Israel é um estado mal visto pela comunidade internacional.
Castro
Prof. Dr. João Wagner
Alencar Castro
Laboratório de Geologia Costeira, Sedimentologia & Meio Ambiente (Museu
Nacional) Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ.
Quinta da Boa Vista, s/n, São Cristovão, CEP. 20940-040, Rio de Janeiro
Tel +55(21) 25626974 e Cel + 55(21) 88411960.
De: Manfredo Winge
Enviada em: sexta-feira, 16 de novembro de 2018 21:30
Para: João Wagner de Alencar Castro (jwacastro@gmail.com)
Assunto: Coment/Réplicas: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel DESENVOLVENDO áreas desérticas
Prezado Castro,
no início dos anos 70 – plena ditadura militar – fiquei,
circunstancialmente, envolvido na direção daquele que era, então, o órgão máximo
da Geologia do País (A DGM- Divisão de Geologia e Mineralogia do DNPM cujas
atribuições estavam sendo passadas para a recém-criada CPRM); substituía,
então, como interino do colega Horta afastado em um curso. E, nem por isto, eu e
colegas como Tosatto, Da Vinha, Derze, Diógenes e vários outros que me
auxiliaram na direção, nos manchamos com qualquer atitude que fosse de apoio
político ao governo que tomou conta de nossa pátria.
Ah.. isso é cooptação interesseira ou, Ah.. eram alienados servindo aos ditadores, diriam alguns mais afoitos.
Nada disso, caro colega; éramos das primeiras turmas de geologia cheios de gás e altamente motivados que fomos servir ao Estado, à Geologia e não ao governo, quanto mais ao que aí se instalou antidemocraticamente, isto porque nossa atividade de geologia, tipicamente de Estado, está ligada aos interesses de toda a Nação.
Assim, com este preâmbulo “filosófico”, fecho dizendo que, acima do fato de os israelenses terem lá suas feias quizumbas com os palestinos, notadamente do grupo extremista Hamas, o que nos interessa não é a briga deles, mas sim a posse das tecnologias e metodologias que os judeus desenvolveram para tornar a pátria deles a maravilha que é, como o colega deve ter visto nos vídeos que enviei.
Desta maneira, contando com o apoio de cientistas israelenses e de outros países que sejam também competentes em desenvolver áreas desérticas, é que faremos um enorme atalho na implementação de nossas áreas de pesquisa-teste, ensino e desenvolvimento de transformação ecológica da caatinga, objetivando a formação de pessoal multidisciplinar nosso e de adaptações tecnológicas que se fizerem necessárias, para, enfim, partir para desenvolver projetos sistemáticos visando recuperar áreas estratégicas em todo o Nordeste semi-árido e levar irrigação controlada onde tiver maior efeito multiplicador de transferência de tecnologia para, assim, se criar muitos pomares, plantações, criações, desenvolver matas galerias,... como um Éden para este povo nordestino que sofre eternamente com o problema da seca, visto e sabido que os 2 canais de transposição – tão decantados- não vão suprir sozinhos toda a água necessária e resolver por si a questão de desenvolvimento econômico e social de toda esta sofrida região nordestina. Regiões que conheço por grandes extensões ao realizar mapeamentos geológicos pela SUDENE nos idos da década de 1960 junto com mais uma meia dúzia de gaúchos que se abalou para aquelas plagas logo que formados.
Observo, também, ao colega que não votei no presidente eleito nem no primeiro nem no segundo turno que, aliás, votei NULO por não acreditar na competência de nenhum dos dois candidatos (extrema direita e extrema esquerda) que sobraram, o que interpreto que foi devido ao processo de degradação política do País levando nosso povo a optar já no primeiro turno por extremistas salvadores da pátria (com feios prognósticos para o futuro, segundo ainda penso – tomara que esteja errado). Mas nem por isto, deixarei da apoiar ações de governo –qualquer governo – ações que busquem solucionar pragmática, social e cientificamente os nossos graves problemas de desigualdade social permeada por uma cada vez maior falta de alteridade/solidariedade e com violência crescente entre outros pontos também muito graves.
Abraços
Manfredo
OBS
– será postado em
http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm
Manfredo
Winge -
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"Aqueles preocupados com o custo da educação deveriam antes
considerar o custo da ignorância".
