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GEOLOGIA & ARTE
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Apresentação
A
ESCALA DO TEMPO GEOLÓGICO
GEOLOGICAL
AGES
OLHE
À SUA VOLTA, HÁ UM GEÓLOGO POR AÍ
O
GEÓLOGO
A
FLOR DA ARAGONITA
SERRA
DO MAR
Ver também: CAUSOS & ESTÓRIAS DE GEÓLOGOS
Apresentação
Manfredo Winge - 2022
A Ciência é, por muitos, considerada como uma atividade de pessoas exóticas, calculistas e que vivem no mundo da Lua, sendo muitas vezes comparadas com gênios que se enfurnam em laboratórios idealizando e fazendo maluquices a partir de cliques que brotam de suas mentes privilegiadas.
Na realidade cientistas são pessoas normais, mas com um diferencial distintivo: o interesse pelo desconhecido e pelo mundo real e não por verdades pré-estabelecidas sem comprovação factual. Este interesse bisbilhoteiro por tudo que nos cerca é acompanhado pela excitação das pesquisas, com suas vitórias e mesmo com os seus fracassos que, aliás, estimulam mais esforços ainda para atingir resultados positivos e, assim, agregar novos conhecimentos ao cabedal de conhecimento humano que cresce quase exponencialmente. Este quase é consequência de interrupções por conta de ondas de embrutecimento humano cíclico (?) envolvendo crendices e rigidez mental que corrói o nosso crescimento civilizatório e democrático em espasmos de grande atraso político.
Assim, pode-se afirmar que os cientistas são pessoas normais, com raras exceções, cuja atividade tem ligações com criatividade e humanidade sendo que, não raramente, os cientistas têm grande sensibilidade pela Cultura também com suas expressões artísticas, por bons livros, boa música, etc..
Isto considerado, esta página está aberta para colegas à exposição de matérias (1 por página se possível) artísticas e/ou criativas (pinturas, poesias, fotos,..) que, de preferência, tenham forte elo com a Geologia.
(© DietrichShelhas, 1982)
©B. Esrafili-Dizaj,2021
https://www.scribd.com/document/564798701/Geological-Ages-1
OLHE À SUA VOLTA, HÁ UM GEÓLOGO POR AÍ
Álvaro Rodrigues dos Santos
"Só uns poucos tomam, por todos os demais, o encargo nobre e pleno da responsabilidade de custodiar a escritura sagrada da Terra, de lê-la e interpretá-la, pois o enlace consciente do homem com sua estrela está confiado a uma ciência em especial, a GEOLOGIA". Hans Closs-(1885- 1951)
No dia 30 de maio comemora-se internacionalmente o Dia do Geólogo. Diferentemente de vários países do mundo, onde a atividade profissional do Geólogo é já entendida em sua enorme importância para o Homem, tem sido regra em nosso país que esse dia passe praticamente despercebido pela sociedade, reflexo do ainda precário conhecimento que esta sociedade tem sobre a atividade de seus geólogos. Diga-se a bem da verdade que esse relativo desconhecimento deve-se em boa parte aos próprios geólogos, em geral mais afeitos a seus círculos profissionais específicos e restritos e despreocupados em dialogar mais abertamente com a sociedade sobre as importantíssimas questões com que trabalha.
Simplificadamente, podemos dividir em três grandes planos a atividade profissional do Geólogo, todos eles, como se verá, com estreita relação com o cotidiano e com a qualidade da vida humana no planeta:
Geologia do Planeta, no âmbito do qual o Geólogo estuda e investiga a história, a composição e o desenvolvimento geológico do planeta, trazendo informações essenciais para a boa condução das relações do Homem com a Terra, seja no que esta lhe fornece de insumos necessários à sua vida, seja nos cuidados que devam ser adotados e cumpridos para que as condições essenciais à vida não sejam colocadas em risco. Dentro desse quadro dedica-se atenção especial aos fenômenos associados às dinâmicas geológicas planetárias interna e externa, como a evolução geológica das paisagens, terremotos, maremotos, tsunamis, vulcanismos, variações do nível dos oceanos, sucessão de variações climáticas globais, processos regionais de desertificação, erosivos, deslizamentos e avalanches naturais, etc. Essencial aqui destacar a atividade dos geólogos em Ensino e Pesquisa, especialmente no âmbito das Universidades e Centros de Pesquisa. A esses colegas devemos o preparo constante de novos profissionais, as novas descobertas e os aprofundamentos dos conhecimentos que sempre alimentarão a base de informações utilizadas nas atividades aplicadas da Geologia.
Exploração de Recursos Minerais, plano em que o Geólogo estuda a formação de jazidas minerais de interesse do Homem (ferro, manganês, cobre, carvão mineral, petróleo, água subterrânea, urânio, alumínio, areia e brita para construção, argila para cerâmica, etc., etc.), localiza-as na Natureza, avalia-as técnica e economicamente e planeja, juntamente com o Engenheiro de Minas, sua lavra e a posterior recuperação ambiental da área afetada;
Geologia de Engenharia, dentro do qual o Geólogo estuda as interações recíprocas entre o Homem e o meio físico geológico. Dentro desse plano é importante entender que, para o atendimento de suas necessidades (energia, transporte, alimentação, moradia, segurança física, saúde, comunicação...), o Homem é inexoravelmente levado a ocupar e modificar espaços naturais das mais diversas formas (cidades, agricultura, indústria, usinas elétricas, estradas, portos, canais, extração de minérios, disposição de rejeitos ou resíduos industriais e urbanos...), o que já o transformou no mais poderoso agente geológico hoje atuante na superfície do planeta. Pois bem, caso esses empreendimentos não levem em conta, desde seu projeto até sua implantação e operação, as características dos materiais e dos processos geológicos naturais com que vão interferir e interagir, é quase certo que a Natureza responda através de acidentes locais (o rompimento de uma barragem, o colapso de uma ponte, a ruptura de um talude, por exemplo), ou graves problemas regionais (o assoreamento de um rio, de um reservatório, de um porto, as enchentes e escorregamentos, a contaminação de solos e de águas superficiais e subterrâneas, por exemplo), conseqüências todas extremamente onerosas social e financeiramente, e muitas vezes trágicas no que diz respeito à perda de vidas humanas.