Derek Bok, ex-Reitor da Universidade de Harvard (foi-me
enviado por e-mail)
De: Luiz José HoMem D'el-Rey Silva
Enviada em: quinta-feira, 15 de novembro de 2018 17:59
Para: Manfredo Winge
Cc: Manfredo Winge
Assunto: Re: ENC: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel DESENVOLVENDO áreas
desérticas
Parabéns, Manfredo!!!
Abraço.
Luiz D'el-Rey
De: Manfredo Winge
Enviada em: sábado, 17 de novembro de 2018 16:33
Para: 'Luiz José HoMem D'el-Rey Silva'
Assunto: Coment/Réplicas - Para o NORDESTE - exemplos de Israel DESENVOLVENDO áreas desérticas
Caro D’el-Rey,
c/co colegas e amigos/as
obrigado pelo constante apoio com excelentes críticas e sugestões
muitas vezes.
Creio que fica evidente que, para resolver a questão de falta
d’água no nosso Nordeste, assim como deveria ocorrer com qualquer projeto de
interesse público, devemos “dar um pontapé” de vez nessa mentalidade atrasada
das restrições “ideológico”/políticas, partidárias ou não, e avançar com as
novas ferramentas científicas e tecnológicas já testadas que se apresentarem
(aqui ou em qualquer lugar do mundo) e desenvolver com a nossa criatividade as
inovações e adaptações às nossas condições, sempre sem açodamento tipo “projeto
transposições”, “projeto transamazônicas”, ... de custos extraordinários, com
implantação cheia de dificuldades e gastos muito grandes de manutenção (como já
ocorre nas transamazônicas “mais barro que estrada” e nesta transposição
implantada com rachaduras e solapamentos, evapotranspiração com salinização,
etc.).
Isto não implica em abandonar tudo o que já está feito e quase
concluído, para começarmos, idiotamente, algo novo do começo sem maiores
justificativas como é vezeiro ocorrer em nossa “política” de 4 em 4 anos, a
cada mudança dos “chefes” políticos (coisa de “oposição política” dos nossos
tristes tempos). Assim, pode-se, ou melhor: deve-se fazer uma avaliação
cuidadosa para:
(a) ver se existem possibilidades de otimização do sistema de
transposição implantado (sombreamento dos canais diminuindo evaporação?, p.ex.)
e
(b) avaliar novas alternativas de aproveitamento da água dos
canais com outras técnicas de manejo? e quais (gotejamento em lavouras, grandes
cacimbas de reservação - para uso humano ou outro - sem evaporação;..),
e, assim, definir viabilidades e custos destas intervenções,
cotejando quais seriam os retornos sociais e financeiros para se ter auto
sustentação, etc. (Ou seja: estudar e planejar, planejar, planejar.. e só então
executar! => veja sugestões a seguir abaixo:
PARA REFORMA DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA)
Vista a importância de regiões como à do Nordeste que, além de
enorme potencial de tours de turismo paisagístico, ecológico, geológico,
mineralógico, paleontológico, antropológico, cultural, folclore, gastronômico,
religioso, etc., conta com ~ 9 meses de seca por ano, permitindo 2 a 3
colheitas/ano, seria importante desenvolver, em esforço multi universitário
integrado e multidisciplinar/interministerial, um bom programa de pesquisas com
doutorados e mestrados focando tais regiões, p.ex., em geotécnica e urbanismo
(incluindo restaurações estético/históricas), hidrologia (!!!), pedologia,
reflorestamento, engenharia agronômica, agropecuária, processamento de dados com
inovações informáticas de aplicativos de controle e de sistemas gerenciais de
grande integração, etc.
Um dos projetos deste programa global poderia ser focado em uma
reavaliação científica de erros e resultados positivos do Projeto de
Transposição do Rio São Francisco o que poderia nos indicar soluções de ordem
prática para revisões em uso imediato ou para corrigir problemas na área de
influência dos dois canais de transposição e, principalmente, para o
planejamento e execução com bases científicas e avaliações financeiras mais
consistentes de novos projetos aplicáveis a todo o Nordeste. Entre outros
consequências se criaria know how, para desenvolver desde mini
transposições fluviais para equalização hídrica entre bacias e sub-bacias
usando, na medida do possível, a força da própria correnteza de veredas,
cataventos, energia solar,... (autossustentáveis) até revisões globais e
estratégicas de um projeto de melhor apropriação e desenvolvimento/adequação da
terra para macro regiões economicamente distintas.