Enfim, mesmo com a abdicação do consumismo tresloucado e do crescimento populacional descontrolado, a epopéia civilizatória de chegarmos a uma sociedade onde todos os seres humanos tenham uma vida materialmente digna e espiritualmente plena, exigirá, sem dúvida, a multiplicação de empreendimentos humanos no planeta: exploração mineral, energia, transportes, indústrias, cidades, agricultura, disposição de resíduos... A Geologia é uma das ciências sobre as quais recai a enorme responsabilidade de tornar essa maravilhosa utopia técnica e ambientalmente possível, sem que a própria possibilidade da vida humana no planeta seja comprometida.
Conclui-se, assim, que para se assegurar que a Humanidade tenha um futuro promissor e pleno de felicidade em seu planeta faz-se cada vez mais imprescindível conversar com a Terra. Para esse diálogo, os homens têm seu inspirado intérprete: o Geólogo.
De outra parte, a Geologia é uma geociência maravilhosa. E seu caráter maravilhoso liga-se à sua intrínseca relação com o movimento (Movimento = Matéria + Tempo + Espaço). O sentido maior da Geologia é apreender o movimento, os processos que definiram, definem e definirão o Planeta e seus fenômenos. O fator Tempo pode ser também importante em outras profissões, mas na Geologia é a variável permanente e onipresente em todas suas equações.
Dentro desse espírito, é justo rendermos um tributo ao Geólogo escocês James Hutton, que ao final do séc. XVIII, pela primeira vez rompeu documentada e corajosamente com os estreitos tabus e dogmas religiosos da época, para os quais o mundo atual era exatamente aquele criado por Deus, cunhando então (o geólogo britânico, Charles Lyell, também escocês de nascimento, logo em seguida deu primorosa e enérgica seqüência à sua teoria) as bases da teoria do Uniformitarismo ("o Presente é a chave do Passado"); a qual, por sinal, Darwin, dando todos os créditos a Lyell e Hutton, aplicou ao mundo Biológico. Dizia Hutton: "Desde o topo da montanha à praia do mar...tudo está em estado de mudança. Por meio da erosão a superfície da Terra deteriora-se localmente, mas por processos de formação das rochas ela se reconstrói em outra parte. A Terra possui um estado de crescimento e aumento; ela tem um outro estado, que é o de diminuição e degeneração. Este mundo é, assim, destruído em uma parte, mas renovado em outra".
Ao Geólogo, portanto, com todo o merecimento, cabem as honras e homenagem por mais esse aniversário de sua tão bela profissão.
Geól. Álvaro Rodrigues dos Santos (santosalvaro@uol.com.br)
• Ex-Diretor de Planejamento e Gestão do IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
• Autor dos livros “Geologia de Engenharia: Conceitos, Método e Prática”, “A Grande Barreira da Serra do Mar”, “Diálogos Geológicos”, “Cubatão”, “Enchentes e Deslizamentos: Causas e Soluções”, “Manual Básico para Elaboração e Uso da Carta Geotécnica”, “Cidades e Geologia”
• Consultor em Geologia de Engenharia e Geotecnia
Álvaro março 2015
Tira-lhe seus mapas
E logo outros estará a imaginar,
Tira-lhe o Norte
Sobrar-lhe-ão os ventos,
O sol, as estrelas e o mar,
Tira-lhe seu martelo,
Companheiro inseparável,
Uma lasca, ao fim, o acalma,
Mas tira-lhe o campo
E matará sua alma.
Álvaro
Aragonita: mineral carbonato de cálcio, ortorrômbico, polimorfo da calcita (CaCO3)
Em telúrico e inspirado desígnio
Por subterrâneas e calcárias frestas,
Sopraram ao longo dos tempos
Ancestrais e úmidas brisas.
E nessas intemporais profundidades
Em paciente e cristalina lida
Frágil, a partir-se ao mais leve toque
Foi se compondo, da Terra, a jóia mais bonita.
Amuleto cobiçado por insanos amantes
Que já ao mais leve sopro meneia, levita
Assim, ali jaz, só, distante, proibida,
Ela, a Flor da Aragonita.
De meu livro Registros e Conjecturas. E-book http://goo.gl/FOLquF
Álvaro
Álvaro fev 2004
Imponente e deslumbrante escarpa
De duras rochas maciça
És mistério, és esfinge
És uma Deusa impondo
Temor, pasmo e cobiça.
Com teus flancos me espantas
Com tuas águas me convidas
Com teu verde me fascinas
Com teus barros me intimidas.
Teu colo sensual
Tua pele aveludada
São-me acenos de amante
Ou engodos de cilada?
Talvez seja esse o teu capricho,
Por temer a humana orgia
Nega-te como pouso de chegada
Já transformando em odisséia
U’a mera travessia.
Esse poema consta de meu livro A GRANDE BARREIRA DA SERRA DO
MAR,
publicado pela Editora O Nome da Rosa, em 2004