Abraço
Manfredo
OBS – será postado em
http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm
Manfredo
Winge -
http://mw.eco.br/zig/hp.htm[confraria
democrática do bom senso]
Webmaster:
1o SITE do IG/UnB
Glossário Geológico Ilustrado
SIGEP Sítios Geológicos e Paleobiológicos do Brasil
"Aqueles preocupados com o custo da educação deveriam antes
considerar o custo da ignorância".
Derek Bok, ex-Reitor da Universidade de Harvard (foi-me
enviado por e-mail)
Cópia
do anexo enviado
PARA REFORMA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:
REORGANIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO E DA EXECUÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Manfredo
Winge
©:
http://mw.eco.br/zig/Pequenas_Sugestoes.pdf
Preâmbulo:
Hoje,
raramente alguém é responsabilizado e penalizado pelos maiores absurdos que
comumente ocorrem na administração pública de nosso País, sendo que as
ineficiências e incompetências só vão aparecer – se aparecerem - como fato
consumado, muitas vezes em desastres, só no fim do projeto, isto quando o
projeto não é simplesmente abandonado. Cabe lembrar que, diuturnamente, são
relatados na imprensa casos de abandono de obras importantíssimas para saúde,
educação, transporte, ... por conta de projetos e atividades tocados de qualquer
jeito sem responsabilidades assumidas e recursos garantidos e cronogramas a
serem respeitados.
Assim, é comum que batalhas administrativas e até judiciais, muitas vezes
inócuas, vão persistir nestas ineficiências e ocupar o Ministério Público,
tribunais de contas, judiciário sem nem servirem de exemplo para que esses erros
praticados não venham nunca mais a se repetir. Pois, certamente serão repetidos
se não houver providências sérias, principalmente para o caso de projetos
relacionados a
propinodutos.
Já projetos bem pensados, planejados, com previsibilidade de recursos
disponíveis dentro das prioridades assumidas pelos governantes e, por isto,
realistas, dificilmente poderão ser, irresponsavelmente, criticados e bloqueados
como ocorre atualmente nos nossos parlamentos entre "situação" e "oposição", via
sanha sinistra da atual política de nós contra eles.. e os contribuintes e
comunidade em geral que se ferrem.
Assim, temos mais é que planejar.. planejar...planejar.... e, então, tudo Ok?
Ok, aí é aprovar para só executar no tempo certo e programado, com recursos e
tudo o mais conforme previsto. Sabemos que não é isto que vem ocorrendo pelo
nosso infeliz País afora que caiu nas mãos de facínoras e ladrões em uma imensa
estrutura de poder e corrupção de braços dados com sua prima irmã ineficiência.
E tudo medrado a partir da sofreguidão de poder de “políticos” pela
possibilidade de reeleição
ad
eternum
o que exige
miliardárias (2,7 bilhõe$ a serem torrados em 2018) “propagandas e campanhas
eleitorais” que vendem esses “bons” políticos com jingles e historinhas
maravilhosas além de muitas promessas, logo esquecidas após a eleição.
Sugestão:
Carecemos desde sempre (?) de um efetivo e realista Sistema Público de Planejamento e Acompanhamento Executivo/Financeiro de projetos e subprojetos - tipo PERT (Program Evaluation and Revisional Techniques) – estruturados dentro de Programas e Planos de Governo bem como a definição (ou revisão) padronizada de protocolos de rotinas nas atividades continuadas (ou sistêmicas), como atendimentos médicos, burocráticos,.. com previsões abalizadas de custos financeiros, recursos físicos e humanos e prazos como garantia de exequibilidade continuada de toda a ação governamental. Bem bolado, testado e implementado, pode-se chegar a um Sistema Governamental de Controle que integre, vertical e horizontalmente em estrutura programática matricial, os órgãos setoriais executivos dos níveis municipal, estadual e federal que estejam envolvidos no planejamento e/ou na execução de cada ação governamental. É evidente que para início deverão ser preparadas equipes de monitores sobre as técnicas de planejamento e avaliações, controle, etc. para, talvez através de EAD (Ensino À Distância por internet) levar esses conhecimentos e exercícios de diagramação para equipes de todos os municípios e estados. Assim, lastreados em sistema informático nacional, de fácil acesso para o gerenciamento governamental e para consultas comunitárias, com todas as ações/eventos e metas planejadas, das mais simples às mais complexas, codificadas com protocolos de responsabilização em termos de gestão e de execução, apropriação de custos, atrelando-se os respectivos orçamentos aprovados em centros e sub centros de custo sempre com os CPF's dos responsáveis pela execução e gestão de cada projeto de governo, podese, a qualquer momento, puxar do sistema em que etapa está um projeto, quem é seu gerente, quanto já despendeu e em quais setores ou centros de custo, quando está previsto o seu término, etc. Ou seja, de forma bem diferente ao que vem ocorrendo no País sem controle, sem informações e indicação de responsáveis por atividades diretas ou contratadas. Com tal sistema implantado e de fácil acesso às informações básicas, qualquer anomalia em termos de tempos, custos (financeiros, humanos, equipamentos,..) deverá acender uma luz de revisão em tempo de execução com a indicação das corretas responsabilidades no projeto ou atividade para avaliação e solução imediata ou, até, de indicação de soluções automatizadas, se for o caso, incluindo soluções extremas como uma revisão drástica ou até a indicação de cancelamento total para evitar mais desperdícios, se assim constatada a necessidade. Esta sugestão implica em uma total revisão do sistema atual, notadamente em termos de gestão e da ação continuada e eficiente desta gestão pública. Para tanto, no Executivo somente se deveria ter, como chefias, funcionários de carreira selecionados por critérios de méritos bem objetivos e transparentes, rígidos ao ponto de poderem levar à exoneração de cargo de chefe, diretor,.. como incompetente, caso o mesmo não consiga atingir as metas e objetivos indicados no diagrama de planejamento sem uma razoável justificativa técnica. Adicionalmente, um sistema funcional de planejamento e execução como o proposto deve ser programado, gerenciado (revisado sempre que necessário), e operado (ou fiscalizado em obras licitadas) fundamentalmente por pessoal preparado de carreira. Já para os altos escalões, de ministros e diretores operacionais e financeiros, a escolha (pelo presidente ou primeiro ministro, governador, prefeito) dos responsáveis deveria ser feita a partir de listas sêxtuplas de candidatos selecionados por votação ampla e bem controlada em associações profissionais, sociedades científicas, associações patronais,... todas com vínculos direto ou indireto com a(s) área(s) do Ministério ou Secretaria. E, importante, projetos e rotinas de serviços básicos para a população já em execução, exceto casos extremos e perfeitamente justificados por defesa técnica abalizada e aceita, não poderão mais ser descontinuados por uma simples penada de novo “chefe”, diretor, prefeito, ministro, governador, presidente,.. na tentativa de mudar intempestivamente os rumos da programação já consolidada e em andamento.
Resultados esperados:
1 - atingir um perfeito domínio informático sobre o planejamento, a execução e apropriação de custos governamental – o que não ocorre hoje, com dados confiáveis e de fácil acesso, projetos bem definidos e controlados em termos de cronologia (todas as etapas de cada projeto) e de investimentos (recursos financeiros, humanos e materiais);
2 – com bom planejamento e controle e revisões da execução e de custos, certamente os custos de projetos cairão significativamente;
3- concomitantemente as metas serão atingidas nos tempos programados;
4 – projetos terão de ser bem pensados, evitando-se os atuais açodamentos com projetos iniciados e não concluídos devido a falta de avaliações de exequibilidade financeira ou outras;
5 - a implantação deste sistema irá acabar com o deletério modelo do “toma-lá-dá-cá”, visto que políticos em atuação na legislatura e/ou apaniguados sem referências e competências adequadas para exercer cargo executivo ficam proibidos de assumir chefias e direção públicos, pois o que vem ocorrendo é que, de 4 em 4 anos, “aparecem” novas chefias e aspones que “caem de paraquedas”, completamente fora do assunto, para ditar regras onde e como deve ser gasto o dinheiro do orçamento do setor, tumultuando a ação governamental e podendo levar a prejuízos em projetos já em andamento.
De: juarez milmann
Enviada em: sexta-feira, 16 de novembro de 2018 22:15
Para: Manfredo Winge
Assunto: Re: Coment/Réplicas: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel DESENVOLVENDO
áreas desérticas
Caro Manfredo :
Achei ótima sua
resposta para o Castro .
Além da clara
diferenciação que você estabeleceu entre trabalhar para um governo e abraçar
atribuições de Estado, é bom lembrar que dos 192 Estados-Membro filiados a ONU,
161 reconhecem Israel, portanto parece que a grande maioria não concorda com o
infeliz comentário do Castro.
Abraço, Juarez.
De: Manfredo Winge
Enviada em: sábado, 17 de novembro de 2018 18:05
Para: 'juarez milmann'
Cc: José do Patrocínio Tomaz Albuquerque; Benjamin Bley de Brito Neves; João
Wagner de Alencar Castro
Assunto: RES: Coment/Réplicas: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel
DESENVOLVENDO áreas desérticas
Prezado Juarez,
Bem lembrado que dos 192 Estados-Membro da ONU, 161 reconhecem Israel (maioria
absoluta). Mas o que nos importa aqui é a capacidade demonstrada por recuperar
áreas desérticas e em tempo recorde. Ou seja, não precisamos “inventar a roda”
se pudermos contar com acordo Brasil-Israel no sentido de montar uma Missão
Conjunta para trazer a metodologia e experiência prática de recuperação de
áreas desérticas para podermos nos lançar na recuperação do semiárido
nordestino. O colega Bley enviou-me um e-mail (pedi que me re-enviasse para
complementar informações) lembrando que temos aqui cientistas e técnicos muito
competentes como João Manoel Filho, José do Patrocínio Tomás, Waldir e Walter
Duarte entre outros e que “podem ir ensinar em Israel”. Sabemos da competência
desses ex-colegas da SUDENE com grandes contribuições desde os saudosos tempos
da então Divisão de Hidrogeologia, irmã da Divisão de Geologia onde trabalhei
(copio o colega José do Patrocínio do qual tenho e-mail e lembro que ele já deu
várias contribuições no ciber fórum sobre a Transposição que organizei
em página que está no 1º site do IG/UnB:
http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm#8_Patrocínio
).
Mas então qual é problema em que sejam estes e outros colegas experientes convidados a compor equipe mista que poderia sinergicamente integrar conhecimentos e metodologias para desenvolver técnicas de recuperação e bom uso de áreas degradadas adaptadas à realidade do sertão nordestino? Até é melhor que a equipe já conte com experientes para melhor aproveitamento de uma tal missão técnico-científica.
Abraços
Manfredo
OBS – será postado em
http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm
De: Luiz José HoMem D'el-Rey Silva
Enviada em: segunda-feira, 19 de novembro de 2018 05:37
Para: Manfredo Winge
Assunto: Re: Coment/Réplicas - Para o NORDESTE - exemplos de Israel DESENVOLVENDO áreas desérticas
Caro Manfredo:
O seu texto é bastante completo e não tenho como discordar ou acrescentar algo
às sugestões ali contidas.
Não resta dúvidas que a solução do problema Nordeste, tanto agora como no
futuro, tem que envolver o uso de muita ciência e tecnologia. Este é o caminho.
Abraço.
Luiz D'el-Rey
From: Álvaro Rodrigues dos Santos
Sent: Saturday, November 17, 2018 4:01 PM
To: 'Manfredo Winge'
Subject: RES: Coment/Réplicas: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel DESENVOLVENDO áreas desérticas
Caro
Manfredo,
Tive a oportunidade de conversar com técnicos israelenses em trabalhos de que
participei no semi-árido. Realmente são bons, mas eles mesmos reconhecem que
nosso semi-árido e as regiões mais desérticas do Oriente Médio tratam-se de
realidades fisiográficas e logísticas muito diferentes. Mas é uma colaboração
que pode nos ajudar muito.
De toda essa experiência ficaram-me as célebres palavras e ensinamentos de nosso
saudoso grande hidrogeólogo Aldo Rebouças: “O problema do Nordeste não é de
seca, mas de cerca”. E mais nos ensinava o mestre: o semi-árido deve cultivar
produtos em que pode tirar grande vantagem competitiva de suas condições
fisiográficas, como frutas e legumes de exportação. Alimentos básicos, como
feijão, arroz, etc., não é coisa para o Nordeste produzir em larga escala,
deveriam ser comprados de fora com os lucros advindos da exportação de frutas e
outros produtos.
Abs
Álvaro
From: Manfredo Winge
Sent: Saturday, November 17, 2018 8:37 PM
To: Alvaro
Subject: Re: Coment/Réplicas: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel DESENVOLVENDO áreas desérticas
Excelentes
dicas do saudoso amigo Aldo. Tão boa-praça e ir embora tão cedo, ainda mais cm
tanta coisa para ainda contribuir.
Mais c’est la vie mon ami!!
Abraços
Manfredo
PS Claro que poderei postar no site, não é? Pena que acabei de realizar todo house keeping e vou deixar para amanhã
http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm
From: Wilson Scarpelli
Sent: Sunday, November 18, 2018 9:42 AM
To: 'Manfredo Winge'
Subject: RES: Coment/Réplicas: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel DESENVOLVENDO áreas desérticas
Manfredo,
Absolutamente correta sua posição, distinguindo posição/oposição política a
posição/oposição funcional perante a Nação.
Trabalhando em prol da Nação, o tempo passa, as políticas passam, mas o produto
de seu trabalho fica à disposição da População.
Parabéns,
Scarpelli
From: Manfredo Winge
Sent: Sunday, November 18, 2018 11:24 AM
To: Wilson Scarpelli
Subject: Re: Coment/Réplicas: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel DESENVOLVENDO áreas desérticas
Valeu
Scarpelli,
obrigado pelo apoio em uma questão tão fundamental – separar viés de governo de
obrigações de Estado - cuja interpretação distorcida deve ter sido causa de
muitos e talvez grandes problemas no nosso País.
Abraço
Manfredo
ePS pelo assunto
técnico estas nossas considerações não necessitariam ser publicadas, mas vistos
os rumos que o País pode tomar com o acirramento “político” que ocorre, talvez
seja importante a publicação na página específica sobre a Transposição (*). Se
estiver de acordo favor informar.
(*) endereço::
http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm
De:
Benjamim Bley de Brito Neves [mailto:bbleybn@usp.br]
Enviada em: sexta-feira, 16 de novembro de 2018 21:55
Para: Manfredo Winge
Assunto: Re: Coment/Réplicas: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel
DESENVOLVENDO áreas desérticas
CARO E COMBATIVO MANFREDO
OS GEOLOGO BRASILIEROS (NORDESTINOS SOBRETUDO) são muito bem preparados, bem
mais que os israelenses.
A diferença é que lá em Israel o nível educacional do povo é outro, de modo
geral.
Israel tem dinheiro
A economia norte-americana despeja dinheiro em Israel.
Pessoas como Joao Manoel flho, Jpse´do Patrocinio Tomás, Waldir e Walter Duarte
podem ir ensinar em Israel;
Quando nos trabalhávamos com intenso amor e dedicação - ao mesmo tempo que
íamos aprendendo- Delfim Neto - porta voz dos militares- articamente fechou a
SUDENE
Nossos salários foram congelados por três anos;
toda ajuda vindo de Israel será benvinda.
Mas, nós estamos mais a par dos nossos problemas de semi arido e pré-cambriano
brabo. Veja o mapa geológico do sinai; Lá é bem mais fácil, isto junto com
dinheiro e educação, vai mais rápido
forte abraço
De:
Benjamim Bley de Brito Neves [mailto:bbleybn@usp.br]
Enviada em: segunda-feira, 19 de novembro de 2018 18:27
Para: Manfredo Winge
Assunto: Re: Coment/Réplicas: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel DESENVOLVENDO
áreas desérticas
O HOMEM QUE MAIS ENTENDE DO RAMO NO BRASIL É JOSE DO
PATROCINIO DE ALBUQUERQUE TOMAZ COLEGA NOSSO NA NOSSA EPOCA DE SUDENE
ENTRE EM CONTATO COM ELE
EU VOU MANDAR ESTE SEU EMAIL PARA ELE
BLEY
De:
"Manfredo Winge" <mwinge@terra.com.br>
Enviada: 2018/11/20 10:51:12
Para:
bbleybn@usp.br
Cc:
patrociniotomaz@uol.com.br
Assunto: RES: Coment/Réplicas: Para o
NORDESTEs - exemplo de Israel DESENVOLVENDO áreas desérticas
Caro Bley,
o José do Patrocínio – copiado neste e-mail - até já contribuiu no ciber fórum sobre a Transposição do Véio Chico com sua análise e comentários muito importantes. Veja em: http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm#8_Patrocínio
Pelo que aí expôs, ele é – ou pelo menos foi – contra esse projeto cujos bilhões de reais que poderiam ser melhor gastos, talvez, (a estudar) com sistema fechado (sem evaporação) de grandes caixas d’água com dutos ramificados diretos às áreas prioritárias (cidades, vilas, terras férteis, .. ), ao invés de segui por dois canais problemáticos (água evaporando) que requerem constante e cara revisão juntamente com o maquinário pesado de bombeamento; também não se necessitaria de vários lagos de acumulação (com forte evaporação) cobrindo boas áreas de aluviões (culturas das vazantes!!).
Mas agora – alea jacta est – a coisa está feita e temos que ver como evitar novos problemas e para servir de lição positiva para novas transposições (entre micro bacias, p. ex.?)
Abraços amigos
Manfredo
(PS - meu caro Bley, prezo a política mais objetiva sem grandes heróis salvadores da pátria pois precisamos mesmo é de mais competência do Estado Brasil e que o serviço público executivo seja organizado em carreiras cujos chefes não sejam apaniguados políticos incompetentes. Ver meu e-mail abaixo ou em: http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm#31_Coment_Replicas_Manfredo )
De: patrociniotomaz [mailto:patrociniotomaz@uol.com.br]
Enviada em: quinta-feira, 22 de novembro de 2018 14:31
Para: Manfredo Winge; bbleybn@usp.br
Assunto: RE: RES: Coment/Réplicas: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel
DESENVOLVENDO áreas desérticas
Prezado Manfredo Winge
O Bley é meu colega de turma, meu compadre e amigo de todas as horas. Só não comungo com as ideias políticas dele: abomino o Lulo-petismo e votei em Bolsonaro que vai assumir a presidência numa das piores situações já encontradas por um presidente eleito democraticamente. Mas, deixemos isto de lado e vamos ao que interessa que é discorrer sobre a proposta de um projeto de dessalinização das águas do mar para, segundo se noticia, resolver o problema da aludida escassez de recursos hídricos de nosso Semiárido. Estão colocando o novo presidente numa fria, na medida em que anunciam uma medida (a dessalinização) como a salvação de nossos problemas de oferta de recursos hídricos.
Como disse Bley, as realidades socioeconômicas, geopolíticas e, principalmente, as naturais são muito diversas. Começa pelas suas áreas: todo o território israelense ocupa uma área de pouco mais de 22.000 Km2 e o nosso Semiárido se estende por mais de 1.000.000 de Km2, dos quais, mais de 800.000 Km2 (ou 80.000.000 de hectares) são ocupados por agricultura familiar. Imagine levar água a 50% desses estabelecimentos agrícolas em termos de custos. Acredito que isso é inviável financeira e tecnicamente, em razão das condições econômicas brasileiras, bem inferiores à de Israel (PIB per capita do Brasil em 2017, segundo o IBGE, R$ 31.587,00 contra US$ 35.344 de Israel em 2015) e de suas características naturais (geológicas, morfológicas, pedológicas, distância do Oceano, etc., etc), respectivamente. De alguma forma, eu falei sobre isto no meu artigo sobre a Transposição (alcance do PISF) que se destinava a irrigar, apenas, 40.000 hectares de terras contíguas aos eixos da Transposição e, hoje, pela situação pela qual passa o Rio São Francisco e seus reservatórios, mormente o de Sobradinho, nem mesmo está área deverá ser irrigada.
Mas, não vale,
apenas, criticar! Qual seria a solução para anular ou, ao menos, minimizar os
efeitos adversos da hidroclimatologia do semiárido? Isto tem sido objeto de
vários trabalhos meus e de meus companheiros de UFCG, inclusive constando dos
Planos de Recursos Hídricos regional (o Plano de Aproveitamento Integrado dos
Recursos Hídricos do Nordeste –PLIRHINE, SUDENE, 1980) e do Plano Estadual de
Recursos Hídricos da Paraíba –PERH/PB, 2.003, dos quais participei.
Sucintamente, o que propus e propomos é implantar atividades econômicas
compatíveis com a hidroclimatologia, pedologia e geologia regionais e locais e
com a disponibilidade hídrica, 100% garantidas, contidas em reservatórios
superficiais erigidos em rios e captados por poços perfurados em nossos sistemas
aquíferos, estas correspondentes a um percentual das chamadas reservas ou
recursos anualmente renováveis. Isto atenderia todas as demandas
socioeconômicas, inclusive a de irrigação, desde que praticada em outro modelo
que contemple períodos, cultivos e métodos adequados, o que não se verifica
atualmente, nem no Semiárido e, me arrisco a dizer, em qualquer outra região
hidrográfica brasileira. E há disponibilidades para isso, inclusive com saldo
que poderia atender demandas prioritárias (consumo humano, urbano e rural,
pecuária e industrial) futuras. Só para me tornar mais claro, detalho um pouco
mais sobre a irrigação praticada em nossa região semiárida: irrigam-se no
período de estiagem, cultivos consumistas de água e, até, exóticos à região,
usando métodos de baixa eficiência hídrica. Em relação ao período, ele se
contrapõe ao que é natural, aqui e alhures, que é a estação das chuvas. Esta é
irregular no tempo e no espaço, mas, esta irregularidade é relegada e, ao invés
de se usar os recursos hídricos disponíveis para correção da mesma, não o fazem
e irrigam na estação de estio, onde o consumo
é, pelo menos o triplo do que se usaria para corrigir os efeitos adversos da
estação chuvosa. Em relação aos cultivos não se obedece ao que a Natureza
aconselha na sua condição de xerofitismo de sua cobertura vegetal natural que
faz com que, na estação seca, a vegetação anule as perdas por evaporação, seja
através da queda do sistema de transpiração, sua folhagem, seja pela elaboração
de uma cera que torna a folhagem impermeável. E por aí vai. Talvez, a única área
passível de ter água dessalinizada adicional às suas disponibilidades naturais,
seja a do litoral cearense onde está localizado o chamado cinturão das águas,
justamente pela área usada em irrigação, a qual padece dos efeitos deletérios de
uma gestão divorciada das características hidroclimáticas de suas bacias
hidrográficas (Acaraú, Coreaú, Curu, Jaguaribe – baixo curso, onde se localiza o
maior reservatório superficial do Nordeste Oriental, o Castanhão com 6,4 bilhões
de metros cúbicos – e a bacia Metropolitana), conforme se se pode constatar na
entrevista anexa que dei, por
solicitação, à jornalista Patrícia Fachin, publicada na revista do Instituto
Humanitas da UNISINOS (Universidade do Vale dos Sinos), aí do seu Rio Grande do
Sul. Finalmente, essa idéia de dessalinização já havia sido objeto de pretensões
do governo cearense (do PT, reeleito) há uns dois anos atrás.
Abraços,
Patrocínio
Patrocínio Tomaz
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De:
Manfredo Winge
Enviada em: domingo, 18 de agosto de 2019 19:50
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Assunto: SITUAÇÃO do PROJETO TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANSICSCO
Prezados senhores senadores, jornalistas, amigos e colegas,
principalmente os colegas NORDESTINOS e outros que contribuíram com as
discussões, iniciadas em 23/3/2005, a favor e contra a viabilidade do PROJETO DE
TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO e de suas alternativas. Ver esse “fórum
cibernético” em: (http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm).
Como podem ver, vários debates ocorreram até os atuais dias, conforme registrados nessa página, mas é com pesar que está se confirmando (veja-se a matéria da Revista VEJA transcrita em http://mw.eco.br/ig/pvista/19_08_ArtigoVEJA_Transposicao.pdf ) o que foi prognosticado já em 2005, como, p.ex., em uma réplica e comentários expressos em http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm#4-MWingeReplica.
Além dos vários pontos, já parcialmente discutidos, aproveito para postar um link de técnicas muito interessantes que foram desenvolvidas em países da África, na Índia e EUA, referentes à RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS E SEMI-ÁRIDAS. São técnicas simples mas, segundo os artigos, efetivas pois buscam as soluções fazendo a Natureza agir a nosso favor. Ver em:
http://mw.eco.br/zig/emails/AMB171229_Plantar_Chuva.pdf
Cabe salientar que algumas técnicas nesta linha (ajudar a Natureza) já foram até sugeridas nos debates postados, como à muito conhecida de barragens subterrâneas em formações aluvionares para armazenar água subterrânea para uso doméstico e para as “culturas de vazante”.
Obs. esse e-mail será postado na página de debates e comentários, críticas e sugestões, dentro do assunto em pauta, poderão ser postados.
Saudações geológicas e ambientalistas
Manfredo Winge -
http://mw.eco.br/zig/hp.htm [confraria democrática do bom senso]
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Glossário Geológico Ilustrado
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"Aqueles
preocupados com o custo da educação deveriam antes considerar o custo da
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Derek Bok, ex-Reitor da Universidade de Harvard (foi-me
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